Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
PHAROLETE
Murilo Mendes: "Jogo"
Jogo
Cara ou coroa?
Deus ou o demônio
O amor ou o abandono
Atividade ou solidão.
Abre-se a mão, coro
Deus e o demônio
O amor e o abandono
Atividade e solidão.
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O poema "Jogo" de Murilo Mendes explora dualidades e o contraste entre diferentes elementos da vida. Aqui está uma análise breve:
Dualidades e Escolhas:
O poema apresenta uma série de dualidades, como "Cara ou coroa?", "Deus ou o demônio", "O amor ou o abandono" e "Atividade ou solidão". Essas dualidades sugerem escolhas ou decisões que os indivíduos enfrentam na vida.
Ambiguidade e Equilíbrio:
Ao mencionar "Abre-se a mão, coro", o poema pode sugerir a ideia de que, ao abrir a mão, todas as opções ou dualidades estão presentes. "Coro" pode ser interpretado como uma espécie de coroamento ou aceitação de ambas as opções, sugerindo um equilíbrio entre elementos opostos.
Repetição Estrutural:
A repetição das dualidades na segunda parte do poema ("Deus e o demônio", "O amor e o abandono", "Atividade e solidão") enfatiza a coexistência desses opostos. A estrutura simétrica reforça a ideia de equilíbrio.
Tom Filosófico:
O poema levanta questões filosóficas sobre a natureza da escolha, dualidade e equilíbrio na vida humana. Essas questões são apresentadas de maneira concisa, convidando o leitor à reflexão.
Estilo de Murilo Mendes:
Murilo Mendes, conhecido por seu estilo lírico e filosófico, muitas vezes explorava temas metafísicos e espirituais em sua poesia. "Jogo" não foge dessa característica, oferecendo uma abordagem poética para dilemas existenciais.
O poema "Jogo" de Murilo Mendes é um exemplo da riqueza de significado que pode ser condensado em uma breve obra poética. Suas palavras convidam à contemplação sobre as escolhas, dualidades e equilíbrio na complexa tapeçaria da experiência humana.
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MENDES, "Jogo". In_____. Poesias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.
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Livro: As metamorfoses, de Murilo Mendes | Pouso Cultural - Pouso Cultural
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Farolete: para que serve a luz mais fraca do farol do seu carro?
Conhecida também como luz de posição, o farolete não pode ser utilizada na estrada, mas tem uma utilidade para o uso no dia a dia. Ente... - Leia mais em https://autopapo.uol.com.br/noticia/farolete-para-que-serve/
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O texto aborda a dinâmica política em São Paulo, com foco nas eleições municipais e na atuação de figuras políticas proeminentes, como Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Aqui estão algumas análises e pontos destacados do texto:
Realinhamento Político:
O envolvimento direto de Lula e Bolsonaro nas eleições municipais em São Paulo está sendo descrito como um realinhamento de forças políticas. O texto destaca que, até agora, Lula tem se saído melhor nesse realinhamento.
Movimentações em São Paulo:
Lula tem se movimentado à esquerda, formando uma espécie de "frente popular" ao engajar-se diretamente na disputa paulistana. Isso é evidenciado pela refiliação de Marta Suplicy ao PT e sua indicação como vice de Guilherme Boulos, um candidato de esquerda liderando as pesquisas.
Cenário Eleitoral em São Paulo:
Nas eleições presidenciais, Lula venceu Bolsonaro em São Paulo, o que pode influenciar as estratégias dos candidatos à Prefeitura. O atual prefeito, Ricardo Nunes, busca apoio da extrema direita, contando com a participação direta de Bolsonaro em sua campanha.
Deslocamentos Políticos:
O texto destaca um aparente deslocamento político de Bolsonaro em direção ao centro, buscando apoio de lideranças políticas tradicionais como o presidente do MDB, Baleia Rossi, e o ex-presidente Michel Temer.
Fragmentação da "Frente Ampla":
A "frente ampla" do segundo turno das eleições presidenciais, que incluía diferentes setores políticos, parece se fragmentar em São Paulo. Isso é evidenciado pelas escolhas de apoio de diferentes lideranças para os candidatos à Prefeitura.
Desafios para Lula e o PT:
O texto sugere que a tradicional política classista do PT enfrenta desafios profundos na nova sociedade brasileira, marcada por "transformações societárias". A política de coalizão e a representação baseada em critérios de classe podem enfrentar dificuldades em meio a essas mudanças.
Risco da "Calcificação" da Polarização:
O texto destaca o risco da "calcificação" da polarização entre Lula e Bolsonaro, alertando que o presidente pode perder o apoio de setores do centro democrático.
Em resumo, o texto oferece uma análise complexa do cenário político em São Paulo, considerando movimentos estratégicos, alianças, desafios e riscos para as principais figuras políticas envolvidas.
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Nas entrelinhas: Eleição paulistana tem potencial de desagregar o governo
Publicado em 25/01/2024 - 06:33 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Cidades, Congresso, Eleições, Governo, Memória, Partidos, Política, Política, São Paulo
Ao se engajar diretamente na disputa paulistana, Lula dá uma guinada à esquerda na sua política de alianças, que se estreita em São Paulo
O envolvimento direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições para a Prefeitura de São Paulo é o epicentro de um realinhamento de forças políticas nas eleições municipais de consequências imprevisíveis. Até agora, Lula está se saindo melhor, com a refiliação de Marta Suplicy ao PT e sua indicação para a vice de Guilherme Boulos (PSol), o candidato de esquerda que lidera as pesquisas. Com isso, o candidato de Lula amplia suas possibilidades eleitorais em direção às periferias paulistas, onde a ex-prefeita é popular, e a sua capacidade de interlocução com a elite de São Paulo, da qual ela faz parte.
Na cidade de São Paulo, Lula venceu as eleições contra Bolsonaro. Obteve 3.677.921 votos, o que corresponde a 53,54% dos votos válidos, ante 3.191.484 votos — ou seja, 46,46% dos votos válidos do ex-presidente. Natural, portanto, que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) busque o apoio da extrema direita, não apenas por intermédio do governador Tarcísio de Freitas (PR), mas com o engajamento direto do ex-presidente na sua campanha.
Essa é a condição para que o PL de Valdemar Costa Neto não lance a candidatura do deputado Ricardo Sales (PL-DF), um bolsonarista-raiz, bem-posicionado na pesquisa e que também pode, em acordo, trocar de legenda para ser candidato, se o atual prefeito já tiver batido no seu teto eleitoral. Bolsonaro jogaria com pau de dois bicos.
Entretanto, há que se observar a direção em que Lula e Bolsonaro se movimentam. Ao se engajar diretamente na disputa paulistana, o presidente dá uma guinada à esquerda na sua política de alianças, que se estreita na capital paulista como uma espécie de “frente popular”. Ou seja, não é nem a “frente de esquerda” do primeiro turno das eleições presidenciais, porque o PSB, aliado de primeira hora nas eleições passadas, manteve a candidatura da jovem deputada Tabata Amaral (SP), que será lançada hoje, com o apoio do prefeito do Recife, João Henrique Campos, do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ex-governador Márcio França, ambos ministros de Lula, e do comunicador José Luiz Datena, cotado para ser vice.
Por incrível que pareça, quem está se deslocando em direção ao centro, para sair do isolamento, é Bolsonaro. Seu apoio à candidatura de Nunes atrai para seu campo de alianças o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), e o ex-presidente Michel Temer. Obviamente, com o terceiro orçamento do país, Nunes é um dos polos de atração das lideranças políticas tradicionais, tendo o apoio da maioria dos vereadores paulistanos. O outro é Tarciso de Freitas, que controla o segundo orçamento do país, com apoio de uma velha raposa da política paulista, o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, articulador dessa aliança.
Lula pretende se engajar diretamente na campanha da chapa Boulos-Marta, embora isso gere fricções nas relações com o MDB e o PSB. A ministra Simone Tebet (MDB) e Alckmin fazem cara de paisagem, mas não vão de Boulos — irão de Nunes e Tabata, respectivamente. Ou seja, a “frente ampla” do segundo turno das eleições presidenciais se fragmentou em São Paulo, como estava escrito nas estrelas desde quando Lula, no primeiro turno das eleições presidenciais, se comprometera a apoiar Boulos.
A “calcificação”
Lula venceu as eleições por pequena margem, com 50,09% dos votos válidos, contra 49,01% de Bolsonaro, graças ao apoio dos setores do centro democrático aglutinados em torno de Simone Tebet, no primeiro turno. Nesse sentido, a chamada “calcificação” da polarização entre ambos é um fator de risco. São muitos os sinais de que o presidente pode perder o apoio desses setores do centro democrático.
Segundo o historiador Alberto Aggio, professor titular de História da América Latina na UNESP-Franca (SP), no artigo Uma democracia calcificada?, publicado na revista Será?, de 19 de janeiro, em Recife, o atual governo não é de união nacional nem de frente ampla, porque não incorporou aliados como Alckmin e Simone ao núcleo do poder. É fruto de um arranjo eleitoral agora ameaçado.
“O que se sobrepôs foi um governo identificado, sobretudo, com a figura de Lula, imerso nos escombros do ‘presidencialismo de coalizão’ e sem aliados leais, inteiramente submetido aos ditames e às inevitáveis — além de imponderáveis — negociações com os partidos do chamado Centrão, que dominam o Congresso.”
Isso ocorre num processo de “transformações societárias” em que o Brasil ultrapassou a possibilidade de representação da política a partir do critério de classes. “A sociedade do empreendimento individual expandiu-se, em todos os planos, de cima a baixo, colocando a democracia frente ao dilema ‘decifra-me ou te devoro’”, destaca Aggio.
Trocando em miúdos, a política classista que orienta a ação de Lula e do PT enfrenta dificuldades profundas nessa nova sociedade, para além da correlação de forças políticas desfavorável no Congresso. A hegemonia governista não depende só do poder, mas da liderança moral da sociedade. A disputa de São Paulo reflete essas contradições.
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O texto discute a trajetória política de Itamar Franco e seu papel nas eleições de 1989, destacando momentos em que foi sondado para ser candidato a vice-presidente nas chapas encabeçadas por Mário Covas e Leonel Brizola. Aqui estão alguns pontos importantes do texto:
Sondagens para Vice-Presidente:
Itamar Franco foi sondado para ser candidato a vice-presidente nas eleições de 1989 em duas ocasiões: primeiro, com Mário Covas (PSDB), e depois, com Leonel Brizola.
Escolha por Fernando Collor:
Itamar optou por ser vice na chapa de Fernando Collor de Mello (PRN), vencedor das eleições. A razão para essa escolha pessoal não é clara no texto.
Desencontros e Desfechos:
O texto menciona que um encontro agendado entre Itamar e Brizola não ocorreu devido a desencontros. Isso resultou em Itamar tornando-se vice de Collor. O desfecho da escolha de vice teria potencialmente mudado a situação eleitoral em Minas Gerais.
Atuação como Vice-Presidente:
Durante seu mandato como vice-presidente, Itamar Franco teria se mantido à margem da equipe ministerial e foi posteriormente escanteado na elaboração do plano de estabilização econômica, que foi apresentado logo após a posse de Collor.
Ruptura com Collor e Impeachment:
A relação entre Itamar e Collor deteriorou-se, culminando em maio de 1992, quando Collor promoveu uma ampla reforma ministerial sem consultar seu vice. Itamar desligou-se do PRN e criticou o perfil conservador do novo ministério. A crise política levou ao processo de impeachment contra Collor.
Assunção da Presidência por Itamar:
Itamar assumiu a presidência após a renúncia de Collor, iniciando um processo de costura política para formar um governo de reconstrução nacional.
Governo de Coalizão:
O texto destaca que o governo de Itamar não foi vinculado a um partido específico e não houve uma "frente ampla". No entanto, Itamar conseguiu construir um governo de coalizão notável, contando com lideranças como Pedro Simon.
Ética e Dignidade:
Pedro Simon destaca a decência e a retidão de Itamar Franco, mencionando um exemplo em que Itamar afastou temporariamente um ministro suspeito de corrupção até que fosse concluída a investigação.
Contribuição para o Brasil:
Pedro Simon ressalta a importância do governo de Itamar na transição do Brasil para uma economia estável e uma democracia consolidada, destacando que as decisões tomadas em seu governo foram fundamentais para governos posteriores, incluindo os de Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Em resumo, o texto oferece uma visão retrospectiva da trajetória política de Itamar Franco, desde as eleições de 1989 até seu papel como presidente após a renúncia de Fernando Collor, destacando sua postura ética e sua contribuição para a estabilidade política e econômica do Brasil.
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Itamar foi sondado por Brizola e Covas antes de ser vice de Collor
10 de julho de 2021
Por Ricardo Miranda
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(Intervenção de Camila Matheus sobre fotos de Leonel Brizola, Itamar Franco e Márcio Covas)
Itamar Franco seria candidato a vice nas eleições de 1989. Já naqueles idos, os mineiros tinham o segundo maior colégio eleitoral do país. Mas não era apenas isso. Três anos antes, Itamar havia concorrido ao Governo de Minas e, mesmo derrotado por Newton Cardoso, deixou a disputa com 2.570.439 votos. Soma-se ainda o fato de ele estar no último ano do seu segundo mandato como senador, com mensagem consolidada de político honesto.
“Aí é uma coisa que pouca gente sabe. Itamar foi sondado para ser candidato (com) Mário Covas (PSDB) a presidente República e para ser candidato (com) Leonel Brizola a Presidente da República. Optou por Fernando Collor de Mello (PRN). Se vocês me perguntarem por que, isso não sei responder.” A revelação é de Murílio Hingel, que esteve com Itamar durante toda a sua vida pública.
Brizola chegou a agendar conversas com Itamar (Foto: Arquivo/ALMG)
Ex-ministro, ex-secretário de estado e ex-secretário municipal de Educação nas gestões de Itamar Franco entre a década de 1960 e o início dos anos 2000, Hingel conversou com O Pharol sobre o legado do ex-presidente após uma década de sua morte. Para ele, a decisão por caminhar com o então governador de Alagoas foi opção pessoal de Itamar. “Foi a sua opção. E ele ganhou com Collor.”
Líder no Senado do Governo Itamar Franco (1992-1994), Pedro Simon conversou com O Pharol de sua casa na praia Rainha do Mar, em Xangri-lá, no litoral gaúcho. Segundo ele, o acaso teve enorme influência na vida do país. “O então senador Maurício Corrêa — que viria a ser, depois, presidente do Supremo Tribunal Federal — quis reunir em Brasília, na casa dele, Brizola e Itamar. Maurício Corrêa era mineiro e achava que, tendo Itamar Franco como vice na sua chapa, Brizola seria imbatível.”
Mas, devido a uma das muitas desventuras da trajetória política do país, o encontro, que chegou a ter data e hora marcadas, acabou não acontecendo. “Em função do desencontro e de outros acontecimentos, Itamar acabou sendo vice de Fernando Collor de Mello, e assumiu o Governo. Se Itamar fosse o vice de Brizola, provavelmente a chapa vitoriosa seria a deles.”
Na avaliação de Simon, Fernando Lyra, candidato a vice de Brizola, naquela ocasião, não tinha representatividade. “Se Itamar tivesse sido o vice-presidente, mudaria a situação (de Brizola) em Minas Gerais.” De fato, mesmo com desentendimentos durante a campanha, Itamar conseguiu ampliar o leque de apoio à chapa de Collor no estado, atraindo a vice-governadora Júnia Marise (MDB) e a ex-primeira dama Sarah Kubitschek.
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Mário Covas acabou trocando de vice durante a campanha, mas sem Itamar, com quem manteve contato após eleito (Foto: Arquivo/PR)
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O propósito do PSDB de ter um vice mineiro também não se concretiza. A preocupação com o eleitorado do estado levou a convenção do partido para Belo Horizonte, quando o senador por São Paulo Mário Covas se torna candidato a presidente da República. Para vice é indicado o ex-governador de Pernambuco e deputado federal Roberto Magalhães (PFL, ex-PDS e ex-Arena).
Para compor a chapa, Magalhães migra para o PTB, uma vez que o PFL teria Aureliano Chaves como candidato a presidente. A manobra, no entanto, não contornaria todos os obstáculos colocados para ex-governador pernambucano. Enquanto os tucanos de seu estado reclamam de seu passado conservador, o possível aliado, senador Marco Maciel, torce o nariz.
Os impasses acabam levando Mário Covas a substituir Magalhães na reta final da campanha, indicando para a vaga de vice o senador Almir Gabriel, do Pará. Na eleição seguinte, em 1994, os tucanos chegariam ao poder com Fernando Henrique e Marco Maciel como vice.
A Vice-Presidência
Murílio Hingel relata que, feita a opção por caminhar com Collor, Itamar veria sua chapa vitoriosa. “Mas percebeu ter entrado num vácuo desde o início, porque não foi consultado sobre a organização do Governo, não foi consultado para nada.” O vice-presidente não só passou à margem da equipe ministerial, bem como foi escanteado da elaboração do plano de estabilização econômica apresentado no dia seguinte à posse.
Embora com contratempos, o ex-ministro rememora a decência do amigo no exercício da função de vice-presidente. “Itamar era o vice-presidente da República e desde o início — e depois mais no final — já tem desentendimento com o presidente eleito Collor de Mello. Itamar despachava no anexo do Palácio do Planalto. Quando o presidente viajava, Itamar assumia a Presidência, mas nunca sentou na cadeira do presidente. Negava-se a fazê-lo; continuava despachando na Vice-Presidência da República.”
Foi durante uma das viagens de Collor que a primeira crítica pública do vice-presidente veio à tona. Exercendo interinamente a Presidência, Itamar contestou a privatização da Usiminas, afirmando que a operação prejudicaria a economia de Minas Gerais. Meses depois, defendeu a instituição de uma política salarial de proteção das classes menos favorecidas, recusada prontamente pela ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello.
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Imprensa retratava transição de Collor para Itamar (Reprodução Tribuna da Imprensa)
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A ruptura definitiva com o presidente viria em maio de 1992. Novamente sem consultar seu vice, Collor promove uma ampla reforma ministerial. Itamar desliga-se do PRN e, em carta a Collor, ataca o perfil conservador do novo ministério. No mesmo período, avançavam as denúncias de corrupção contra o Governo. Na mesma proporção, o vice-presidente acentuava publicamente suas diferenças em relação ao presidente.
Hingel recorda que, naquele momento, o processo contra Collor (no Congresso) e a opinião pública apontavam na direção do impeachment. “Sem dúvida nenhuma, em virtude dos escândalos, muito menores até dos que são hoje em tempos de pandemia e de Covid-19.” Ainda assim, segundo ele, na Vice-Presidência não se falava da questão. “O assunto era deixado de lado. Quer dizer: Itamar não moveu nenhum personagem, nenhuma atitude a favor do impeachment. Dignidade do cargo.”
Havia, sim, certa expectativa, mas sem interferências ou manobras para que o episódio ocorresse. “Até o dia em que Itamar reuniu a sua pequena equipe, não éramos mais do que seis pessoas, e disse: queria comunicar a vocês que agora não há mais alternativa, o presidente vai ser impedido.” Foi quando, em 1992, o presidente lançou mão da chamada Operação Uruguai para justificar seus exorbitantes gastos pessoais. “Aí, disse Itamar: nós vamos ter que assumir, preparem-se para o que vai vir.”
Na iminência de assumir a Presidência, o próprio Itamar iniciou um processo de costura no campo político, procurando lideranças no Senado e na Câmara dispostas a compor um governo de reconstrução nacional. “O Governo de Itamar não foi um governo político, desse ou daquele partido. Não houve ‘Centrão’. Não tinha necessidade porque estavam no Senado líderes como Pedro Simon”, explica Hingel.
Pedro Simon conta que não foi fácil. “O Itamar recebeu a economia e a política desarrumadas, com partidos de oposição, como o PT, se colocando em linha eleitoreira. Mas ele teve coragem de bancar a mudança na política econômica. Isso demandou tempo, coragem política, firmeza e o estabelecimento, de maneira fantástica, de um diálogo de respeito mútuo entre o Executivo e o Congresso Nacional.”
Ao falarem das dificuldades iniciais do incipiente Governo, tanto Simon quanto Hingel ressaltam o fato de que, embora o processo de impeachment tenha avançado de forma irreversível, Collor renunciou à Presidência da República. “Ele renunciou e não foi impedido. Renunciou antes do impeachment. Muitas vezes tem sido esquecido. Mas isso facilitou a sucessão de Itamar porque não se podia discutir se o impeachment era da chapa ou não”, explica ex-ministro.
A dignidade do cargo
Murílio Hingel assumiu o Ministério da Educação quando Itamar estava na Presidência de forma provisória, em virtude do afastamento temporário de Fernando Collor decretado pela Câmara dos Deputados. O vice-presidente só seria empossado definitivamente após a renúncia em 29 de dezembro de 1992.
“Minha própria nomeação como ministro de Estado, o Itamar assinou vice-presidente da República no exercício da Presidência da República.” Ele só viria a usar o título depois da renúncia do titular e de sua posse. “Sim, isso era um presidente da República. Estava à altura do momento da situação e deixou um país com uma nova aura de esperança, de reconstrução do futuro, o que hoje está se perdendo por todas as características do momento atual.”
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Hingel: não havia interferência no MEC (Foto Leonardo Costa)
Hingel lembra que nunca houve ingerência do presidente em seu ministério. Ele assumiu a pasta com a necessidade de cumprir as metas assumidas em 1990 com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos. Não perdeu tempo, mergulhou na espinhosa relação da União com estados e municípios, mobilizando os diversos atores educacionais na elaboração de um Sistema Nacional de Educação.
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Nascia assim o Plano Decenal de Educação, baseado em metas construídas por meio do diálogo entre todos os entes federativos. A obrigação de planejar os rumos da educação no país a cada dez anos se tornaria obrigatória em 1996, com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Daí também nasceu o Plano Nacional de Educação (PNE).
Teve um dia que Hingel foi até o presidente para reclamar da desvinculação de receitas da educação. “Conto essa história porque vai mostrar para você quem é Itamar.” A medida provisória de implantação do Plano Real previa a desvinculação de 20% das receitas da União. “Então eu, pessoalmente, fui ao Itamar e disse: olha, eu não concordo com a desvinculação de 20% dos recursos da educação. Isso é prioridade nacional. O Itamar virou-se para mim e falou: se você não concorda, vá ao Congresso Nacional e defenda sua posição.”
O ministro foi aos parlamentares e acabou sendo duramente criticado. “Acusaram-me de querer derrubar o Plano Real no seu nascedouro.” Ele acabou não conseguindo segurar a desvinculação das receitas da educação, mas levou como recompensa uma mudança no texto de outra medida provisória. “Consegui que fosse alterado o dispositivo que dizia: os 20% da desvinculação serão destinados preferentemente à saúde e à educação.”
Não transigia nas questões éticas
Por telefone, Pedro Simon fala de saudade com a reportagem de O Pharol. “Vocês, então, são da minha querida Juiz de Fora. Que saudade do presidente Itamar. Como esses tempos difíceis me levam ao meu amigo Itamar.” O ex-senador, que neste ano completou 91 anos, ainda se surpreende com o passar do tempo. “Mas já faz dez anos que o Itamar nos deixou? Quanta saudade.”
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Pedro Simon despediu-se da vida pública em 2014 (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
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Convidado a descrever do que sente saudade, ele não titubeia: “Da decência, da retidão”. Simon toma o caso do Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil envolvido em suspeita de corrupção no caso do orçamento. “Vocês de Juiz de Fora sabem que o Hargreaves era da cozinha do Itamar. E o que ele faz: afasta o Hargreaves até ser concluída a investigação. Inocentado, ele é reconduzido à pasta cem dias depois. Essa lição nunca foi repetida por nenhum governo.”
Para Simon, a importância do Governo Itamar ainda será revista. “Estamos falando de um presidente que assumiu o mandato sem partido, sem apoio e sem povo. O eleitor havia votado no Collor. Quem colocou o Itamar lá foi o Congresso. Estávamos iniciando a era da redemocratização. Itamar construiu um Governo de coalizão inimaginável. Fez tudo isso sem uma vírgula de corrupção. Ninguém nunca recebeu nem um mil réis para aprovar coisa alguma.”
O fato de Itamar não transigir nas questões éticas, segundo Simon, gerou as bases para seu Governo e para o país que se tem hoje. “Saímos de um Brasil mergulhado na insegurança e no medo para um Brasil de economia estável e democracia consolidada. É uma pena que não se dê ao Itamar seu devido valor. É uma pena que não compreendam que, das difíceis e necessárias decisões tomadas no Governo Itamar, nasceram as bases para os governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Rousseff.”
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O texto discute o retorno de Marta Suplicy à política e seu papel como vice na chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL) na corrida à Prefeitura de São Paulo. Aqui estão alguns pontos destacados:
Contexto Histórico:
Episódio Marcante: O texto recorda um episódio durante a campanha de 2000, quando Marta Suplicy, então candidata à prefeitura, gritou "Cala a boca, Maluf!" durante um debate na TV Bandeirantes, mostrando sua postura firme.
Estratégia de Campanha: Durante essa campanha, marqueteiros apresentaram Marta como uma figura que não aceitava desrespeito, mas a estratégia foi ajustada para não associar fortemente seu nome ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva, considerando a natureza conservadora de São Paulo na época.
Trajetória Política Atual:
Mudanças na Cena Política: Ao longo dos 23 anos após o episódio mencionado, Marta Suplicy não conseguiu ser eleita prefeita novamente. Ela passou por diferentes partidos, incluindo MDB e Solidariedade, antes de retornar ao PT.
Retorno ao PT: Apesar de ter deixado o PT há nove anos, Marta retorna ao partido, sendo indicada como vice na chapa de Guilherme Boulos para a Prefeitura de São Paulo.
Relações com Lula e Dilma: Enquanto Lula se reconciliou com Marta, Dilma Rousseff não a perdoa por ter votado a favor do impeachment. Marta apoiou Lula em 2022 contra Jair Bolsonaro.
Cenário Político Atual:
Estratégia de Lula: A análise sugere que para Lula, fincar bandeiras em São Paulo é crucial, especialmente após a vitória de Tarcísio de Freitas, aliado de Bolsonaro, no governo do estado.
Importância de São Paulo para Lula: Desde 2012, o PT vem perdendo prefeituras em São Paulo, e a presença de Marta pode ajudar a construir uma imagem mais positiva para Boulos e o PT na cidade.
Perspectivas e Estratégias:
Papel de Marta na Campanha: O texto sugere que Marta pode desempenhar um papel importante na desconstrução de preconceitos contra Boulos e, se ele vencer, não será uma vice decorativa.
Reação da Campanha de Ricardo Nunes: A campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) provavelmente tentará rotular Marta como traidora, mas Lula parece não se importar, destacando que na política, as alianças podem mudar rapidamente.
O texto oferece uma visão abrangente da trajetória de Marta Suplicy na política e sua importância no cenário eleitoral atual em São Paulo.
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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
Vera Rosa - O dia em que dona Marta do PT gritou
O Estado de S. Paulo
Ex-prefeita já mandou Maluf calar a boca e não tem perfil para vice decorativa
O debate estava tenso quando, de repente, um grito ecoou no auditório da TV Bandeirantes: “Cala a boca, Maluf!”. A “ordem” partiu da psicóloga Marta Suplicy, que, dias antes, havia ensaiado aquela forma impactante de interromper Paulo Maluf, seu adversário no segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Era outubro de 2000.
Durante a campanha, marqueteiros apresentavam Marta como uma mulher que não levava desaforo para casa. Mas pesquisas mostravam que São Paulo era uma capital conservadora. A estratégia foi traçada, então, para buscar um meio-termo, na tentativa de não colar o nome da candidata ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva.
Maluf, que de bobo nunca teve nada, percebeu a tática e passou a chamar a rival de “Dona Marta do PT”. Chegava mesmo a aumentar o tom de sua voz anasalada ao pronunciar “do PT”, como se quisesse carimbá-la.
Vinte e três anos se passaram e, de lá para cá, muita coisa mudou na cena política. Dona Marta do PT nunca mais conseguiu se eleger prefeita de novo. Há quem diga que ela perdeu a identidade ao deixar as fileiras petistas, migrar para o MDB e fazer uma escala no Solidariedade.
Sondagens indicam, porém, que a maioria dos eleitores ainda acha que ela é do PT, partido para o qual retorna agora, após acordo construído por Lula para fazê-la vice da chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL) na corrida à Prefeitura.
Embora Marta tenha rompido com o PT há 9 anos, dizendo que a legenda era “protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção”, Lula se reconciliou com ela. O mesmo não se pode dizer de Dilma Rousseff, que não a perdoa por ter votado a favor do impeachment.
Em 2022, Marta apoiou Lula contra Jair Bolsonaro e foi anfitriã do almoço que selou a adesão de Simone Tebet (MDB) à campanha. O presidente quer reeditar agora aquela frente ampla porque mira 2026, quando pretende disputar a reeleição.
Fincar bandeiras em São Paulo é crucial para o jogo de Lula, principalmente depois que Tarcísio de Freitas, aliado de Bolsonaro, ganhou o governo do Estado. Desde 2012, o PT vem perdendo prefeitos: elegeu 635 naquele ano, quando Fernando Haddad chegou ao poder, com o apoio de Maluf. Em 2020, foram 179, nenhum em capital.
Marta pode ajudar a desconstruir preconceitos contra Boulos e, se ele vencer, não será vice decorativa. De qualquer forma, a campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) fará tudo para imprimir na ex-secretária de Relações Internacionais a pecha de traidora. Mas Lula não liga: acha que a política é como nuvem, cada dia está de um jeito. E, nessas idas e vindas, o “Cala a boca” de hoje vira casamento com o Centrão amanhã. Ou não.
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O texto relata a volta de Marta Suplicy à televisão após 11 anos, com o programa "Jogo Aberto com Marta Suplicy", que estreou na Rede Bandeirantes. Aqui estão alguns pontos destacados:
Detalhes sobre o Programa:
Formato do Programa: "Jogo Aberto com Marta Suplicy" é descrito como um programa que discute temas relacionados ao comportamento humano. A proposta é ouvir opiniões de pessoas comuns, não apenas de especialistas.
Postura de Marta: Ao contrário de seus trabalhos anteriores, Marta não adotará a postura de uma psicóloga dando conselhos. Ela atuará como mediadora, tornando o debate interessante entre especialistas, personalidades e pessoas comuns.
Desafios e Contrato: O maior desafio apontado por Marta é controlar as 24 pessoas envolvidas no debate. Seu contrato com o programa é válido até junho de 2000.
Contexto e Justificativa:
Pesquisa sobre Programas para Mulheres: Marta menciona uma pesquisa da ONG TVer que indicou a falta de programas para mulheres no horário nobre. Ela destaca que a maioria dos programas atrativos para mulheres é transmitida tarde demais para quem trabalha.
Origens na TV: O texto relembra a estreia de Marta na TV em 1980, com o quadro "Comportamento Sexual" no programa "TV Mulher" na Rede Globo, que posteriormente se tornou um programa próprio na Rede Manchete.
Projeto Recusado pela Globo: Marta propôs o projeto à Globo, que gostou da ideia, mas as condições apresentadas não foram consideradas satisfatórias. Ela então iniciou conversas com a Record e Band, optando pela última.
Primeiro Programa e Convidados:
Convidados do Primeiro Programa: O primeiro programa contou com a participação do teólogo Leonardo Boff, do jogador de futebol Raí, da empresária Cristiana Arcangeli e de Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza e líder de uma organização social.
Tema do Programa: O texto não revela o primeiro tema discutido no programa, mas sugere que seja sobre o papel do homem e da mulher no final do século. A diversidade entre os entrevistados é mencionada como ponto chave do programa.
Considerações sobre Possível Rotulação Eleitoreira:
Candidatura de Marta à Prefeitura: Marta, oficialmente candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PT no ano seguinte, aborda a possibilidade de o programa ser rotulado como eleitoreiro. Ela destaca que o programa pode tanto ajudá-la quanto atrapalhá-la, mas afirma que separará as coisas.
O texto oferece uma visão geral do retorno de Marta Suplicy à televisão e detalhes sobre o formato e os objetivos de seu programa "Jogo Aberto com Marta Suplicy".
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ESTRÉIA
Ex-deputada volta à TV para mediar debates entre pessoas comuns e personalidades
Marta abre o jogo sábado na Band
Leopoldo Silva/Folha Imagem
Marta Suplicy, que volta à TV após 11 anos
ALINE SORDILI
da Reportagem Local
Depois de 11 anos longe da TV, pelo menos como apresentadora, Marta Suplicy volta com um programa só seu. "Jogo Aberto com Marta Suplicy" estréia no próximo sábado, às 20h, na Rede Bandeirantes, sob a direção de Miloca Nagle.
"Vamos discutir temas relacionados ao comportamento humano, ouvindo opiniões de pessoas comuns, não só de especialistas", afirma Marta, que estreou na TV em abril de 1980, com o quadro "Comportamento Sexual", dentro do programa "TV Mulher", apresentado por Marília Gabriela, na Rede Globo, onde ficou até 1986.
O seu quadro fez tanto sucesso que acabou virando um programa com o mesmo nome na então Rede Manchete, nos anos de 1987 e 1988.
Mas, na Band, sua postura será diferente. Lá, Marta não encarnará a psicóloga, sua atividade de formação, para ficar dando conselhos: "Serei uma mediadora, que terá como função tornar o debate interessante". Esse debate reunirá especialistas, personalidades e pessoas comuns, num total de 24 pessoas. "Esse é o meu maior desafio: controlar todas essas pessoas", afirma ela, que tem contrato até junho de 2000.
Segundo ela, uma pesquisa feita pela ONG (Organização Não-Governamental) TVer apontou que a mulher não tem programa para assistir no horário nobre -os programas que as atraem só são transmitidos após a meia-noite ou no final da tarde.
"Nenhuma mulher que trabalhe tem tempo para assistir a esses programas. Ou não estão em casa, ou é muito tarde", diz Marta, que é a criadora do projeto de seu programa. "Mas não será um programa exclusivo para mulheres."
"Levei a proposta para a Globo, que gostou da idéia, mas as condições apresentadas não valiam a pena. Depois, iniciei conversas com a Record e Band, que se decidiu mais rápido."
O primeiro programa terá como convidados o teólogo Leonardo Boff, o jogador de futebol Raí, a empresária Cristiana Arcangeli e Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza e líder de uma organização social.
Com tantos perfis diferentes, Marta prefere não revelar o primeiro tema, que deve ser o papel do homem e da mulher no final de século. "A diversidade entre os entrevistados é o que dará a tônica do programa", afirma a diretora.
Segundo Marta, o programa não procurará só especialistas. "Procuramos pessoas comuns e articuladas, que tenham o que passar para o telespectador." "Jogo Aberto", afirma Marta, não falará de assuntos particulares, mas "dará voz às pessoas comuns".
Marta, que é oficialmente candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PT no ano que vem, não teme que seu programa seja rotulado de eleitoreiro. "Se eu vou a uma passeata, é eleitoreiro; se dou uma entrevista, é eleitoreiro. O programa tanto pode me ajudar como me atrapalhar, mas vou separar as coisas", afirma.
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Priscila Frade
Canto da Ema
Transmitido ao vivo em 1 de jun. de 2023
https://www.youtube.com/watch?v=SS9G5rcGTBc
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