Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
UMA IDEIA
"...como os guerreiros babilônios de Nabucodonosor entraram no Templo. Disfarçados, oras."
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"Tem certos momentos em que os tempos retêm momentos."
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Uma música composta por Garoto (Aníbal Augusto Sardinha) A melodia desta canção reflete o estilo introspectivo e melancólico que se alinha poeticamente com a ideia dos "momentos retidos pelo tempo".
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Cartuns de Alberto Benett - revista piauí
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Ópera Nabuco de Giuseppe Verdi com legendas em Português
Clarindo Oliveira
7 de ago. de 2023
Nabucco (pronúncia italiana: [naˈbukko], abreviação de Nabucodonosor [naˌbukoˈdɔːnozor, -donoˈzɔr]; Nabucodonosor") é uma ópera em língua italiana em quatro atos composta em 1841 por Giuseppe Verdi com libreto italiano de Temistocle Solera. O libreto é baseado nos livros bíblicos de 2 Reis, Jeremias, Lamentações e Daniel, e na peça de 1836 de Auguste Anicet-Bourgeois e Francis Cornu.
A ação da ópera conta a história do rei Nabucodonosor II da Babilônia. Foi escrita durante a época da ocupação austríaca no norte da Itália e, por meio da várias analogias, suscitou o sentimento nacionalista italiano. O Coro dos Escravos Hebreus, no terceiro ato da ópera (Va, pensiero, sull'ali dorate, "Vai, pensamento, sobre asas douradas") tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano da época. Foi estreada, a 9 de março de 1842, no Teatro alla Scala de Milão.
No entanto, a adaptação de balé de Antonio Cortês da peça (com suas simplificações necessárias), dada no La Scala em 1836, foi uma fonte mais importante para Solera do que a própria peça. Sob seu nome original de Nabucodonosor, a ópera foi apresentada pela primeira vez no La Scala, em Milão, em 9 de março de 1842.
Nabucco é a ópera que se considera ter estabelecido permanentemente a reputação de Verdi como compositor. Ele comentou que "esta é a ópera com a qual minha carreira artística realmente começa. E embora eu tivesse muitas dificuldades para lutar, é certo que o Nabucco nasceu sob uma estrela da sorte."
A ópera segue a situação dos judeus quando eles são atacados, conquistados e subsequentemente exilados de sua terra natal pelo rei babilônico Nabucco (Nabucodonosor II). Os eventos históricos são usados como pano de fundo para uma trama romântica e política. O número mais conhecido da ópera é o "Coro dos Escravos Hebreus" ("Va, pensiero, sull'ali dorate" / "Voar, pensamento, em asas douradas"), um coro que é regularmente dado um bis em muitas casas de ópera quando realizado hoje.
O sucesso da primeira ópera de Verdi, Oberto, levou Bartolomeo Merelli, empresário do La Scala, a oferecer a Verdi um contrato para mais três obras. Após o fracasso de sua segunda ópera Un giorno di regno (concluída em 1840 no final de um período brutal de dois anos durante o qual ambos os seus filhos recém-nascidos e, em seguida, sua esposa de 26 anos morreram), Verdi prometeu nunca mais compor.
Em "An Autobiographical Sketch", escrito em 1879, Verdi conta a história de como ele veio a ser duas vezes persuadido por Merelli a mudar de ideia e escrever a ópera. A duração de 38 anos desde o evento pode ter levado a uma visão um tanto romantizada; ou, como escreve o estudioso de Verdi, Julian Budden: "ele estava preocupado em tecer uma lenda protetora sobre si mesmo [uma vez que] tudo fazia parte de sua feroz independência de espírito".No entanto, em Volere è potere [it] ("Onde há uma vontade ...") – escrito dez anos mais perto do evento – o zoólogo Michele Lessona fornece um relato diferente dos eventos, como supostamente relatado pelo próprio Verdi.
Depois de um encontro casual com Merelli perto do La Scala, o empresário deu-lhe uma cópia do libreto de Temistocle Solera, que havia sido rejeitado pelo compositor Otto Nicolai. Verdi descreve como ele a levou para casa e a jogou sobre a mesa com um gesto quase violento. ... Ao cair, abriu-se de si mesmo; sem que eu percebesse, meus olhos se agarraram à página aberta e a uma linha especial: 'Va, pensiero, sull'ali dorate'."
Embora tenha sido notado que "Verdi leu entusiasticamente" (e certamente ele afirma que, enquanto tentava dormir, ele foi mantido acordado e leu e releu o libreto três vezes), outros afirmaram que ele leu o libreto com muita relutância ou, como relatado por Lessona, que ele "jogou o libreto em um canto sem mais olhar para ele, e nos cinco meses seguintes continuou a ler romances maus... [quando] no final de maio ele se viu com aquela peça abençoada em suas mãos: ele leu a última cena novamente, aquela com a morte de Abigaille (que mais tarde foi cortada), sentou-se quase mecanicamente ao piano ... e musicar o cenário." No entanto, Verdi ainda se recusou a compor a música, levando o manuscrito de volta ao empresário no dia seguinte. Mas Merelli não aceitou a recusa; ele imediatamente colocou os papéis de volta no bolso de Verdi e, de acordo com o compositor, "não só me jogou para fora de seu escritório, mas bateu a porta na minha cara e se trancou". Verdi afirma que gradualmente ele trabalhou na música: "Este verso hoje, amanhã que, aqui uma nota, lá uma frase inteira, e pouco a pouco a ópera foi escrita" de modo que no outono de 1841 estava completo. No mínimo, as versões de Verdi e Lessona terminam com uma pontuação completa.
Clarindo Oliveira
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Marcelo Godoy - Lula teve uma ideia: um Exército de bombeiros
O Estado de S. Paulo
Petista quer imolar a preparação das Forças Armadas a fim de apagar a inação diante do fogo
Por que um líder político não pode propor ideias originais? Essa pergunta deve ter passado pela cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Uns podem dizer que a experiência de passar mais de dez anos na Presidência da República autorizaria qualquer um a buscar soluções para problemas pungentes, como a crise do fogo que ameaça não só as florestas, mas a vida de todos, inclusive a dos confortavelmente instalados em suas salas de jantar nas metrópoles do Sudeste do País.
Foi a partir desse pressuposto que Lula resolveu dar sua contribuição à Defesa Nacional. No dia 17, em reunião no Planalto com os chefes dos demais Poderes, o petista revelou o que propôs em uma longa conversa ao ministro José Múcio (Defesa) e ao general Tomás Paiva, comandante do Exército.
“A sugestão que eu dei para ele é que, daqui para frente, todos os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano, e a gente não tem guerra, portanto, não precisa preparar ninguém para a guerra, porque a gente não vai querer guerra, que essa meninada seja preparada para enfrentar a questão climática.” Eis a solução. Lula esquece o mundo em que vive, que a Ucrânia também não queria a guerra. Conflagrações ameaçam escalar como não se via desde a Guerra Fria, com a rivalidade estratégica entre EUA e China, o imperialismo russo e as ações de Israel no Oriente Médio. Tudo isso pode parecer distante à maioria das pessoas, assim como para Lula.
O petista parece viver sem prestar atenção à história, apesar de esta se compor dos dramas infinitos de cada pessoa. Lula devia ler a advertência do historiador Marc Ferro. “É possível se fazer um seguro contra o fogo ou contra o roubo, mas não há como se proteger da história.”
Caso não queira ler Ferro, Lula tem uma opção. Pode se dirigir ao Teatro Municipal de São Paulo e acompanhar, na próxima sexta-feira, a estreia da nova montagem da ópera Nabucco, de Verdi. Se em três mandatos não aprendeu a importância da Defesa, talvez, assistindo ao espetáculo tome ciência da tragédia que pode acompanhar um chefe incauto, como Zedequias. Lula veria o drama de Zacarias, o sumo sacerdote dos hebreus, aquele que pergunta, atônito, como os guerreiros babilônios de Nabucodonosor entraram no Templo. Disfarçados, oras.
No Brasil, o petista quer transformar soldados em bombeiros. E quem dissuadirá as ameaças à nossa soberania? Soldados com pistolas d’água? Em vez de Zacarias da ópera, Lula corre o risco de se tornar outro Zacarias, o ingênuo sorridente do quarteto Os Trapalhões... Enquanto o Brasil arde em chamas, só falta saber quem é o Dedé, o Didi e o Mussum no Planalto.
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La voz a través del personaje temporal, irrelevante
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quinta-feira, 26 de setembro de 2024
William Waack - Voz irrelevante
O Estado de S. Paulo
Com postura adotada por Lula, Brasil perdeu projeção internacional
Lula oscila entre acreditar que a ordem mundial possa funcionar por respeito a princípios mutuamente acordados entre os países ou se é apenas o terreno do uso da força bruta. Como não possui nenhum dos dois, sua opção preferencial em política externa tem sido a da irrelevância.
Na guerra da Ucrânia o princípio fundamental violado é o da integridade territorial. No caso da Venezuela, foram brutalmente pisados os princípios básicos de direitos humanos e liberdades individuais. Lula não reconhece essas violações em nenhum dos casos, e acabou ficando com pouca autoridade moral para condenar o que acontece em Gaza ou no Líbano.
É isso que torna inócuos seus apelos por “justiça” ou por “inclusão” dos países pobres em instâncias que deveriam ser de “governança global”, ou quando denuncia condutas hipócritas de países ricos. São apelos morais feitos por quem abandonou a moralidade.
Para ser levado a sério, especialmente quando sugere uma reforma de todas as instituições internacionais, o presidente brasileiro poderia ter feito uso de uma longa tradição brasileira de formulação de política externa – e que até certo ponto soube fazer uso do destino que a geografia nos impôs (a de estar longe de grandes conflitos e ter um claro entorno de influência).
Na visão tosca que o conduz pelas relações internacionais – a de que se trata de uma “luta de classes” entre o Norte rico e o Sul pobre – Lula move-se para o que supõe ser seu lugar “natural”.
É acompanhar a China e a Rússia na contestação da hegemonia americana.
O primeiro resultado prático dessa postura é diminuir e não aumentar as opções para uma potência média regional com escassa capacidade de projetar poder, como é a situação do Brasil. Ainda por cima dependente de mercados na Ásia e de insumos de todo tipo oriundos de países da ainda existente aliança ocidental capitaneada pelos Estados Unidos.
O segundo é condenar à irrelevância também o papel de “liderança global” que Lula pretendeu assumir desde o início de seu atual mandato. Por escolher um lado, jogou fora qualquer credencial de “mediador” em conflitos como o da Ucrânia – mas se acha “esperto” encostando-se no grupo de países que enxerga como “vencedores” (Rússia e China).
Por não aderir a princípios, esvaziou a pretensão de ser ouvido como uma “voz” com autoridade para exigir respeito a eles. A voz dos fracos, como ele gosta de ser visto, vitimizado pela brutalidade dos fortes. O Brasil nunca dispôs de grandes poderes de coerção. Perdeu também o de persuasão.
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