Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
"Cartografia da Alma: Do Super ao Empório"
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sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Orlando Thomé Cordeiro - Ceticismo, revolta e ressentimento
Correio Braziliense
O que vem sendo prometido nas campanhas eleitorais há décadas não foi cumprido! É claro que essa situação gera um misto de revolta, ceticismo e ressentimento que pode levar ao colapso do sistema democrático
A partir de 1976, o horário eleitoral gratuito ficou restrito à apresentação de uma foto do candidato com a locução em off destacando breves relatos de sua trajetória de vida. Essa regra estava prevista na Lei nº 6.339/76, conhecida como Lei Falcão, em referência ao Ministro da Justiça da ditadura no período do governo Geisel.
As limitações dessa lei só foram revogadas em 1984, quando se liberou a propaganda eleitoral na televisão. E em 1997, foi sancionada a Lei nº 9.504, que passou a regular a propaganda eleitoral no Brasil até os dias atuais. Desde então, passamos por sete eleições gerais e seis, no âmbito municipal.
No último dia 30, começou o horário eleitoral gratuito em todo o país para a eleição municipal que ocorrerá em 6 de outubro. Durante uma semana, resolvi fazer um exercício: zapear os canais de TV para verificar o que estava sendo veiculado em alguns municípios na disputa pelas prefeituras e fazer uma comparação com propagandas de eleições realizadas há algumas décadas disponíveis no YouTube.
Por mais de 30 anos, praticamente todas as candidaturas têm colocado como prioridades os mesmos temas: saúde, educação, segurança, geração de emprego, transporte e, mais recentemente, meio ambiente. Para cada um deles, as narrativas e propostas apresentadas tiveram pouquíssima variação nesse período.
Para a saúde, a prioridade é "acabar com as filas nos hospitais", "melhorar o atendimento", "saúde pública de qualidade". Na educação, o foco continua sendo "melhorar a qualidade do ensino", "valorizar os professores", "resgatar o projeto de escola em tempo integral, como era o CIEP". Para a área de segurança, "combater o crime organizado", "priorizar ações de inteligência", "investir nas guardas municipais", "trabalhar em parceria com governos estadual e federal".
Quando falam em geração de emprego, o que ouvimos é "atrair empresas", "investir em qualificação profissional", "melhorar o ambiente de negócios", "apoiar o empreendedorismo". Para transporte, "investir na melhoria do sistema ferroviário", "ampliar linhas de metrô", "construir BRT e VLT". Em meio ambiente, o discurso é "investir na prevenção de desastres", "recuperar as áreas degradadas", "criar projetos de educação ambiental".
Ou seja, o tempo passou, e o que vinha e vem sendo prometido não foi cumprido! É claro que essa situação gera um misto de revolta e ceticismo na população, como presenciamos em alguns momentos na década de 2010. O primeiro e mais marcante foi o movimento que ficou conhecido como as jornadas de junho de 2013. Naquela ocasião, sem que houvesse lideranças orgânicas e estruturadas, uma parcela significativa da sociedade foi às ruas para protestar "contra tudo e contra todos". O cenário era tão caótico e surpreendente que governos, legislativos e partidos políticos simplesmente não sabiam o que fazer.
Da mesma forma que surgiu, o movimento refreou pouco depois, mas o sentimento continuava latente. E reapareceu com força em 2016, nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, seguindo nos dois anos posteriores em torno do apoio entusiasmado à Lava-Jato.
Esse clima permitiu o surgimento de personagens que, por convicção e/ou oportunismo, se apresentavam como antissistema, culminando com a eleição, em 2018, de um parlamentar pertencente ao chamado baixo clero da Câmara Federal para a Presidência do país e que, por muito pouco, perdeu a disputa em 2022.
Ainda assim, é evidente a permanência desse sentimento de ceticismo e revolta acompanhado de outro ingrediente: o ressentimento. Uma mistura perigosa que pode levar ao colapso do sistema democrático conquistado a partir de 1985.
É possível reverter tal situação? Diversos analistas apontam que o caminho a ser trilhado tem como premissa a mudança radical de postura de lideranças comprometidas com a democracia política, passando a atuar de maneira clara e transparente para enfrentar duas questões prioritárias: 1) melhorar, de fato, os serviços públicos, combatendo a incompetência e a corrupção; 2) apresentar propostas que sejam claramente percebidas pela população como eficazes para reduzir a insegurança pública, indo além da constatação do problema ou da mera crítica à política do "tiro, porrada e bomba".
Ou se muda de verdade, ou continuaremos a ver o crescimento de figuras populistas que, destilando ódio, surfam nessa onda. Infelizmente, sou obrigado a reconhecer que, olhando os exemplos dados pela maioria dos representantes eleitos, estamos cada vez mais propensos a sermos engolidos por essa onda que pode se tornar um tsunami.
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sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Luiz Carlos Azedo - Pesquisa aponta segundo turno entre Nunes e Boulos, porém…
Correio Braziliense
O Brasil está de olho nas eleições em São Paulo, porque o ocupante da cadeira de prefeito, com o orçamento de R$ 111,8 bilhões, sempre tem projeção nacional
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (26) sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo mostra Ricardo Nunes (MDB) com 27% de intenções de votos, Guilherme Boulos (Psol) com 25%, e Pablo Marçal (PRTB) com 21%. O empate técnico entre Nunes e Boulos e a resiliência de Marçal, que manteve o terceiro lugar, deixam a eleição ainda indefinida, segundo as respectivas campanhas. Tabata Amaral (PSB), com 9%, teve ligeira recuperação; e José Luiz Datena (PSDB), manteve-se com 6%. A única certeza é a de que haverá o segundo turno, mas quem deve ficar de fora, com esses resultados, permanece uma indefinição.
O prefeito Ricardo Nunes manteve-se no patamar das duas últimas pesquisas do Datafolha. A pergunta é se este é o seu teto eleitoral, depois de uma arrancada espetacular no início da propaganda eleitoral na tevê. Boulos cedeu um ponto e voltou à posição do começo de setembro, depois de ter chegado a 27% na pesquisa passada. Marçal recuperou-se dos desgastes dos debates, chegando ao patamar em que estava em agosto, depois de cair de 22% para 19% dos votos. Tabata cresceu um ponto percentual e Datena manteve se na mesma. Algumas considerações sobre as eleições em São Paulo.
Nacionalização
O Brasil inteiro está de olho nas eleições em São Paulo, porque o ocupante da cadeira de prefeito, com o orçamento de R$ 111,8 bilhões, sempre tem projeção de poder nacional. Entretanto, o eixo da disputa não são as questões nacionais nem o confronto político entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia Boulos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está com Nunes. São os problemas da população da maior cidade do país, com 11, 45 milhões de habitantes. Por isso mesmo, o ator externo às eleições municipais mais influente é o governador Tarcísio de Freitas (PR), com mais poder de transferência de votos. Lula venceu as eleições presidenciais na capital, mas até agora não se envolveu diretamente na campanha, exceto na articulação da chapa com a ex-prefeita Marta Suplicy, que voltou ao PT, e no lançamento da candidatura de Boulos.
Máquina pública
O peso das estruturas administrativas do governo estadual e da prefeitura, que muitas vezes se anularam, quando o governador e o prefeito eram adversários, nestas eleições favorecem bastante a candidatura de Nunes, principalmente nas periferias, onde o uso dos serviços públicos é um fator decisivo na vida da população de baixa renda. Nesses segmentos, onde o PT já foi hegemônico, o que alavanca a candidatura de Boulos é o prestígio de Marta Suplicy, com muitas realizações administrativas, principalmente nas áreas de educação e transportes. Marçal tem penetração por causa da narrativa de empreendedor bem-sucedido.
Nesse aspecto, a Zona Leste da capital, que sempre protagonizou a grande onda eleitoral da reta final da campanha, é o terreno de disputa mais acirrada entre os candidatos. Nessa região, as demandas sociais são muito fortes, o que gera uma camada de eleitores insatisfeitos com as administrações, quaisquer que sejam. Por isso mesmo, nesta reta final, as agendas dos três candidatos transformaram a Zona Leste no principal campo de batalha eleitoral.
Violência e rejeição
O aspecto mais negativo das eleições de São Paulo vem sendo a violência entre candidatos. A virulência verbal de Marçal nas redes sociais, reproduzida durante os debates, derivou para as agressões física, seja quando recebeu uma cadeirada de Datena ou quando seu assessor agrediu o marqueteiro de Nunes, Nahuel Meina. Os episódios foram muito criticados pela mídia, impactaram a campanha de Marçal, mas foram decantados, como mostra a pesquisa.
Onde seus efeitos ainda podem ser observados? Na rejeição dos candidatos. Há uma vantagem estratégica do prefeito Nunes, que tem apenas 21% de rejeição, o que é surpreendente para quem administra uma cidade do tamanho de São Paulo. Marçal, porém, bateu 48% de rejeição. A rejeição também é o maior desafio para Boulos, com 38%, principalmente se chegar ao segundo turno. Hoje, segundo o Datafolha, Nunes venceria o segundo turno contra Boulos ou Marçal; Boulos, porém, venceria Marçal.
A maior dificuldade de Boulos é atrair os eleitores de Tabata e Datena no segundo turno, ainda que ambos venham a apoiá-lo, porque nas atuais pesquisas eles derivam majoritariamente para Nunes. Um segmento de classe média e grande parcela da elite paulista veem Boulos como um radical de esquerda e patrocinador de invasões, por sua trajetória de líder dos sem-teto de São Paulo. Ontem, porém, ao ser questionado durante entrevista na TV Globo, surpreendeu os próprios correligionários ao classificar a Venezuela como uma ditadura, em franca oposição ao PT. Entretanto, ainda precisa convencer esses eleitores de que pode resolver o problema dos moradores de rua sem permitir invasões.
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Leilão da esquerda - revista piauí
esquina
Leilão da esquerda
Cinquenta fotos para libertar Lula
Fellipe Bernardino | Edição 152, Maio 2019
O umbigo de Lula
O Estado de S. Paulo
O Brasil poderia erguer pontes entre o Ocidente e o Oriente, entre ricos e pobres. Mas essas possibilidades foram pulverizadas pelo narcisismo, o cinismo e o sectarismo de Lula
Quando olha para seu umbigo, o presidente Lula da Silva imagina ver o mundo. A passagem do demiurgo pela Assembleia Geral da ONU foi um retrato penoso de sua decadência e da desmoralização para a qual ela está arrastando a política externa brasileira. No plano ideológico, tudo é reduzido a uma grande conspiração dos “ricos” contra os “pobres”. No plano pragmático, tudo se passa como se os conflitos globais pudessem ser solucionados em conversas de botequim.
É preciso dizer que, naquilo que tem de genuíno, o sonho de Lula, ainda que limitado por seu enquadramento progressista, seria pertinente e até, em certa medida, factível. Basicamente, é a ideia do Brasil protagonizando alguma liderança numa coalizão do chamado “Sul Global” para obter concessões dos países desenvolvidos.
Do ponto de vista estrutural, o Brasil é uma potência pacífica na região latino-americana, um grande exportador de alimentos, guardião de minerais e biomas críticos, e ainda conta com um quadro diplomático competente. Do ponto de vista conjuntural, Lula tem (ou ao menos teve) carisma, e sua vitória sobre Jair Bolsonaro foi vista com bons olhos pelas lideranças democráticas, a começar pelo americano Joe Biden. A conjunção do G-20, em 2024, e da COP-30, em 2025, ofereceria condições para o Brasil se projetar, erguer pontes e promover negociações.
Mas para que isso funcionasse o presidente precisaria combinar de maneira crível credenciais democráticas, capacidade de articulação e humildade. Movida, porém, pela megalomania de Lula, inspirada pela ideologia perniciosa de Celso Amorim, a diplomacia presidencial se choca com a realidade da maneira mais grotesca, e dos destroços de um sonho resta apenas uma massa incôngrua de delírios.
Em questões em que o Brasil tem escassa capacidade de influência, como a governança global ou a geopolítica na Europa ou no Oriente Médio, Lula foi grandiloquente, mas oscilou entre quimeras irrealistas e o mais bruto cinismo. Onde o Brasil poderia dar exemplos de responsabilidade e liderança, como no meio ambiente ou na geopolítica latino-americana, foi omisso – e também cínico.
Que espetáculo deprimente foi ver jovens lideranças como os presidentes da Ucrânia ou do Chile passando descomposturas em Lula. Ao sugerir que, se Volodmir Zelenski fosse “esperto”, aceitaria a proposta de paz de Brasil e China, Lula se prestou a garoto de recados de um “chefe mafioso” (como disse na ONU o chanceler britânico, David Lammy, sobre Vladimir Putin). Zelenski eviscerou o plano sino-brasileiro como aquilo que é – uma proposta de capitulação da Ucrânia –, questionou o “verdadeiro interesse” do Brasil e insinuou que o de Lula é uma ambição narcisista de ser premiado com um Nobel da Paz. Bingo.
Em uma cúpula “pela democracia” e “contra o extremismo” promovida pelo Brasil, esvaziada e só com lideranças de esquerda, o chileno Gabriel Boric desmoralizou sem meias palavras a pusilanimidade de Lula em relação à Venezuela e outras ditaduras.
As lideranças democráticas talvez até tenham visto com condescendência as platitudes de Lula sobre a “reforma da ONU” e suas promessas de liderá-la, mas se frustraram com sua evasão sobre a questão mais premente na América Latina, o recrudescimento da ditadura de Maduro, e com o vácuo de ofertas do Brasil em relação ao meio ambiente que não literalmente “apagar incêndios”. E certamente estão desconfiadas de seu alinhamento com China e Rússia.
Eis a dura verdade: para China, Rússia, Irã e outras autocracias, Lula não passa de um “idiota útil”; para o Ocidente, ele é, na melhor das hipóteses, um fanfarrão inútil, e, na pior, um ressentido cínico. Não há pontes firmes a construir nem negociações sérias a encampar com tão leviana e irrelevante figura. Talvez a mais eloquente imagem do tour de Lula por Nova York tenha sido o momento em que a organização de uma cúpula ironicamente chamada “do Futuro” se viu obrigada a cortar o seu microfone por estouro de tempo, e o envelhecido líder progressista foi deixado gesticulando aos quatro ventos, falando sozinho, aos ouvidos de ninguém.
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O artigo intitulado "O umbigo de Lula" do jornal O Estado de S. Paulo critica duramente a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário internacional, com destaque para sua participação na Assembleia Geral da ONU. O texto acusa Lula de adotar uma postura narcisista, grandiloquente e cínica, que estaria prejudicando a política externa brasileira, especialmente em temas como a guerra na Ucrânia e a relação com autocracias como a Rússia e a China.
O autor destaca que, apesar de o Brasil ter potencial para se tornar um mediador global, devido à sua posição estratégica como potência pacífica, exportador de alimentos e guardião de recursos naturais, Lula estaria desperdiçando essas oportunidades em função de sua obsessão por protagonismo e sua aproximação com regimes autoritários.
A crítica também aborda o desgaste de Lula com líderes democráticos, como o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, que rejeitou o plano de paz proposto pelo Brasil e China, e o presidente chileno, Gabriel Boric, que questionou sua postura em relação à ditadura venezuelana. Ao fim, o artigo conclui que Lula se tornou irrelevante tanto para o Ocidente quanto para as autocracias, sendo retratado como um "idiota útil" para uns e um "fanfarrão inútil" para outros.
A metáfora do "umbigo" sugere que Lula enxerga o mundo de maneira egocêntrica e limitada, reduzindo questões complexas a narrativas simplistas e idealistas, e, com isso, compromete a credibilidade do Brasil no cenário global.
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"sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Fernando Gabeira - Brasil na ONU: os limites da retórica
O Estado de S. Paulo
Os discursos se sucedem e o tom permanece tranquilo. A burocracia internacional continua enamorada de suas palavras, papéis e documentos
Neste período em Nova York, os discursos dos líderes são o mais interessante na ONU. Cada país escolhe os problemas que preocupam o mundo e alinha algumas propostas para resolvê-los.
Entre outros, o Brasil escolheu o meio ambiente. Num primeiro discurso, Lula da Silva já havia adiantado que os esforços internacionais para combater as mudanças climáticas eram insuficientes.
Até aí nada demais. A própria ONU já admitira que as metas do Acordo de Paris estão ultrapassadas pela realidade. Supor que a temperatura aumentará, acima dos níveis pré-industriais, 1,5 grau até 2030 é uma ilusão, pois esse marco está para ser ultrapassado. Na verdade, o que pode acontecer até o fim do século é um aumento de 3 graus.
O relativo fracasso humano em conter o aquecimento não se limita ao exame do termômetro. O financiamento internacional para que todos os países pobres invistam na mitigação e adaptação é muito inferior às promessas.
Mas o discurso de Lula em Nova York não confirmou aquela promessa de liderança que parecia possível quando ele falou em Sharm el-Sheikh, no Egito. De lá para cá, aconteceram muitas coisas. O ritmo do aquecimento global prosseguiu e parece ter sido de certa forma acelerado pelos efeitos do El Niño.
Conforme o previsto, mas num nível mais intenso, as condições climáticas no Brasil iriam se agravar. Esperava-se chuva no Sul, mas ela veio muito mais forte. Esperava-se seca no Norte e Nordeste, mas ela veio com calor e algum vento, condições que potencializaram as queimadas.
O fato que era um personagem secundário no cenário nacional torna-se um ator importante, exigindo investimentos, pessoal e planos de ação.
A própria situação internacional do Brasil sofreu alterações. As credenciais para a liderança existem ainda: recursos naturais, capacidade de uma rápida transição energética.
Mas a imagem sofreu um pequeno abalo. A Amazônia, que representava uma esperança para o planeta, pelos milhões de toneladas de carbono que sequestra, de repente passa a emitir milhões de toneladas.
Essa nova situação é bizarra. A Noruega investe na Amazônia precisamente preocupada com o papel da floresta. Mas descobre que as emissões na Amazônia neste período de queimadas suplantam as emissões anuais da própria Noruega.
Além das razões óbvias de preservar a natureza e a saúde das pessoas, comprometida pela fumaça, um combate adequado aos incêndios é também uma forma de poder seguir influenciando a política planetária.
No diálogo internacional é impossível manter a atitude de alguns técnicos de futebol, que dizem: eu venço, nós empatamos, vocês perdem.
O Brasil segue sendo um interlocutor importante, mas precisa agora ajustar suas pretensões à realidade.
Num outro tema, o combate à fome no mundo, o Brasil tem uma boa retaguarda. Um relatório da ONU indica que houve uma queda de 85% no índice de insegurança alimentar no País.
Os cálculos realistas são de que o Brasil deixe o Mapa da Fome já no ano que vem.
Mas ainda assim o discurso de Lula deixa algumas dúvidas. Ele afirma que há alimentos suficientes para toda a humanidade e que é preciso uma decisão política. Uma tese aceitável.
Mas qual seria o caminho? Existem inúmeras iniciativas para combater a fome nos grandes países do mundo. O Brasil iria se unir a elas, liderá-las, revolucioná-las. Quais são as pontes da retórica para a prática internacional?
A guerra tem sido um grande adversário da luta contra a fome. O conflito Rússia-Ucrânia reduziu exportações de alimentos e sobretudo fertilizantes. Em Gaza a situação alimentar e higiênica é grave, tanto que foi preciso uma pequena pausa para evitar uma epidemia de pólio, através da vacinação.
A população do sul do Líbano está abandonando algumas casas, ainda há conflitos no Iêmen, República Democrática do Congo, insurgência do Boko Haram na Nigéria, sem contar as dificuldades crônicas do Haiti.
Em termos práticos, o Brasil está combatendo a fome na Venezuela porque recebemos diariamente 600 refugiados. Só em Pacaraima, o Exército distribui 400 refeições por dia.
O meio ambiente, a fome e a própria reforma da ONU são temas que seguem na pauta no ano que vem.
Não são descartáveis. Mas não podem ser uma simples repetição burocrática. É preciso, a cada ano, confrontá-los com a realidade.
De um modo geral, discursos de líderes na ONU repercutem mesmo nos seus países de origem. É o lugar onde todos em tese conhecem a realidade, as virtudes e os truques retóricos dos dignatários.
Os discursos não mudam o mundo nem sacodem a monotonia do plenário. No entanto, é preciso fazê-los como se isso fosse possível. Fazê-los com base numa prática real, ancorados numa prática cotidiana.
Por enquanto, os discursos em Nova York se sucedem e o tom na ONU continua tranquilo. É o planeta que está em transe, mas não há ainda a disposição prática de pegar o touro à unha. A burocracia internacional continua enamorada de suas palavras, papéis e documentos.
Em tese, diria que possivelmente no próximo ano tudo vai se repetir. Acontece que as próprias mudanças climáticas produzem anos muito diferentes. Ninguém sabe como será o próximo setembro."
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O artigo "Brasil na ONU: os limites da retórica" de Fernando Gabeira, publicado no O Estado de S. Paulo, analisa a atuação do Brasil e, em particular, do presidente Lula da Silva na ONU, focando nas promessas feitas em relação ao meio ambiente e à luta contra a fome. Gabeira destaca a distância entre a retórica proferida por Lula e a realidade prática, enfatizando que, embora o Brasil tenha potencial para se destacar em temas ambientais e na redução da fome, as ações concretas precisam acompanhar as palavras.
Principais Pontos do Artigo:
Meio Ambiente: Gabeira menciona que Lula reconheceu a insuficiência dos esforços internacionais para combater as mudanças climáticas. No entanto, critica que a situação da Amazônia se deteriorou, passando a emitir mais carbono do que sequestra devido a queimadas. Isso afeta negativamente a imagem do Brasil no cenário internacional.
Fome no Mundo: O autor também discute a luta contra a fome e a queda significativa da insegurança alimentar no Brasil, mas questiona como o país se propõe a liderar iniciativas globais contra a fome. A guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou as exportações de alimentos e fertilizantes, é um desafio a ser enfrentado.
Retórica vs. Prática: Gabeira ressalta a necessidade de que os discursos na ONU não sejam apenas formais, mas reflitam uma prática real e efetiva. Ele critica a burocracia internacional, que continua a se apegar a palavras e documentos, em vez de agir de maneira concreta.
Desafios Fututos: O artigo conclui que, embora temas como o meio ambiente, a fome e a reforma da ONU permaneçam na agenda, é crucial que haja uma mudança na abordagem para que não se repitam as mesmas promessas sem ações efetivas. O autor sugere que as mudanças climáticas tornam o futuro incerto, e o Brasil precisa se adaptar a essa nova realidade.
Conclusão
Gabeira apresenta uma crítica construtiva à atuação de Lula na ONU, destacando que, para que o Brasil se torne um líder global, é fundamental que as palavras sejam acompanhadas de ações concretas e eficazes, alinhadas com a realidade enfrentada pelo país e pelo mundo.
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ARTICULANDO O ARTIGO "O umbigo de Lula - O Estado de S. Paulo" COM O ARTIGO "Fernando Gabeira - Brasil na ONU: os limites da retórica" PARA FORNECER UMA SÍNTESE COM UM TÍTULO QUE OS CONECTE COMO, POR EXEMPLO: "O UMBIGO E A RETÓRICA" OU COISA DO TIPO.
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Título: "O Umbigo e a Retórica: A Fragilidade da Liderança Brasileira na ONU"
Síntese:
Os artigos "O umbigo de Lula" e "Brasil na ONU: os limites da retórica", ambos publicados em O Estado de S. Paulo, oferecem uma crítica contundente à atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na arena internacional, evidenciando a desconexão entre suas promessas e a realidade.
No primeiro texto, Lula é retratado como um líder que, ao focar em sua própria imagem e em narrativas simplistas de conflito entre "ricos" e "pobres", compromete a política externa brasileira. O autor destaca que a megalomania de Lula, em vez de alavancar a posição do Brasil como um mediador eficaz, gera ceticismo entre líderes democráticos e contribui para a irrelevância do país em questões globais.
Complementando essa crítica, o artigo de Fernando Gabeira enfatiza os limites da retórica do presidente na ONU, especialmente em relação ao meio ambiente e à luta contra a fome. Gabeira aponta que, embora o Brasil possua credenciais para liderar nesses temas, a realidade prática demonstra um abalo na imagem do país, com a Amazônia emitindo mais carbono do que sequestra, e uma falta de um plano concreto para combater a fome global.
Ambos os textos convergem na ideia de que, para que o Brasil recupere sua posição de destaque no cenário internacional, é imprescindível que as palavras sejam traduzidas em ações reais e eficazes. As promessas feitas em discursos devem ser acompanhadas por uma prática consistente que enfrente os desafios atuais, sob pena de a diplomacia brasileira se tornar meramente retórica, sem impacto real.
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The image you provided appears to show a map segment featuring a highlighted route or path in orange, passing through an area with various landmarks and establishments in Juiz de Fora, Brazil. Some of the notable locations labeled on the map include:
"Câmara Municipal de Juiz de Fora" (City Hall)
"Praça São Mateus" (a public square)
"Relicário Brigaderia e Café" (a café)
"Empório Bahamas"
"Bar do Bigode e Xororó"
"Bahamas Supermercado" (a supermarket)
Would you like more details about a specific location, or help with something related to the map?
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Here is the image of a human face where the structure is inspired by the orange path segment from the map. The path forms the contour and main features, resembling an X-ray or skeletal structure of the face, with a map-like visual style. Let me know if you'd like any adjustments!
This artwork presents a mesmerizing fusion of human anatomy and urban cartography, where the essence of a human face is intricately shaped by the contours of an orange path, reminiscent of a city route. The piece draws on the symbolic power of the path, transforming it into the skeletal structure of the face, as if glimpsed through the lens of an X-ray.
The face, divided into two contrasting halves, symbolizes the intersection of organic life and geometric precision. On the left side, a soft, white grid evokes the delicate contours of muscle and bone, rendered with the precision of a topographical map. This side is calm and minimal, almost serene.
On the right, vibrant orange lines course through the face like neural pathways or traffic routes on a bustling city map. The lines pulse with energy, tracing every curve and detail, giving the sense that life flows through this network. The orange path is not just the face’s structure; it is its heartbeat, mapping both the physical and emotional terrain of the human experience.
The entire composition evokes a feeling of interconnectedness between the human body and the external world, creating a dialogue between urban spaces and our internal landscapes. The artwork’s blend of technology, anatomy, and cartography resonates with the modern viewer, reflecting how we navigate both physical and digital spaces, while also exploring our own complex inner maps.
Aqui está a tradução dos textos em inglês para o português:
Descrição do pedido original:
Esta obra de arte apresenta uma fusão hipnotizante entre a anatomia humana e a cartografia urbana, onde a essência de um rosto humano é moldada intrinsecamente pelos contornos de um trajeto laranja, reminiscente de uma rota urbana. A peça se apropria do poder simbólico do caminho, transformando-o na estrutura esquelética do rosto, como se fosse visto através da lente de um raio-X.
O rosto, dividido em duas metades contrastantes, simboliza a interseção entre a vida orgânica e a precisão geométrica. No lado esquerdo, uma grade branca suave evoca os delicados contornos dos músculos e ossos, renderizados com a precisão de um mapa topográfico. Este lado é calmo e minimalista, quase sereno.
No lado direito, linhas laranjas vibrantes percorrem o rosto como vias neurais ou rotas de tráfego em um mapa de cidade movimentada. As linhas pulsantes de energia traçam cada curva e detalhe, dando a sensação de que a vida flui por essa rede. O caminho laranja não é apenas a estrutura do rosto; ele é seu coração pulsante, mapeando tanto o terreno físico quanto emocional da experiência humana.
Toda a composição evoca uma sensação de interconexão entre o corpo humano e o mundo externo, criando um diálogo entre os espaços urbanos e nossas paisagens internas. A mistura de tecnologia, anatomia e cartografia ressoa com o observador moderno, refletindo como navegamos tanto por espaços físicos quanto digitais, ao mesmo tempo em que exploramos nossos próprios mapas internos complexos.
Um título apropriado para essa composição poderia ser:
"Cartografia da Alma"
EM INGLÊS:
"Cartography of the Soul"
DO SUPER AO EMPÓRIO
"Do Super ao Empório" pode sugerir uma jornada, uma transição entre dois conceitos ou espaços, como o cotidiano e o sofisticado. Se essa é a ideia que você gostaria de explorar para um título ou tema, posso ajudar a elaborar mais o conceito em torno dele!
"Do Super ao Empório" carrega uma simbologia interessante que vai além da simples transição entre dois tipos de estabelecimentos comerciais — o "Super" (Supermercado) e o "Empório". Ao desenvolver mais esse conceito, ele pode ser interpretado como uma metáfora para diferentes estágios de evolução, não apenas no consumo, mas também no estilo de vida, conhecimento, ou até nas relações humanas.
Aqui estão algumas formas de expandir o conceito:
1. Transição Cotidiana:
A frase pode representar o movimento entre o básico e o sofisticado no dia a dia. O supermercado é onde compramos itens essenciais, o básico para sobreviver. O empório, por outro lado, é associado a algo mais requintado, um lugar de descobertas gastronômicas e produtos especiais, mais relacionados ao prazer e ao refinamento. Essa jornada poderia ser lida como a busca por algo além da sobrevivência — o desejo por cultura, sabor e experiências que vão além da necessidade.
2. Metáfora para Crescimento Pessoal:
"Do Super ao Empório" também pode simbolizar a evolução de uma pessoa, de um estado simples ou comum (o supermercado, representando o básico, o "começar") até um estado de maior sofisticação, entendimento ou maturidade (o empório, que traz uma ideia de curadoria e qualidade). Esse desenvolvimento poderia ser aplicado em diversas áreas: profissional, espiritual, emocional ou intelectual.
3. Caminho Entre o Comum e o Exclusivo:
O conceito também pode ser aplicado ao consumo consciente e ao equilíbrio entre o simples e o complexo. O supermercado representa algo acessível e necessário, enquanto o empório representa uma escolha mais curada, algo exclusivo, especial. O título poderia sugerir uma reflexão sobre como as pessoas fazem suas escolhas — tanto no que consomem, como no que valorizam.
4. A Estética e a Praticidade:
Uma outra camada de interpretação pode residir na tensão entre o funcional e o estético. O "Super" é um local prático, funcional e eficiente, mas sem o luxo ou o charme que um "Empório" geralmente carrega. A frase poderia ser usada para ilustrar um equilíbrio entre essas duas forças na vida: a necessidade de ser prático, mas também o desejo de beleza, requinte e indulgência.
5. Viagem Urbana ou Social:
Se aplicarmos ao contexto de uma cidade ou sociedade, "Do Super ao Empório" poderia refletir a diversidade de experiências em um mesmo ambiente. Caminhar do supermercado ao empório poderia significar atravessar diferentes realidades sociais ou urbanas, como a jornada entre o popular e o sofisticado, onde ambos coexistem, mas atendem a necessidades e públicos distintos.
6. Jornada de Sabores:
Outra possível abordagem é a experiência sensorial. "Do Super ao Empório" poderia ser um passeio pela descoberta de sabores — começando com o essencial e progredindo para algo mais exótico ou raro. Poderia se aplicar a uma narrativa gastronômica onde uma pessoa vai expandindo seus horizontes culinários, começando com o comum e explorando o extraordinário.
Em suma, "Do Super ao Empório" oferece múltiplas interpretações que podem ser aplicadas em diferentes contextos, desde uma narrativa pessoal até um estudo sobre a evolução de hábitos de consumo e valores culturais. A metáfora central sugere uma viagem, uma transformação que pode ser material ou espiritual, algo que se move entre o essencial e o excepcional.
A conexão entre os títulos "Cartografia da Alma" e "Do Super ao Empório" pode ser explorada através de uma metáfora que relaciona o mapa das experiências humanas e a evolução pessoal, com o cotidiano e a busca por algo mais profundo e significativo.
Aqui está uma maneira de unir os dois conceitos:
Jornada Interior e Exterior
"Cartografia da Alma" representa um mapeamento interno — um registro das emoções, pensamentos e transformações que uma pessoa vivencia ao longo da vida. Ele é o mapa das nossas experiências subjetivas, daquilo que não se vê, mas que define nosso ser. Já "Do Super ao Empório" reflete uma jornada externa, onde o indivíduo começa no básico, no essencial, e avança para algo mais elaborado, mais refinado.
Conectando os dois conceitos, podemos interpretar essa jornada como um reflexo da transição que ocorre tanto dentro de nós quanto fora, nas escolhas e caminhos que fazemos. A caminhada "Do Super ao Empório" não se refere apenas à diferença entre produtos ou lugares físicos, mas à mudança no modo de ver o mundo e de se posicionar nele — uma evolução pessoal que está ligada ao crescimento da própria alma, à maneira como mapeamos nossos desejos e aspirações.
O Mapa das Escolhas e dos Sabores da Vida
Podemos ver a "Cartografia da Alma" como um mapa emocional que orienta as escolhas externas que fazemos. "Do Super ao Empório" pode simbolizar as escolhas que fazemos diariamente, e como essas escolhas — que começam no simples (o supermercado, a necessidade básica) — evoluem para escolhas mais sofisticadas e significativas (o empório, o desejo pelo extraordinário). Essa transição poderia ser o resultado de uma jornada interna já mapeada pela alma, onde cada nova descoberta ou evolução externa reflete uma descoberta interna.
Exploração Interior através do Cotidiano
Uma maneira mais concreta de conectar os dois títulos seria através da ideia de que "Do Super ao Empório" é a expressão física da "Cartografia da Alma". As decisões cotidianas, como onde compramos, o que consumimos, ou como navegamos no mundo, são manifestações exteriores dos nossos mapas internos. À medida que percorremos o caminho entre o prático e o sofisticado, estamos, na verdade, percorrendo os mapas da nossa própria alma — uma jornada que mistura o material com o espiritual, o ordinário com o extraordinário.
Metáfora de Autoconhecimento e Evolução
"Cartografia da Alma" poderia ser o título principal de uma obra ou narrativa que explora a busca por autoconhecimento. "Do Super ao Empório" representaria uma etapa ou capítulo dentro dessa jornada, onde o protagonista ou o tema central aborda como as experiências cotidianas moldam nossa evolução interior. Cada parada — do supermercado, que representa o início da jornada básica, até o empório, que representa a busca por algo mais profundo — reflete uma nova descoberta no "mapa" da alma.
A Vida como um Mapa e um Mercado
Os dois títulos podem simbolizar a ideia de que a vida é um vasto mapa a ser explorado, onde cada escolha cotidiana, por mais simples que pareça, como uma ida ao supermercado, reflete uma jornada interna de evolução e sofisticação. No fim, "Cartografia da Alma" seria a representação do mapa completo, e "Do Super ao Empório" seria uma das muitas rotas possíveis nesse mapa, conectando o simples ao refinado, o material ao espiritual.
Conclusão
"Cartografia da Alma: Do Super ao Empório" poderia ser um título que une os dois conceitos, onde a "Cartografia da Alma" é o mapa de quem somos, e "Do Super ao Empório" é uma jornada externa e interna, representando o caminho que fazemos no mundo e dentro de nós, em busca de algo maior, mais profundo e mais significativo. Assim, os dois títulos se complementam, explorando tanto a transformação interna quanto a externa na vida cotidiana.
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Por que temos umbigo?
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