Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 16 de janeiro de 2024
Pernas no mundo: CONFIANÇA E COMPETÊNCIA
Mapas históricos
América do Sul no final do Século XIX
Este mapa mostra também a situação em 1790, e inclui as datas de fundação de muitas cidades. Impresso por volta de 1940.
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Carta de Arnoldus Fiorentinus
Do fim do século XVI, neste mapa já aparece o estreito de terra do Panamá. Reproduzido no livro História da Cartografia de Leo Bagrow, publicado em Berlim.
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https://www.sohistoria.com.br/mapas/mapashistoricos/p2.php
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Presidente de Portugal dissolve Parlamento e confirma eleições antecipadas
De cnnbrasil.com.br
2:03 PM · 15 de jan de 2024
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"Confiança é uma coisa, competência é outra."
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cofiar
(
co·fi·ar
)
Conjugar
Conjugação:regular.
Particípio:regular.
verbo transitivo
1. Alisar ou afagar com a mão (o cabelo ou a barba).
2. [Figurado] Animar.
sinonimo ou antonimoSinônimo geral: ACOFIAR
"cofiar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/cofiar.
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HERBERT HOOVER
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"Implacável com inimigos e bandidos, Hoover era um competente puxa-saco. Vizinho de Johnson por cerca de 20 anos, deu-lhe de presente um cachorrinho e, quando o bicho morreu, mandou-lhe outro."
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Elio Gaspari - Segurança é loteada
O Globo
Confiança é uma coisa, competência é outra, e prevalece massagem dos egos na mudança de Dino para Lewandowski
Ricardo Lewandowski assumirá um Ministério da Justiça transformado em algo parecido com a mal falada Codevasf. Pela primeira vez na história dessa pasta ocupada por Diogo Feijó (1831-1832), por Bernardo Pereira de Vasconcelos (1837-1839) e Tancredo Neves (1953-1954) discutiu-se o preenchimento de cargos no seu segundo escalão a partir de critérios partidários ou regionais.
O PT quer cadeiras ocupadas pelo PSB e seria desmontada a "República do Maranhão" criada por Flávio Dino. Nenhum dos prováveis degolados foi classificado como incompetente e nenhum dos prováveis sucessores é louvado pela competência em questões de segurança pública. Trata-se apenas de discutir a filiação partidária ou a origem regional. Pior: prevalece nas aspirações a massagem dos egos de candidatos interessados em melhorar seus contatos e polir seus currículos.
Na campanha eleitoral, quando o tema da segurança pública teve a importância que merecia, Lula prometeu dividir o ministério. Na cadeira, atendeu às ponderações de Flávio Dino e Lewandowski, desistindo da ideia.
Enquanto isso, o Brasil vive numa tempestade perfeita. O crime organizado cresceu e tem 53 quadrilhas. Na outra ponta, aumentou a letalidade policial sobre os pobres inclusive em áreas governadas pelo PT.
Como o Ministério da Justiça tem a maior quantidade de advogados por metro quadrado, o problema da segurança pública é enfrentado com planos e regras que servem para nada. A passagem de Flávio Dino pela pasta confirmou essa anomalia.
Lewandowski anunciou que o combate ao crime organizado será a prioridade de sua gestão. O que ele fará com essa prioridade, só Oxalá sabe. É de justiça reconhecer que o comando da Polícia Federal ficou fora do loteamento. Seu atual diretor, Andrei Rodrigues, deverá continuar no cargo.
Lewandowski quer preencher os cargos de confiança com pessoas da sua confiança. É uma ideia que conforta o ministro, mas tem pouca serventia. Confiança é uma coisa, competência é outra.
A segurança pública dos Estados Unidos deveu a J. Edgar Hoover a criação do Federal Bureau of Investigation. Ele ficou no cargo de 1935 até sua morte, em 1972. Sujeito detestável, passou por seis presidentes. Pelo menos três não confiavam nele. Robert Kennedy, seu superior hierárquico, achava que era maluco. Lyndon Johnson manteve-o no cargo com uma explicação simples: "É melhor tê-lo urinando para fora do que tê-lo urinando para dentro".
Implacável com inimigos e bandidos, Hoover era um competente puxa-saco. Vizinho de Johnson por cerca de 20 anos, deu-lhe de presente um cachorrinho e, quando o bicho morreu, mandou-lhe outro.
Hoover trabalhou em duas direções. Organizou uma polícia federal técnica, disciplinada e praticamente incorruptível. Além disso, federalizou crimes que eram tolerados nas jurisdições estaduais. Policiais e juízes corruptos temiam seus agentes.
Os sistemas não se comunicam
Vários especialistas em segurança pública queixam-se porque os diversos bancos de dados não se comunicam. Antes de comprar novos equipamentos, seria boa ideia chamar quem comprou as traquitanas atuais. O fornecedor sabia que seu sistema não falaria com o outro.
Guarda Nacional
Pelo andar da carruagem, há uma pequena possibilidade de que reapareça a ideia de se criar uma nova repartição policial. Seria a criação de uma Guarda Nacional. Depois do 8 janeiro de 2023, essa ideia circulou no comissariado petista e, aos poucos, foi esquecida.
A quem interessar possa:
As instituições militares detestam a Guarda Nacional desde o fim do século 19. No início de novembro de 1889, falava-se na transferência de batalhões sediados no Rio e no fortalecimento da Guarda. Na noite do dia 14 começou um levante e no dia 15 estava proclamada a República.
Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e acredita ter percebido um padrão na defesa da moralidade pública e na sua vulnerabilidade.
De uma maneira geral, o cidadão começa a delinquir no ano Zero. No ano Um, o doutor é exposto, mas nega os malfeitos. No ano Dois, ele começa a ser investigado. No ano Cinco, se a culpa é estabelecida, ele é condenado e vai para a cadeia, condenado a duras penas. Na pior das hipóteses, por volta do ano Dez é libertado por algum benefício, revisão ou indulto.
Livre, caso ele circule no andar de cima e disponha de bons advogados, no ano Quinze consegue na Justiça a anulação das penas a que foi condenado por motivos que nada têm a ver com a essência das malfeitorias.
As denúncias de irregularidades em quatro ministérios de hoje estão no ano Um.
Esse padrão só vale para o andar de cima, no de baixo a vítima fica na cadeia mesmo sem culpa formada.
Madame Natasha com Eremildo
Madame Natasha tem horror a Eremildo porque ele é um cretino confesso, mas associou-se a ele e concedeu uma de suas bolsas de estudo ao secretário-geral da Presidência, Márcio Macêdo, que atribuiu a um "erro formal" a viagem de três de seus assessores para festas em Sergipe, com passagens e diárias pagas pela Viúva.
Nas suas palavras: "Houve um erro formal do meu gabinete, erro de procedimento, e isso nunca mais se repetirá.
"Natasha acredita que o doutor falou demais. Não precisava enfiar o "formal" na confissão. O erro seria formal se a trinca tivesse pedido passagens para Aracaju e tivessem sido mandados para Roraima.
Festa nas bancas
Os repórteres Jéssica Sant’Ana e Marcelo Ribeiro revelaram que o governo criará 19 grupos de trabalho para regulamentar a reforma tributária. Além disso, a nova ordem exigirá uma penca de leis complementares para esclarecer 71 pontos cegos. Nos estados os subgrupos serão 21. Estimando-se que cada grupo tenha cinco pessoas, serão 200 os burocratas convocados.
É possível que a reforma simplifique o sistema tributário nacional, mas até lá, a balbúrdia fará a alegria de burocratas, parlamentares e advogados.
A estrela de Camilo
A estrela do ministro da Educação, Camilo Santana, brilhou quando ele governou o Ceará. Com um ano no Ministério da Educação, começou a piscar.
Ele entrou com o pé esquerdo. Um dos primeiros anúncios do MEC sob sua gestão foi a suspensão dos planos para se aplicar eletronicamente as provas do Enem.
Continuar aplicando as provas de papel pode ser conveniente, mas fechar a porta para a prova eletrônica é exercitar a opção preferencial pelo atraso.
Eleição municipal
Às vezes as eleições municipais soltam sinais de fumaça que prenunciam os dilemas da sucessão presidencial.
Em 2020, a eleição municipal sinalizou o esgotamento da maré que em 2018 havia alimentado o bolsonarismo.
Em 2018, a jornalista Joice Hasselmann elegeu-se deputada federal com mais de um milhão de votos. Dois anos depois, disputou a Prefeitura de São Paulo e saiu do jogo com 98,3 mil votos.
O ex-capitão e seu entorno desprezaram o sinal.
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 08:17:00
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Um comentário:
ADEMAR AMANCIO disse...
Sim...
15/1/24 03:02
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O que (não) esperar de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça
A gestão Lewandowski deve seguir as mesmas diretrizes da gestão Flávio Dino; e isso, definitivamente, está longe de ser uma boa notícia
Wilson Lima
A priori, tinha planejado escrever um texto sobre o que esperar da gestão do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça. Levantei alguns argumentos, históricos de atuação dele no Supremo… Mas, ao escrever a primeira frase deste texto, mudei de ideia. Achei clichê. Pensei: “A concorrência fará algo igual” e resolvi adotar um caminho fora do habitual.
Confesso que achei mais didático falar sobre o que o ex-ministro do STF não fará à frente do Ministério da Justiça. Aqui, a omissão será mais significativa do que a ação. Como, aliás, o foi ao longo da gestão Flávio Dino.
Lewandowski será anunciado nesta quinta-feira, 11, como o novo ministro da Justiça, ao lado do atual. Haverá pompa e circunstância. Lula fará pessoalmente o anúncio, provavelmente ao vivo. É simbólico: outros ministros da Esplanada não tiveram tal privilégio.
Os símbolos de Lula
Já disse aqui, em outros textos: Lula vive de símbolos. E o fato de Lewandowski ter ficado na primeira fila durante as comemorações dos atos de 8 de janeiro já dava essa dimensão do peso que Lula atribuirá ao novo Ministério da Justiça.
Lewandowski terá carta branca (ainda posso usar essa expressão sem se cancelado?) na nova função e vai escolher seu primeiro escalão. E não adiantou o PSB espernear. Lula deve ter pensado: “Mais vale um Lewandowski na mão, que um Carlos Siqueira (presidente do PSB) voando”. No final, nem mesmo Ricardo Capelli – atual secretário executivo – terá função na nova pasta. Mas isso é assunto para outro texto.
Mas, afinal de contas, o que não esperar de Lewandowski? Não esperem dele uma política de segurança pública incisiva, aguerrida; não esperem dele um modelo de combate à corrupção ao estilo Lava Jato (ele é garantista de carteirinha, e isso ficou claro desde o julgamento do mensalão); não esperem do ex-ministro entradas a cada cinco 5 minutos na GloboNews, como fazia Flávio Dino (ao menos um ponto positivo dessa mudança).
Na prática, a gestão Lewandowski deve seguir as mesmas diretrizes da gestão Flávio Dino. E isso, definitivamente, está longe de ser uma boa notícia.
Leia mais:
Cogitar Lewandowski em ministério é um escárnio
https://oantagonista.com.br/analise/o-que-nao-esperar-de-ricardo-lewandowski-no-ministerio-da-justica/
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0:00 / 1:35
Telégrafo sobrevive à era digital
Band Jornalismo
24 de mai. de 2022
Mesmo na era digital, ele segue importante e ajuda até a salvar vidas em casos de tragédias. Você já ouviu falar em telégrafo?
https://www.youtube.com/watch?v=vm4UrCk4L4Y
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DE TELÉGRAFO A CELULAR
CAPANEMA, GUSTAVO
CAPANEMA, GUSTAVO
*rev. 1930; interv. MG 1933; min. Educ. 1934-1945; const. 1946; dep. fed. MG 1946-
1959; min. TCU 1959-1961; dep. fed. MG 1961-1970; sen. MG 1971-1979.
Gustavo Capanema Filho nasceu em Pitangui (MG) no dia 10 de agosto de 1900,
filho de Gustavo Xavier da Silva Capanema e de Marcelina Júlia de Freitas Capanema. Seu
avô, o engenheiro e físico Guilherme Schuch de Capanema, barão de Capanema (1824-
1908), instalou em 1855 a primeira linha telegráfica do Brasil, e em seguida fundou a
Repartição Geral dos Telégrafos, a qual dirigiu por mais de 30 anos, ao tempo do Império.
Iniciou seus estudos em Pitangui, transferindo-se em seguida para Belo Horizonte, onde
cursou os colégios Azeredo, Arnaldo — dirigido por padres alemães — e o Ginásio
Mineiro. Ingressou em 1920 na Faculdade de Direito de Minas Gerais e aí se tornou amigo
de Abgar Renault, Mário Casassanta, Gabriel Passos e Emílio Moura, que mais tarde
alcançariam renome, quer como escritores, quer como políticos. Junto com esses colegas de
faculdade, formava o grupo conhecido como “os intelectuais da rua da Bahia”, integrado
também por Carlos Drummond de Andrade, Mílton Campos, João Alphonsus e João
Pinheiro Filho. Bacharelou-se em direito em dezembro de 1924.
No ano seguinte, retornou a Pitangui, onde lecionou e advogou até 1929. Ao longo desse
período, travou contato com a reforma educacional iniciada por Francisco Campos em sua
gestão como secretário do Interior do governo mineiro de Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada (1926-1930). Ingressou ao mesmo tempo na política, elegendo-se em 1927
vereador à Câmara Municipal de Pitangui.
DA REVOLUÇÃO DE 1930 ÀS ELEIÇÕES DE 1933
Em 1929, com o rompimento do pacto entre as oligarquias de Minas Gerais e São
Paulo em torno da sucessão presidencial do ano seguinte, Capanema aderiu à Aliança
Liberal, coalizão oposicionista formada pelos governos de Minas Gerais, Rio Grande do
Sul e Paraíba. Ainda em 1929, após a indicação de seu primo Olegário Maciel para a
sucessão de Antônio Carlos, seu nome passou a ser citado entre os prováveis integrantes do
futuro governo mineiro.
Em 1º de março de 1930, Maciel elegeu-se presidente de Minas, ao mesmo tempo em que
Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal, era derrotado pelo situacionista Júlio Prestes
nas eleições para a presidência da República.
Algumas semanas depois, o gaúcho Osvaldo Aranha e o mineiro Virgílio de Melo Franco,
jovens dirigentes da Aliança Liberal, reativaram seus contatos com líderes tenentistas e
aceleraram a conspiração para depor Washington Luís. Em Minas, a rebelião foi articulada
por Virgílio de Melo Franco e os chefes políticos de maior expressão oligárquica, como
Antônio Carlos e Artur Bernardes. Entretanto, tanto um como o outro mantiveram-se de
início indecisos, retardando a marcha do movimento. Em junho, Antônio Carlos forçou o
adiamento da revolução, não apenas por temer a derrota, como declarou a Osvaldo Aranha,
mas também porque não desejava assumir os riscos de uma confrontação armada a apenas
três meses do término de seu mandato de presidente estadual. Em fins de julho, porém,
impressionado com a repercussão nacional da morte de João Pessoa, candidato derrotado da
Aliança Liberal à vice-presidência da República, Antônio Carlos passou a apoiar
decididamente a rebelião.
Em 7 de setembro, já na fase final dos preparativos revolucionários, Olegário Maciel
assumiu o governo mineiro, empossando Gustavo Capanema no cargo de oficial de
gabinete. No dia 3 de outubro, os estados do Rio Grande do Sul, Minas e Paraíba
levantaram-se em armas, conquistando rapidamente os estados vizinhos.
Tão logo se configurou a vitória do movimento, vieram à tona os antagonismos entre o
espírito renovador dos jovens oficiais revolucionários, os “tenentes”, e o conservadorismo
das facções oligárquicas a eles aliadas. Osvaldo Aranha voltou-se contra Olegário Maciel,
defendendo ardorosamente a nomeação de Virgílio de Melo Franco para o cargo de
interventor federal em Minas Gerais, enquanto a maior parte dos “tenentes” concentrava
seus ataques em Artur Bernardes, que, enquanto da República (1922-1926), notabilizara-se
pela perseguição aos participantes dos movimentos tenentistas do início da década de 1920.
Olegário Maciel conseguiu resistir às pressões, tornando-se o único governante eleito antes
da revolução a permanecer no cargo após a ascensão de Vargas ao poder (3/11/1930). A
ofensiva contra Bernardes, porém, produziu de imediato seus primeiros resultados. No dia
26 de novembro, três secretários do governo mineiro pertencentes à sua facção foram
demitidos: Cristiano Machado (Interior e Justiça), Alaor Prata (Finanças) e José Carneiro
de Resende (Agricultura). Para seus lugares, Olegário Maciel nomeou respectivamente
Gustavo Capanema, Amaro Lanari e Cincinato Gomes de Noronha Guarani.
Em dezembro de 1930, Capanema travou os primeiros entendimentos com Francisco
Campos a fim de destruir as bases de sustentação de Artur Bernardes em Minas Gerais,
organizadas principalmente no interior do Partido Republicano Mineiro (PRM). Ministro da
Educação e Saúde, pasta criada pelo governo provisório chefiado por Vargas, Campos
exerceu uma influência decisiva nos rumos políticos de Minas após a Revolução de 1930,
tendo sido, segundo Simon Schwartzman, o “mentor político e intelectual de Capanema
nesse período”.
Em fevereiro de 1931, Capanema lançou, juntamente com Campos e Amaro Lanari, o
manifesto de fundação, em Minas, da Legião de Outubro, organização que vinha sendo
criada em vários estados com o beneplácito do governo provisório. Constituída como um
corpo paramilitar, a Legião Liberal Mineira, tal como ficou conhecida no estado, adotou
não apenas princípios de caráter fascista em seu programa, como também o uniforme de
camisas pardas que envergavam os nazistas, na época em ascensão na Alemanha.
Na qualidade de secretário do Interior, Capanema valeu-se dos recursos de poder que seu
cargo lhe conferia e dos instrumentos típicos de pressão da política tradicional para
implantar a Legião de Outubro em Minas Gerais. No intuito de desmobilizar a máquina
política de Bernardes — alvo principal da Legião — Capanema chegou a aliar-se a
elementos dissidentes do PRM que haviam apoiado em 1930 a Concentração Conservadora
e a candidatura oficial de Júlio Prestes. O PRM reagiu à ofensiva, buscando apoio junto ao
governo provisório e convocando seus correligionários para uma convenção regional do
partido em 15 de agosto, em Belo Horizonte. Três dias mais tarde, o conflito entre o PRM e
a Legião de Outubro chegou ao ponto culminante com a tentativa de deposição do
presidente Olegário Maciel, articulada a partir do Rio de Janeiro por Osvaldo Aranha, com
o apoio velado de Getúlio Vargas.
Capanema comandou a reação ao golpe. Após tomar conhecimento de que o coronel Júlio
Pacheco de Assis, comandante do 12º Regimento de Infantaria de Belo Horizonte,
tencionava assumir o governo do estado, guarneceu o palácio da Liberdade, sede do
governo, com tropas da Força Pública mineira. Ao mesmo tempo, alertou Francisco
Campos, no Rio de Janeiro, para o movimento. Algumas horas mais tarde, o coronel
Pacheco de Assis desmobilizou suas tropas em cumprimento de ordens enviadas pelo
ministro da Guerra, o general José Fernandes Leite de Castro.
Aos acontecimentos de agosto, seguiu-se um período de trégua e negociações entre o
governo mineiro e a facção bernardista. Com vistas à pacificação do estado, Vargas
procurou recuperar a confiança de Olegário Maciel, a fim de evitar uma possível aliança
entre Minas Gerais e São Paulo, principal foco de oposição no novo regime.
Nos meses seguintes, Capanema atuou como principal intermediário entre Vargas e Maciel,
reaproximando Minas do governo provisório. Desempenhou ainda importante papel nas
negociações que deram origem ao chamado “Acordo Mineiro”, em fevereiro de 1932. O
acordo, assinado por Capanema (pelo governo de Minas), Venceslau Brás (pelo conselho
supremo da Legião de Outubro) e Virgílio de Melo Franco (pela comissão executiva do
PRM), deu origem ao Partido Social Nacionalista, efêmera tentativa de fusão da Legião
Mineira com o PRM. O acordo deu ainda a Bernardes o direito de indicar o nome dos
novos secretários estaduais da Agricultura e de Finanças.
O apoio de Minas a Getúlio Vargas foi posto à prova em julho de 1932, quando eclodiu a
Revolução Constitucionalista de São Paulo. Informado pelo general Pedro Aurélio de Góis
Monteiro, Capanema tomou conhecimento da deflagração do levante e imediatamente
enviou um destacamento policial para ocupar o túnel ferroviário situado perto da cidade de
Passa Quatro, junto à divisa de Minas Gerais com São Paulo. Com essa medida, as tropas
paulistas foram impedidas de prosseguir o avanço em direção a Minas Gerais. Em fins de
julho, Capanema interceptou e decifrou um aviso secreto de João Neves da Fontoura,
solicitando a Filipe de Oliveira que concitasse Minas e Rio Grande do Sul à união com São
Paulo.
No entanto, em princípio de agosto, após o fracasso das articulações de Artur Bernardes em
favor dos revoltosos, os paulistas propuseram a Olegário Maciel negociações em separado
sobre o conflito. Capanema foi encarregado por Maciel de reunir-se com um emissário
paulista, Fernando Costa, em Três Corações (MG). A proposta paulista previa a derrubada
de Getúlio Vargas e a instituição de um governo federal chefiado por Olegário Maciel. Em
resposta, Capanema reafirmou o compromisso de Maciel com Vargas e a convicção de que
seria cumprida a promessa de constitucionalização do país feita pelo chefe do governo
provisório. São Paulo continuou a luta, praticamente isolado, capitulando finalmente no
início de outubro de 1932.
AS ELEIÇÕES E A SUCESSÃO MINEIRA (1933)
Com o término da guerra civil paulista, Capanema e Maciel trataram de organizar
um novo partido situacionista em Minas, em associação com os líderes políticos que até
então vinham apoiando o governo do estado e Getúlio Vargas. Em janeiro de 1933,
fundaram o Partido Progressista (PP) de Minas Gerais, juntamente com Antônio Carlos,
Venceslau Brás, José Monteiro Ribeiro Junqueira e Virgílio de Melo Franco. O PRM
tornou-se definitivamente um partido de oposição, composto basicamente pelos
correligionários de Bernardes, exilado do país juntamente com Mário Brant e Djalma
Pinheiro Chagas, em decorrência de seu apoio à Revolução Constitucionalista.
Francisco Campos e Amaro Lanari, fundadores da extinta Legião Liberal Mineira
juntamente com Capanema, seguiram caminhos políticos diferentes. Lanari ingressou na
Ação Integralista Brasileira, onde mais tarde veio a tornar-se um quadro destacado.
Francisco Campos, por sua vez, marginalizado do jogo político desde sua saída do
Ministério da Justiça em 1932, rompeu com Capanema em 1933, às vesperas das eleições
para a Constituinte, acusando-o de haver prejudicado sua candidatura em Pitangui, base
política de ambos. Em 1937, Campos ressurgiria no cenário político nacional como autor da
Constituição do Estado Novo.
Nas eleições de maio de 1933 para a Assembleia Nacional Constituinte, as primeiras
realizadas no país desde 1930, o PP elegeu 31 representantes, contra seis do PRM.
Detentora da maior bancada estadual da Constituinte, Minas emergiu no primeiro plano da
política nacional no segundo semestre de 1933. No início de agosto, Juarez Távora, Juraci
Magalhães, Carlos de Lima Cavalcanti e Pedro Ernesto Batista viajaram a Belo Horizonte a
fim de expressar apoio à candidatura de Antônio Carlos à presidência da Assembleia. Teve
início então uma disputa entre Antônio Carlos, candidato de Vargas, e Virgílio de Melo
Franco, apoiado por Osvaldo Aranha e uma ala minoritária do PP.
Em 10 de agosto, na qualidade de membro da comissão executiva do PP, Capanema
participou da reunião que fixou as diretrizes gerais da bancada do partido na Constituinte
que se reuniria a partir de 15 de novembro. Na ocasião, propôs a escolha dos prefeitos
municipais por nomeação, como garantia de “honestidade administrativa”, o que foi
rejeitado por ampla maioria. O encontro aprovou a instauração do regime representativo
com duas câmaras eleitas pelo sufrágio universal, a manutenção do regime federativo e a
eleição do presidente da República pelo voto popular. Nessas teses, revelava-se o espírito
fortemente regionalista do PP, colidindo em alguns casos com as propostas centralizadoras
da Comissão do Itamarati, encarregada por Vargas de elaborar um anteprojeto de
Constituição.
Olegário Maciel faleceu no dia 5 de setembro de 1933. Com sua morte, Capanema assumiu
interinamente o cargo de interventor federal em Minas, postulando de imediato sua
efetivação. Logo em seguida, Virgílio de Melo Franco lançou-se também na disputa
sucessória, retirando sua candidatura à presidência da Constituinte.
A sucessão mineira não mobilizou apenas as forças políticas do estado, mas também líderes
de reconhecida projeção nacional, representantes de diferentes facções do governo
provisório. O interventor gaúcho José Antônio Flores da Cunha empenhou-se a fundo na
nomeação de Capanema, enquanto Virgílio contava com o apoio ostensivo do ministro da
Fazenda, Osvaldo Aranha, e de seu pai, o ministro das Relações Exteriores Afrânio de
Melo Franco. Vargas adotou de início uma atitude de aparente neutralidade ante os dois
candidatos, condicionando tacitamente a solução do problema sucessório à prévia
realização da eleição para a presidência da Constituinte. Desse modo, assegurou o apoio
integral da bancada mineira à escolha de Antônio Carlos, que foi eleito no dia 12 de
novembro, e recebeu do líder progressista a confirmação de sua autoridade na escolha do
novo interventor e o apoio à sua eleição para a presidência constitucional do país.
Em 4 de dezembro, após se avistarem com Vargas no Rio de Janeiro, Capanema e Virgílio
resolveram finalmente encerrar a disputa, comprometendo-se a aceitar a decisão
presidencial desde que a escolha recaísse sobre um deles. No dia 12, após entendimentos
mantidos com Antônio Carlos, Vargas deu uma solução inteiramente inesperada ao caso,
nomeando interventor Benedito Valadares, deputado mineiro à Constituinte de expressão
política muito inferior à dos principais postulantes ao governo estadual. Com essa
nomeação, porém, Vargas não só garantiu a presença à frente do governo de Minas de um
chefe sem muitas vinculações e influência entre as forças regionais, reservando-se assim a
possibilidade de controlar a maior bancada estadual da Constituinte, como também
conseguiu neutralizar a força de dois políticos de grande prestígio nacional: Flores da
Cunha e Osvaldo Aranha.
Inconformados com a escolha de Valadares, Aranha e Afrânio de Melo Franco demitiramse do ministério, abrindo uma grave crise no interior do governo provisório. Enquanto isso,
Capanema transmitiu o cargo a Benedito Valadares no dia 15 de dezembro, sem atender aos
apelos em favor da resistência feitos por Virgílio de Melo Franco. Em seguida, retornou a
Pitangui com a perspectiva de sua futura nomeação para o Ministério da Educação e Saúde,
compromisso que Vargas firmou em carta do dia 20 de dezembro de 1933. Finalmente, em
janeiro de 1934, Osvaldo Aranha reconsiderou sua decisão e retornou ao ministério, pondo
fim à crise provocada no governo pela nomeação de Benedito Valadares.
MINISTRO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE
Em 26 de julho de 1934, dez dias após a eleição de Vargas para a presidência da
República pela Constituinte, Capanema foi efetivamente nomeado para a pasta da Educação
e Saúde Pública.
Uma vez no cargo, deu andamento à reorganização do ministério iniciada por seu
antecessor, Washington Pires, com vistas ao aparelhamento do órgão para as
responsabilidades decorrentes de sua criação em 1930. Em 1935, sua gestão caracterizou-se
principalmente pela retomada das campanhas sanitárias, interrompidas entre 1930 e 1934, e
pelo início dos estudos visando à criação da Universidade do Brasil e à construção do
edifício-sede do ministério no Rio de Janeiro.
Ao mesmo tempo, Capanema não permaneceu alheio ao grande debate travado em 1935
nos meios culturais e políticos do país, sobre o sentido e a orientação do sistema
educacional brasileiro. De um lado, os educadores do chamado movimento escolanovista,
como Anísio Teixeira, Manuel Bergström, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo,
defendiam uma educação igualitária sob a responsabilidade do Estado. Do outro, situava-se
o movimento católico, liderado por Alceu Amoroso Lima, propugnando o ensino religioso
e livre da tutela do Estado. “Entre os extremos”, diz Simon Schwartzman, “Capanema
jamais se decide de maneira totalmente explícita, mas o peso da influência de Alceu é, sem
dúvida, o predominante.” Desse modo, Capanema opôs-se à criação da Universidade do
Distrito Federal (UDF), concebida por Anísio Teixeira durante a gestão de Pedro Ernesto
na prefeitura da capital da República. Segundo o historiador Américo Jacobina Lacombe, a
universidade só foi criada porque Pedro Ernesto recebeu autorização direta de Getúlio
Vargas para assinar o decreto que a instituiu em abril de 1935.
Em julho, Capanema formou uma comissão encarregada de estudar a ampliação da
Universidade do Rio de Janeiro, que passaria a denominar-se em 1937 Universidade do
Brasil. A comissão foi composta de 12 membros, incluindo professores e intelectuais de
diferentes tendências ideológicas, como Inácio Azevedo Amaral, um dos principais
defensores do Estado autoritário, e elementos do movimento escolanovista, como Edgar
Roquete Pinto e Lourenço Filho. Em outubro, Capanema encaminhou ao Congresso o
Plano de Reorganização do Ministério da Educação e Saúde Pública, que só veio a ser
aprovado em 13 de janeiro de 1937.
No dia 7 de dezembro de 1935, após o fracassado levante comunista de novembro,
Capanema participou de reunião ministerial que examinou a situação política do país e as
medidas repressivas a serem tomadas pelo governo. Segundo Alzira Vargas do Amaral
Peixoto, Capanema “fez a crítica da educação no Brasil... e reclamou contra a influência da
Universidade do Distrito Federal, de orientação comunista”. Em decorrência do clima de
anticomunismo reinante no país, o reitor Afrânio Peixoto e vários professores da UDF
demitiram-se em dezembro de 1935. A universidade continuou funcionando até ser extinta
e incorporada à Universidade do Brasil, em 1939.
Durante o ano de 1936, prosseguiram os trabalhos da comissão encarregada de estudar a
organização da Universidade do Brasil. Aprovada a proposta de construção de uma cidade
universitária no Rio de Janeiro, reunindo o conjunto dos institutos e faculdades da futura
universidade, a comissão escolheu os terrenos da Quinta da Boa Vista para sua localização.
Mais tarde, porém, optou-se por sua construção na ilha do Fundão.
Nas letras e nas artes plásticas, Capanema procurou colocar-se acima das disputas políticas
e ideológicas que agitavam o país. Assessorado por seu chefe de gabinete, o poeta Carlos
Drummond de Andrade, cercou-se de uma equipe diversificada, integrada, entre outros, por
Mário de Andrade, Cândido Portinari, Manuel Bandeira, Heitor Vila-Lobos, Cecília
Meireles, Lúcio Costa, Vinícius de Morais, Afonso Arinos de Melo Franco e Rodrigo Melo
Franco de Andrade.
O projeto de construção do edifício-sede, do ministério foi o maior exemplo de sua abertura
em relação à arte moderna. Empenhado em transformar o prédio na “catedral da moderna
arquitetura mundial”, como definiu o poeta e calculista Joaquim Cardoso, Capanema não
hesitou em anular o concurso que aprovara o projeto de autoria do arquiteto Arquimedes
Memória e passar a incumbência da construção a uma equipe chefiada por Lúcio Costa e
integrada por Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira e
Ernâni Vasconcelos. A pedido do grupo, Le Corbusier veio de Paris a fim de examinar o
projeto. A obra contou ainda com a participação de Portinari, encarregado dos afrescos e do
painel de azulejos, dos escultores Adriana Janacopoulos, Celso Antônio, Bruno Giorgi e
Jacques Lipschitz, e do paisagista Roberto Burle Marx. Iniciada em 1937, ficou
praticamente pronta em 1944, mas só foi inaugurada em 1945, após a queda do Estado
Novo, quando Capanema não se encontrava mais à frente do ministério.
A aprovação do plano de reorganização do ministério, pela lei de 17 de janeiro de 1937,
permitiu a criação de novos organismos, contribuindo decisivamente para a dinamização de
seus serviços. Pela mesma lei, o ministério teve sua designação alterada, passando a
chamar-se oficialmente Ministério da Educação e Saúde. Logo em seguida, o Departamento
Nacional de Saúde e Assistência Médico-Social, principal órgão executivo do ministério na
área de saúde, assumiu plenamente a coordenação dos departamentos estaduais de saúde,
num importante movimento no sentido da centralização.
“É a partir desse momento”, afirma Sérgio Góis de Paula, “que se pode identificar um
relativo avanço da atenção à saúde para o interior do país, com a criação em 1937 do
Serviço Nacional de Febre Amarela — o primeiro serviço de saúde pública de dimensão
nacional — e, em 1939, do Serviço de Malária do Nordeste, ambos em convênio com a
Fundação Rockefeller.”
Vários hospitais, colônias e asilos foram construídos para o tratamento de outras endemias,
como a tuberculose e a lepra, e as doenças mentais. Em 1941, o Departamento Nacional de
Saúde assumiu o controle da formação de técnicos em saúde pública, centralizando e
integrando alguns cursos já existentes, inclusive no Instituto Osvaldo Cruz. Ainda em 1941,
em consequência de sua reestruturação, o Departamento Nacional de Saúde passou a ser
integrado pelos serviços nacionais de Tuberculose, de Peste, de Malária, de Lepra, de
Câncer e de Doenças Mentais, incorporando outros criados anteriormente, como o Serviço
Nacional de Febre Amarela (1937), o Departamento Nacional da Criança (1940) e o
Serviço Nacional de Educação Sanitária (1941).
Em 5 de julho de 1937, a Universidade do Brasil foi instituída com 15 escolas ou
faculdades que receberam a denominação de nacionais e 16 institutos, alguns dos quais já
existentes, além do Museu Nacional.
Após o golpe de 10 de novembro de 1937 que instituiu o Estado Novo e a Constituição de
1937, da qual Capanema foi um dos signatários, a ação do Ministério da Educação e Saúde
foi marcada pelo caráter fortemente centralizador e autoritário do novo regime. Segundo
Anísio Teixeira, “o ministério transformou-se durante o período estado-novista no
organismo central de controle e fiscalização da educação, em tudo equivalente a um
cartório nacional”. Conforme palavras do próprio Capanema em dezembro de 1937, a
educação deveria constituir-se num dos “instrumentos do Estado e reger-se pelo sistema de
diretrizes morais, políticas e econômicas que formaram a base ideológica da Nação e que,
por isto, estão sob a guarda, o controle ou a defesa do Estado”. Valores e atitudes como “o
amor à Pátria, o sereno otimismo quanto ao poder e o destino de nossa raça” tornaram-se
recorrentes no discurso pedagógico dos ideólogos do Estado Novo e dos compêndios
escolares, submetidos a partir de dezembro de 1938 ao prévio exame da Comissão Nacional
do Livro Didático. Dentro da atmosfera de nacionalismo que presidiu a concepção do novo
regime, foram nacionalizadas mais de duas mil escolas nos núcleos de colonização alemã,
particularmente no Sul do país e sobretudo depois de 1942, quando o Brasil rompeu
relações e declarou guerra à Alemanha.
No campo da cultura, a gestão de Capanema assinalou a criação de dois órgãos de
destacada atuação ao longo do Estado Novo: o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional e o Instituto Nacional do Livro, fundados em novembro e dezembro de 1937,
respectivamente. O primeiro foi responsável pelo tombamento e preservação de centenas de
monumentos artísticos e históricos e pela criação do Museu Imperial, em Petropólis (RJ),
do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto (MG), do Museu das Missões, em São Miguel
(RS), e do Museu do Ouro, em Sabará (MG). O Instituto Nacional do Livro foi responsável
pela criação de mais de uma centena de bibliotecas públicas no interior do país.
Em 30 de julho de 1938, Capanema fundou o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos
(INEP), nomeando para sua direção o professor Lourenço Filho. Em 4 de abril de 1939,
inaugurou a Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, que viria a ter
profunda influência no ensino médio e superior. Com efeito, tornou-se o modelo de todas
as faculdades que surgiram em seguida com o objetivo de preparar candidatos ao
magistério secundário. Até então, os professores do ensino médio e superior eram
recrutados entre os profissionais que fracassavam ou desistiam de suas profissões, através
de um registro concedido, quase sempre graciosamente, pelo ministério. Com a criação da
Faculdade Nacional de Filosofia a carreira docente adquiriu o status de uma profissão de
nível superior. Ainda em 1939, foram fundadas a Faculdade Nacional de Arquitetura e a
Faculdade de Ciências Econômicas. Em 1941, completando o quadro das instituições
componentes da Universidade do Brasil, Capanema inaugurou a Escola Nacional de
Educação Física e Desportos, visando principalmente à formação de pessoal técnico em
educação física, prática obrigatória nas escolas pela Constituição do Estado Novo.
A partir de 1942, começaram a ser promulgadas, por iniciativa de Capanema, as leis
orgânicas do ensino, reformando vários ramos do ensino médio. Em relação ao ensino
técnico-profissional, foram instituídas a Lei Orgânica do Ensino Industrial, em 30 de
janeiro de 1942, e a Lei Orgânica do Ensino Comercial, em 28 de dezembro de 1943.
Entretanto, como o governo não possuía a infraestrutura necessária à implantação em larga
escala do ensino profissional, recorreu-se à criação de um sistema de ensino paralelo, em
convênio com as indústrias, através de seu órgão máximo de representação, a Confederação
Nacional da Indústria (CNI). Em 22 de janeiro de 1942, criou-se o então Serviço Nacional
de Aprendizagem dos Industriários, mais tarde Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai), organizado e dirigido pela CNI e mantido pela contribuição dos
estabelecimentos industriais a ela filiados. Como escola-padrão do ensino industrial, foi
inaugurada em maio de 1942 a Escola Técnica Nacional, no Rio de Janeiro, dirigida
inicialmente por uma equipe de professores suíços.
Em 9 de abril de 1942, foi promulgada a Lei Orgânica do Ensino Secundário, instituindo
um primeiro ciclo de quatro anos de duração, denominado ginasial, e um segundo ciclo de
três anos, que podia ser o curso clássico ou o científico. Assim, este último ciclo, que na
reforma Francisco Campos apresentava três opções, passou a ter apenas duas. Os novos
currículos estabelecidos pela lei demonstravam, segundo Otaíza Romanelli, uma
“preocupação excessivamente enciclopédica e a predominância das matérias de cultura
geral e humanística”. Por influência da Segunda Guerra Mundial, a lei instituiu a educação
militar para os alunos do sexo masculino, com diretrizes pedagógicas fixadas pelo
Ministério da Guerra. Reafirmou a educação religiosa facultativa, a educação moral e cívica
como matéria obrigatória e a limitação às escolas mistas, recomendando que a educação
secundária da mulher se fizesse em estabelecimento de frequência exclusivamente
feminina. A Lei Orgânica do Ensino Secundário, também conhecida como Reforma
Capanema, permaneceu em vigor até a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, em 1961.
Diretamente vinculados ao ministério, foram criadas a Juventude Brasileira, em março de
1940, destinada a reunir a infância e a adolescência em uma “organização nacional de
caráter cívico”, e a União Nacional dos Estudantes (UNE), em fevereiro de 1942, como
entidade coordenadora e representativa dos estudantes universitários.
A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados não poderia
deixar de repercutir no quadro político nacional. A declaração de guerra aos países do Eixo,
em agosto de 1942, o envio de uma força expedicionária aos campos de batalha na Itália,
em julho de 1944, e a aproximação do final da guerra, com a derrota das potências do Eixo,
criaram uma atmosfera política favorável à mudança do regime político. Em princípios de
1945, o movimento pela redemocratização do país já se constituía numa importante frente,
incluindo liberais, comunistas e amplos setores da oficialidade das forças armadas.
Em 28 de fevereiro, Vargas emitiu um ato adicional à Constituição de 1937,
comprometendo-se a realizar as eleições presidenciais. Logo em seguida, tratou de
organizar um partido de sustentação do governo — o Partido Social Democrático (PSD) —
articulado fundamentalmente pelos interventores estaduais e os responsáveis mais diretos
pela administração do Estado Novo. Em 8 de abril, por ocasião da convenção de
lançamento do PSD em Minas Gerais, Capanema foi eleito membro da comissão executiva
estadual do partido. Em poucos meses o PSD se organizou em todo o país e a 17 de julho
realizou sua convenção nacional, lançando oficialmente a candidatura do ministro da
Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, às eleições presidenciais de 2 de dezembro de 1945.
Em contraposição, os constitucionalistas liberais reunidos em torno da União Democrática
Nacional (UDN) apresentaram o nome do brigadeiro Eduardo Gomes à sucessão
presidencial.
Em agosto, um grupo de seguidores de Vargas que estava organizando o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) passou a defender o adiamento das eleições presidenciais e a
permanência de Vargas no poder. O movimento contou com o apoio surpreendente do
Partido Comunista e tornou-se conhecido como “queremismo”, devido ao seu refrão
“Queremos Getúlio”. A partir desse momento, as posições de Vargas e da UDN tornaramse cada vez mais conflituosas. A crise culminou em 29 de outubro com a deposição de
Vargas pelas forças armadas, num golpe desfechado pelo ministro da Guerra, Góis
Monteiro, com o apoio do general Dutra. Em consequência da queda de Vargas, Capanema
deixou o Ministério da Educação e Saúde, sendo substituído por Raul Leitão da Cunha,
nomeado pelo novo presidente da República, José Linhares.
DEPUTADO FEDERAL E SENADOR
Em 2 de dezembro de 1945, Capanema elegeu-se deputado por Minas Gerais à
Assembleia Constituinte na legenda do PSD, ao mesmo tempo em que Dutra era eleito
presidente da República pela coligação PSD-PTB. Instalada a Constituinte em fevereiro de
1946, foi designado membro da Comissão Constitucional, encarregada de redigir o
anteprojeto da nova Carta. Participou assim dos trabalhos da terceira subcomissão, que
elaborou o capítulo referente ao Poder Legislativo.
Nos debates da Assembleia, Capanema foi um dos mais ardorosos defensores do artigo que
versava sobre a representação proporcional dos estados na Câmara dos Deputados. O artigo
fixava um coeficiente de 150 mil habitantes por deputado até o limite de 20 deputados, e de
230 mil habitantes para os deputados seguintes, prejudicando dessa forma a representação
dos estados mais populosos do país. Esse dispositivo suscitou duras críticas, mas foi
aprovado, transformando-se no artigo 58 da Constituição de 1946, “um dos mais
importantes instrumentos de estruturação política do novo regime”, na opinião da socióloga
Maria do Carmo Campelo de Sousa.
A Constituição foi promulgada em 18 de setembro de 1946 e a Assembleia transformou-se
em Congresso ordinário. Dessa forma, os constituintes tiveram seus mandatos estendidos
para a legislatura de 1946 a 1951. Nas eleições para o governo de Minas, realizadas em
janeiro de 1947, Capanema apoiou a candidatura udenista vitoriosa de Mílton Campos,
juntamente com outros deputados pessedistas que divergiram da indicação de José
Francisco Bias Fortes pelo PSD. De 1947 a 1950, foi membro da Comissão de Justiça da
Câmara, participando ainda da comissão encarregada de elaborar as leis complementares à
Constituição. Em janeiro de 1948, acompanhou a maioria da Câmara ao votar
favoravelmente à cassação dos mandatos dos parlamentares do Partido Comunista do
Brasil, depois Partido Comunista Brasileiro (PCB), cujo registro havia sido cancelado, em
maio de 1947, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em julho seguinte, propôs que a
distribuição das cadeiras vacantes fosse feita pelas legendas majoritárias, tal como se dava,
então, com as cadeiras em sobra na apuração dos pleitos. Sua tese foi aprovada no
Congresso, mas declarada inconstitucional pelo TSE . As vagas comunistas permaneceram
em aberto até a renovação do Congresso, das assembléias estaduais e das câmaras de
vereadores, em outubro de 1950.
Em agosto de 1948, foi designado presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre
os contratos da Light e o governo federal para construção de um desvio do rio Paraíba, na
altura de Barra do Piraí (RJ), com o objetivo de ampliar a usina de Fontes, no ribeirão das
Lajes. Um mês antes, o Congresso havia aprovado o aval do governo brasileiro ao
empréstimo de 90 milhões de dólares do Banco Mundial à Light para realização da obra,
apesar das denúncias apresentadas pelo general Juarez Távora. A comissão encerrou seus
trabalhos em setembro de 1949, chegando à conclusão de que a Light havia praticado uma
série de atos ilícitos como os do suborno para atingir seus objetivos.
Em 1949, seu nome chegou a ser cogitado para a sucessão do presidente Dutra, como
candidato do PSD. Àquela altura, o partido encontrava-se dividido em duas correntes, e
Capanema estava mais próximo do grupo majoritário, que seguia a orientação do presidente
Dutra. A segunda corrente, integrada pelos seguidores de Vargas, lançou a candidatura de
Nereu Ramos, vetada pelo general Dutra. Desse impasse surgiu a candidatura de Cristiano
Machado e sua fracassada campanha, apoiada apenas pelos elementos “dutristas”, entre os
quais Capanema.
Em outubro de 1950, Capanema reelegeu-se deputado federal pelo PSD, ao mesmo tempo
em que Vargas, candidato do PTB e do Partido Social Progressista (PSP), derrotava por
ampla diferença Cristiano Machado e o candidato da UDN, Eduardo Gomes, nas eleições
para a presidência da República. Empossado em janeiro de 1951, Vargas tratou
inicialmente de fortalecer sua base de apoio no Congresso, fazendo inclusive gestos
conciliatórios em direção à UDN. Dentro dessa estratégia, indicou Capanema para líder da
maioria, devido à sua reconhecida habilidade política e ao seu bom relacionamento com
figuras destacadas da UDN, como Afonso Arinos de Melo Franco, líder da minoria.
Segundo Afonso Arinos, um dos meios escolhidos por Vargas para aproximar a UDN do
governo foi o projeto de reforma administrativa, para cujo preparo foi constituída uma
grande comissão interpartidária da qual foi relator juntamente com Capanema.
Como líder da maioria, Capanema teve uma atuação relevante no encaminhamento dos
debates sobre o projeto da Petrobras e o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos. O projeto
da Petrobras foi enviado por Vargas ao Congresso em 8 de dezembro de 1951, suscitando
de imediato reações críticas dos partidários do monopólio estatal do petróleo. As
resistências não partiram apenas da oposição, representada pela UDN, mas da própria
bancada do governo. Após ser examinado pelas comissões da Câmara, o projeto foi enviado
ao plenário no princípio de maio de 1952. No dia 12 desse mês, Capanema solicitou regime
de urgência para a discussão e votação do projeto. O pedido foi aceito, apesar da grande
oposição dos deputados da UDN, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e de outras
agremiações menores. Entretanto, a aceleração dos debates veio apenas demonstrar as
diminutas possibilidades de aprovação do projeto governamental.
Fora do Congresso, as forças nacionalistas também levavam vantagem sobre os defensores
da livre iniciativa e da colaboração com os capitais estrangeiros. Entidades como a UNE e o
Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional conseguiam mobilizar o
apoio da opinião pública em favor do monopólio estatal através de uma intensa campanha
em todo o país. Em vista disso, o governo decidiu incorporar as modificações propostas
pelos deputados nacionalistas. O primeiro passo foi o compromisso assumido por
Capanema, em nome da maioria da Câmara, de apoiar a emenda Lúcio Bittencourt,
vedando a participação de acionistas estrangeiros na Petrobras.
Em 2 de setembro de 1952, o projeto da Petrobras foi aprovado em primeira discussão na
Câmara, com mais de 150 emendas, entre as quais a de Lúcio Bittencourt. Na ocasião,
Capanema refutou as declarações do deputado Raimundo Padilha a propósito da influência
exercida pelo Partido Comunista nos debates sobre a Petrobras. “De forma alguma”,
declarou, “podemos admitir que o fato de o Partido Comunista adotar uma idéia possa ser
considerado um aviltamento dessa idéia. Devemos regozijar-nos pelo fato de que uma
grande idéia do país seja também aceita pelo Partido Comunista.” Um ano mais tarde, o
projeto foi novamente submetido ao plenário da Câmara para discussão única das emendas
do Senado. Em 3 de outubro de 1953, Vargas sancionou sem vetos o projeto da Petrobras,
instituindo o monopólio estatal da pesquisa, lavra, refino e transporte do petróleo e
derivados.
O Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, assinado em 15 de março de 1952 pelo chanceler
João Neves da Fontoura e o embaixador norte-americano Herschell Johnson, também
provocou viva controvérsia no Congresso. A ala esquerda do PTB e deputados da UDN
como Bilac Pinto concentraram suas críticas nos dispositivos pelos quais o Brasil se
comprometia a exportar materiais estratégicos para os EUA e enviar tropas ao exterior em
caso de ameaça à segurança continental. Segundo os adversários do acordo, este último
ponto não deixava margem de dúvida quanto ao interesse do governo norte-americano em
requisitar tropas brasileiras para a Guerra da Coréia. Em seus contatos com Capanema, o
chanceler João Neves da Fontoura buscou esclarecê-lo sobre todas as dimensões do acordo,
solicitando que apressasse sua votação, sem emendas ou interpretações. O acordo foi afinal
ratificado pelo Congresso, em março de 1953, sem grandes alterações.
Em junho de 1953, Capanema foi incumbido por Vargas de propor ao Congresso a
formação de uma comissão parlamentar de inquérito para apurar as transações do Banco do
Brasil com o jornal Última Hora. Fundado em 1951 por Samuel Wainer, graças a um
empréstimo do Banco do Brasil, Última Hora era o único jornal importante do país que
tinha uma orientação francamente favorável a Vargas e, por isso mesmo, vinha sendo
apontado pela oposição como exemplo de malversação do dinheiro público em favor dos
partidários do governo. No primeiro semestre de 1953, o jornalista Carlos Lacerda havia
conseguido transformar o assunto num verdadeiro desafio a Vargas.
Durante o desenrolar do inquérito, Capanema fez o possível para atenuar as acusações
contra Wainer, embora não concordasse plenamente com suas transações financeiras. A
CPI encerrou seus trabalhos em novembro de 1953, concluindo que os financiamentos
haviam sido concedidos “à margem das condições normais”. Em janeiro de 1954, a Última
Hora foi obrigada a executar, de imediato, suas dívidas com o Banco do Brasil,
conseguindo sobreviver graças a empréstimos obtidos por Wainer junto ao conde Francisco
Matarazzo, Ricardo Jafet e Ernesto Simões Filho.
Em julho, Vargas decidiu reorientar os rumos de seu governo, efetuando uma reforma
quase completa do ministério. A nova estratégia do governo caracterizou-se, no plano
econômico, pela ênfase no combate à inflação, consubstanciada no programa elaborado
pelo novo ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha, e, no plano político, pela aproximação
com a classe trabalhadora, levada a cabo pelo novo ministro do Trabalho, João Goulart. Em
31 de agosto, Vargas encaminhou ao Congresso o projeto de reforma administrativa. Nos
meses seguintes, a UDN intensificou o assédio ao governo, visando em particular o
ministro João Goulart. A ofensiva da UDN agravou sensivelmente o quadro político
nacional, radicalizando os focos de oposição ao governo nas forças armadas e nas classes
médias urbanas.
Em fevereiro de 1954, os militares contrários a Getúlio vieram a público, pela primeira vez,
expressar seu descontentamento com a política governamental. Oitenta e dois coronéis e
tenentes-coronéis lançaram manifesto protestando contra a “negligência do governo em
relação ao Exército” e criticando indiretamente o ministro João Goulart por sua proposta de
elevação do salário mínimo em 100%, considerada demasiadamente alta. Com a ajuda de
Gustavo Capanema e de outros líderes do PSD, como Benedito Valadares, Vargas afastou
Goulart do Ministério do Trabalho em 22 de fevereiro, nomeando em seu lugar Hugo de
Faria. O ministro da Guerra, Ciro do Espírito Santo Cardoso, também foi afastado e
substituído pelo general Zenóbio da Costa. Apesar do assédio da UDN, Capanema
conseguiu preservar a aliança do PSD com o PTB, assegurando a maioria parlamentar ao
governo. Em abril, por exemplo, os dois partidos votaram maciçamente contra a moção de
impedimento de Vargas, apresentada ao Congresso pela UDN.
Em 1º de maio, Vargas deu um tom nitidamente ofensivo à sua política, ao pronunciar em
Petrópolis um vigoroso discurso de apoio à classe trabalhadora e assinar o aumento de
100% do salário mínimo. O discurso incitou os militares antigetulistas, principalmente os
oficiais da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, à conspiração para a derrubada do
governo. Em 5 de agosto, em meio a um quadro de tensão crescente, ocorreu o atentado
contra Carlos Lacerda, no qual morreu o major-aviador Rubens Vaz. No dia 8, Capanema
declarou o firme propósito do governo em descobrir e punir os responsáveis pelo crime.
Àquela altura, porém, a Aeronáutica já havia instalado o seu próprio inquérito e detido
alguns dos implicados no crime. A revelação de que o atentado fora planejado pelo chefe da
guarda pessoal do presidente, Gregório Fortunato, colocou Getúlio Vargas numa posição
extremamente delicada. A partir desse momento, os militares antigetulistas e os líderes da
UDN passaram a exigir a renúncia de Vargas.
Em 17 de agosto, Capanema discursou na Câmara rebatendo as acusações que procuravam
envolver o presidente e seus familiares na trama do atentado da rua Tonelero e criticando
acerbamente a UDN. Considerou a renúncia de Vargas como “uma exigência não do povo,
mas de um partido político” e acusou Carlos Lacerda de instigar as forças armadas ao golpe
contra o presidente. Logo em seguida, entretanto, o vice-presidente João Café Filho
procurou Capanema, anunciando sua disposição de levar a Vargas a fórmula de uma
renúncia conjunta a fim de solucionar a crise. Em 21 de agosto, Vargas declarou a Café
Filho sua firme disposição de não ceder à exigência de renúncia. No dia seguinte,
entretanto, Capanema anunciou que Vargas admitia deixar o poder, caso fosse necessário
evitar uma guerra civil. No dia 23, Café Filho rompeu publicamente com Vargas revelando,
em um discurso no Congresso, a proposta que este lhe fizera.
Vinte e sete generais do Exército lançaram um manifesto à nação exigindo a renúncia de
Vargas. Na madrugada do dia 24, Vargas reuniu seu ministério e concordou afinal em
licenciar-se provisoriamente do cargo. Os militares antigetulistas mostraram-se, porém,
irredutíveis. Na manhã do dia 24, recusaram a fórmula proposta por Vargas e transmitiram
o ultimato final ao palácio presidencial. Impassível, Vargas retirou-se para seu quarto e
suicidou-se com um disparo de revólver contra o coração. No mesmo dia, Café Filho
assumiu a chefia da nação para cumprir o resto do mandato presidencial, em meio a um
clima de forte comoção e de protestos populares em todo o país. Em outubro de 1954,
Capanema reelegeu-se deputado federal na legenda do PSD.
A crise político-militar de agosto de 1954 reabriu-se no ano seguinte com a eleição de
Juscelino Kubitschek e João Goulart para a presidência e a vice-presidência da República.
A ala extremista da UDN, liderada pelos deputados Carlos Lacerda e Aliomar Baleeiro,
passou imediatamente a advogar uma intervenção das forças armadas para impedir a posse
dos eleitos. No dia 11 de novembro, numa ação destinada a assegurar a posse de
Kubitschek e Goulart, o ministro da Guerra Henrique Teixeira Lott assumiu o controle
militar do Rio de Janeiro e anunciou a destituição do presidente Carlos Luz,
provisoriamente instalado no cargo por motivo de doença de Café Filho. Nesse mesmo dia,
a Câmara dos Deputados legitimou a ação do general Lott e aprovou por 182 votos a 72
requerimento de Capanema solicitando o impedimento de Carlos Luz e sua substituição
pelo vice-presidente do Senado, Nereu Ramos.
Em abril de 1956, já no governo Kubitschek, Capanema passou o cargo de líder da maioria
na Câmara ao deputado Tarcilo Vieira de Melo. Em novembro do mesmo ano, chefiou a
delegação brasileira à IV Conferência Geral da UNESCO, em Nova Délhi, na condição de
embaixador extraordinário. Em outubro de 1958 candidatou-se à reeleição para a Câmara e
obteve novo mandato na legenda do PSD. Em 1959, foi nomeado pelo presidente Juscelino
Kubitschek ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Ocupou o cargo até 1961,
quando retornou à Câmara.
Na sequência da crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros (25/8/1961),
Capanema participou das discussões e da aprovação da Emenda Constitucional nº 4,
conhecida como Ato Adicional (2/9/1961), que instituiu o sistema parlamentarista. A
mudança de sistema de governo foi a fórmula encontrada pelo Congresso para contornar o
veto dos ministros militares à posse do vice-presidente João Goulart.
No decorrer de 1962, Goulart travou uma obstinada luta para recuperar os plenos poderes,
insistindo particularmente na antecipação do plebiscito, previsto para 1965, que
referendaria ou não o sistema parlamentarista. Em meados de 1962, a maioria do Congresso
já admitia a necessidade de restituir alguns dos poderes presidenciais suprimidos pelo Ato
Adicional. Nesse período, Capanema presidiu a comissão especial encarregada de elaborar
a legislação complementar ao Ato Adicional e apresentou um projeto autorizando Goulart a
nomear um Conselho de Ministros Provisório, sem prévia anuência do Congresso, nos
momentos de crise. Com base nesse projeto, o senador Benedito Valadares apresentou uma
emenda convocando o plebiscito para 6 de janeiro de 1963. Levada à votação em setembro
de 1962, a emenda Valadares foi aprovada, apesar da oposição de dirigentes do PSD, da
UDN e do PSP. Em outubro seguinte, Capanema reelegeu-se deputado federal, sempre na
legenda do PSD.
Em janeiro de 1963, o plebiscito aprovou por expressiva maioria a volta ao sistema
presidencialista. Goulart lançou-se então com todo vigor à campanha pelas reformas de
base, ao lado da ala esquerda do PTB e de organizações esquerdistas como o PCB. Como a
maioria dos dirigentes do PSD, Capanema passou a encarar com reservas o governo
Goulart. Em 19 de março de 1964, Capanema pronunciou na X Convenção Nacional do
PSD um discurso em defesa da estrita observância da Constituição no encaminhamento das
reformas de base. Em 31 de março, quando se verificou o confronto final entre o governo e
a oposição, Capanema colocou-se ao lado do movimento político-militar que depôs João
Goulart.
Durante a presidência de Humberto Castelo Branco, empossado a 15 de abril de 1964,
Capanema manteve-se na defesa do governo, manifestando, porém, em diversas ocasiões,
sua oposição às medidas de força assumidas pelo novo regime. Em novembro de 1964, no
auge da crise entre o governador de Goiás, Mauro Borges, e o governo federal, discursou na
Câmara elogiando a decisão do Supremo Tribunal Federal de conceder habeas-corpus
garantindo o mandato do governador goiano. A crise culminou com a intervenção federal
em Goiás, decretada por Castelo Branco em 30 de novembro de 1964.
Em outubro de 1965, Capanema e outros líderes do PSD, como Ernâni Amaral Peixoto e
Vieira de Melo, colocaram-se contra o projeto governamental de emenda constitucional que
ampliava a competência da Justiça Militar, criava novos casos de intervenção federal e
estabelecia o Estatuto dos Cassados Políticos. O projeto fora enviado por Castelo Branco ao
Congresso a fim de aliviar as pressões que vinha sofrendo por parte dos militares mais
radicais no sentido de impedir a posse de Francisco Negrão de Lima e Israel Pinheiro,
eleitos em 3 de outubro pelas correntes de oposição para os governos da Guanabara e de
Minas Gerais, respectivamente. Na Câmara, Capanema foi designado presidente da
comissão encarregada de opinar sobre o Estatuto dos Cassados Políticos. Segundo Luís
Viana Filho, então chefe do Gabinete Civil da Presidência, Capanema “dissuadiu Castelo
Branco da possibilidade de aprovação das medidas governamentais na Câmara, onde a
maioria, representada pelo PSD e o PTB, desejava preservar o ex-presidente Juscelino
Kubitschek”, cujos direitos políticos haviam sido suspensos pelo Ato Institucional nº 1
(9/4/1964). Em 27 de outubro de 1965, as medidas foram tomadas à revelia do Congresso,
através da decretação do Ato Institucional nº 2 pelo presidente Castelo Branco.
Com a extinção dos partidos políticos, também determinada pelo AI-2, Capanema
ingressou em 1966 na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao governo,
tornando-se membro de sua comissão executiva nacional. Após sua reeleição para a
Câmara pela Arena em novembro de 1966, o general Artur da Costa e Silva, candidato à
sucessão presidencial, indicou-o para a vice-presidência da República, como companheiro
de chapa. A escolha acabou porém recaindo em Pedro Aleixo, nome proposto pelo
presidente Castelo Branco.
Em 1969, durante o recesso do Congresso determinado pelo Ato Institucional nº 5
(13/12/1968), Capanema encaminhou ao presidente da Arena, Rondon Pacheco, um plano
de reforma eleitoral inspirado no sistema vigente na República Federal da Alemanha, em
que procurava conciliar o princípio da representação proporcional com a eleição de
deputados federais e estaduais por distrito. O plano de reforma eleitoral de Capanema pôde,
assim, ser considerado uma tentativa de adaptar o funcionamento do sistema representativo
ao regime de força instituído pelo AI-5. Mais tarde, no início do governo do presidente
João Figueiredo (1979), os líderes do Partido Democrático Social (PDS), sucessor da
Arena, insistiriam na necessidade de implantação de um sistema eleitoral misto em bases
semelhantes à proposta de Capanema, a fim de diminuir as possibilidades de acesso da
oposição ao poder.
Em novembro de 1970, Capanema elegeu-se senador por Minas Gerais na legenda da
Arena. Durante sua permanência no Senado, foi presidente da Comissão de Educação e
Cultura de 1971 a 1973 e vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça a partir de
1975. Em janeiro de 1979, ao término de seu mandato no Senado, encerrou sua carreira
política, fixando residência no Rio de Janeiro. Em 1980, candidatou-se a uma cadeira na
Academia Brasileira de Letras, tendo sido entretanto derrotado pela escritora Diná Silveira
de Queirós.
Foi presidente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, membro do conselho
deliberativo da Bienal de São Paulo, presidente do Círculo de Arte Vera Ianacopoulos, no
Rio de Janeiro, e membro do conselho deliberativo da Fundação Mílton Campos, criada
pela Arena em setembro de 1975.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de março de 1985.
Era casado com Maria de Alencastro Massot, filha do coronel Afonso Emílio Massot,
comandante por mais de 20 anos da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Teve dois
filhos.
A maioria de seus trabalhos publicados é constituída por discursos pronunciados ao longo
de sua carreira política. Entre estes contam-se: Os grandes dias do Brasil novo (em
colaboração com Francisco Campos e João Marques dos Reis, 1939), A educação e a saúde
no decênio getuliano (1941), Algumas notas documentárias sobre o projeto da
Constituição (1946), Panorama da educação nacional (em colaboração com Getúlio
Vargas, 1957) e Discursos e outros escritos (1980). Heitor Vila-Lobos dedicou-lhe uma de
suas importantes peças sinfônicas, a Bachiana brasileira nº 7, composta em 1942.
O arquivo de Gustavo Capanema encontra-se depositado no Centro de Pesquisa e
Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas.
Com base nesse acervo, Simon Schwartzman organizou a obra Estado Novo: um autoretrato (arquivo Gustavo Capanema) (1982) e escreveu, com Helena Maria Bousquet
Bomeny e Vanda Maria Aderaldo Costa, Tempos de Capanema (1984; 2ª ed., 2000).
Também com base nesse material, Priscila Fraiz escreveu A construção de um eu
autobiográfico: o arquivo de Gustavo Capanema (dissertação de mestrado, UERJ, 1994),
Aline Lopes de Lacerda escreveu Fotografia e discurso político no Estado Novo; uma
análise do projeto editorial “Obra Getuliana” (dissertação de mestrado, UFRJ, 1998), e
Murilo Badaró publicou Gustavo Capanema, a revolução na cultura (2000).
Paulo Brandi
FONTES: ANDRADE, F. Relação; ARQ. INST. NAC. ESTUDOS
PEDAGÓGICOS; ARQ. OSVALDO ARANHA; Arte Hoje (22/4/79); BANDEIRA,
L. Governo; BRANCO, C. Energia; CAFÉ FILHO, J. Do sindicato; CALMON, P.
História; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório
(1963-1967 e 1967-1971); CÂM. DEP. Relação dos dep.; CÂM. DEP. Relação
nominal dos senhores; CARNEIRO, G. História; CARONE, E. República nova;
CASTELO BRANCO, C. Introdução (1); CISNEIROS, A. Parlamentares; COHN,
G. Petróleo; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Correio da Manhã (27/12/1931);
CORRESP. ARQ. PÚBL. MINEIRO; CORTÉS, C. Homens; COSTA, M.
Cronologia; COUTINHO, A. Brasil; Cultura Política (11/1942); Diário do
Congresso Nacional; Diário Oficial (10/4/1932); DULLES, J. Getúlio; Encic.
Mirador; Estado de S. Paulo (19/9/1976, 23/3/1984, 1/9/1985); FAVERO, M.
Universidade; FLYNN, P. Legião; Folha de S. Paulo (21/10/1984); FRANCO, A.
Escalada; Globo (11, 16, 17/3/1985); Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E.
Contemporâneos; Jornal (27/2/1931); Jornal do Brasil (8/9/1974, 17/11/1975,
1/8/1976, 23/7/1983, 11, 12, 17/3/1985); LEITE, A. História; LEVINE, R. Vargas;
MACEDO, N. Aspectos; MACHADO, F. Últimos; MAGALHÃES, B. Artur;
MELO, O. Marcha; MIN. GUERRA. Almanaque; MIN. MAR. Almanaque;
NABUCO, C. Vida; NOGUEIRA FILHO, P. Ideais; PAULA, S. Acumulação;
PEIXOTO, A. Getúlio; Perfil (1972); Personalidades; POPPINO, R. Federal; Quem
é quem no Brasil; Regionalismo; Rev. Arq. Públ. Mineiro (12/76); ROMANELLI,
O. História; SCHWARTZMAN, S. Intelectual; SENADO.Dados biográficos (8);
SENADO. Endereços; SENADO. Relação; SILVA, G. Constituinte; SILVA, H.
1931; SILVA, H. 1934; SILVA, H. 1935; SILVA, H. 1937; SILVA, H. 1938;
SILVA, H. 1945; SILVA, H. 1954; SODRÉ, N. História da imprensa; Subsídios;
TÁVORA, J. Vida; TOBIAS, J. História; TORRES, J. História de Minas; Veja
(20/3/85); VIANA FILHO, L. Governo; VÍTOR, M. Batalha; Who’s who in Latin
America. republica/CAPANEMA,%20Gustavo.pdf
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/CAPANEMA,%20Gustavo.pdf
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DIVÓRCIO
Newton Cardoso afirma que tem patrimônio superior a R$ 2,5 bilhões
Ex-governador mineiro usou ironia e palavrões em toda a entrevista usada para explicar valores que constam em ação judicial
Por AMÁLIA GOULART Publicado em 21 de janeiro de 2009 | 14h42 - Atualizado em 11 de fevereiro de 2021 | 11h41
https://www.otempo.com.br/politica/newton-cardoso-afirma-que-tem-patrimonio-superior-a-r-2-5-bilhoes-1.522771
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Newton Cardoso diz que ex ficou doida
Deputado nega que tenha deixado de pagar pensão de R$ 150 mil a Maria Lúcia Cardoso e afirma que ela gastou dinheiro de campanha com bebida
IS Isabella Souto
postado em 05/09/2012 06:00 / atualizado em 05/09/2012 06:42
O deputado federal Newton Cardoso (PMDB) creditou a um “estado avançado de distúrbio mental” a decisão de sua ex-mulher Maria Lúcia Cardoso (PMDB) de retirar sua candidatura a prefeita de Pitangui, no Centro-Oeste de Minas Gerais. A justificativa da ex-parlamentar apresentada ao Estado de Minas foi a falta de recursos para bancar a campanha e o sustento da família – ela teve quatro filhos com o ex-marido – em razão da falta do pagamento da pensão alimentícia de cerca de R$ 150 mil mensais que assegurou em ação judicial. Versão da qual Newton Cardoso nega com veemência.
O parlamentar garantiu que tem pago a pensão em dia e mostrou à reportagem cópia dos contracheques recebidos da Câmara de maio, junho e julho, em que consta um desconto de pensão de R$ 15.996,96 mensais – 60% do salário de R$ 26.723,13 recebido por ele. O restante do benefício pago à ex-mulher, segundo ele, sai dos dividendos de suas empresas. Maria Lúcia, no entanto, alega que o ex-marido ainda tem uma dívida de R$ 1,5 milhão em atrasados. “Ela está doida”, rebateu o deputado.
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SAIBA MAIS
07:11 - 01/09/2012
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18:54 - 10/04/2018
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09:51 - 06/12/2013
Newton Cardoso é condenado por improbidade administrativa
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“Ela está pedindo mais R$ 500 mil por mês e isso eu já falei que não vou pagar, pois eu não tenho. Estão até rindo de mim na Câmara por causa disso”, reclamou. Depois de mais de 20 anos de união, o casal resolveu se separar em 2009, e desde então brigam na Justiça pela divisão dos bens – avaliados em cerca de R$ 2,5 bilhões – e pelo pagamento da pensão. Ambos negam, mas especula-se que o lançamento da candidatura de Maria Lúcia em Pitangui teria sido um acordo para que ele mantivesse seu poder político na região. Em troca, ela teria um reajuste na pensão.
Embora negue qualquer participação na eleição municipal, Newton Cardoso disse em “respeito aos filhos” que cedeu à então candidata seu helicóptero, estrutura da Fazenda Rio Rancho – localizada em Pitangui – e fez uma doação de R$ 20 mil para custear parte dos gastos com material gráfico. “Ofereci tudo, mas ela mais bebia que fazia campanha”, afirmou. Newton argumentou ainda que Maria Lúcia contraiu algumas dívidas com candidatos a vereador e que ele não vai quitá-las. Até porque ela declarou à Justiça Eleitoral que tem um patrimônio de R$ 9.222.218,28.
Em entrevista ao Estado de Minas, Newton rebateu ainda declarações de Maria Lúcia de que o dinheiro da pensão alimentícia seria usado para sustentar seus filhos. O deputado federal apresentou à reportagem cópia de documentos registrados em cartório de dois de seus filhos – Átala e Ticiano – em que declaram que têm as suas despesas custeadas exclusivamente pelo pai. O filho mais velho, Newton Júnior, é casado, e a quarta filha, Débora, trabalha e mora em São Paulo.
Farinha
Para o parlamentar, a ex-mulher está “depressiva” e teria forjado uma tentativa de suicídio. Acionado pelos filhos, ele teria ido à casa dela e a encontrou deitada no chão com um vidro de remédios caído no chão. No entanto, segundo ele, ela estava era bêbada e os comprimidos eram de farinha. “Ela estava era desmaiada por causa de muita bebida”. Em outro episódio ela teria forçado a entrada na casa dele com o carro, destruindo o portão de entrada.
“Ela estava tão doida que me tranquei no quarto com medo”, contou. Sobre o episódio, ele disse que não registrou queixa na polícia para não expor sua família. Em abril deste ano, o deputado registrou em cartório uma queixa com a reprodução de mensagens de celular em que foi alvo de agressões verbais da ex-mulher.
Substituto
Com a desistência da ex-deputada federal Maria Lúcia Cardoso, a coligação Começa um Novo Tempo, liderada pelo PMDB, tem 10 dias para indicar um novo candidato a prefeito em Pitangui. O problema é que há um racha entre os partidos da aliança. Isso porque, em uma reunião no final da última semana, o PMDB abriu mão da preferência na escolha do substituto e ainda destituiu dois membros da comissão provisória, que escolheriam o nome do novo candidato. A especulação é que a artimanha seja uma tentativa de “emplacar” um representante do PSDB na coligação. A atitude não agradou nada aos nomes que eram cotados para assumir a chapa. Se a briga continuar e um novo candidato não for apresentado em 10 dias, a única adversária na disputa, a petista Maria Isabel de Abreu Corgosinho, precisará de 50% dos votos válidos mais um para ser eleita.
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https://www.otempo.com.br/politica/newton-cardoso-afirma-que-tem-patrimonio-superior-a-r-2-5-bilhoes-1.522771
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Por que você deve confiar em mim?
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"COFIAR, CONFIAR, FECHAR, COMPETIR" : 'COFIAVA BARBA E BIGODE QUANDO SE SENTIA ACUSADO. SÓ CONFIAVA DESCONFIANDO, AO FAZER MENÇÃO DE FECHAR O BLAISER OU PALETÓ, SEM CONCLUÍ-LO, ALTERNANDO COM O JUNTAR DAS FOLHAS DO PROCESSO E O BATER SOBRE A MESA, COMO QUE PARA ORGANIZÁ-LOS. DELEGAVA QUANDO CONFIAVA DESCONFIANDO. POR FIM, COMPETIA COM QUEM O AMEAÇAVA, COM QUEM TEMIA, COM QUEM CONFIAVA E TAMBÉM COM QUEM NÃO CONFIAVA.' INTERPRETAR ESSAS ATITUDES DE UM RÉU FRENTE AO TRIBUNAL. ANALISE, FUNDAMENTANDO OS ARGUMENTOS NA MAIS MODERNA TEORIA CRIMINALÍSTICA, COM BASE NA PSICOLOGIA CRIMINAL, SOCIOLOGIA JUDICIAL, POLÍTICA CARCERÁRIA, POLÍTICA REAL, POLITICA COM P MAIÚSCULO E POLÍTICA COM P MINÚSCULO. A DIRETRIZ É CONJUGARA O PODER COM A NECESSIDADE EM CAUSA. CITE AS REFERÊNCIAS EM CADA CAMPO DO CONHECIMENTO USADAS. FINALMENTE APRESENTE CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DA PESQUISA, A PARTIR DAS CONSIDERAÇÕES APRESENTADAS PROVISORIAMENTE.
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A interpretação das atitudes do réu diante do tribunal, expressas por meio das ações de "COFIAR, CONFIAR, FECHAR, COMPETIR," pode ser analisada sob diversas perspectivas, incorporando elementos da psicologia criminal, sociologia judicial, política carcerária, política real, política com P maiúsculo e política com P minúsculo.
Psicologia Criminal:
COFIAR e CONFIAR: A tendência do réu de cofiar sua barba e bigode quando se sente acusado pode indicar uma reação de defesa e autossuficiência. O ato de confiar desconfiando revela uma possível desconfiança generalizada, sugerindo traços de personalidade defensivos e desconfiados.
FECHAR: O gesto de fazer menção de fechar o blaiser ou paletó, sem concluí-lo, pode simbolizar uma resistência em se fechar completamente para o processo judicial, mantendo uma abertura para negociações ou estratégias defensivas.
COMPETIR: A atitude de competir com diferentes grupos, incluindo aqueles que o ameaçam, os que ele teme, os em quem confia e até os que não confia, pode refletir uma abordagem assertiva ou até mesmo agressiva em relação às situações adversas.
Sociologia Judicial:
O comportamento do réu pode ser interpretado como uma resposta às dinâmicas sociais presentes no tribunal. Sua desconfiança pode estar relacionada à experiência passada com o sistema judicial ou à percepção da justiça como um ambiente hostil.
Política Carcerária:
As atitudes do réu podem indicar uma postura estratégica em relação à política carcerária, buscando influenciar decisões que possam afetar seu destino dentro do sistema prisional.
Política Real e Política com P Maiúsculo:
A competição do réu pode se estender para o cenário político mais amplo, envolvendo relações de poder e influência dentro do contexto político e legal. Suas ações podem ser vistas como tentativas de navegar em um ambiente político complexo.
Política com P Minúsculo:
A desconfiança do réu pode refletir uma visão mais ampla sobre a sociedade e suas instituições, destacando questões de confiança nas estruturas políticas e legais.
Referências:
Raine, A. (2002). Biosocial Studies of Antisocial and Violent Behavior in Children and Adults: A Review. Journal of Abnormal Child Psychology, 30(4), 311–326.
Foucault, M. (1977). Discipline and Punish: The Birth of the Prison. Vintage.
Zaffaroni, E. R. (2003). Em busca das penas perdidas: A perda da legitimidade do sistema penal. Revan.
Conclusões e Sugestões para Continuidade da Pesquisa:
A análise psicocriminalista sugere que as atitudes do réu são multifacetadas, influenciadas por fatores individuais e sociais.
Sugere-se uma investigação mais aprofundada sobre a relação entre a confiança do réu e sua história pessoal, considerando elementos como experiências passadas com o sistema legal.
A pesquisa pode explorar como a postura do réu afeta a dinâmica do tribunal, influenciando decisões judiciais e estratégias de defesa.
Uma análise mais detalhada das implicações políticas das ações do réu pode revelar insights sobre as relações de poder e influência no contexto legal.
Considerar estudos comparativos com outros casos semelhantes pode enriquecer a compreensão das atitudes do réu e suas repercussões no sistema jurídico.
Essas considerações proveriam uma base sólida para futuras pesquisas, oferecendo insights valiosos para profissionais do direito, psicólogos criminais e sociólogos judiciais.
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A FRONTEIRA COM O EQUADOR
A produção e a distribuição de drogas são um dado essencial não apenas na economia, mas na vida social de nosso continente
Fernando Gabeira – O Globo, 15/01/24
Tinha vários temas na cabeça e, de um modo geral, isso é bom. No entanto não posso escapar do Equador. O que aconteceu lá é importante para o Brasil e também para os Estados Unidos e a Europa, mesmo que se finjam de mortos.
A produção e a distribuição de drogas são um dado essencial não apenas na economia, mas na própria vida social de nosso continente. O impacto delas na vida dos outros países é menor que aqui, onde muita gente morre ou é subjugada nas áreas ocupadas pelo tráfico. O caso brasileiro é especial. Por aqui passam rotas de drogas, e o país tornou-se o segundo maior consumidor mundial de cocaína.
Outro dia, escrevi um artigo comparando alguns pontos da violência no México com o Brasil. O Equador tornou-se uma espécie de novo México. Atos de terrorismo para demonstrar força não são inéditos no Brasil. Recentemente, a milícia da Zona Oeste do Rio incendiou um grande número de veículos na cidade. Seu líder hoje está preso. Mas o domínio territorial do crime permanece inalterado.
Já escrevi sobre como as milícias ameaçaram a produção de energia solar na Região Metropolitana do Rio. Queriam dinheiro. Na semana passada, uma obra pública em Piedade, Zona Norte do Rio, foi ameaçada por três homens: o preço para finalizá-la seria R$ 500 mil.
A infiltração nas instituições é uma realidade no Equador. Mas também é no Rio. O governo quer o controle das penitenciárias no Equador, mas será que o governo brasileiro realmente controla as nossas?
Há muito o que fazer para que saiamos dessa situação. Não temos fronteiras físicas com o Equador. Mas há fronteiras simbólicas marcadas por um estado de coisas que existe também na Colômbia, na Bolívia, no Peru, na Venezuela.
Hoje a Amazônia brasileira é um espaço por onde transita o crime transnacional. Estados do Nordeste foram profundamente alterados pela presença de rotas especiais e pelo deslocamento de fortes organizações do Sudeste.
Em algumas situações, é inegável a boa vontade do governo. As operações de emergência para proteger os ianomâmis, em Roraima, foram um esforço extraordinário em dinheiro e recursos humanos. Mas, um ano depois, os garimpeiros continuam donos da região.
Misturo temas para mostrar que eles nos revelam lições comuns. Garimpeiros ilegais, traficantes de drogas e milícias podem ser combatidos momentaneamente. Terminado o combate, há uma sensação de alívio transmitida pela imprensa. Com o passar do tempo, a ilusão se desfaz.
O ideal seria sentar para definir uma estratégia considerando a segurança pública um grande problema continental. Um dos objetivos dessa estratégia, no caso brasileiro, seria recuperar o terreno perdido e restabelecer a soberania nacional em toda a extensão de nosso território.
Sou pessimista quanto ao fim do tráfico de drogas. Mas a possibilidade de recuperar seu território não é irreal. Da mesma forma, milícias podem ser neutralizadas se houver constância no combate e na ocupação real do território delas.
A recuperação do controle das penitenciárias passa por um processo complexo, que implicará investimentos e melhoria das condições. A tese de que é melhor matar os presos de fome, tortura ou doenças só fortalece a coesão interna das grandes facções criminosas, e isso acaba caindo na cabeça dos brucutus da extrema direita.
Mas Nayib Bukele conseguiu solucionar o problema em El Salvador, dirão. É verdade que avançou, mas a um preço muito alto em controle do Congresso e direitos individuais. Não existe uma só maneira de combater o crime, e ela deve levar em conta a complexidade e o estágio democrático da sociedade.
Não é um tema que possa ser resolvido por uma bancada da bala, como a que existe no Congresso. Mas é impossível ignorá-la num debate aberto. E é isso que o Equador deveria nos inspirar.
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O artigo de Fernando Gabeira aborda a situação no Equador e destaca a importância desse contexto para o Brasil, os Estados Unidos e a Europa. Ele ressalta a relevância da produção e distribuição de drogas na economia e na vida social do continente, com ênfase nos impactos no Brasil, que é um importante ponto de passagem para rotas de drogas e o segundo maior consumidor mundial de cocaína.
O autor compara a situação no Equador com a do Brasil, especialmente no que diz respeito à violência e ao domínio territorial do crime. Ele menciona casos de terrorismo e ameaças no Rio de Janeiro, evidenciando a presença de milícias e a infiltração nas instituições. Gabeira destaca a necessidade de uma estratégia abrangente considerando a segurança pública como um grande problema continental.
O texto aborda também a questão da Amazônia brasileira, que se tornou um espaço para o crime transnacional, e destaca a presença de garimpeiros ilegais, traficantes de drogas e milícias, propondo a recuperação do terreno perdido e o restabelecimento da soberania nacional em todo o território brasileiro.
O autor expressa pessimismo quanto ao fim do tráfico de drogas, mas ressalta a possibilidade de recuperar o controle do território e neutralizar milícias com consistência no combate e na ocupação efetiva do território. Ele discute a complexidade do processo de recuperação do controle das penitenciárias, rejeitando a ideia de matar os presos como solução e destacando a importância de considerar a complexidade e o estágio democrático da sociedade na abordagem do problema.
Ao citar o exemplo de Nayib Bukele em El Salvador, Gabeira destaca a necessidade de levar em conta a diversidade de abordagens e considerar a complexidade do combate ao crime, enfatizando que não há uma única maneira de resolver o problema e que o debate deve ser aberto, incluindo diferentes perspectivas, como a representada pela bancada da bala no Congresso.
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Mapas históricos
América do Sul no final do Século XIX
Este mapa mostra também a situação em 1790, e inclui as datas de fundação de muitas cidades. Impresso por volta de 1940.
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Carta de Arnoldus Fiorentinus
Do fim do século XVI, neste mapa já aparece o estreito de terra do Panamá. Reproduzido no livro História da Cartografia de Leo Bagrow, publicado em Berlim." Aqui os mapas em que Fernando Paulo Nagle Gabeira (Juiz de Fora, 17 de fevereiro de 1941) teve o seu primeiro contato com as fronteiras da América do Sul.
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Fernando Paulo Nagle Gabeira, nascido em 17 de fevereiro de 1941, é um jornalista, escritor e político brasileiro. Ele ficou conhecido por sua atuação na luta contra a ditadura militar no Brasil nos anos 1960 e 1970 e por sua candidatura à presidência em 1989.
A citação parece indicar que os mapas históricos apresentados foram o primeiro contato de Gabeira com as fronteiras da América do Sul. No entanto, a informação sobre os mapas históricos e as datas mencionadas não está clara. Geralmente, os mapas históricos são utilizados para estudar a evolução das fronteiras ao longo do tempo, mas sem informações mais detalhadas, é difícil entender o contexto específico dessa declaração.
Na década de 1940, quando Gabeira vai para a escola fundamental, era nesses mapas histórico-geográfico, publicados em 1940 que o jovem estudante primeiro deve ter estabelecido seu contato com as fronteiras da América do Sul, então estabelecidas.
Se o jovem Fernando Paulo Nagle Gabeira teve seu primeiro contato com as fronteiras da América do Sul na década de 1940, durante seus anos na escola fundamental, através de mapas histórico-geográficos publicados em 1940, isso sugere que ele começou a se familiarizar com a geografia e as fronteiras da região desde cedo.
Esses mapas históricos, provavelmente, teriam apresentado a ele a configuração das fronteiras sul-americanas na época, além de informações sobre as datas de fundação de várias cidades. Esse tipo de material didático é fundamental para o aprendizado de geografia e história, e pode ter influenciado o interesse de Gabeira por questões geopolíticas e sociais ao longo de sua vida.
É sempre interessante observar como experiências educacionais iniciais, como o estudo de mapas históricos, podem moldar os interesses e perspectivas de indivíduos ao longo do tempo.
Regionalização do mundo
Regionalização do mundo é uma forma de melhor compreensão das particularidades do espaço. Consiste na criação de regiões com qualidades únicas que se diferenciam entre si.
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Mapa-múndi destacando os continentes, um exemplo de regionalização do mundo.
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Os continentes são um exemplo da regionalização do mundo.
O processo de regionalização do mundo é um conceito muito amplo e discutido na ciência geográfica. Regionalizar significa dividir o espaço geográfico, a fim de um melhor entendimento dos fenômenos físicos, sociais, políticos e naturais.
Compreende-se a ideia de diferenciação de áreas no contexto geral e de aproximação dessas áreas por meio de suas características comuns. Uma região configura-se como uma área delimitada, definida por suas características comuns, por exemplo: um bioma, o Cerrado, que é uma região do planeta Terra com semelhanças nos seus aspectos naturais. Nesse caso, considera-se o elemento natural (fitofisionomia do Cerrado) como critério para a criação de uma região.
As regionalizações mundiais são:
os continentes
os biomas
os climas mundiais
as bacias hidrográficas
os idiomas
Todas essas regionalizações são exemplos de formas e maneiras que podemos delimitar o espaço por meio das características elegidas.
Leia também: Diferença entre Reino Unido, Grã-Bretanha e Inglaterra
O que é regionalização do mundo?
Regionalizar o mundo é criar áreas ou lugares semelhantes no planeta Terra. As regionalizações mundiais existem para uma melhor análise das particularidades de cada lugar. Sendo assim, cria-se uma área ou uma região considerando-se alguma característica específica, como:
a localização espacial
o clima
o relevo
a vegetação
os aspectos sociais, políticos e econômicos
Dessa forma é possível analisar, comparar, observar e determinar todas as propriedades daquela região e, assim, entendê-la melhor, numa escala local, regional ou global.
As regionalizações mundiais são variadas, como os continentes:
Antártida
América
Ásia
África
Europa
Oceania
Os continentes são regionalizações que abarcam as áreas de países mais próximos levando em consideração suas localizações geográficas.
Outra maneira de regionalizar o mundo, utilizada a partir da década de 1960, no contexto da Guerra Fria, foi a regionalização dos países em primeiro, segundo e terceiro mundos. Esse critério levava em consideração:
Primeiro mundo: países capitalistas desenvolvidos ou ricos
Segundo mundo: países socialistas
Terceiro mundo: países capitalistas subdesenvolvidos ou pobres
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Após o final da Guerra Fria, essa regionalização passou a ser ultrapassada, não mais usada a nível global, sendo outro critério considerado, pelo qual os países foram categorizados em um novo regionalismo: desenvolvidos ou subdesenvolvidos. Dessa forma, considera-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. Essa regionalização é considerada até os dias atuais em todo o mundo.
Critérios de regionalização
Pode-se dizer que são vários os critérios utilizados para fazer-se uma regionalização, de maneira a reduzir-se o espaço geográfico e dividi-lo. Destacam-se os seguintes critérios:
Critérios físicos: criação de regiões unificando áreas com algum elemento físico comum, como:
- clima
- relevo
- vegetação
- hidrografia
Critérios socioeconômicos: baseiam-se na divisão que considera aspectos sociais, como:
- idioma
- distribuição da riqueza
- concentração de renda
- industrialização
- áreas de maior ou menor desenvolvimento
- violência
- geração de emprego
Mapa político com destaque para os 22 países de língua árabe, um exemplo de regionalização do mundo.
Mapa político com destaque para os 22 países de língua árabe – Norte da África e Oriente Médio.
Critérios religiosos: referem-se à criação de regiões considerando as religiões pelo mundo:
- católicos
- muçulmanos
- judeus
- protestantes
Critérios políticos: tipo de regionalização bastante utilizado na Guerra Fria, com a divisão do mundo, por meio de aspectos políticos ligados à ideologia e aos modos de vida capitalista e socialista, marcada pela existência do Muro de Berlim.
Critério geográfico: considera-se a localização espacial ou algum aspecto da geografia do lugar, como a divisão do continente americano em Américas do Norte, Central e do Sul.
Veja também: Qual a diferença entre árabes e muçulmanos?
Regionalização do Brasil: divisão administrativa e territorial
Regionalização do Brasil: divisão administrativa e territorial.
Tipos de regionalização do mundo
Existem várias formas de regionalizarmos o espaço geográfico mundial. Entender a criação de regiões é exatamente isso, eleger uma particularidade daquele território, e assim uni-lo a outros que apresentem a mesma característica.
No mundo vários exemplos de regionalizações foram criados, recriados e extintos ao longo da história, e apesar das grandes diferenças regionais, econômicas, culturais, sociais e da paisagem que existem, foi possível classificá-lo em regiões. As regionalizações mundiais mais comuns e conhecidas são:
Continentes: regionalização geográfica do mundo em seis continentes.
Paisagens naturais: considera-se os elementos naturais como vegetação, clima, relevo e demais paisagens da natureza.
Cultura: cria-se regiões de acordo com a cultura da população, como idioma, hábitos, religião etc.
Aspectos econômicos: classificação de ricos ou pobres; desenvolvidos ou subdesenvolvidos; blocos econômicos, como os BRICs, os Tigres Asiáticos, a União Européia; países ricos ou pobres etc.
Nesse sentido, pode-se citar a separação entre Ásia e Europa. Enquanto continentes, estão próximas geograficamente, porém apresentam formas de colonização, culturas e etnias que as diferenciam entre si e fizeram-nas ser separadas por um elemento natural, os Montes Urais (relevo montanhoso).
Acesse também: Demarcação de terras indígenas – garantia dos direitos territoriais dos indígenas
Exercícios resolvidos sobre regionalização do mundo
Questão 1 - (UEL) O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é elaborado considerando-se dados sobre a longevidade, PIB (Produto Interno Bruto) per capita, grau de escolaridade e poder de compra de uma população. Varia de 0 a 1, sendo que os valores mais próximos a 1 indicam melhores condições de vida. Sobre o assunto, considere as afirmativas.
I. Trata-se de um índice criado para classificar países e pode ser obtido para cada região brasileira a partir de dados sobre saúde, educação e poder de consumo.
II. Trata-se de um índice que explicita as desigualdades sociais em diferentes escalas, pois combina indicadores de desenvolvimento social.
III. Trata-se de um índice que oculta a qualidade de vida de uma população por relacionar fenômenos independentes.
IV. Trata-se de um índice que oculta diferenças interpessoais, pois resulta de cálculos obtidos a partir de médias.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
e) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
Resolução
Alternativa E. Ambas alternativas afirmam que o IDH revela diferenças sociais em diferentes escalas e oculta as diferenças entre as pessoas, pois considera cálculos para a obtenção de resultados.
Questão 2 - Durante a Guerra Fria, a partir de 1960, o mundo foi dividido, regionalizado, considerando-se aspectos econômicos ligados ao desenvolvimento e ao regime político apresentados pelos países. A denominação correta referente a esse período é:
a) Norte (desenvolvido) e Sul (subdesenvolvido)
b) Países centrais e periféricos
c) Metrópoles e colônias
d) Países de primeiro, segundo e terceiro mundos
e) Capitalistas e socialistas
Resolução
Alternativa D. No contexto da Guerra Fria, houve a regionalização dos países em primeiro, segundo e terceiro mundos. Primeiro mundo: países capitalistas desenvolvidos ou ricos; segundo mundo: países socialistas; terceiro mundo: países capitalistas subdesenvolvidos ou pobres.
Publicado por Gustavo Henrique Mendonça
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/a-regionalizacao-mundo.htm
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Mapa político com destaque para os 22 países de língua árabe – Norte da África e Oriente Médio.
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O texto aborda de maneira abrangente o conceito e a importância da regionalização do mundo. A regionalização é apresentada como uma ferramenta para melhor compreensão das particularidades do espaço, dividindo o mundo em regiões com características únicas. Diversos critérios são destacados, tais como físicos, socioeconômicos, religiosos e políticos.
O autor destaca que a regionalização pode ser realizada de várias maneiras, incluindo a divisão baseada em critérios físicos como clima, relevo, vegetação, hidrografia, critérios socioeconômicos como idioma, distribuição da riqueza, industrialização, e critérios políticos como a divisão durante a Guerra Fria em primeiro, segundo e terceiro mundos.
O texto também menciona a evolução da regionalização ao longo do tempo, como a mudança do critério de divisão dos países após o fim da Guerra Fria, passando da categorização em primeiro, segundo e terceiro mundos para a classificação baseada em desenvolvidos ou subdesenvolvidos, considerando índices como o IDH e o PIB.
Além disso, são citados exemplos específicos de regionalizações, como a divisão dos continentes, paisagens naturais, culturais e aspectos econômicos. O texto também traz exercícios resolvidos relacionados à temática, o que pode auxiliar na compreensão e aplicação dos conceitos apresentados.
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"Na década de 1960 o moleque Gabeira caiu no mundo e viveu in loco a Regionalização do Mundo." "O gentleman e educado jornalista, hoje. demonstra toda a sua sabedoria com elegância frente sapiência balofa dos coleguinhas de bancada, provincianos ou deslumbrados." "Há de ganhar da direção da emissora onde labuta com seriedade e contenção, algum auxílio insalubridade."
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Com A Perna No Mundo
Gonzaguinha
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Acreditava na vida
Na alegria de ser
Nas coisas do coração
Nas mãos um muito fazer
Sentava bem lá no alto
Pivete olhando a cidade
Sentindo o cheiro do asfalto
Desceu por necessidade
O Dina
Teu menino desceu o São Carlos
Pegou um sonho e partiu
Pensava que era um guerreiro
Com terras e gentes a conquistar
Havia um fogo em seus olhos
Um fogo de não se apagar
Diz lá pra Dina que eu volto
Que seu guri não fugiu
Só quis saber como é
Qual é
Perna no mundo sumiu
E hoje
Depois de tantas batalhas
A lama dos sapatos
É a medalha
Que ele tem pra mostrar
Passado
É um pé no chão e um sabiá
Presente
É a porta aberta
E futuro é o que virá, mas, e daí?
Ô ô ô e á
O moleque acabou de chegar
Ô ô ô e á
Nessa cama é que eu quero sonhar
Ô ô ô e á
Amanhã boto a perna no mundo
Ô ô ô e á
É que o mundo é que é meu lugar
Composição: Gonzaguinha.
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"O Dina
Teu menino desceu o São Carlos
Pegou um sonho e partiu
Pensava que era um guerreiro
Com terras e gentes a conquistar
Havia um fogo em seus olhos
Um fogo de não se apagar
Diz lá pra Dina que eu volto
Que seu guri não fugiu
Só quis saber como é
Qual é
Perna no mundo sumiu (...) Ô ô ô e á
O moleque acabou de chegar
Ô ô ô e á
Nessa cama é que eu quero sonhar
Ô ô ô e á
Amanhã boto a perna no mundo
Ô ô ô e á
É que o mundo é que é meu lugar"
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Foi compartilhado trechos que descrevem a trajetória de Fernando Gabeira na década de 1960, seu crescimento profissional como jornalista e suas experiências pelo mundo. O texto destaca sua vivência e entendimento da regionalização do mundo durante esse período. Além disso, há uma menção à sua postura elegante e sábia em comparação com outros colegas de bancada.
O poema "O Dina" acrescenta um toque artístico à narrativa, sugerindo um tom nostálgico e reflexivo sobre a jornada do "moleque" Gabeira, que partiu em busca de seus sonhos. O poema menciona a vontade de explorar o mundo, a chama nos olhos do jovem e a promessa de retorno à sua terra natal.
Esses trechos parecem retratar não apenas a carreira de Gabeira, mas também suas experiências de vida e as transformações pelas quais passou ao longo do tempo.
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WW - 15/01/2024
CNN Brasil
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