Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 18 de julho de 2024
PÓ OU FUMAÇA
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Tuna Universitária do Minho - Tanto Mar
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O Horror ao Universal: Um Monólogo sobre o Brasil Contemporâneo
Ato 1: A Servidão
Cena: O palco está vazio, exceto por uma única cadeira no centro. Luz suave focada na cadeira. A música "Foi bonita a festa, pá" de Rui Guerra e Chico Buarque toca ao fundo. Um ator entra lentamente, veste roupas simples e carrega uma expressão de cansaço.
Ator (O Servo):
(Olhando para o público)
"O servo servia ao senhor. O senhor servia ao rei. O rei servia a Deus. Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. O dono serve a Deus. Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Se Deus não existe, as relações servo e amo ou empregado e patrão se reduzem a pó ou fumaça. Pó no cemitério. Fumaça no crematório."
(Pausa dramática)
"Vivemos em um país onde a exceção é a regra. Onde o patrimonialismo define nossas vidas. Somos todos servos de um sistema que se auto-perpetua, onde os poderosos vivem em palácios e o povo, na miséria."
Falas de Corisco (de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" de Glauber Rocha):
"Mais forte são os poderes do povo. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão."
Ator (O Servo):
(Ecoando as palavras de Corisco)
"O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão... Mas e nós? Nós vamos virar o quê? Pó ou fumaça?"
Ato 2: O Poder e a Personalidade
Cena: A cadeira agora está no centro de um palco mais iluminado. A música aumenta em volume, criando um tom mais intenso. O ator se levanta, ajusta sua postura, agora representando o presidente.
Ator (O Presidente):
"Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. E o dono... serve a Deus. Vivemos em uma roda-gigante de poder e privilégio. Mas ao mesmo tempo, rejeitamos o universal, a igualdade que democratiza. Preferimos a personalização, a exceção."
Falas de Paulo Honório (de "São Bernardo" de Graciliano Ramos):
"Os homens são como pedras de moinho, moem-se uns aos outros."
Ator (O Presidente):
(Mais intenso)
"Moem-se uns aos outros... Vejo isso todos os dias. O mercado é visto como o demônio, enquanto o patrimonialismo é abraçado como a salvação. Mas no fim, somos todos pó e fumaça."
Música: "Foi bonita a festa, pá" continua, agora com uma nota de melancolia.
Ato 3: A Ilusão da Igualdade
Cena: O palco está completamente iluminado agora. O ator retorna à cadeira, mas agora ele é o empregado. A música está no auge, cheia de emoção e tristeza.
Ator (O Empregado):
"Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Mas se Deus não existe... o que nos resta? Apenas a luta incessante, a ilusão de igualdade."
Falas de Deus e o Diabo (Glauber Rocha):
"A luta é uma, a vida é outra. E a morte? A morte é o fim ou é o começo?"
Ator (O Empregado):
"Se Deus não existe, a luta é em vão. Mas se Ele existe, o que muda? No fim, somos todos pó no cemitério ou fumaça no crematório. A raiva não é com o sistema, mas com o fluxo dinâmico do mercado, que derruba o velho e eleva o novo. E nós? Continuamos a ser governados pela mesma lógica patrimonialista."
(Pausa longa)
Metalinguagem:
"O Brasil que abomina a competição e teme o capitalismo. Que prefere a personalização à universalidade. Que odeia a igualdade das regras gerais. Somos um país de exceções, onde os 'eleitos' têm lugares reservados."
Final: O ator se levanta, a música de "Foi bonita a festa, pá" chega ao seu final suave. Ele olha para o público com intensidade.
Ator (O Empregado):
"O que é real? O que é ilusão? Pó e fumaça... no fim, somos todos iguais. Mas quem cria o destino? Quem cria a liberdade?"
Encerramento: As luzes diminuem lentamente até a escuridão total. A música para. Fim do monólogo.
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Este monólogo busca capturar a essência do texto de Roberto DaMatta, explorando a crítica ao patrimonialismo brasileiro e a aversão à competição e ao universalismo. Ao integrar elementos de Augusto Boal e dialogar com obras literárias e cinematográficas brasileiras, o roteiro proporciona uma reflexão profunda sobre a realidade política e social do Brasil contemporâneo.
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Tanto mar . Chico Buarque . Versão Coimbra (POR) - São Paulo (BR)
Exército Contra Nada
22 de mai. de 2020
Dia 25 de abril é comemorado a "Revolução dos Cravos" também é conhecido como o dia "Dia da Liberdade" em Portugal . Uma grande artista e amiga, que vive hoje em Coimbra, me mandou esse vídeo que passa na televisão. Eu pedi para fazer uma participação com Flauta e Saxofone.
A nossa primeira tentativa de uma parceria a distância ficou assim.
Obrigado Luiza e todo mundo que está no vídeo, cantemos o amor e a liberdade.
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Tanto Mar
Chico Buarque
Letra
Significado
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
Composição: Chico Buarque.
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Pó e Fumaça: Diálogo com a Servidão
Epígrafe
"The English Security Service must be very worried. Huge target! 😀"
Ato 1: A Servidão
Cena: Um palco escuro com uma única cadeira no centro. Luz suave focada na cadeira. A música "Foi bonita a festa, pá" de Rui Guerra e Chico Buarque toca ao fundo. O ator entra lentamente, veste roupas simples e carrega uma expressão de cansaço.
Ator (Servo):
(Olhando para o público)
"O servo servia ao senhor. O senhor servia ao rei. O rei servia a Deus. Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. O dono serve a Deus. Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Se Deus não existe, as relações servo e amo ou empregado e patrão se reduzem a pó ou fumaça. Pó no cemitério. Fumaça no crematório."
(Pausa dramática)
"Vivemos em um país onde a exceção é a regra. Onde o patrimonialismo define nossas vidas. Somos todos servos de um sistema que se auto-perpetua, onde os poderosos vivem em palácios e o povo, na miséria."
Falas de Corisco (de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" de Glauber Rocha):
"Mais forte são os poderes do povo. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão."
Ator (Servo):
(Ecoando as palavras de Corisco)
"O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão... Mas e nós? Nós vamos virar o quê? Pó ou fumaça?"
Ato 2: O Poder e a Personalidade
Cena: A cadeira agora está no centro de um palco mais iluminado. A música aumenta em volume, criando um tom mais intenso. O ator se levanta, ajusta sua postura, agora representando o presidente.
Ator (Presidente):
"Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. E o dono... serve a Deus. Vivemos em uma roda-gigante de poder e privilégio. Mas ao mesmo tempo, rejeitamos o universal, a igualdade que democratiza. Preferimos a personalização, a exceção."
Falas de Paulo Honório (de "São Bernardo" de Graciliano Ramos):
"Os homens são como pedras de moinho, moem-se uns aos outros."
Ator (Presidente):
(Mais intenso)
"Moem-se uns aos outros... Vejo isso todos os dias. O mercado é visto como o demônio, enquanto o patrimonialismo é abraçado como a salvação. Mas no fim, somos todos pó e fumaça."
Música: "Foi bonita a festa, pá" continua, agora com uma nota de melancolia.
Ato 3: A Ilusão da Igualdade
Cena: O palco está completamente iluminado agora. O ator retorna à cadeira, mas agora ele é o empregado. A música está no auge, cheia de emoção e tristeza.
Ator (Empregado):
"Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Mas se Deus não existe... o que nos resta? Apenas a luta incessante, a ilusão de igualdade."
Falas de Deus e o Diabo (Glauber Rocha):
"A luta é uma, a vida é outra. E a morte? A morte é o fim ou é o começo?"
Ator (Empregado):
"Se Deus não existe, a luta é em vão. Mas se Ele existe, o que muda? No fim, somos todos pó no cemitério ou fumaça no crematório. A raiva não é com o sistema, mas com o fluxo dinâmico do mercado, que derruba o velho e eleva o novo. E nós? Continuamos a ser governados pela mesma lógica patrimonialista."
(Pausa longa)
Metalinguagem:
"O Brasil que abomina a competição e teme o capitalismo. Que prefere a personalização à universalidade. Que odeia a igualdade das regras gerais. Somos um país de exceções, onde os 'eleitos' têm lugares reservados."
Final: O ator se levanta, a música de "Foi bonita a festa, pá" chega ao seu final suave. Ele olha para o público com intensidade.
Ator (Empregado):
"O que é real? O que é ilusão? Pó e fumaça... no fim, somos todos iguais. Mas quem cria o destino? Quem cria a liberdade?"
Encerramento: As luzes diminuem lentamente até a escuridão total. A música para. Fim do monólogo.
Contextualização da Epígrafe
"The English Security Service must be very worried. Huge target! 😀"
A epígrafe, atribuída hipoteticamente ao Rei Charles III, sugere uma preocupação com grandes alvos, simbolizando figuras públicas ou instituições. Este sentimento pode ser visto como uma metáfora para a constante vigilância e medo enfrentados pelos poderosos em qualquer sistema, incluindo o Brasil. No contexto brasileiro, isso se relaciona com a visão pragmática do presidente Lula em sua recente entrevista, onde ele aborda a complexidade das obrigações fiscais e a necessidade de priorizar questões mais importantes.
Assim como no Reino Unido, onde a realeza deve navegar entre tradições e modernidade, o Brasil enfrenta suas próprias tensões entre patrimonialismo e progresso, entre personalismo e universalidade. O monólogo "Pó e Fumaça" explora essas dinâmicas, refletindo sobre o ciclo perpétuo de poder e servidão, e a luta pela verdadeira igualdade e justiça social.
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Chico Buarque: Tanto Mar | Videoclipe
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Tanto Mar (2ª versão)
Chico Buarque
Letra
Significado
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E ainda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam em tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente em algum
Canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho
De alecrim!
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E ainda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam em tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente em algum
Canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho
De alecrim!
Composição: Chico Buarque.
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UPDATED JUL. 18, 2024, AT 3:13 PM
Who Is Favored To Win The 2024 Presidential Election?
538 uses polling, economic and demographic data to explore likely election outcomes.
Biden wins 53 times out of 100
in our simulations of the 2024 presidential election.
Trump wins 47 times out of 100.
There is a less than 1-in-100 chance of no Electoral College winner.
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Biden
528
Trump
468
No winner
+
4
1,000
simulations
Biden winsTrump wins
1 simulated Electoral College outcome
No winner
D+538
D+200
D+100
D+50
0
R+50
R+100
R+200
R+538
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Pó e Fumaça: O Horror ao Universal
Epígrafe
"The English Security Service must be very worried. Huge target! 😀"
Divisibilidade e Previsibilidade
Dividir para Governar: Mote da Vanguarda do Atraso
Ato 1: A Servidão
Cena: Um palco escuro com uma única cadeira no centro. Luz suave focada na cadeira. A música "Foi bonita a festa, pá" de Rui Guerra e Chico Buarque toca ao fundo. O ator entra lentamente, veste roupas simples e carrega uma expressão de cansaço.
Ator (Servo):
(Olhando para o público)
"O servo servia ao senhor. O senhor servia ao rei. O rei servia a Deus. Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. O dono serve a Deus. Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Se Deus não existe, as relações servo e amo ou empregado e patrão se reduzem a pó ou fumaça. Pó no cemitério. Fumaça no crematório."
(Pausa dramática)
"Vivemos em um país onde a exceção é a regra. Onde o patrimonialismo define nossas vidas. Somos todos servos de um sistema que se auto-perpetua, onde os poderosos vivem em palácios e o povo, na miséria."
Falas de Corisco (de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" de Glauber Rocha):
"Mais forte são os poderes do povo. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão."
Ator (Servo):
(Ecoando as palavras de Corisco)
"O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão... Mas e nós? Nós vamos virar o quê? Pó ou fumaça?"
Ato 2: O Poder e a Personalidade
Cena: A cadeira agora está no centro de um palco mais iluminado. A música aumenta em volume, criando um tom mais intenso. O ator se levanta, ajusta sua postura, agora representando o presidente.
Ator (Presidente):
"Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. E o dono... serve a Deus. Vivemos em uma roda-gigante de poder e privilégio. Mas ao mesmo tempo, rejeitamos o universal, a igualdade que democratiza. Preferimos a personalização, a exceção."
Falas de Paulo Honório (de "São Bernardo" de Graciliano Ramos):
"Os homens são como pedras de moinho, moem-se uns aos outros."
Ator (Presidente):
(Mais intenso)
"Moem-se uns aos outros... Vejo isso todos os dias. O mercado é visto como o demônio, enquanto o patrimonialismo é abraçado como a salvação. Mas no fim, somos todos pó e fumaça."
Música: "Foi bonita a festa, pá" continua, agora com uma nota de melancolia.
Ato 3: A Ilusão da Igualdade
Cena: O palco está completamente iluminado agora. O ator retorna à cadeira, mas agora ele é o empregado. A música está no auge, cheia de emoção e tristeza.
Ator (Empregado):
"Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Mas se Deus não existe... o que nos resta? Apenas a luta incessante, a ilusão de igualdade."
Falas de Deus e o Diabo (Glauber Rocha):
"A luta é uma, a vida é outra. E a morte? A morte é o fim ou é o começo?"
Ator (Empregado):
"Se Deus não existe, a luta é em vão. Mas se Ele existe, o que muda? No fim, somos todos pó no cemitério ou fumaça no crematório. A raiva não é com o sistema, mas com o fluxo dinâmico do mercado, que derruba o velho e eleva o novo. E nós? Continuamos a ser governados pela mesma lógica patrimonialista."
(Pausa longa)
Metalinguagem:
"O Brasil que abomina a competição e teme o capitalismo. Que prefere a personalização à universalidade. Que odeia a igualdade das regras gerais. Somos um país de exceções, onde os 'eleitos' têm lugares reservados."
Final: O ator se levanta, a música de "Foi bonita a festa, pá" chega ao seu final suave. Ele olha para o público com intensidade.
Ator (Empregado):
"O que é real? O que é ilusão? Pó e fumaça... no fim, somos todos iguais. Mas quem cria o destino? Quem cria a liberdade?"
Encerramento: As luzes diminuem lentamente até a escuridão total. A música para. Fim do monólogo.
Contextualização da Epígrafe
"The English Security Service must be very worried. Huge target! 😀"
A epígrafe, atribuída hipoteticamente ao Rei Charles III, sugere uma preocupação com grandes alvos, simbolizando figuras públicas ou instituições. Este sentimento pode ser visto como uma metáfora para a constante vigilância e medo enfrentados pelos poderosos em qualquer sistema, incluindo o Brasil. No contexto brasileiro, isso se relaciona com a visão pragmática do presidente Lula em sua recente entrevista, onde ele aborda a complexidade das obrigações fiscais e a necessidade de priorizar questões mais importantes.
Assim como no Reino Unido, onde a realeza deve navegar entre tradições e modernidade, o Brasil enfrenta suas próprias tensões entre patrimonialismo e progresso, entre personalismo e universalidade. O monólogo "Pó e Fumaça" explora essas dinâmicas, refletindo sobre o ciclo perpétuo de poder e servidão, e a luta pela verdadeira igualdade e justiça social.
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quarta-feira, 17 de julho de 2024
Luiz Carlos Azedo - Gravações de Ramagem exumam as “rachadinhas”
Correio Braziliense
Arquivada pela Justiça do Rio, MP pode reabrir a investigação sobre o envolvimento do clã Bolsonaro no escândalo da Assembléia Legislativa fluminense
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ao derrubar o sigilo do inquérito sobre a chamada Abin paralela — que investiga atuação do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), delegado federal, quando à frente dos serviços de inteligência no governo passado —, aperta o cerco contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é um dos arrolados.
Nas gravações de uma reunião entre ambos, da qual participaram o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e duas advogadas, fica evidente a intenção de abafar o escândalo das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no qual estava envolvido o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), deputado estadual à época do escândalo. Heleno chega a chamar a atenção de que a conversa não poderia ter vazamentos.
Segundo a Polícia Federal (PF), o objetivo da reunião — gravada por Ramagem, supostamente com conhecimento de Bolsonaro — seria anular as provas do escândalo das “rachadinhas”, com o argumento de que o caso era uma “árvore envenenada” por ser uma operação ilegal na Receita Federal — tese de defesa das advogadas do senador. Foi o que acabou acontecendo: em 2022, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aceitou o pedido do Ministério Público (MP-RJ) e rejeitou a denúncia de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro contra o parlamentar.
Desde 2020, o filho mais velho do ex-presidente era acusado de recolher parte do salário de funcionários públicos em benefício próprio, no seu antigo gabinete na Alerj, onde foi deputado estadual de 2003 a 2019. O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, então chefe de gabinete de Flávio, foi apontado como operador do esquema. Após ser preso, reconheceu a existência da prática. Mais 15 ex-assessores foram denunciados.
Em 2018, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já havia apontado uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor Fabrício Queiroz, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, com depósitos e saques em dinheiro vivo, em datas próximas do pagamento de servidores da Alerj. As quebras dos sigilos fiscais de Queiroz e de Márcia Aguiar, sua mulher, mostraram, ainda, que a então primeira-dama Michelle Bolsonaro recebera depósitos de ambos, que totalizavam R$ 89 mil, entre 2011 e 2016.
À época, Bolsonaro disse que o valor era a devolução de um empréstimo de R$ 40 mil concedido por ele a Queiroz. Os dados bancários não comprovam o recebimento desse empréstimo. Bolsonaro já era presidente e Flávio exercia o mandato senador, com direito a foro privilegiado no STF, quando, após recursos, houve o entendimento do TJ-RJ de que, por ter emendado os mandatos de deputado estadual e de senador, Flávio manteria o foro privilegiado no tribunal estadual.
Reabertura de caso
O caso saiu das mãos do juiz da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro para a jurisdição do Órgão Especial do TJ-RJ, composto por 25 desembargadores, antes de ser arquivado. À época, Flávio classificou a investigação como ilegal. No começo do seu governo, a popularidade de Bolsonaro havia caído e sua base no Congresso era muito frágil. O escândalo das “rachadinhas” gerou muita tensão, porque a oposição tentava articular um pedido de impeachment. Paranoico, Bolsonaro avaliava que seu vice, o general Hamilton Mourão, hoje senador gaúcho pelo Republicanos, desejava seu lugar.
A gravação obtida pela PF mostra que a reunião durou 1h08, em 25 de agosto de 2020. No encontro, Ramagem propôs abrir procedimentos administrativos contra os auditores-fiscais que investigaram Flávio para anular as provas, e Bolsonaro concordou. A estratégia foi bem-sucedida. O arquivamento do inquérito das “rachadinhas” não impede o Ministério Público de reabrir o caso, o que pode ser o desdobramento do inquérito da Abin paralela. As novas provas seriam independentes daquelas que foram declaradas ilícitas.
Ramagem disse à imprensa que gravou a reunião porque havia a desconfiança de que surgiria uma proposta “não-republicana” do então governador Wilson Witzel, que também era visto como conspirador por Bolsonaro. A proposta não se confirmou. Entretanto, o ex-presidente afirma que o ex-governador fluminense teria prometido ajuda para blindar Flávio na investigação das “rachadinhas” em troca de uma vaga no Supremo.
Bolsonaro diz na gravação: “O ano passado (2019), no meio do ano, encontrei com o (Wilson) Witzel, não tive notícia [inaudível] bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. ‘Me dá uma vaga no Supremo. (…) Sede de poder'”. Acrescentou: “Então, você sabe o que vale você ter um ministro irmão teu no Supremo”. Após a revelação de Bolsonaro, as advogadas se surpreendem e o ex-presidente explica que a vaga seria para o desembargador Flávio Itabaiana, responsável por julgar a suspeita de rachadinha.
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Pó e Fumaça: O Horror ao Universal
Epígrafe
"The English Security Service must be very worried. Huge target! 😀"
Divisibilidade e Previsibilidade
Dividir para Governar: Mote da Vanguarda do Atraso
Ato 1: A Servidão
Cena: Um palco escuro com uma única cadeira no centro. Luz suave focada na cadeira. A música "Foi bonita a festa, pá" de Rui Guerra e Chico Buarque toca ao fundo. O ator entra lentamente, veste roupas simples e carrega uma expressão de cansaço.
Ator (Servo):
(Olhando para o público)
"O servo servia ao senhor. O senhor servia ao rei. O rei servia a Deus. Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. O dono serve a Deus. Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Se Deus não existe, as relações servo e amo ou empregado e patrão se reduzem a pó ou fumaça. Pó no cemitério. Fumaça no crematório."
(Pausa dramática)
"Vivemos em um país onde a exceção é a regra. Onde o patrimonialismo define nossas vidas. Somos todos servos de um sistema que se auto-perpetua, onde os poderosos vivem em palácios e o povo, na miséria."
Falas de Corisco (de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" de Glauber Rocha):
"Mais forte são os poderes do povo. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão."
Ator (Servo):
(Ecoando as palavras de Corisco)
"O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão... Mas e nós? Nós vamos virar o quê? Pó ou fumaça?"
Ato 2: O Poder e a Personalidade
Cena: A cadeira agora está no centro de um palco mais iluminado. A música aumenta em volume, criando um tom mais intenso. O ator se levanta, ajusta sua postura, agora representando o presidente.
Ator (Presidente):
"Deus serve ao presidente. O presidente serve ao dono. E o dono... serve a Deus. Vivemos em uma roda-gigante de poder e privilégio. Mas ao mesmo tempo, rejeitamos o universal, a igualdade que democratiza. Preferimos a personalização, a exceção."
Falas de Paulo Honório (de "São Bernardo" de Graciliano Ramos):
"Os homens são como pedras de moinho, moem-se uns aos outros."
Ator (Presidente):
(Mais intenso)
"Moem-se uns aos outros... Vejo isso todos os dias. O mercado é visto como o demônio, enquanto o patrimonialismo é abraçado como a salvação. Mas no fim, somos todos pó e fumaça."
Música: "Foi bonita a festa, pá" continua, agora com uma nota de melancolia.
Ato 3: A Ilusão da Igualdade
Cena: O palco está completamente iluminado agora. O ator retorna à cadeira, mas agora ele é o empregado. A música está no auge, cheia de emoção e tristeza.
Ator (Empregado):
"Deus serve ao empregado. Servo e empregado na obediência criam Deus. Mas se Deus não existe... o que nos resta? Apenas a luta incessante, a ilusão de igualdade."
Falas de Deus e o Diabo (Glauber Rocha):
"A luta é uma, a vida é outra. E a morte? A morte é o fim ou é o começo?"
Ator (Empregado):
"Se Deus não existe, a luta é em vão. Mas se Ele existe, o que muda? No fim, somos todos pó no cemitério ou fumaça no crematório. A raiva não é com o sistema, mas com o fluxo dinâmico do mercado, que derruba o velho e eleva o novo. E nós? Continuamos a ser governados pela mesma lógica patrimonialista."
(Pausa longa)
Metalinguagem:
"O Brasil que abomina a competição e teme o capitalismo. Que prefere a personalização à universalidade. Que odeia a igualdade das regras gerais. Somos um país de exceções, onde os 'eleitos' têm lugares reservados."
Final: O ator se levanta, a música de "Foi bonita a festa, pá" chega ao seu final suave. Ele olha para o público com intensidade.
Ator (Empregado):
"O que é real? O que é ilusão? Pó e fumaça... no fim, somos todos iguais. Mas quem cria o destino? Quem cria a liberdade?"
Encerramento: As luzes diminuem lentamente até a escuridão total. A música para. Fim do monólogo.
Contextualização da Epígrafe
"The English Security Service must be very worried. Huge target! 😀"
A epígrafe, hipoteticamente atribuída ao Rei Charles III, sugere uma preocupação com grandes alvos, simbolizando figuras públicas ou instituições. Este sentimento pode ser visto como uma metáfora para a constante vigilância e medo enfrentados pelos poderosos em qualquer sistema, incluindo o Brasil. No contexto brasileiro, isso se relaciona com a visão pragmática do presidente Lula em sua recente entrevista, onde ele aborda a complexidade das obrigações fiscais e a necessidade de priorizar questões mais importantes.
Assim como no Reino Unido, onde a realeza deve navegar entre tradições e modernidade, o Brasil enfrenta suas próprias tensões entre patrimonialismo e progresso, entre personalismo e universalidade. O monólogo "Pó e Fumaça" explora essas dinâmicas, refletindo sobre o ciclo perpétuo de poder e servidão, e a luta pela verdadeira igualdade e justiça social.
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Roberto DaMatta - O Horror ao Universal
Síntese e Análise
Roberto DaMatta, em sua crônica "O horror ao universal," argumenta que o Brasil está preso em um ciclo de patrimonialismo que impede o progresso verdadeiro e a igualdade. Abominando a competição e temendo o capitalismo, o país prefere a personalização e a exceção, onde privilégios e regalias são a norma. DaMatta destaca que todos os regimes políticos enfrentaram os mesmos problemas crônicos, como a corrupção e o descontrole fiscal, sem nunca conseguir rompê-los.
Essa visão é ecoada pela análise de Luiz Carlos Azedo sobre as gravações de Ramagem e o escândalo das "rachadinhas," que ilustra como o poder é manipulado para proteger interesses pessoais e familiares. A tentativa de anular provas e encerrar investigações é um exemplo clássico do patrimonialismo que DaMatta critica, onde as regras são adaptadas para servir aos poderosos em detrimento da justiça e da igualdade.
Em ambos os textos, vemos uma crítica contundente à falta de universalidade e impessoalidade no sistema brasileiro. Enquanto DaMatta sugere que o temor do capitalismo dinâmico leva à rejeição das regras universais que democratizam, Azedo mostra como essas práticas concretas perpetuam a desigualdade e a corrupção, prejudicando a nação como um todo.
Metáforas e Símbolos
Roda-Gigante vs. Roda-Rolante e Roda-Girante
A metáfora da "roda-gigante" representa a constante rotação de poder e privilégio, onde os mesmos indivíduos e famílias continuam a subir e descer sem que haja uma verdadeira mudança estrutural. A "roda-rolante" e a "roda-girante" simbolizam o movimento incessante e repetitivo do sistema, onde o progresso aparente não passa de um ciclo contínuo de regressão e manutenção do status quo.
Conclusão
Os textos de DaMatta e Azedo, juntamente com o monólogo "Pó e Fumaça," apresentam uma crítica profunda ao patrimonialismo e à falta de universalidade no Brasil. Através de metáforas, críticas sociais e uma análise contundente, vemos como o sistema perpetua a desigualdade e impede o verdadeiro progresso, mantendo o país em um ciclo vicioso de poder e privilégio. Em última análise, a verdadeira mudança só será possível quando o país abraçar a universalidade e a igualdade que democratizam e fazem de todos os cidadãos donos do patrimônio nacional.
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