domingo, 15 de setembro de 2024

ENTRADAS E SAÍDAS

"O que está por trás de tudo isso não é a grande política, um projeto nacional. É apenas a pequena "política como negócio", que faz parte da ordem capitalista democrática, mas, aqui, é feita de forma escamoteada e sufoca a "política do bem comum", que deveria ser hegemônica, para usar os conceitos do filósofo e sociólogo alemão Max Weber, autor de A política como vocação e A ética protestante e o espírito do capitalismo (Companhia das Letras)." --------
---------- La noble actividad política, como ejercicio ciudadano al servicio de la comunidad, está desapareciendo o ha desaparecido en nuestro medio. -------- De lá... Pra cá tudo mudou! Passou-se o tempo da vovó Quem manda é a Severa E o cavalo Mossoró -------------- ------------ História do Brasil (marcha/carnaval) Lamartine Babo ------------ Esse tipo de análise é fundamental para entender a saúde financeira de um negócio, avaliando se ele está operando com mais entradas (lucro) ou mais saídas (prejuízo). --------- O principal foco é a questão dos juros altos no Brasil, apesar da queda da inflação. O professor José Luis Oreiro discute as razões pelas quais o Brasil mantém uma das taxas de juros mais altas do mundo, mesmo com a inflação em seu nível mais baixo em quatro anos (desde 2023). Isso reflete questões estruturais da economia brasileira, incluindo o histórico de inflação alta, a necessidade de controle sobre a estabilidade econômica, e os desafios fiscais e de confiança no governo. Essas taxas elevadas afetam o crescimento econômico, encarecendo o crédito e desestimulando investimentos e consumo. ---------- ---------- FLAMENGO 1 x 1 VASCO - BRASILEIRÃO 2024; VEJA OS GOLS Flamengo x Vasco: Veja os gols de Gerson e Philippe Coutinho. UOL Esporte ________________________________________________________________________________________________________ ---------- Flamengo 1 x 1 Vasco | Melhores momentos | 26ª rodada há 30 minutos — Flamengo 1 x 1 Vasco | Melhores momentos | 26ª rodada | Brasileirão 2024. GE _________________________________________________________________________________________________________ ---------
---------- Entradas: correspondente aos recebimentos que a empresa teve no período, seja em dinheiro ou em débito na conta; Saídas: identificam os valores pagos pela empresa em determinado período, seja em dinheiro ou em crédito na conta; Saldo final: indica a diferença entre as entradas e saídas. -------
-------------- Livro Caixa: O que é, Como fazer e Como Preencher esse Documento --------- _________________________________________________________________________________________________________ "Essas expectativais não são críveis." "Economia é uma Ciência?" Com honestidade intelectual, só com banda. _________________________________________________________________________________________________________ --------- ------------- Agenda Econômica 01/07/2024 Por que os juros seguem tão altos no Brasil mesmo com a inflação mais baixa nos últimos quatro anos? Por que os juros seguem tão altos no Brasil, se estamos com a mais baixa taxa de inflação dos últimos quatro anos? Desde 2022, o Brasil ocupa o posto de segundo país com os juros mais altos do mundo, atrás apenas da Rússia. Apesar de um processo de queda iniciado em agosto de 2023, a taxa Selic segue tão alta que não mudamos a posição nessa lista. Neste Agenda Econômica, o professor de economia da Universidade de Brasília, José Luis Oreiro, explica por que os juros seguem tão altos e as consequências disso para a economia. https://www12.senado.leg.br/tv/programas/agenda-economica/2024/07/por-que-os-juros-seguem-tao-altos-no-brasil-mesmo-com-a-inflacao-mais-baixa-nos-ultimos-quatro-anos _________________________________________________________________________________________________________ ------------
-------------- domingo, 15 de setembro de 2024 O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões ------------
-------------- Origem da expressão CAVALO PARAGUAIO Esporte Conta ----------- _________________________________________________________________________________________________________ O artigo do Estado de S. Paulo, intitulado "A aposta no cavalo paraguaio", usa uma metáfora do futebol para descrever o crescimento econômico brasileiro recente. O termo "cavalo paraguaio" refere-se a uma equipe que começa um campeonato de forma promissora, mas perde força ao longo do tempo, o que é usado para ilustrar a preocupação de economistas e analistas com a sustentabilidade do atual crescimento do PIB brasileiro. Pontos principais do artigo: Crescimento Econômico e Riscos: O PIB do Brasil surpreendeu positivamente no segundo trimestre, com um crescimento de 1,4%, levando previsões de crescimento anual a 3%. No entanto, apesar desse desempenho, há um aumento contínuo das expectativas de inflação, com o IPCA acumulado em 4,28%, mais próximo do teto da meta do que de seu centro. O artigo sugere que esse crescimento pode ser ilusório e não sustentável a longo prazo. Baixos Investimentos: Uma crítica central é que, embora o governo afirme que os investimentos estão subindo, o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – que mede o investimento produtivo – ainda está em 16,8% do PIB, abaixo dos níveis recomendados para sustentar um crescimento econômico sólido (entre 20% e 25%). Economias que crescem de forma consistente, como membros do G-20, têm taxas de investimento mais elevadas. Dependência do Consumo: O crescimento atual é descrito como fortemente dependente do consumo das famílias e dos gastos governamentais, o que, para muitos economistas, não é uma base sólida para crescimento sustentável. Gastos como a antecipação de precatórios e o pagamento do 13º salário do INSS são vistos como fatores conjunturais que aquecem a demanda, mas não garantem um crescimento contínuo. Inflação e Juros: A persistente inflação, mesmo com quedas pontuais, continua sendo uma preocupação. O artigo aponta que o Banco Central pode ter que aumentar a taxa Selic (atualmente em 10,5%) para conter a inflação, com previsões de que ela atinja 11,5% no início de 2024. Isso seria necessário para frear o consumo e tentar evitar um superaquecimento da economia, mesmo que isso tenha o custo de reduzir investimentos. Reformas Estruturais e Sustentabilidade: O artigo menciona que reformas estruturais importantes foram aprovadas nos últimos anos, mas seus impactos ainda não podem ser totalmente medidos no PIB. Economistas acreditam que, se o governo contivesse seus gastos e focasse mais em políticas de longo prazo, o crescimento poderia ser mais sustentável. Em resumo, o texto alerta para o fato de que o crescimento econômico recente do Brasil pode não ser sustentável no longo prazo devido à baixa taxa de investimentos e a uma política econômica focada no estímulo ao consumo. A comparação com o "cavalo paraguaio" sugere que, sem mudanças estruturais, esse crescimento inicial pode não ter fôlego. _________________________________________________________________________________________________________ ---------- ----------- A aposta no cavalo paraguaio O Estado de S. Paulo Países que crescem de maneira mais consistente são os que mais investem na proporção do PIB, mas o governo prefere estimular o consumo e ignorar os riscos inflacionários dessa estratégia No futebol, um “cavalo paraguaio” é aquele time que dispara na liderança no começo do campeonato, mas não tem fôlego para brigar pelo título – e, não raro, acaba tendo que lutar contra o rebaixamento. Pois o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima das expectativas, que tanto animou o governo Lula da Silva, tem todo o jeitão de “cavalo paraguaio”, conforme coincidem analistas do mercado financeiro e economistas. O mercado passou a apostar que o Banco Central (BC) vai iniciar um novo ciclo de aumento dos juros, enquanto economistas demonstraram receio sobre a sustentabilidade desses resultados no médio e longo prazos. Para o governo, tudo não passa de pessimismo exagerado, para não dizer uma torcida contra o País. Seria útil, no entanto, entender os motivos que levaram operadores e especialistas a convergir em suas análises. Não há nada de errado em crescer mais, desde que o País tenha capacidade para tal. Não parece ser o caso. O desempenho da economia, de fato, surpreendeu todos no segundo trimestre. A maioria esperava uma elevação de 0,9%, mas o PIB registrou um aumento de 1,4% ante o segundo trimestre do ano passado, o que levou bancos, consultorias e corretoras a ajustar expectativas para o crescimento deste ano e deixá-las mais próximas dos 3%. Seria um resultado muito positivo, não fosse o fato de que as estimativas para a inflação no Boletim Focus sobem há oito semanas consecutivas. O IPCA acumulado em 12 meses está em 4,28%, bem mais próximo do teto do que do centro da meta, de 3%. Houve, em agosto, a primeira deflação no ano, mas o recuo nos preços foi pontual e de apenas 0,02%. As contas de luz estavam com a bandeira verde, mas desde 1.º de setembro elas estão com a bandeira vermelha nível um, e assim devem permanecer até o fim do ano. O governo alega que esse crescimento não traz qualquer risco inflacionário, pois os investimentos aumentaram – 2,1% ante o primeiro trimestre e 5,7% em relação ao segundo trimestre do ano passado – e atingiram o melhor resultado desde 2015. É verdade, mas, ainda assim, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), o principal indicador de investimento na produção, foi de apenas 16,8% do PIB. Não é segredo para ninguém: os países que crescem mais e de maneira mais consistente são os que investem mais. No Brasil, no entanto, esse indicador permaneceu consistentemente abaixo de 20% nos últimos dez anos, diferentemente do registrado pela maioria dos membros do G-20 no mesmo período. Manter um crescimento de 3% requer que essa taxa se situe entre 20% e 25%, no mínimo. Se, de um lado, o nível de investimento continua baixo, de outro, a inflação tem consistentemente resistido a se manter na meta. Não é por acaso que muitos economistas têm dúvidas sobre a qualidade do crescimento econômico, muito dependente do consumo das famílias e dos gastos do governo. A convite do Estadão, vários deles apontaram os possíveis ganhos estruturais que a economia brasileira teve nos últimos anos após a aprovação de diversas reformas, cujos impactos ainda não podem ser mensurados no PIB. Outros fatores conjunturais, no entanto, seguramente aqueceram a demanda nos últimos meses, como a antecipação do pagamento dos precatórios e do 13.º salário dos aposentados do INSS e a concessão de reajustes ao funcionalismo. Para Armando Castelar, pesquisador da Fundação Getulio Vargas, o ritmo e o perfil do crescimento econômico dos últimos três anos mostram que “é preciso desacelerar”. Com uma marcha um pouco mais lenta, o País poderia se desenvolver a partir de bases mais sólidas. O governo ajudaria a aumentar a potência da política monetária se fizesse sua parte e contivesse seus gastos. Mas o mercado não acredita nessa hipótese e já projeta que a Selic sairá dos atuais 10,5% ao ano para 11,5% no fim de janeiro – ou seja, o BC terá de fazer todo o trabalho sozinho. Não é por picuinha que os analistas de mercado e os economistas esperam uma taxa de juros mais elevada. Trata-se de maneira mais efetiva de conter a inflação e frear a economia, ainda que à custa dos investimentos que poderiam tornar o crescimento mais perene, como todos – não só o governo – gostariam. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
-------------- Polarização nos tribunais O Estado de S. Paulo Indicações de Lula a tribunais superiores e regionais priorizam interesses privados e grupos de amigos, que, leais ao lulopetismo, prometem intensificar batalhas ideológicas no Judiciário As mais recentes indicações do presidente Lula da Silva a tribunais superiores e regionais, em vez de promover pacificação, apontam para a ampliação de disputas ideológicas na cúpula do Poder Judiciário brasileiro. A origem e o perfil desses nomes e a forma como são escolhidos pelo atual presidente sugerem o acirramento dos ânimos nas cortes, intensificando tensões e transpondo da política para a Justiça uma polarização que em nada colabora com o fortalecimento das instituições e o bom funcionamento dos tribunais. Antes de Lula, Jair Bolsonaro já havia deixado claro o interesse de domesticar o Judiciário. É de sua lavra a observação segundo a qual, ao indicar Kassio Nunes Marques ao Supremo Tribunal Federal, passou a ter “10% de mim” naquela Corte. O ex-presidente também batalhou por um ministro “terrivelmente evangélico”, qualidade irrelevante para a investidura do cargo, mas relevantíssima do ponto de vista político. Quaisquer que fossem os méritos e deméritos dos indicados por Bolsonaro, eram evidentes os interesses pessoais e o ânimo conflituoso do então presidente. Lula, por sua vez, pode até ser um pouco mais discreto no seu desejo de aparelhar politicamente o Judiciário, mas já deixou claro que não está para brincadeira, seja ao colocar no Supremo seu advogado particular, seja ao nomear seu ministro da Justiça e calejado político, Flávio Dino, para ter na Corte alguém com “cabeça política”. No passado, o petista ainda parecia ter alguma preocupação com a qualidade de suas indicações aos tribunais superiores, como no caso da nomeação do jurista conservador Carlos Alberto Menezes Direito para o Supremo. Mas essa preocupação não durou muito: para a vaga deixada por Menezes Direito em razão de seu falecimento, em 2009, Lula indicou ninguém menos que o ex-advogado do PT José Antonio Dias Toffoli – reprovado duas vezes em concurso para juiz de primeira instância, mas considerado por Lula bom o bastante para a mais alta Corte brasileira. Neste terceiro mandato, Lula mantém o critério ao ocupar os tribunais superiores e regionais com nomes mais próximos – como um advogado seu, um fiel aliado ou uma amiga de sua mulher, Janja da Silva. O demiurgo decerto espera que esses indicados sejam a vanguarda das batalhas político-jurídicas de interesse do lulopetismo. E é nessa arena que ganha protagonismo o Grupo Prerrogativas, formado por 250 advogados e juristas de esquerda. O “Prerrô”, como o grupo criado há dez anos para se contrapor a alegados desmandos da Operação Lava Jato é chamado por seus próprios integrantes, já possui representantes no Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Tribunal Superior do Trabalho (TST), além de três tribunais regionais. Nas indicações pelo chamado quinto constitucional – aqueles 20% das vagas de tribunais destinadas à advocacia ou ao Ministério Público –, grupos organizados sempre atuaram para emplacar nomes. O Prerrogativas, portanto, segue uma tradição, mas o faz de maneira desinibida, ostentando suas vitórias em celebrações nas quais assume a identidade de grupo político. Sob a bênção de Lula, tudo isso terá impacto no Judiciário. Como mostrou reportagem do Estadão, a chegada de Antônio Fabrício de Matos Gonçalves ao TST, por exemplo, animou defensores das chamadas pautas progressistas e sua nomeação é vista como uma contraposição a um suposto polo conservador da Corte, representado por Ives Gandra da Silva Martins Filho. Ora, a inclinação política de um ou de outro é – ou deveria ser – indiferente, dado que os ministros deveriam estar comprometidos com a jurisdição trabalhista e com respeito às leis e à Constituição. O poder concedido pela Constituição ao presidente da República para a indicação de magistrados para ocupar a alta cúpula do Poder Judiciário exige responsabilidade, autocontenção e profundo apreço pelo espírito público. A instrumentalização de tribunais superiores e regionais degenera a Justiça, e o Brasil não precisa de mais radicalização. _________________________________________________________________________________________________________ ---------
----------- Mais uma conta para a Viúva O Estado de S. Paulo Em análise na Câmara, renegociação de dívida dos Estados deve gerar perdas bilionárias para a União O projeto que cria a mais nova rodada de renegociação de dívidas dos Estados pode fazer a União perder até R$ 48 bilhões por ano, segundo o economista Manoel Pires. No primeiro ano, o prejuízo pode ser ainda maior e atingir R$ 62 bilhões, disse o pesquisador e coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) ao jornal Valor. Elaborada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com apoio do governo, a proposta está na Câmara e teve um pedido de urgência aprovado na última semana, o que significa que será pautada no plenário nos próximos dias, sem passar pelas comissões temáticas, e em votação virtual, uma vez que os deputados só têm olhos para as eleições municipais. Hoje, os débitos estaduais são indexados ao IPCA, mais 4%, já inferior ao que o mercado cobra do Tesouro nos títulos da dívida pública – inflação mais 6%. Mas, segundo o texto, Estados que cumprirem algumas condições frouxas terão as dívidas atualizadas somente pelo IPCA, ampliando sobremaneira o subsídio federal. Para isso, bastará destinar metade dos recursos economizados com o desconto concedido pela União a um fundo de equalização federativa – para distribuição entre Estados menos endividados – e a outra parte a uma ampla gama de gastos no próprio Estado, em áreas como educação, saneamento, habitação, transportes, segurança pública e adaptação às mudanças climáticas. Como observou Pires, é muito fácil cumprir essas exigências, mas nem assim a adesão dos mais endividados, como Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, está garantida. Para eles, vale mais a pena permanecer no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que proporciona parcelas ainda mais baixas mesmo em contrapartida a medidas como a aprovação de reformas e a privatização de estatais. Caso não as cumpram, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, basta recorrer ao Supremo Tribunal Federal para manter tudo como está. É o caso de perguntar, portanto, qual o verdadeiro objetivo do governo com a proposta. Tudo indica, segundo Pires, que a ideia é criar um benefício fiscal àqueles que estão pagando as contas em dia – e que exatamente por isso não precisariam reestruturar suas dívidas. Se São Paulo aceitá-la, por exemplo, haverá uma grande redistribuição de recursos do Estado entre os mais pobres e menos endividados das Regiões Norte e Nordeste, e que os incentivará, por óbvio, a gastar mais, criando as bases da próxima crise estadual e do futuro socorro federal. O governo, até agora, não divulgou seus próprios cálculos sobre o impacto da proposta, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sustenta que ela não tem efeito no resultado primário nem viola o arcabouço fiscal. É verdade, mas o projeto aumenta a dívida bruta da União – indicador em ascensão desde o início do governo Lula e hoje em 78,5% do Produto Interno Bruto –, eleva o déficit nominal e fará o custo da dívida líquida subir ainda mais, piorando a percepção de risco. Depois, não adianta culpar o BC por aumentar a taxa básica de juros. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
domingo, 15 de setembro de 2024 Luiz Carlos Azedo - Que falta nos faz um consenso nacional Correio Braziliense A "política como negócio" faz parte da ordem democrática, mas, aqui, é feita de forma escamoteada e sufoca a "política do bem comum", que deveria ser hegemônica Uma das questões mais angustiantes da política brasileira é a ausência de um projeto de desenvolvimento sustentável, em bases democráticas, que conte com amplo apoio político e respaldo social. Sem um consenso nacional, a agenda é pautada pela "transa" entre seus protagonistas, movidos por interesses da pequena política. Essa urgência é dada pela distância crescente entre nosso país e outras nações, não somente os Estados Unidos ou os países europeus, mas, também, os asiáticos, como China e Índia, que, hoje, ocupam a posição de segunda e quinta economias do mundo, enquanto ficamos para trás. Ontem, em um artigo publicado na Carta Capital, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, expôs de forma resumida uma agenda de integração do Brasil com os demais países da América do Sul que contempla obras de infraestrutura, transição energética, avanços da ciência e da tecnologia, além de medidas voltadas para as questões aduaneiras, policiais e o turismo. Hoje, lamentavelmente, o contrabando de mercadorias, o comércio ilegal de armas e o tráfico de drogas, além da imigração de refugiados — particularmente, de venezuelanos, que cresce —, têm mais visibilidade do que a agenda positiva. Batizado de Consenso de Brasília, os países da América Latina têm predisposição de agir em conjunto, em que pese os problemas políticos no continente. E as mudanças geopolíticas transformaram a China na maior interessada em que essa integração ocorra. Por motivos óbvios: a Nova Rota da Seda é como um rio que busca o leito mais favorável. Mais uma razão para o Brasil acelerar a implementação das cinco rotas de integração com os países vizinhos, que são multimodais. Envolvem hidrovias, rodovias, infovias (fibra óptica), portos, linhas de transmissão elétrica, ferrovias e aeroportos. O deslocamento do eixo do comércio mundial do Atlântico para o Pacífico impõe a modernização de nossa infraestrutura logística em onze estados de fronteira: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina. Segundo a ministra Simone Tebet, três dessas rotas passam pelo Centro-Oeste e o Norte do país (Rota 1/Ilha das Guianas; Rota 2/Amazônica; Rota 3/Quadrante Rondon); duas englobam a Região Sul: (Rota 4/Bioceânica de Capricórnio, que sai de São Paulo até Antofagasta, no Chile, passando pelo Paraguai) e a Rota 5/Porto Alegre-Coquimbo, também no Chile, que cruza a Argentina). "Uma rota não briga com a outra. O sucesso da saída mais ao leste, como a pavimentação da BR-156, no Amapá, fronteira com a Guiana Francesa, não atrapalhará, por exemplo, o escoamento de produtos na perna mais ao leste, como Tabatinga, no Amazonas", explica Tebet. O governo Lula conta com uma carteira de US$ 10 bilhões, contados os recursos do BID, CAF, Fonplata e BNDES, para investir no projeto. Os vizinhos somam 200 milhões de habitantes, o equivalente a um Brasil inteiro, e são potenciais consumidores e produtores de bens e serviços. Fora de prioridade Projetos dessa envergadura não acontecem apenas por vontade dos governos, há que se ter convergência de forças econômicas, políticas e sociais. Uma consciência coletiva é necessária para virar a chave e inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento. Foi assim como o Plano de Metas de Juscelino Kubitscheck, na década de 1950, para um novo salto na industrialização do país, e com o Plano Real, nos governos Itamar Franco e, principalmente, Fernando Henrique Cardoso, que enfrentou a hiperinflação e estabilizou a moeda, rompendo a lógica da "inflação inercial" como forma de financiamento dos investimentos públicos. Em ambos os casos, havia os descrentes e quem fizesse oposição frontal ao projeto, mas criou-se um amplo consenso de que o país deveria estar engajado. Esse consenso é que evita, mitiga ou corrige os erros. É assim que funciona na democracia. A via de modernização autoritária, como correu no Estado Novo e no regime militar, dispensa amplos consensos, mas não nos interessa. O que isso tem a ver com o momento político que estamos vivendo? Muito pouco. Não está nas prioridades do Congresso Nacional, haja vista o debate sobre as emendas parlamentares ao Orçamento da União, que abocanham R$ 44,67 bilhões, sendo que R$ 25,07 bilhões em emendas individuais, R$ 11,05 bilhões em emendas de comissões, e R$ 8,56 bilhões em emendas de bancadas estaduais. Esses recursos são pulverizados, voltados para interesses paroquiais e, alguns casos, desviados. Momentaneamente, foram suspensos, por falta de transparência, mas o que interessa aqui é o espírito da coisa. O que está por trás de tudo isso não é a grande política, um projeto nacional. É apenas a pequena "política como negócio", que faz parte da ordem capitalista democrática, mas, aqui, é feita de forma escamoteada e sufoca a "política do bem comum", que deveria ser hegemônica, para usar os conceitos do filósofo e sociólogo alemão Max Weber, autor de A política como vocação e A ética protestante e o espírito do capitalismo (Companhia das Letras). _________________________________________________________________________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário