domingo, 12 de maio de 2024

GRANDE ESPERANÇA

'Los cinco minutos Te hacen florecer' -----------
------------ ---------------- Maria, Maria Milton Nascimento Maria, Maria é um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor É a dose mais forte e lenta De uma gente que ri quando deve chorar E não vive, apenas aguenta Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- Te recuerdo Amanda Canção de Víctor Jara Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel La sonrisa ancha La lluvia en el pelo No importaba nada Ibas a encontrarte con él Con él, con él, con él, con él, con él Son cinco minutos La vida es eterna en cinco minutos Suena la sirena De vuelta al trabajo Y tu caminando Lo iluminas todo Los cinco minutos Te hacen florecer Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel La sonrisa ancha La lluvia en el pelo No importaba nada Ibas a encontrarte con él Con él, con él, con él, con él, con él Que partió a la sierra Que nunca hizo daño Que partió a la sierra Y en cinco minutos quedó destrozado Suena la sirena De vuelta al trabajo Muchos no volvieron Tampoco Manuel Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel Compositores: Victor Jara https://www.vagalume.com.br/victor-jara/te-recuerdo-amanda.html _________________________________________________________________________________________________________ ----------- _________________________________________________________________________________________________________ Essa é uma bela canção de Víctor Jara chamada "Te recuerdo Amanda". Ela evoca uma atmosfera nostálgica e emocional ao descrever a rotina cotidiana de Amanda, que corre para encontrar Manuel, seu amado, nas breves pausas do trabalho na fábrica. A letra destaca a importância desses momentos fugazes de felicidade em meio à monotonia e à dureza da vida operária. A frase "Los cinco minutos te hacen florecer" ressalta como esses breves intervalos de tempo podem trazer um renascimento para Amanda, enchendo-a de vida e alegria, mesmo que apenas por um curto período. No entanto, a melodia também carrega uma triste ironia, pois a canção descreve a tragédia que se abate sobre Manuel, que parte para a serra e acaba destroçado em apenas cinco minutos. Essa canção, com sua poderosa combinação de poesia e melodia, captura a beleza efêmera da vida e a fragilidade dos momentos de felicidade, enquanto também reflete sobre as duras realidades sociais e econômicas enfrentadas por trabalhadores como Amanda e Manuel. _________________________________________________________________________________________________________
------------- _________________________________________________________________________________________________________ Robert Reich, um economista e comentarista político, destaca uma realidade contemporânea crucial: 73% das mães com filhos menores de 18 anos estão no mercado de trabalho. Nesse contexto, ele ressalta que, mais do que presentes tradicionais como flores ou brunches, as mães que trabalham precisam de medidas políticas e sociais que apoiem suas responsabilidades familiares e profissionais. Entre essas medidas estão: Licença familiar remunerada, que permite às mães tirarem tempo para cuidar de suas famílias sem sacrificar sua segurança financeira. Igualdade salarial, garantindo que as mulheres recebam o mesmo salário que os homens por trabalho igual ou similar. Cuidados universais com crianças, proporcionando acesso acessível e de qualidade à assistência à infância para todas as famílias. Apesar da importância dessas políticas, Reich lembra que presentes simbólicos, como flores para o Dia das Mães, também são apreciados. No entanto, ele enfatiza a necessidade de medidas estruturais que apoiem as mães trabalhadoras em suas múltiplas responsabilidades. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
--------------- O Almoço na Relva. 1863 – Óleo sobre tela (208 x 265,5 cm) – Localização: Museu d’Orsay, Paris ------------ "Desde então, estudiosos de arte desenvolveram várias interpretações para explicar a pintura como um piquenique, pensando incorretamente que o olho de Manet era como o de uma câmera. Somente quando você, o espectador, admite que a cena não faz sentido fotograficamente, você pode começar a entendê-la artisticamente." ------------
------------ "Em síntese, "Dickens é um escritor genial. Suas narrativas podem garantir boas risadas, "As Aventuras do Sr. Pickwick"; destilar melancolia, "Uma História de Natal"; ou fazer você se debulhar em lágrimas,"Oliver Twist". Porém, todas apresentam uma forte crítica social baseada na exploração dos fracos, no desnível econômico e no preconceito de classe, infelizmente, problemas que continuam bastante atuais." Boa leitura!" -----------
------------ Detalhe de O Almoço na Relva O Almoço Na Relva, Obra Prima De Édouard Manet ------------ Considerada a primeira obra prima de Édouard Manet, essa pintura tem surpreendido e intrigado desde que exibida pela primeira vez em Paris em 1863. Foi considerada uma afronta para a época, não apenas por causa da nudez gritante da mulher em contraste com os homens, mas também porque o pintor usou modelos familiares para as figuras na composição. A mulher nua é Victorine Meurent, uma de suas modelos. Os homens, por outro lado, são seu irmão, Eugène Manet, e seu cunhado Ferdinand Leenhoff. Desde o início, a obra foi submetida a críticas adversas. Foi rejeitada pela Academia Francesa em sua exibição anual no Salão de Paris, mas aceita em uma exposição conhecida como Salão dos Recusados intitulada de ‘O Banho’ (Le Bain). Como a maioria das obras impressionistas, a pintura apresenta uma situação comum: duas mulheres e dois homens compartilhando um piquenique, onde a cena se passa em uma floresta. Porém, o que mais chama atenção do espectador, está em um detalhe particularmente peculiar: uma das mulheres está nua. Embora os nus femininos é um assunto que predominava em toda a história da arte até então, eles sempre representaram figuras da mitologia ou alegoria até surgir a obra de Manet. Ao colocar uma mulher sem roupa em um ambiente cotidiano, Manet recontextualizou os valores antigos e redefiniu o assunto, porém com um toque de ironia. Detalhe de O Almoço na Relva Embora Manet não tenha abraçado os temas clássicos populares entre seus contemporâneos e precursores, ele se inspirou neles. Afirmou que sua obra, é herança dos antigos mestres em que ele se inspirou observando algumas obras no Museu do Louvre, como em Ticiano por exemplo em sua pintura ‘O Concerto Pastoral’ , e também em uma gravura intitulada O Julgamento de Páris. A obra de Ticiano é uma pintura renascentista que representa alegoricamente poesia e música. Nela, Manet se apropria da dinâmica dos dois homens vestidos sentados do lado de fora com duas mulheres nuas: uma que está sentada e outra que parece estar se banhando. O Concerto Pastoral. Ticiano. c1509 Em relação à gravura, trata-se de uma obra de Rafael que foi perdida com o tempo, em que Marcantonio Raimondi, copiou para realizar a composição dessa gravura. Marcantonio foi o primeiro gravador italiano que retratou muitas cenas da mitologia grega. Especificamente, Manet foi inspirado pelas poses e formação de três figuras específicas – dois deuses do rio e uma ninfa da água – eles encontram-se no canto inferior direito da mesma. O Julgamento de Páris. Marcantonio Raimondi. c1510–20 – Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York Detalhe da gravura baseada em Rafael – Marcantonio Raimondi em O Julgamento de Páris O Almoço na Relva é sem dúvida moderna demais para a época. Além de seu tema inovador, a obra é conhecida por suas dimensões que segue o padrão do tamanho humano. Esta grande pintura introduz um tema que os impressionistas passaram a explorar mais tarde – um piquenique burguês. Manet evoca deliberadamente pinturas renascentistas de lazer sensual, mas atualiza o entretenimento, para mostrar cavalheiros boêmios de sua própria classe acompanhados por mulheres que podem ser prostitutas. O estilo e a habilidade chocaram quase tanto quanto o assunto. Manet abandona as medidas usuais para produzir contrastes brutais entre sombra e luz. Os personagens não parecem estar perfeitamente integrados na composição com uma vegetação que parece estar mais esboçada do que pintada, onde a perspectiva é ignorada e a profundidade ausente. O artista passa a não respeitar nenhuma das convenções aceitas, mas impõe uma nova liberdade aos modos tradicionais de representação. O escritor e crítico Émile Zola foi o principal defensor de Manet, que o descreveu como um homem moderno. Na época, a obra ainda era conhecida como Le Bain . Zola atacou os críticos provincianos que não aceitaram o estilo de Manet e a maneira como ele colocou a tinta na tela em sua pintura. Ele argumentou que o tema era inocente e qualquer pessoa escandalizada ao ver uma mulher nua almoçando ao ar livre seria boçal. Escreveu: “O que poderia ser mais simples do que dois casais em lazer o ar livre?” Em particular, Zola tinha certeza de que o assunto era um encontro sexual. Ele reconheceu que a inteligência de Manet fica evidente em tudo o que envolve a composição; o pano azul amassado, a cesta virada sugerindo a perda da inocência, as cerejas, os damascos, os pêssegos aludindo à sensualidade feminina e as bem apregoadas qualidades afrodisíacas das ostras. Desde então, estudiosos de arte desenvolveram várias interpretações para explicar a pintura como um piquenique, pensando incorretamente que o olho de Manet era como o de uma câmera. Somente quando você, o espectador, admite que a cena não faz sentido fotograficamente, você pode começar a entendê-la artisticamente. O Almoço na Relva. 1863 – Óleo sobre tela (208 x 265,5 cm) – Localização: Museu d’Orsay, Paris (França) O que podemos concluir, que essa é uma cena criada na mente brilhante de Manet, onde o ateliê e a pintura se fundem. Isso não é apenas suposição, porque aborda cada um dos problemas visuais que os estudiosos identificaram como problemas: – A iluminação é contraditória. Percebemos isso, porque o primeiro plano é iluminado por trás de nós, sugerindo que tenha sido por uma janela de estúdio; o fundo visto de cima é a luz solar “pintada”. Além disso, a presença do nu, sobre quem brilha a luz da janela, só faz sentido em estúdio, não ao ar livre. – Há evidências de que as duas mulheres representadas, na verdade são uma. Elas possuem o mesmo tipo de corpo. Os cabelos são idênticos, embora Manet tenha escurecido o cabelo da banhista para disfarçar a semelhança. Os brincos são da mesma cor e tamanho e ficam exatamente na mesma distância do lóbulo da orelha. Atualmente essa pintura continua sendo a obra mais conhecida de Manet e um dos principais destaques do Museu d’Orsay de Paris, pela importância e de seu visual marcante. Sua importância é considerada pelo contexto histórico como sendo ela o ponto de partida para o impressionismo e a arte moderna. Declarou Auguste Renoir: “Manet é tão importante para nós, como Cimabue e Giotto foram para o Renascimento italiano.” CURIOSIDADES Por mais originais que sejam os artistas, mesmo os inovadores mais surpreendentes como Manet por exemplo, podemos considerar que todos são profundamente sensíveis à tradição. Embora Manet tivesse pintado o quadro em seu próprio estilo, ele também fora buscar a ideia em mestres do renascimento. Como citamos no texto, três de suas figuras baseiam-se em parte de uma gravura de Marcantonio Raimondi, sendo essa cópia de uma composição hoje perdida de Rafael Sanzio. Embora o trabalho de Rafael tenha desaparecido, a gravura é suficientemente apurada para revelar que o próprio Rafael, como outros grandes artistas, inspirou-se reconhecidamente na tradição, pois seus deuses fluviais são claramente sugeridos pelos fragmentos mutilados do relevo de um sarcófago que ele deve ter observado para estudos em Roma. Sarcófago Romano (detalhe) século III d.C. Vila Medici. Roma O genial Pablo Picasso, como todo o seu espírito fértil e original, também procurou revigorar-se buscando a tradição. Em várias releituras de antigos mestres por ele realizadas, Picasso recriou a partir de 1960, vinte e sete óleos e mais de cento e cinquenta desenhos inspirados no famoso Almoço na Relva de Manet, concluindo a série de trabalhos em 1963. A primeira de 1960, é uma cópia razoavelmente direta da obra de Manet, no que diz respeito ao número e localização das figuras, embora o estilo seja, é claro, notoriamente diferente. O Almoço na Relva. Pablo Picasso. 1960 – Óleo sobre Tela (114 x 146cm) – Localização: Museu Picasso, Paris Contemplar uma obra de arte, não significa que seja essencial ter um conhecimento completo de todas essas tradições para que nos deleitemos na apreciação. O que vale a pena é sentir, e sobretudo reconhecer a ousadia desses artistas. por Roseli Paulino – @arteeartistas https://arteeartistas.com.br/o-almoco-na-relva-obra-prima-de-edouard-manet/
------------ Leila de Carvalho e Gonçalves A Redenção Moral E se de repente você ganhasse uma bolada na loteria... Sem dúvida, esse sonho já passou por sua cabeça e junto com ele, a ideia de que todos seus problemas estariam resolvidos. Será? Afinal, o dinheiro traz ou não traz felicidade? Esse é o dilema de Philip Pirrip, um órfão sem eira nem beira, que ao completar 14 anos, recebeu uma vultosa importância de um benfeitor desconhecido. Apelidado de Pip, ele também é o protagonista de um dos mais famosos romances de Charles Dickens, "Grandes Esperanças", frequentemente apontado como sua obra-prima. Ambientado na Inglaterra Vitoriana, ele foi publicado originalmente em folhetins, isto é, uma narrativa seriada que apresenta as seguintes características: - Uma grande galeria de personagens secundárias. Aqui, merece especial destaque a Srta. Hawisham, uma velha rica que foi abandonada no altar e está disposta a se vingar de todos os homens. - A utilização de um gancho no final de cada capítulo. Conhecido como cliffhanger, trata-se de um fato que fisga a atenção do leitor para que ele fique preso a continuação da história. Esse artifício era desprezado pela crítica que considerava o folhetim destituído de qualquer qualidade literária assim como são julgadas as novelas hoje em dia. Dickens jamais se importou com isso, ele escrevia para o público e não para as elites. Suas histórias sempre acessíveis e bem contadas iam de encontro com as expectativas do leitor, mesmo que ele tivesse que alterar o enredo original. Talvez por isso, seus livros jamais deixaram de fazer sucesso, inclusive, ganhando inúmeras adaptações para o cinema e a televisão. Outra curiosidade é que "Grandes Esperanças" é seu único romance em que há uma história de amor, protagonizada por Pip e Estella, filha adotiva da Sra. Havishan. Na realidade, a jovem é uma anti-heroína, fria, manipuladora e incapaz de expor seus sentimentos, enquanto que Pip não passa de um rapaz imaturo, capaz de tudo para corresponder a imagem do príncipe encantado que irá conquistar seu coração. O desfecho do livro apresenta um final impecável para essa conturbada relação. Em síntese, "Dickens é um escritor genial. Suas narrativas podem garantir boas risadas, "As Aventuras do Sr. Pickwick"; destilar melancolia, "Uma História de Natal"; ou fazer você se debulhar em lágrimas,"Oliver Twist". Porém, todas apresentam uma forte crítica social baseada na exploração dos fracos, no desnível econômico e no preconceito de classe, infelizmente, problemas que continuam bastante atuais." Boa leitura! https://www.amazon.com.br/GRANDES-ESPERAN%C3%87AS-EDI%C3%87%C3%83O-Charles-Dickens/dp/8580700574 _________________________________________________________________________________________________________ ------------------
------------- A Persistência de Leite: Uma Odisseia em Busca da Marinha ---------- _________________________________________________________________________________________________________ LEITE FOI AO LULA CLAMANDO PELA MARINHA. MAS LULA, FAZENDO OUVIDOS MOUCOS, O ENCAMINHOU PARA ROGÉRIO, SENADOR. LEITE, COM SUA FLEUMA GAÚCHA, INSISTIU COM A MARINHA. MAS O DO OUVIDO MOUCO, BONACHÃO, NÃO ENTENDEU: "VÁ POR MIM, EDUARDO, A ALTERNATIVA AO ROGÉRIO É O LUIZ, DÁ TRABALHO." MAS LEITE NÃO DEIXOU SEU LEITE DERRAMAR, MESMO COM O FOGO AQUECIDO E ALTO. E REITEROU, SÍLABA POR SÍLABA: MA-RI-NHA. LULA, IMPACIENTE, NÃO ESPEROU PELA SOLETRAÇÃO. DEU UMA CARTINHA A LEITE, PARA ENTREGAR A JOSÉ MÚCIO MONTEIRO, NA DEFESA EM COPAS. E NO OUTRO DIA, O MAIOR NAVIO DA MARINHA CHEGOU AO ATAL DOS PAMPAS, DEZ DIAS DEPOIS DO PRIMEIRO CONTATO. DIALÉTICA DE HEGEL, CANJA DE GALINHA, E LEITE MORNO COM AÇÚCAR, SÃO SANTO REMÉDIO. LEITE QUE O DIGA, MAS... POBRES DAQUELES QUE ATRAPALHAM O CAMINHO, POIS, NO FINAL, EU PASSARINHO! _________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- _________________________________________________________________________________________________________ O texto retrata uma situação em que o governador Eduardo Leite busca ajuda da Marinha em meio a uma crise, possivelmente uma inundação no Estado do Rio Grande do Sul. No entanto, o presidente Lula parece não compreender a urgência do pedido e encaminha Leite para outra pessoa, o senador Rogério. Apesar disso, Leite insiste e continua buscando o apoio da Marinha, destacando a importância da intervenção para lidar com a situação calamitosa. A narrativa utiliza uma linguagem simples, mas com elementos de humor e ironia, especialmente ao descrever as interações entre Leite, Lula e outros personagens. Há uma atmosfera de obstinação por parte de Leite, representada pela expressão "Leite não deixou seu leite derramar", indicando sua determinação em não desistir mesmo diante das dificuldades e da falta de compreensão dos outros. Além disso, o texto faz uso de metáforas e analogias, como a referência ao "fogo aquecido e alto", que pode simbolizar a pressão e a tensão do momento. A chegada do navio da Marinha ao "atal dos Pampas" sugere que, apesar dos obstáculos, a ajuda finalmente chega, embora com algum atraso. No final, a expressão "pois, no final, eu passarinho" pode indicar uma mensagem de otimismo, sugerindo que, apesar das adversidades, sempre há uma maneira de superá-las e seguir em frente. Em suma, o texto aborda temas como perseverança, cooperação e resolução de problemas em meio a crises. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- -------------- Lições do Rio Grande Dois Brasis: de um lado, a fatia amigável; do outro, a franja barulhenta Fernando Schüler, Veja (11/05/2024) De longe dava para ver aquele casal abraçado, com o cachorro no colo, em cima do telhado. Fazia vento, o helicóptero chegou balançando, mas deu para subir. Era o Maneco, jeito de colono, tipo acostumado com a dureza da vida. Mas não teve jeito. Quando a aeronave arrancou com força e a casa foi sumindo, no meio daquela água toda, baixou o rosto e chorou, feito uma criança. Me emocionei com todas essas histórias nos últimos dias. Talvez como gaúcho, talvez como brasileiro. Me emocionei quando vi minhas vizinhas, aqui em São Paulo, que mal conhecem o Rio Grande, fazendo uma corrente com as mães da escola, coletando roupas, juntando dinheiro para comprar um estoque de calcinhas (“porque quase ninguém doa”, me explicaram). Me emocionei porque todas estas coisas criam um sentido de comunidade. Pode ser momentâneo, estamos diante de uma tragédia, há dezenas de pessoas mortas, há cidades embaixo d’água, mas em meio ao sofrimento enxergamos uma força da qual muitas vezes nos esquecemos: a força da empatia humana, virtude frágil, que esquecemos de cultivar. Empatia que virtualmente some no universo sombrio de um certo radicalismo político, em nossa democracia. E também foi a isso que assistimos, como um veneno, por estes dias. “Sobreviver antes. Pensar nas escolhas políticas que tenho feito depois”, dizia uma charge em um jornal, com a imagem de gente agarrada a uma tábua, na enchente. De um jornalista militante, leio algo mais explícito. “Se continuarem votando na extrema direita, têm mais é que morrer afogados.” Até mesmo uma ministra aproveitou a ajuda oficial do governo, feita com dinheiro do contribuinte, para fazer demagogia eleitoral. O.K., há uma trivialidade aí, há gente fria e radical, em qualquer lugar. Mas há algumas lições. A primeira é que esse é o sentimento de muita gente, no universo tóxico das redes sociais. O mundo do sujeito que diz: “Votaram no candidato de que eu não gosto? Não acreditam na minha tese A ou B sobre o clima? Então aguentem”. Um pouco como a ideia da peste e do pecado, na Idade Média. Apenas recauchutada nos termos de nossa época, em que a obsessão da política ocupou o lugar que um dia pertenceu ao fanatismo religioso. O ponto é que, se a vida, o contato e o sofrimento aproximam, a política, a crença e o dogma afastam. Foi esse o sentido da imagem de Adam Smith sobre o terremoto na China. A China é distante, e se houver um terremoto por lá e muita gente morrer, vamos nos preocupar, mas logo esquecer solenemente o assunto. E se amanhã machucarmos o dedinho, é com isso que estaremos preocupados. Uma enchente é um terremoto na China; nossos pequenos ódios e amores políticos são como aquele dedo, na ironia de Smith. Camus foi mais duro. Disse que toda a tragédia do mundo surgiu quando alguém decidiu que era aceitável “matar um homem em nome de uma ideia”. Foi sobre isso sua ruptura com Sartre, o intelectual ativista. O tipo que precisamente não via tragédia nenhuma em “matar um homem em nome de uma ideia”. De um lado, a propensão humanista e sua força vital, a empatia humana. De outro, a força abstrata da ideia que se petrifica como dogma, em nossas democracias ultrapolarizadas. É aí que surgem os dois Brasis, diante da tragédia no Rio Grande. De um lado, uma larga fatia da sociedade disposta a enxergar o mundo de maneira amigável e arregaçar as mangas. Diria: o common sense. De outro, uma franja barulhenta, cujo critério é dado pela política. Saber se é Lula ou Bolsonaro, se é “fascista”, se acredita nesta ou naquela tese climática. Stephen Hawkins, diretor do projeto More in Common, fez uma ampla pesquisa mostrando que as franjas “radicais” do sistema político representam 14% da opinião pública. À esquerda ou à direita, não importa. Essas pessoas são minoria, mas com um detalhe: seu engajamento digital é mais de três vezes superior ao do amplo espectro de pessoas que tendem à moderação e que compõem mais de 80% da população. Ou seja: são minoria, mas dão o tom. O tom da democracia digital. São pessoas que dariam risada de minhas vizinhas negociando a compra de calcinhas. E dão risada porque só elas sabem o que realmente “importa”. E por isso não vão perder tempo com “essa gente” que teima em não aprender. Vai aqui um dos problemas centrais de nossas democracias. Sem que ninguém planejasse, simplesmente por efeito da revolução tecnológica e sua “algoritmização” da vida, criamos um gigantesco mecanismo de seleção adversa em nosso debate público. As pesquisas mostram que as chances de uma postagem de ódio, medo ou escândalo ser compartilhada são maiores do que as de uma postagem ponderada, informativa, por mais relevante que seja. Se alguém duvidar, é só experimentar (não recomendo). Poste duas mensagens: uma pedindo apoio para os desabrigados, com uma foto da tragédia, e outra do político de que você não gosta (prefeito, governador ou presidente), com a frase mais virulenta que você imaginar. Há muitos experimentos nessa direção, e os resultados são claros. Vivemos em um mundo político onde a ponderação perdeu espaço para o “combate”. E a empatia, para a raiva. Não há uma solução para isso, mas, sim, alguns caminhos. Um deles é fugir do groupthinking. Do “pensamento grupal” e das obsessões da política. Não é uma saída fácil. A estridência digital se tornou uma indústria, vale dinheiro, e a internet é, por definição, um ambiente de baixa empatia. Outro caminho vem, por estes dias, com as imagens que nos chegam do Rio Grande. Não tanto do sofrimento, mas da resposta ao sofrimento. Não daquelas águas traiçoeiras, mas da reação das comunidades, diante daquilo tudo. Vai aí a batalha do nosso tempo. Entre um enorme contingente, silencioso, de pessoas dispostas a entrar em um rio e retirar idosos, crianças ou um cusco de cima de um telhado. Dispostas a fazer uma corrente humana, com água até o pescoço, para puxar um comboio de embarcações precárias, na periferia de Canoas. Ou ainda a infinita rede de pessoas que, em vez de satisfazer o ego e espalhar toxina inútil, compreenderam que há momentos em que mesmo um grande país como o nosso, dividido, machucado, pode funcionar como comunidade. Essa, no fundo, é a primeira lição que o Rio Grande vai dando ao país. Sua melhor imagem é daquela criança, carinha redonda, olhos assustados, erguida para dentro de um helicóptero, no meio do nada. Ela viverá escutando histórias de fraternidade e heroísmo. E quem sabe possa fazer melhor. Possa crescer aprendendo sobre esta arte difícil, a empatia humana. E quando as águas baixarem e ela mesma fizer o seu destino, lembrar dessa imagem e suas antigas lições." -------------
------------ ________________________________________________________________________________________________________ O poema "A Persistência de Leite: Uma Odisseia em Busca da Marinha" e o artigo "Lições do Rio Grande" abordam temas relacionados à tragédia que assola o Rio Grande do Sul e as reações humanas e políticas diante dela. Ambos os textos destacam a solidariedade e empatia demonstradas pela população diante da adversidade. No poema, vemos o governador Leite em uma jornada desafiadora em busca de auxílio para seu povo, enquanto no artigo, o autor descreve os gestos de apoio e compaixão observados em meio à tragédia, como a mobilização de vizinhos em São Paulo para ajudar os afetados. Por outro lado, o artigo ressalta também as divisões políticas que surgem em momentos de crise, evidenciando a polarização ideológica que permeia a sociedade. Através de exemplos como a utilização da tragédia para fazer demagogia eleitoral e as mensagens de ódio nas redes sociais, o autor destaca a forma como a política e as crenças pessoais podem afastar as pessoas em momentos em que a união seria fundamental. Ambos os textos concluem ressaltando a importância da empatia e da solidariedade como elementos essenciais para enfrentar a adversidade. Enquanto o poema enfatiza a necessidade de cultivar a empatia humana mesmo diante das adversidades políticas, o artigo destaca a importância de fugir das obsessões políticas e valorizar ações concretas de apoio mútuo e compreensão. Em suma, ambos os textos apontam para a necessidade de resgatar valores humanitários em meio à polarização política e às crises sociais. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ --------------- Menino Deus Caetano Veloso Novo Millennium: Caetano Veloso D A/C# Bm Menino Deus, um corpo azul-dourado Em Bm Um porto alegre é bem mais que um seguro E7 A4/7 Na rota das nossas viagens no escuro D A/C# Bm Menino Deus, quando tua luz se acenda Em Bm A minha voz comporá tua lenda E7 A4/7 Am B7 C° E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve B7 Em Gm F#m Mas ouve a nossa harmonia, a eletricidade ligada no dia B7 Bb Em que brilharias por sobre a cidade Menino Deus, quando a flor do teu sexo Abrir as pétalas para o universo E então, por um lapso, se encontrar no anexo Ligando os breus, dando sentido aos mundos E7 A4/7 E aos corações sentimentos profundos de terna alegria no dia (D G/D) Do menino Deus Do menino Deus D Do menino Deus A7 G F D No dia do menino Deus https://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/menino-deus.html _________________________________________________________________________________________________________

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