Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 13 de agosto de 2024
COTOVIA
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O canto da Cotovia
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A cotovia é tida como "anjo da primavera que voa alto nos céus, desperta a esperança onde quer que vá com seu canto belo e inigualável.
Nana Pereira
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“O teatro estreou com O canto da cotovia, de Jean Anouilh, dreção de Gianni Ratto, um grande cenógrafo do Piccolo Teatro di Milano que veio ao Brasil para iniciar a carreira de diretor.
Lembro da Maria me emprestando o texto que íamos montar: quero ver você adivinhar qual o seu papel…Eu sabia que a peça era sobre Joana D’Arc. Conhecia um pouco da história e não foi preciso nem ler o texto para saber que meu personagem era o Delfim.” – Sergio Britto – Trecho do livro “O Teatro & Eu”.
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O Canto da Cotovia - Maria Della Costa
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"Do tom maior para o menor
From major to minor", 'como o canto da cotovia'
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Every Time We Say Goodbye
Cole Porter
Letra
Tradução
Significado
Toda Vez Que Dizemos Adeus
Every Time We Say Goodbye
Toda vez que dizemos adeus
Every time we say goodbye
Eu morro um pouco
I die a little
Toda vez que dizemos adeus
Every time we say goodbye
Eu me pergunto o porquê um pouco
I wonder why a little
Por que os deuses acima de mim
Why the gods above me
Que devem ter a sabedoria
Who must be in the know
Pensam tão pouco em mim
Think so little of me
Eles permitem que você vá embora
They allow you to go
Quando você está perto
When you're near
Tem um quê no ar
There's such an air
De primavera
Of spring about it
Eu posso ouvir uma cotovia em algum lugar
I can hear a lark somewhere
Cantando sobre isso
Begin to sing about it
Não há nenhuma canção de amor melhor
Theres no love song finer
Mas que estranha é a mudança
But how strange the change
Do tom maior para o menor
From major to minor
Toda vez que dizemos adeus
Every time we say goodbye
Composição: Cole Porter.
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terça-feira, 13 de agosto de 2024
Luiz Carlos Azedo - Delfim Netto foi um camaleão na política
Correio Braziliense
Delfim foi um protagonista da modernização brasileira, na qual o positivismo foi o caldo de cultura da direita e, depois, da esquerda
A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher esteve no Brasil em 1994, no governo Itamar Franco, quando o Plano Real ainda era um “experimento econômico”. Estava em pleno curso a transição à nova moeda, e o xis do problema era o comportamento da inflação. Thatcher fora convidada por Jorge Paulo Lemann, ainda dono do banco Garantia, que viria a ser vendido para o Credit Suisse, em 1998.
A Dama de Ferro lotou o auditório do Maksoud Plaza, um edifício de 23 andares na região central de São Paulo, que ainda era uma referência de tradição e glamour para artistas, celebridades e autoridades, cenário de novelas e palco de shows históricos. Thatcher tinha deixado de ser ministra havia quatro anos, mas era a principal referência para os que desejavam fazer a reforma do Estado brasileiro, com a privatização das empresas estatais, como ocorreria nos anos seguintes. O Brasil era a 10ª economia do mundo.
O petista Luiz Inácio Lula da Silva era o favorito nas eleições para presidente da República, mas começara a perder a eleição, por se recusar a apoiar o governo Itamar e apostar no fracasso do Plano Real, induzido pela economista Maria da Conceição Tavares. O ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que havia deixado o Palácio dos Bandeirantes com um acervo de obras de infraestrutura, prometia um plano de metas inspirado em Juscelino Kubitschek. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-ministro da Fazenda, ungido candidato por Itamar, já tinha o apoio do antigo PFL e tentava esvaziar ou remover candidatos concorrentes. Um deles era Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo da antiga Arena, o então PDS (hoje PP), o candidato derrotado por Tancredo Neves, em 1985, no colégio eleitoral.
Cheguei à redação crente que estava com a manchete do jornal. No aquário, o chefe de redação e o editor de política sorriram. “Daqui a pouco vamos entrevistar o Maluf”, disseram. Não deu outra, o ex-prefeito disse que a candidatura dele era irremovível. Mesmo assim, fui conferir: houve a reunião na terça-feira. Na saída, quando perguntei a Maluf se retiraria a candidatura, ele negou. Esperidião Amin (PP-SC), então presidente do PDS, também. Mas Delfim piscou o olho e sorriu. Liguei para ele. “Maluf vai desistir, pediu apenas para ter uma conversa com Fernando Henrique antes de anunciar”, confidenciou-me. Foi o que aconteceu.
Geisel e Dilma
Como “animal político”, Delfim Netto era um camaleão, capaz de transitar de uma posição para outra e se adaptar às circunstâncias, como artífice das conexões do grande empresariado paulista com o poder. Graças a isso, se manteve influente por tanto tempo, mesmo sendo um dos signatários do Ato Institucional nº 5, que institucionalizou o fascismo durante o regime militar.
“Eu estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente”, o mesmo ministro que fez essa afirmação na reunião (gravada) de assinatura do decreto que lançou o país na sua maior escuridão política, mais tarde, seria aliado de Fernando Henrique Cardoso, que fora afastado da Universidade de São Paulo, e conselheiro dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos perseguidos pelo regime militar.
Delfim Netto foi o mais jovem ministro da Fazenda a ocupar o cargo, aos 38 anos, quando assumiu a pasta, em 1967, e comandou a economia nos governos militares de Costa e Silva e Médici. Foi o pai do chamado “milagre econômico”, cuja estratégia teve como pilares a ampliação da presença do Estado na economia, o aumento das exportações e a captação de investimentos estrangeiros. Para justificar a concentração de renda, cunhou a frase famosa: “É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”.
Após deixar o cargo na Fazenda, ocupou o posto de embaixador do Brasil na França, em 1975, durante o governo de Ernesto Geisel. No governo de João Figueiredo, assumiu o Ministério da Agricultura e, em seguida, o do Planejamento. Depois da redemocratização, foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político. O simples oportunismo não explica essa transversalidade política. Delfim foi um protagonista da “revolução passiva” da modernização brasileira, na qual o positivismo foi o caldo de cultura da direita e, depois, da esquerda. Delfim acreditava no Estado como principal indutor do progresso. Isso explica o seu camaleônico transformismo político."
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O artigo "Delfim Netto foi um camaleão na política" por Luiz Carlos Azedo, publicado no Correio Braziliense em 13 de agosto de 2024, destaca a versatilidade política de Delfim Netto, que conseguiu manter influência em diferentes governos e circunstâncias. O texto começa com uma referência à visita de Margaret Thatcher ao Brasil em 1994, durante o governo Itamar Franco e a implementação do Plano Real. Thatcher, convidada por Jorge Paulo Lemann, atraiu grande atenção ao abordar a privatização e a reforma do Estado.
Na época, Luiz Inácio Lula da Silva era o favorito nas eleições presidenciais, mas começou a perder apoio devido à sua oposição ao Plano Real. Outros candidatos importantes mencionados são Orestes Quércia, que propunha um plano inspirado em Juscelino Kubitschek, e Fernando Henrique Cardoso, apoiado por Itamar Franco e o antigo PFL. Paulo Maluf, inicialmente resistente a retirar sua candidatura, acabou desistindo após negociações.
Azedo também detalha a trajetória de Delfim Netto, que, apesar de ter sido um dos signatários do Ato Institucional nº 5 durante o regime militar, conseguiu se manter relevante e influente. Delfim foi ministro da Fazenda, Embaixador na França, ministro da Agricultura e do Planejamento, além de deputado federal por cinco mandatos consecutivos. Sua habilidade de navegar e se adaptar às mudanças políticas é atribuída ao seu pragmatismo e crença no Estado como motor do progresso.
O artigo enfatiza a capacidade de Delfim de atuar em diferentes contextos políticos, tanto à direita quanto à esquerda, e sua visão do positivismo como um elemento unificador da modernização brasileira.
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