domingo, 3 de março de 2024

Tempus Veritatis

"Às vezes um silêncio é mais eloquente que a fala.", diz um membro do Alto Comando das Forças Armadas. ------------ -------------- Padre António Vieira, o Imperador da Língua Portuguesa Jorge Borges 19 de set. de 2021 Religioso, filósofo, diplomata e escritor, é também considerado um dos maiores oradores portugueses. O jesuíta padre António Vieira (1608-1697) mostrou-se contrário à ação da inquisição. Fernando Pessoa chamou-lhe o “Imperador da Língua Portuguesa”. É considerada uma das mais influentes personagens portuguesas do seu tempo. Foi homem de confiança de D. João IV que o enviou pela Europa com importantes missões diplomáticas. Orador privilegiado, os seus sermões atraiam multidões em Lisboa. Foi missionário no Brasil onde defendeu os direitos dos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era também anti- esclavagista. Defendeu ainda os judeus e a abolição da distinção entre cristãos novos e velhos. Mal compreendido e alvo de ódios diversos,regressou ao Brasil, onde tinha vivido em criança, e onde faleceu. ________________________________________________________________________________________________________ -------------
----------- UM REINO ADORMECIDO -------------
------------------- Nas entrelinhas: Novo coronelismo mostra abuso de poder econômico e impunidade Publicado em 03/03/2024 - 08:47 Luiz Carlos Azedo Brasília, Cidades, Congresso, Cultura, Eleições, Ética, Governo, Justiça, Literatura, Memória, Partidos, Política, Política, Religião, Violência Desde o tsunami eleitoral de 2018, os partidos operam um movimento de blindagem eleitoral que se caracteriza pelo abuso do poder econômico e garantias de impunidade Um presidente da República não pode ser investigado nem processado pelo Supremo Tribunal Federal no exercício do mandato. Somente o Congresso pode fazê-lo, por um processo de impeachment, seja por causa da compra irregular de um Fiat Elba, seja uma “pedalada fiscal”, como aconteceu com os ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, respectivamente. É um processo político, cujo desfecho depende da consistência de sua base parlamentar. Ministros do STF também têm prerrogativas excepcionais, mas podem ter seus mandatos cassados pelo Senado. Senadores e deputados não têm essa prerrogativa. Podem ser investigados e processados, como qualquer cidadão, mas apenas pelo Supremo, além da própria Casa. Agora, porém, a oposição e o baixo clero da Câmara se articularam para votar uma mudança constitucional que lhes garanta impunidade no exercício do mandato, obstruindo investigações da Polícia Federal (PF), que só ocorrem a mando do STF, por terem foro privilegiado. Além disso, querem acabar com esse mesmo foro para serem processados em primeira instância e, ainda, proibir decisões monocráticas sobre a constitucionalidade de suas deliberações e restringir o mandato dos ministros do Supremo. Antes de outras considerações, é importante destacar que, aqui, não se trata de jogar a criança fora com a água da bacia. O Congresso é a representação política do conjunto da sociedade, reflete seu nível cultural e de consciência social, um perfil que, historicamente, está associado à qualidade da formação educacional dos eleitores, à forma como a sociedade se estrutura e ao regime político. O conservadorismo, o negacionismo, a transgressão e outros comportamentos que se fazem representar no Congresso somente serão superados quando houver uma ruptura da modernização do país com o atraso, o que nunca ocorreu. Esse mesmo Congresso é o pilar da democracia e protagonista das reformas necessárias à modernização do Estado brasileiro, embora, ao mesmo tempo, conviva com a exclusão e as iniquidades sociais. Não pode ser objeto de um olhar maniqueísta. Tanto que não embarcou na tentativa de golpe de 8 de janeiro — manteve-se fiel à Constituição e respeitou o resultado das urnas, embora a maioria de suas lideranças tenha apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro. Desde o tsunami eleitoral de 2018, o Congresso, liderado pela Câmara dos Deputados, opera um movimento de blindagem eleitoral que se caracteriza pelo abuso do poder econômico nas eleições, por meio de vultosas verbas do Orçamento da União e do controle sobre os fundos partidário e eleitoral. O continuado esforço da cúpula das legendas para controlar verticalmente os partidos, por meio de comissões provisórias, e assegurar a reprodução dos seus mandatos, com o financiamento público, restringe as possibilidades de renovação política, porque cria uma “disparidade de armas” nas campanhas eleitorais. Um claro abuso de poder econômico, inclusive dentro das próprias legendas. Partidocracia Os mandatos se perpetuam ou se renovam no próprio âmbito familiar, por razões etárias ou legais. Esse fenômeno não é novo, mas recrudesceu com a emergência das redes sociais e a eleição de “influenciadores” com votações espetaculares, que rompeu as blindagens. Certas frentes parlamentares — evangélicos, agronegócio, bancada da bala, por exemplo, que se apoiam em estruturas poderosas economicamente — transpassam os partidos e, em alguns casos, têm mais influência do que as bancadas nas decisões da Câmara. O jurista italiano Norberto Bobbio descreve a partidocracia como o domínio dos partidos sobre toda a esfera da vida política: “Em vez de subordinarem os interesses partidários e pessoais aos interesses gerais, grandes e pequenos partidos disputaram para ver quem consegue desfrutar, com maior astúcia, de todas as oportunidades para ampliar a própria esfera de poder. Em vez de assumirem as responsabilidades de seus comportamentos mais clamorosos e criticáveis, empregam toda a habilidade dialética para demonstrar que a responsabilidade é do adversário, a tal ponto que o país vai se arruinando e ninguém é responsável” (As ideologias e o poder em crise, Editora UnB, DF, 1999). As principais ferramentas da partidocracia são o financiamento público das legendas e das campanhas, e a atribuição de cargos em vastos setores da sociedade e da economia, segundo critérios predominantemente políticos. Essa formulação nasceu na crise política italiana dos anos 1980, que levaria de roldão seus principais partidos – Democracia Cristã, Partido Comunista e Partido Socialista —, mas se aplica perfeitamente ao que estamos vendo no Brasil. Em algum momento, a sociedade reagirá como em junho de 2013. Entretanto, temos uma agravante: a simbiose com o coronelismo recidivo, alavancado pelo poder do agronegócio. Clássico da ciência política brasileira, Coronelismo, enxada e voto, o município e o sistema representativo no Brasil (Companhia das Letras), de Victor Nunes Leal, publicado em 1948, descreveu o fenômeno como um sistema que articulava os poderes central e local, a partir dos interesses da elite rural. Inaugurado pelo governo Campos Sales (1898-1902), com sua política dos governadores, na base do “é dando que se recebe”, era uma cadeia de favores que se estendia do presidente da República aos fazendeiros e trabalhadores rurais, por meio do chamado voto de cabresto, imposto pela força dos coronéis da antiga Guarda Nacional. O título era adquirido por representantes da elite rural e que lhe dava o direito de formar suas próprias milícias. Não estamos nesse estágio, mas chegamos perto no governo Bolsonaro. O cabresto agora também existe na periferia e favelas das cidades. Colunas anteriores no Blog do Azedo: https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/ Compartilhe: ________________________________________________________________________________________________________ ------------ -------------- Debate na Band: Presidencial 1994 – 1º turno – Parte 6 Band Jornalismo Confira o último bloco do Debate na Band que reuniu pela primeira vez os candidatos à Presidência da República nas eleições de 1994. Participaram do debate Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Orestes Quércia (PMDB), Leonel Brizola (PDT), Hernani Goulart Fortuna (PSC), Esperidião Amin (PPR) e Enéas Carneiro (PRONA). https://www.youtube.com/watch?v=GUAN50lw4uw -------------- Única vez em que Lula e FHC discutiram o plano Real - ou qualquer outro assunto em público. Foi depois de um debate promovido pelo SBT com todos os candidatos de 94. Eu estava entrevistando Lula, depois do programa. Ele criticava duramente plano Real. FH dava entrevista a outros repórteres bem ao lado, ouviu as críticas e resolveu intervir na conversa, que durou poucos minutos. Nunca mais depois disso. FH ganhou a eleição no 1o turno. Comentar Noah Shuster @noahshuster · 2 de mar A oposição foi grande, mas superamos aqueles que torciam contra. 10:29 AM · 2 de mar de 2024 https://www.youtube.com/watch?v=GUAN50lw4uw ________________________________________________________________________________________________________ --------------- ________________________________________________________________________________________________________ ☝️"Coronelismo", termo usado pelo candidato à presidência apenas no pós-debate, em interferência na entrevista que seu adversário concedia ao lado de Mônica, e o resto é "a herança maldita" que embalou o discurso do coronel que hoje é Comandante-em-Chefe das Forças Armadas do país. Meu silêncio por meu reino. Neste silêncio, eu cavalgo para assustar as cavalgaduras. Elas me conduzem, ah! Aí sim, falando avulsamente no atacado e no varejo. Aí, meu irmão, o mundo é meu cercadinho.👇 ________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------- Debate na Band: Presidencial 1994 – 1º turno – Parte 6 Band Jornalismo Confira o último bloco do Debate na Band que reuniu pela primeira vez os candidatos à Presidência da República nas eleições de 1994. Participaram do debate Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Orestes Quércia (PMDB), Leonel Brizola (PDT), Hernani Goulart Fortuna (PSC), Esperidião Amin (PPR) e Enéas Carneiro (PRONA). ________________________________________________________________________________________________________ ------------- ------------ Clarice Caetano Veloso ------------- Há muita gente Apagada pelo tempo Nos papéis desta lembrança Que tão pouca me ficou Igrejas brancas Luas claras nas varandas Jardins de sonho e cirandas Foguetes claros no ar Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme No coração Clarice era morena Como as manhãs são morenas Era pequena no jeito De não ser quase ninguém Andou conosco caminhos De frutas e passarinhos Mas jamais quis se despir Entre os meninos e os peixes Entre os meninos e os peixes Entre os meninos e os peixes Do rio, do rio Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme No coração Tinha receio do frio Medo de assombração Um corpo que não mostrava Feito de adivinhações Os botões sempre fechados Clarice tinha o recato De convento e procissão Eu pergunto o mistério Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme No coração Soldado fez continência O coronel reverência O padre fez penitência Três novena e uma trezena Mas Clarice era a inocência Nunca mostrou-se a ninguém Fez-se modelo das lendas Fez-se modelo das lendas Das lendas que nos contaram As avós Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme No coração Tem que um dia amanhecia E Clarice, assistiu minha partida Chorando pediu lembrança E vendo o barco se afastar de Amaralina Desesperadamente linda Soluçando e lentamente E lentamente despiu o corpo moreno E entre todos os presentes Té que seu amor sumisse Permaneceu no adeus chorando e nua Para que a tivesse toda Todo o tempo que existisse Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme No coração Composição: Caetano Veloso / Jose Carlos Capinam. ________________________________________________________________________________________________________ ------------- Livro O Reino Adormecido Adaptação teatral de uma das histórias de Era uma vez um reino sonolento. O livro conta a história do Reino Alegre após a morte da linda princesa Clarice. que caiu do alto da torre do palácio. Após essa tragédia. por decreto de Sua Majestade. o Rei Soberano. todos os súditos devem retirar suas roupas coloridas e vestir roupas pretas porque o reino está de luto. -------------- "Deus conta as lágrimas das mulheres", registra o Talmude, belo livro da tradição judaica. A espessura enigmática da frase suscita várias interpretações, mas o sentido conflui para o pensamento da sensibilidade feminina como acréscimo de sabedoria e advertência para que se redobre o respeito à geração da espécie humana." ------------- ------------- -------------- Mônica Salmaso & Hamilton de Holanda | Rosa | Juntos & Together Hamilton de Holanda Oficial Estreou em 3 de jun. de 2020 JUNTOS & TOGETHER é um projeto para aproximar as fronteiras, Juntos pela música, TOGETHER pela amizade. Vibramos por um mundo de alegria e paz ritmados pela harmonia e melodia. Aqui Hamilton recebe o grande cantora MÔNICA SALMASO cantando ROSA do maravilhoso PIXINGUINHA com letra de Otávio de Souza. ---------------- "Deus conta as lágrimas das mulheres", registra o Talmude, belo livro da tradição judaica. A espessura enigmática da frase suscita várias interpretações, mas o sentido conflui para o pensamento da sensibilidade feminina como acréscimo de sabedoria e advertência para que se redobre o respeito à geração da espécie humana. Num poema sobre a tragédia nuclear ("A Rosa de Hiroshima"), Vinícius de Moraes exorta a que "pensem nas mulheres, rotas alteradas", assim como "pensem nas crianças, mudas telepáticas". ------------ "A Constituição de 1824 dava uma condição "inviolável e sagrada" ao imperador, que não estaria "sujeito a responsabilidade alguma". Depois de distorcer uma discussão séria sobre invasão de competências pelo STF, os deputados e senadores já podem escolher um título de nobreza." -------------
----------- DELAÇÃO DE CID LEVOU AO CORAÇÃO DO GOLPISMO OPERAÇÃO ATINGE ALTO ESCALÃO DA MÁQUINA QUE ATUOU PARA INTERFERIR NO PROCESSO DEMOCRÁTICO -----------
------------ | Delação de Cid levou PF ao coração do golpismo. Operação atinge alto escalão de uma máquina que atuou para interferir no processo democrático De folha.uol.com.br 9:20 AM · 8 de fev de 2024 Folha de S.Paulo X https://twitter.com › folha › status 8 de fev. de 2024 — | Delação de Cid levou PF ao coração do golpismo. Operação atinge alto escalão de uma máquina que atuou para interferir no processo democrático. ________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ domingo, 3 de março de 2024 Bruno Boghossian - Uma questão de nobreza Folha de S. Paulo Se a PF erra e abusa, deputados e senadores buscam medida para ficar fora do alcance de qualquer investigação ________________________________________________________________________________________________________ -------------- ---------- Um Grito Parado no Ar Bruno de La Rosa Vasta Cidade, Festa de Alguém Moro no fim de um escuro corredor Papel jornal fazendo as vezes de vidraça Quarto mirim que só tem cheiro de bolor, Eu vivo assim, em cada esquina uma ameaça. Não peço nada, eu não quero me envolver, Na rua nua em cada cara uma desgraça. Há tanta gente procurando esquecer Que a vida é à-toa, a morte chega e tudo passa. Quem souber de alguma coisa Venha logo me avisar Sei que há um céu sobre esta chuva E um grito parado no ar A vida enfim é um escuro corredor Leio jornal e muitas vezes acho graça E quanto a mim, estou vivendo de favor Não sou ruim embora viva de trapaça Não peço nada, eu não quero me envolver Até a lua tem as nuvens por mordaça Assassinada mesmo antes de nascer A esperança sobe aos céus como fumaça. Quem souber de alguma coisa Venha logo me avisar Sei que há um céu sobre esta chuva E um grito parado no ar Compositor: Toquinho / Gianfrancesco Guarnieri ________________________________________________________________________________________________________ UM GRITO PARADO NO AR Essa citação evoca uma sabedoria profunda. Às vezes, o silêncio tem o poder de transmitir mais do que palavras podem expressar. Pode refletir ponderação, respeito, ou até mesmo desacordo. Em certas situações, a ausência de palavras pode falar volumes, transmitindo uma mensagem poderosa por si só.
------------ Difference Between Flair and Flare --------------
------------- Fala do Trono (Dom Pedro II na Abertura da Assembléia Geral), 1872, coleção Museu Imperial, Pedro Américo. ------------- Série 'Falas do Trono', do Senado, é considerada patrimônio documental pela Unesco Isabela Vilar e Nelson Oliveira | 20/10/2014, 19h07 Fonte: Agência Senado http://www.vonregium.com/majestatis/ ________________________________________________________________________________________________________ ----------- Ato 1: A Ascensão do Autoritarismo Cena 1: O Salão do Trono Imagem sugerida: Um trono imponente, adornado com símbolos de poder, domina o centro do palco. À sua volta, cortinas pesadas e sombrias sugerem um ambiente de intriga e autoritarismo. (Sem Argumento, o Rei tirano, está de pé diante de seu Eminência Parda 1, um conselheiro enigmático e reservado. O Rei está visivelmente irritado.) SEM ARGUMENTO: (Elevando a voz) Você está louco? (Sua expressão é de desafio, buscando qualquer sinal de fraqueza em Eminência Parda 1) (Eminência Parda 1 permanece em silêncio, sua postura inabalável.) SEM ARGUMENTO: (Escalando seu mandonismo) Má fé! (Seus olhos faiscam com raiva enquanto ele tenta provocar uma reação em Eminência Parda 1) (O silêncio de Eminência Parda 1 apenas aumenta a fúria de Sem Argumento.) SEM ARGUMENTO: (Agora furioso) Mau caráter? (Ele grita, buscando desesperadamente uma resposta) (Silêncio. Eminência Parda 1 permanece impassível, enfrentando a tempestade com tranquilidade.) SEM ARGUMENTO: (Desesperado, recorrendo a palavras chulas e ofensivas) Ah! Há um burro e viado, há! (Ele lança insultos, mas Eminência Parda 1 continua imóvel, seu silêncio cortante como uma lâmina) As cortinas descem lentamente, encerrando a cena enquanto a sirene ensurdecedora ecoa, simbolizando a ameaça iminente do autoritarismo. Cena 2: O Conselho Secreto Imagem sugerida: Uma sala escura e sombria, iluminada apenas pela luz fraca de tochas nas paredes. Uma mesa de carvalho maciço domina o centro da sala, cercada por cadeiras altas e desconfortáveis. (Sem Argumento está sentado à cabeceira da mesa, rodeado por seus conselheiros mais próximos. Eminência Parda 1 está à sua direita, emanando uma aura de mistério.) SEM ARGUMENTO: (Com voz autoritária) Eu exijo respostas! Por que você permanece em silêncio diante de mim, Eminência? (Eminência Parda 1 permanece tranquilo, seus olhos penetrantes fixos em Sem Argumento.) EMINÊNCIA PARDA 1: O silêncio muitas vezes fala mais alto do que as palavras, meu Rei. (Sua voz é calma, mas cheia de significado) SEM ARGUMENTO: (Furioso) Não me dê lições! Eu sou o Rei! Eu exijo respeito e obediência! (Eminência Parda 1 apenas balança a cabeça, sua expressão imperturbável.) EMINÊNCIA PARDA 1: Respeito e obediência devem ser conquistados, não exigidos, meu Rei. (Ele se levanta lentamente, indicando que a reunião acabou) As luzes diminuem lentamente enquanto os conselheiros se retiram, deixando Sem Argumento sozinho com sua raiva e frustração. --------------
--------------- Ato 2: O Silêncio que Desafia Cena 1: O Julgamento Imagem sugerida: Um tribunal sombrio, com bancos de madeira desgastada ocupados por uma multidão silenciosa. No centro, uma plataforma elevada onde Sem Argumento está sentado, enfrentando seus acusadores. (Sem Argumento está diante de um tribunal de seus súditos, acusado de abuso de poder e tirania. Ele está visivelmente perturbado, mas tenta manter sua compostura.) SEM ARGUMENTO: (Desesperado) Eu sou o Rei! Eu tenho o direito de governar como quiser! (A multidão permanece em silêncio, seus olhos cheios de desafio e descontentamento.) ACUSADOR: (Com voz firme) O poder sem responsabilidade é tirania! Você abusou de sua posição e trouxe sofrimento ao nosso povo! (Sem Argumento olha ao redor, buscando apoio, mas encontra apenas olhares acusadores e silêncio.) SEM ARGUMENTO: (Cada vez mais agitado) Isso é uma farsa! Vocês não têm direito de me julgar! (O silêncio da multidão é ensurdecedor, um eco de sua desaprovação.) Cena 2: O Confronto Final Imagem sugerida: Um campo de batalha escuro e sombrio, onde os exércitos de Sem Argumento e seus oponentes se enfrentam em um confronto épico. (Sem Argumento está montado em seu cavalo, liderando suas tropas para a batalha final. Seu rosto está contorcido de raiva e determinação.) SEM ARGUMENTO: (Gritando para seus soldados) Avancem! Não recuem diante desses traidores! (Os oponentes de Sem Argumento permanecem em silêncio, mas suas fileiras estão firmes e determinadas.) LÍDER OPOSTO: (Com voz calma, mas cheia de autoridade) Não desejamos derramar mais sangue. Renda-se, e evitaremos mais derramamento de sangue. (Sem Argumento fica chocado com a oferta de paz, mas sua teimosia o impede de aceitar.) SEM ARGUMENTO: (Furioso) Nunca! Eu prefiro morrer a ceder a vocês! (Os dois lados se chocam em um tumulto caótico de espadas e lanças, enquanto o silêncio do campo de batalha é quebrado apenas pelo som dos gritos dos feridos e moribundos.) As cortinas se fecham lentamente, enquanto o som da batalha diminui, deixando para trás apenas o silêncio da morte e da destruição. _________________________________________________________________________________________________________ --------------
------------ "Avoir du flair” - Francês Fluente ---------- O QUE SIGNIFICA EM FRANCÊS ? “Avoir du flair” Essa expressão idiomática contém a palavra “flair” que em francês significa “olfato” ou “faro”. A tradução literal é “ter olfato”, “ter faro” e significa “ter intuição”, “ter a capacidade de adivinhar algo” ou “ser perspicaz”. Agora, você vai aprender como usar essa expressão com as frases a seguir. Lembre que os áudios das frases estão disponíveis para download para que você possa treinar o ouvido e repetí-las até assimilar perfeitamente o sentido e a pronúncia. On y va? Cet inspecteur a du flair: il trouve toujours les coupables. Esse investigador tem faro: ele acha sempre os culpados. Elle a du flair pour les affaires d'argent. Il ne lui manque jamais rien. Ela tem intuição para as questões de dinheiro. Nunca lhe falta nada. Un bon vendeur doit avoir du flair pour prévoir ce qui va se vendre. Um bom vendedor tem que ser perspicaz para prever o que vai vender. Il a du flair et il a trouvé la solution à son problème. Ele tem faro e encontrou a solução de seu problema. Tu as du flair pour les belles choses. Você tem faro para as coisas belas. Dans la vie, il faut avoir du flair pour éviter les faux amis. Na vida, é preciso ter intuição para evitar os falsos amigos. https://www.francesfluente.com/avoir-du-flair/ -----------
------------- flair noun UK /fleər/ US /fler/ natural ability to do something well: flair for He has a flair for languages. Sinônimos aptitudegift (ABILITY)talent (NATURAL ABILITY) ------------------ -------------- 1:49 / 26:22 • Spring.recorded in 1970. Album: "Concierto para quinteto" (1971). Performers: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneon; Antonio Agri: violin; Osvaldo Manzi: piano; Cacho Tirao: electric guitar; Enrique "Kicho" Díaz: bass). Running time: 5'10. Astor Piazzolla - Las cuatro estaciones porteñas (Compilado) MLNF1986 4.208.773 visualizações 23 de out. de 2012 Compositor: Astor Piazzolla (1921-1992) -Primavera (0:00): grabado en 1970. Album: "Concierto para quinteto" (1971). Intérpretes: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneón; Antonio Agri: violín; Osvaldo Manzi: piano; Cacho Tirao: guitarra eléctrica; Enrique "Kicho" Díaz: contrabajo). Duración: 5'10. -Verano (5:14): grabado en 1972. Album: "Música popular contemporánea de la ciudad de Buenos Aires, Vol. 2" (1972). Intérpretes: Astor Piazzolla y su Conjunto 9 (Astor Piazzolla: bandoneón; Osvaldo Tarantino: piano; Antonio Agri y Hugo Baralis: violines; Néstor Panik: viola; José Bragato: cello; Enrique "Kicho" Díaz: contrabajo; Oscar López Ruiz: guitarra eléctrica; José Correale: batería). Duración: 9'25. -Otoño (14:38): grabado en 1969. Album: "Adiós Nonino" (1969). Intérpretes: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneón; Dante Amicarelli: piano; Antonio Agri: violín; Enrique "Kicho" Díaz: contrabajo; Oscar López Ruiz: guitarra eléctrica). Duración: 5'09. -Invierno (19:48): grabado en 1970. Album: "Concierto para quinteto" (1971). Intérpretes: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneón; Antonio Agri: viola; Osvaldo Manzi: piano; Cacho Tirao: guitarra eléctrica; Enrique "Kicho" Díaz: contrabajo). Duración: 6'36. Duración total: 26'22. Todos los derechos reservados a quienes corresponda. Sin fines comerciales. --------- Composer: Astor Piazzolla (1921-1992) -Spring (0:00): recorded in 1970. Album: "Concierto para quinteto" (1971). Performers: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneon; Antonio Agri: violin; Osvaldo Manzi: piano; Cacho Tirao: electric guitar; Enrique "Kicho" Díaz: bass). Running time: 5'10. -Summer (5:14): recorded in 1972. Album: "Música popular contemporánea de la ciudad de Buenos Aires, Vol. 2" (1972). Performers: Astor Piazzolla y su Conjunto 9 (Astor Piazzolla: bandoneon; Osvaldo Tarantino: piano; Antonio Agri and Hugo Baralis: violins; Néstor Panik: viola; José Bragato: cello; Enrique "Kicho" Díaz: bass; Oscar López Ruiz: electric guitar; José Correale: drums). Running time: 9'25. -Autumn (14:38): recorded in 1969. Album: "Adiós Nonino" (1969). Performers: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneon; Dante Amicarelli: piano; Antonio Agri: violin; Enrique "Kicho" Díaz: bass; Oscar López Ruiz: electric guitar). Running time: 5'09. -Winter (19:48): recorded in 1970. Album: "Concierto para quinteto" (1971). Intérpretes: Astor Piazzolla y su Quinteto (Astor Piazzolla: bandoneon; Antonio Agri: viola; Osvaldo Manzi: piano; Cacho Tirao: electric guitar; Enrique "Kicho" Díaz: bass). Running time: 6'36. Total running time: 26'22. All rights reserved to whom it may concern. No commercial use intended. https://www.youtube.com/watch?v=x6Jv_JrjJIY _________________________________________________________________________________________________________ --------------- --------------- Golpe de Estado: o nome e a coisa | Com Marcos Napolitano | 129 Fora da Política Não há Salvação 29,1 mil inscritos Seja membro Inscrever-se 190 Compartilhar 1.240 visualizações 1 de jun. de 2022 #GolpedeEstado #Militares #AnálisePolítica Quanto mais se aproximam as eleições de 2022, mais se fala sobre a possibilidade de um golpe perpetrado pelo bolsonarismo. O presidente da República não perde uma oportunidade sequer para fustigar o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e os governos estaduais não alinhados. Indica que se não ganhar a eleição presidencial, afirmará que isso terá ocorrido por alguma fraude. Embora não dê qualquer evidência das suspeições que levanta sobre o processo eleitoral brasileiro, Jair Bolsonaro mina a confiança de parte da cidadania nas urnas eletrônicas, joga a população contra o Poder Judiciário e invoca repetidamente sua condição de comandante supremo das Forças Armadas. Nessas ocasiões, além de invocar o apoio militar em nível federal, incita também os cidadãos armados a se colocarem a seu lado. Em suas palavras "um povo armado jamais será escravizado". Quem são os armados? Seus apoiadores. Quem os quer escravizar? Ninguém, mas é essa a narrativa. Corremos mesmo risco? Qual o tamanho desse risco vis-à-vis nosso histórico de golpes, principalmente com a participação dos militares? Para tentar compreender esse cenário, este #ForadaPolíticaNãoháSalvação convidou Marcos Napolitano, historiador, professor de História Contemporânea do Brasil na Universidade de São Paulo e pesquisador da ditadura militar. Dentre outros trabalhos, Marcos Napolitano é autor de um artigo, publicado na revista Estudos Avançados, intitulado "Golpe de Estado: entre o nome e a coisa", cuja discussão serviu de base para nossa conversa neste episódio. As músicas deste episódio são "No Turning Back", do Neefex, e "Fast Anxiety", de Jeremy Korpas, e "Good for Nothing Safety", do Twin Musicom. Good for Nothing Safety de Twin Musicom é licenciada de acordo com a licença Atribuição 4.0 da Creative Commons. https://creativecommons.org/licenses/... Artista: http://www.twinmusicom.org/ Leia o blog do #ForadaPolíticaNãoháSalvação no site da CartaCapital. Agradecemos aos novos apoiadores do Fora da Política Não há Salvação: Brasílio Sallum Jr. e Márcio Bertelli. Apoie o e ajude o canal e o podcast a se manterem e a melhorar! Apoiadores contarão com agradecimentos nos créditos dos episódios (claro, desde que desejem) e terão acesso a brindes digitais relacionados ao tema do canal: a política. Há três formas possíveis de apoio. Tornando-se membro do canal no Clube dos Canais do YouTube: / @foradapoliticanaohasalvacao Tornando-se assinante do #FPNS no Benfeitoria. com: https://app.benfeitoria.com/projeto/A... Por meio de PIX. Chave PIX: contato@foradapoliticanaohasalvacao.info #GolpedeEstado #Militares #Militarismo #Democracia #AnálisePolítica #Bolsonarismo #Populismo #GovernoBolsonaro #PolíticaBrasileira #ConjunturaPolítica Música 1 músicas Fast Anxiety Jeremy Korpas Fast Anxiety
------------ O general Freire Gomes — Foto: Jornal Nacional/Reprodução ----------- Depoimento de general à PF nesta sexta é considerado 'chave' para esclarecer papel de Bolsonaro nas discussões sobre minuta do golpe | Blog do Valdo Cruz | G1 ----------- General que comandou o Exército em 2022 respondeu a todas as perguntas da PF sobre trama golpista Freire Gomes ficou por mais de sete horas na sede da PF em Brasília, nesta sexta-feira (1º), onde foi ouvido. PF manterá sigilo do conteúdo para não comprometer investigação. Por César Tralli, TV Globo — São Paulo 01/03/2024 22h48 Atualizado há 11 horas O general Freire Gomes, que comandou o Exército em 2022, respondeu a todas as perguntas da Polícia Federal (PF) feitas durante depoimento, nesta sexta-feira (1º). O ex-comandante é citado no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Freire Gomes ficou por mais de sete horas na sede da PF, em Brasília, onde foi ouvido. Ele foi informado que seria ouvido na condição de testemunha, tendo a obrigação de falar a verdade. O TV Globo apurou com fontes da PF que o general disse tudo o que sabia durante o depoimento. Agora, o objetivo dos agentes é manter o sigilo do conteúdo para não comprometer o resultado da investigação. O depoimento de Freire Gomes faz parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF em 8 de fevereiro. A polícia investiga se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros e militares fizeram parte de uma trama golpista. Na avaliação dos investigadores, o general Freire Gomes teve papel importante para evitar o uso das tropas do Exército em atos golpistas. A PF queria saber ainda por que o ex-comandante não denunciou o que estava sendo tramado dentro do governo. Depoimento de general à PF é considerado 'chave' para esclarecer papel de Bolsonaro nas discussões sobre minuta do golpe Saiba mais Acampamento golpista Depoimento de general sobre plano preocupa investigados Um dos temas que envolve as investigações é o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. O general Freire Gomes foi quem deu a ordem para que o acampamento não fosse desmobilizado, no fim de 2022 A PF apura se a decisão partiu dele ou se o ex-comandante recebeu uma ordem superior para interromper o trabalho da PF e da Polícia Militar do DF, que estavam desmontando o acampamento. O depoimento do ex-comandante do Exército será complementar ao do general Estevam Theophilo, classificado pelos investigadores como muito produtivo. Segundo investigadores, o general Theophilo relatou que não tinha poder para dar ordens para tropas, apenas coordenar as suas ações depois de acionadas. Segundo ele, era necessária uma ordem para que as tropas entrassem em ação. Aí, ele faria o trabalho de coordená-las. Investigações De acordo com as investigações, Bolsonaro e aliados se organizaram para tentar um golpe de Estado e mantê-lo no poder, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva Segundo a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o general Freire Gomes participou das conversas sobre a minuta do golpe com o então presidente, mas se recusou a aderir a qualquer aventura golpista, irritando os militares aliados de Bolsonaro, como o general Braga Netto. Em mensagem a outro oficial, Braga Netto candidato a vice na chapa de Bolsonaro, xingou Freire Gomes por ele não se juntar a uma tentativa de intervenção militar segundo mensagens obtidas pela Polícia Federal. Na semana passada, Bolsonaro, ex-ministros e militares foram à PF para ser ouvidos. Mas alguns deles, inclusive o ex-presidente, preferiram exercer o direito de ficar calados. VÍDEOS: mais assistidos do g1 50 vídeos Veja imagens aéreas de ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista Homem morre após se chocar de moto com policial em SP PM de folga e filha são baleados e morrem na Zona Norte de SP https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/01/depoimento-freire-gomes-pf.ghtml ____________________________________________________________________________________ -------------
--------------- Freire Gomes foi convidado a depor como testemunha ------------ Freire Gomes explica à Polícia Federal como conseguiu evitar o golpe militar Publicado em 1 de março de 2024 por Tribuna da Internet Cézar Feitoza Folha O general Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército no fim do governo Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento por mais de quatro horas à Polícia Federal nesta sexta-feira (1º), na sede da Polícia Federal, em Brasília. Ele não havia terminado o depoimento até a publicação desta reportagem, às 20h02m. O militar foi intimado a prestar esclarecimentos como testemunha no inquérito que investiga a participação de Bolsonaro, ex-ministros, ex-assessores e militares no planejamento de um golpe de Estado após a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022. CHAMADO A DEPOR – Fontes militares ouvidas pela Folha afirmam que a Polícia Federal informou o Comando do Exército, como cortesia, que Freire Gomes havia sido chamado a depor. A data foi confirmada após conversas entre o general e os investigadores, já que o militar se encontrava na Espanha em visita a familiares. Freire Gomes conversou com generais antes do depoimento e afirmou que daria sua versão dos fatos aos agentes da PF. Segundo pessoas próximas, isso envolveria contar que a manutenção dos acampamentos golpistas em frente aos quarteis era uma ordem do ex-presidente e que agiu silenciosamente contra os planos antidemocráticos aventados no Palácio da Alvorada. Generais afirmaram à Folha, sob reserva, que apesar de confiarem na versão de Freire Gomes, já que eles presenciaram a tensão no fim de 2022, restam dúvidas sobre qual será o entendimento da Polícia Federal a respeito da atuação do militar. NOTA CRÍTICA – Eles destacam que Freire Gomes assinou, na época, com os ex-comandantes da Marinha e Aeronáutica nota em tom crítico ao Judiciário e amistosa com os bolsonaristas que pediam um golpe militar — fato citado em relatório da Polícia Federal que pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) buscas contra Bolsonaro e outros investigados. O ex-comandante foi citado nas investigações também por ter participado de uma reunião no Palácio da Alvorada, em 7 de dezembro de 2022, na qual Bolsonaro teria apresentado uma minuta de decreto para promover um golpe de Estado. Um dos elementos colhidos pela PF foi um áudio enviado pelo tenente-coronel Mauro Cid ao ex-comandante, dois dias após a reunião. ÁUDIO REVELADOR – “O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada, onde ele vai, obviamente, utilizando as Forças, né? Mas ele sabe, ele ainda continua com aquela ideia que ele saiu da última reunião, mas a pressão que ele recebe é de todo mundo. Ele está… É cara do agro. São alguns deputados, né? É né… Então é a pressão que ele tem recebido é muito grande. E hoje o que que ele fez hoje de manhã? Ele enxugou o decreto né? Aqueles ‘considerandos’ que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais é resumido, né?”, disse Cid em trecho da mensagem de áudio. Como mostrou a Folha, Freire Gomes vivia no fim de 2022 entre as pressões golpistas de Bolsonaro e militares e o luto pela morte de sua mãe, Maria Freire Gomes. Em dezembro daquele ano, o general chegou a se afastar do cargo por uma semana para acompanhar os últimos momentos com Maria. Militares aliados de Bolsonaro usaram o afastamento de Freire Gomes para criticá-lo e acusá-lo de falta de firmeza — já que, no momento em que ele deixou Brasília, era discutido o um plano para um golpe de Estado. ALTO COMANDO VETA – A crise militar e o luto fizeram Freire Gomes submergir, segundo generais ouvidos pela Folha. As conturbações foram apresentadas pelo ex-comandante como justificativa para entregar o cargo antes da posse de Lula. A posição da maioria do Alto Comando do Exército contra o golpe, porém, já estava consolidada — e foi repassada por Freire Gomes para Bolsonaro e aliados que queriam reverter o resultado da eleição de Lula, ainda segundo fontes militares. “A culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e [sic] do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, escreveu o general Walter Braga Netto em mensagem encontrada pela Polícia Federal. Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Bolsonaro, ainda chamou o chefe militar de “cagão”. NO COMANDO – Freire Gomes assumiu o Comando do Exército em 31 de março de 2022 —aniversário do golpe militar de 1964. Para ocupar o principal posto da Força, ele decidiu recusar um acordo preestabelecido para que fosse nomeado ministro do STM (Superior Tribunal Militar). No comando, teve momentos de aproximação e distanciamento de Bolsonaro. Em agosto de 2022, Dia do Soldado, por exemplo, o general afirmou em evento com o então presidente que “notícias infundadas e tendenciosas” não poderiam manchar a imagem da Força. O discurso foi lido como um aceno à pauta crítica à imprensa promovida por Bolsonaro. ### NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Agora, temos de aguardar os vazamentos, para saber o que realmente Freire Gomes relatou. Se deve ser considerado um herói que evitou o golpe ou um traidor que não teve coragem de concretizá-lo. (C.N.) https://www.tribunadainternet.com.br/2024/03/01/freire-gomes-explica-a-policia-federal-como-conseguiu-evitar-o-golpe-militar/ _________________________________________________________________________________________________________ -------------- ----------- Fast Anxiety Jeremy Korpas - Tema https://www.youtube.com/watch?v=ThD_FSFHpxQ _________________________________________________________________________________________________________ ------------ Golpe de Estado:entre o nome e a coisa1 AUTORIASCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS resumo Este artigo discute o conceito de Golpe de Estado à luz dos processos históricos verificáveis, com foco na história do Brasil republicano. A partir da literatura clássica e dos debates contemporâneos, o conceito de Golpe é cotejado com outras categorias frequentemente associadas a ele, como ditadura, revolução e crise. A partir de alguns exemplos brevemente analisados à guisa de cotejo com a discussão normativa e tipológica em torno do conceito, analisamos a possível existência de um “golpismo atávico” na história republicana brasileira e dos desafios colocados à consolidação de um Estado Democrático de Direito. palavras-chave: Golpe de Estado: teoria; Crise política; História política; História do Brasil: golpes de Estado abstract This article discusses the concept of coup d’état according to its theoretical and historical elements, with a focus on the history of Republican Brazil. From classical literature and contemporary debates, the concept of coup d’état is compared in this article with other categories often associated with it, e.g., dictatorship, revolution and crisis. Based on some briefly analyzed historical examples used in comparison with the normative and typological discussion on this concept, I analyze the hypothetical existence of an “atavistic” dynamics of coups d’état in Brazilian Republican history. I conclude with a reflection on the challenges to the consolidation of a democratic State in Brazil. keywords: Coup d’état theory; Political crisis; Political history; History of Brazil: coups d’état Desde 2016, a palavra “golpe de Estado” voltou a fazer parte do vocabulário político corrente no contexto brasileiro. A deposição de Dilma Rousseff incitou um debate nacional resumido na pergunta que não queria calar: “foi golpe ou não foi golpe?”. Editorialistas e colunistas da imprensa, acadêmicos especialistas e cidadãos anônimos se envolveram nesse debate, respondendo a ela quase sempre conforme suas preferências ideológicas e simpatias políticas. Se ainda não nos é possível tomar distância desse processo recente e traumático, cujas feridas sociais e políticas ainda estão abertas, devemos lembrar que a expressão “golpe de Estado” é um conceito secular que pode aderir ou não a processos políticos de fato. Portanto, pensar esse conceito pode nos ajudar a qualificar debates conjunturais, mesmo sem a pretensão de esfriar paixões e interesses inerentes à política. Como todo conceito, está carregado de sentidos explicativos a priori, construídos em um debate que tem uma longa história na filosofia, na história e nas ciências sociais. Obviamente, o conceito de “golpe de Estado”, como qualquer outro conceito, não é estático e pode ser modificado ao longo do tempo em cotejo com processos sociais e políticos verificáveis. Sua formulação seminal se deu na literatura tratadística do século XVII, elaborado por Gabriel Naudé (1993) em 1639. Naudé foi bibliotecário do cardeal Mazzarini na corte francesa de Luís XIII e Luís XIV, entre 1642 e 1653. Além de teórico da biblioteconomia, foi um tratadista da política. É nessa linha que sua reflexão sobre o “golpe de Estado” se inseriu. O conceito de golpe de Estado, nesse caso, nos lembra a clássica reflexão sobre as atribuições do Príncipe de Maquiavel, cujas ações devem se basear na “Razão de Estado” e na manutenção do seu poder, considerado o fundamento da estabilidade social e política do Reino. O princípio de “Razão de Estado” foi desenvolvido na Itália desde o início do século XVI, instaurando uma nova moralidade para pensar a política (Gonçalves, 2015, p.10), que se afastava paulatinamente dos valores medievais do Bom Governo, calcado na tradição nobiliárquica e num certo senso comum de justiça e ética cristã. O Príncipe, como guardião da estabilidade do Estado, deveria saber agir contra a tradição, contra o “direito comum” e mesmo contra o senso de justiça, caso a conjuntura política assim o exigisse. Nessa linhagem, Naudé (1993, p.65) define o golpe de Estado como: [...] ações audazes e extraordinárias que os príncipes se vêem obrigados a executar no acometimento de empreitadas difíceis, beirando o desespero, contra o direito comum, e sem guardar qualquer ordem ou forma de justiça, colocando em risco o interesse de particulares pelo bem geral. Essa ação audaz era considerada pelo autor um meio, moralmente neutro em si mesmo, que deveria ser utilizado com prudência, pois “para cumprir a justiça em coisas grandes [...] às vezes é necessário se afastar dela nas coisas pequenas, e para agir com justiça no geral é permitido fazer o mal nos detalhes” (apud Gonçalves, 2015, p.27). O conceito de “bem comum”, que no Antigo Regime se confundia com a sobrevivência do Estado diante de uma ameaça interna ou externa, estava acima dos interesses particulares e senso moral dos súditos, mas era visto como condição sine qua non da sobrevivência de uma dada sociedade e seus indivíduos. Por outro lado, advertia o tratadista, golpes de Estado que fossem motivados por interesses privados do governante em simplesmente aumentar seu poder poderia levar à tirania.2 Assim, o golpe de Estado era comparado a uma espada, que se pode “usar ou abusar” (Gonçalves, 2015, p.35). O tema da prudência, portanto, herdada do conceito de Bom Governo medieval, deveria se manter como tempero da ação dos Príncipes modernos, traçando uma linha entre o poder absoluto dos Reis, regrado pela justiça e exercido com humildade, e a tirania do governo arbitrário, pura e simples (Bossuet, 1709, p.240-1). O problema, mesmo nessa obra seminal que lança o conceito de golpe de Estado, era apontar uma clara delimitação da fronteira entre o ordinário e o extraordinário no campo da política. Como definir, por exemplo, o caráter de excepcionalidade e ameaça ao “Estado” que justificasse a “ação audaz e extraordinária” do Príncipe? Para Naudé, os golpes de Estado deveriam ser utilizados para a “defesa”, para a “preservação”, para a “proteção” contra as “maldades e maquinações”. Ao fim e ao cabo, o Príncipe como guia da ação “audaz e extraordinária” na defesa do Estado era aquele que, simultaneamente, estando dentro e fora da norma política, deveria decidir-se sobre o momento dessa ação. O Príncipe poderia sair da norma para preservar o “bem geral” pois tinha legitimidade para tal, conforme as prerrogativas dinásticas. Idealmente, deveria ter prudência para utilizar-se de tal estratagema. Naudé ainda receitava que tais ações deveriam ser planejadas, discretas, utilizando-se de “meios dóceis e fáceis” que limitariam a violência generalizada e desregulada (Naudé, 1993, p.79-81). Essas ponderações não impediram o autor de considerar como necessária a sangrenta “Noite de São Bartolomeu” (1572), famosa pela sua orgia assassina patrocinada pela nobreza católica contra os protestantes franceses, considerada por ele um golpe de Estado realizado para impedir um mal maior: a dissolução da França e do seu Estado pela ação deletéria dos Huguenotes contra a tradição católica do Reino de França. Como não temos a pretensão, neste artigo, de rever, filosoficamente falando, o conceito seminal de Naudé, mas de estabelecer uma breve genealogia do conceito de golpe de Estado para pensar a sua utilização em tempos e espaços mais próximos e atuais, o conceito naudeaniano poderia ser resumido em três pontos: O golpe de Estado é uma ação audaz e extraordinária, desencadeada em momentos de perigo máximo contra o Estado instituído e a dinastia legítima e reinante. O golpe de Estado deveria visar a defesa e conservação do “bem comum”, que na lógica do Antigo Regime se confunde com a preservação do próprio Estado. O Príncipe era o ator político autorizado a planejar, desencadear, conduzir e limitar tais ações extraordinárias, posto que sua legitimidade e autoridade absoluta (“aquele que não deve obediência a uma norma”) o colocava dentro e fora da norma comum, simultaneamente. Em síntese, para Naudé, um golpe de Estado é um meio neutro para assegurar a sobrevivência coletiva, à custa da justiça e da liberdade de alguns. Alguns elementos que caracterizam esse conceito em sua versão primeira têm se mantido desde então, mas novos valores e novas questões de natureza política, ética, jurídicas e históricas entraram em cena a partir do século XVIII. Em primeiro lugar, a justificativa ético-política de um golpe de Estado como “preservação coletiva” se viu severamente prejudicada depois da emergência do constitucionalismo e da ideia de democracia e liberdade como fundadoras da ordem política e social, a partir do século XVIII.3 Novas relações entre política e direito tiraram a força moral do Príncipe como “senhor absoluto da justiça”, acima dos súditos, e o debate iluminista o aproximou dos Déspotas orientais (Reis, 2010). A ideia constitucionalista passou a ser a medida para balizar o pacto normativo entre cidadãos naturalmente livres, sem prejuízos das assimetrias e relações de força que atravessam as sociedades historicamente delimitadas. O conceito de golpe de Estado, à medida que as sociedades liberais regradas por pactos constitucionais foram ganhando força no contexto internacional, mudou de sentido e valor entre os teóricos da política. Mas nem por isso, os golpes de Estado deixaram de existir de fato, mesmo ocorrente, aparentemente, contra as regras do Direito e da boa política. O debate teórico contemporâneo (Luttwalk, 2016; Rapoport, 2017) tem destacado outras características definidoras do conceito e dos processos históricos que demarcam um golpe de Estado. Esse debate é protagonizado, sobretudo, por juristas constitucionalistas e cientistas políticos que, a seu modo, ajudaram a rever e expandir o conceito.4 Via de regra, nesse campo de debate, o golpe de Estado passou a ser visto como uma violação das regras constitucionais por atores institucionais, impondo uma solução de força, e não de direito, às crises políticas e sociais. Para os institucionalistas,5 uma das correntes mais influentes na ciência política contemporânea, as ausências das “escolhas racionais” no jogo da política, traídas por grupos radicalizados em contextos de polarização ideológica, abre caminho para processos golpistas. Portanto, o golpe de Estado, nessa linhagem de interpretação, seria a forma de resolução de uma crise política que não foi absorvida institucionalmente dentro das regras constitucionais e práticas de negociação e pactuação, maximizando demandas de um setor, partido ou grupo social em detrimento dos outros grupos. No limite, Golpes seriam respostas autoritárias a situações de anomia institucional. Na ciência política de tradição marxista, golpes de Estado são respostas a demandas por uma democracia ampliada ou por políticas redistributivas, sejam reformistas, sejam revolucionárias. Nesse sentido, golpes se articulam, frequentemente, a ditaduras de classe, ainda que disfarçadas de defesa dos interesses nacionais e policlassistas. Entretanto, se o conceito de ditadura foi amplamente explorado pela tradição marxista, o conceito de golpe de Estado nunca recebeu muita atenção. Os conceitos de Bonapartismo e Revolução passiva, para essa linhagem analítica, acabam sendo mais importantes para analisar um processo histórico, do que pensar a caracterização da tomada de poder em si. Nicos Poulantzas (2008), por exemplo, um dos principais teóricos do Estado no campo marxista, pouco se debruçou no conceito de golpe de Estado como categoria analítica autônoma. No texto sobre o golpe ocorrido na Grécia em 1967, Poulantzas chegou a formular uma tipologia de golpes de Estado, sempre associados a ditaduras (fascista, bonapartista e militar). A questão está focada mais no resultado político dos Golpes e de suas bases sociais, do que das suas formas de ação e dinâmicas processuais. Para Poulantzas, enquanto o golpe/ditadura fascista tem uma ampla base social e formas organizadas de massa, o golpe/ditadura bonapartistas se equilibra no chamado “vazio de poder” entre as classes fundamentais, distribuindo benesses e reforçando o aparato burocrático de Estado. Já o golpe/ditadura militar surge como estratégia de resolução de crises e conflito de classes, calcada no controle do Estado por uma corporação armada profissional, ou por um dos seus estratos, reprimindo ou desmobilizando as massas, inclusive aquelas que lhe são simpáticas. Em outras obras do autor, a ideia de golpe se associa à exacerbação dos conflitos de classe e à luta pela direção do Estado dentro das frações das classes dominantes (Poulantzas, 2019). Um ponto em comum nessas tradições analítica é entender o golpe de Estado como ação realizada por atores institucionais de Estado. Essa aparente tautologia não deve ser esquecida, pois em tempos de negacionismo histórico a própria palavra “Golpe” vem perdendo seu sentido histórico e aporte conceitual, tornando-se um mero adjetivo do qual se gosta ou não se gosta, descolando de processos políticos a ela associados.6 Se o Príncipe não é mais a figura personalizada que pode conduzir um golpe, surgem outros atores e instituições políticas que, frequentemente, estão por trás dos golpes contemporâneos: as Forças Armadas, o Congresso Nacional ou mesmo uma facção político-ideológica que, por algum motivo, esteja partilhando de uma coalização governamental e resolve expurgar seus adversários e inimigos políticos. Quase todos os golpes de Estado, ao menos quando ocorrem em sociedades7 complexas e plurais, buscam legitimar-se pelos mesmos argumentos listados por Naudé: excepcionalidade, preservação do “bem comum”, ação contra inimigos da sociedade nacional, do Estado e da “civilização”, preconizando muitas vezes a suspensão das normas jurídicas convencionais e da liberdade individual. O problema é que, como vimos, a legitimação de golpes de Estado na contemporaneidade ficou mais complicado. O conceito de “Razão de Estado” tal como herdado do Antigo Regime não é mais aceito facilmente como argumento justificador. A emergência dos ideais de “felicidade pública”, direitos inalienáveis e liberdade individual, cristalizados pelos pactos constitucionais a partir do século XVIII, mudou os parâmetros culturais, legais e institucionais de avaliação dessas ações. Como pressupostos da política contemporânea, ainda que nem sempre efetivos e respeitados, eles pautaram um outro conjunto de valores e princípios a partir dos quais um golpe de Estado passou a ser avaliados pelos cidadãos, pelos atores políticos e pela comunidade internacional. Não por acaso, as situações de excepcionalidade e ameaça à ordem, e as formas de reação à ideia de “crise” sociopolítica passaram a ser definidas e previstas constitucionalmente mediante figuras como “Estado de Sítio” ou “Estado de Guerra”, cuja decretação passa por crivos institucionais que vão além de uma decisão arbitrária do governante ou de um grupo político e/ou burocrático. Se atores, métodos e justificativas dos golpes de Estado variaram ao longo da história, esse elemento definidor - uma ação política de grupos que são “detentores do poder político” de Estado ou burocracias incrustadas no aparelho estatal - ainda tem pertinência na delimitação do conceito (Barbé, 1999, p.547). No século XX, a participação da burocracia militar (Forças Armadas) ou da polícia tem sido uma constante na maioria esmagadora dos golpes de Estado, sobretudo em nações economicamente atrasadas e socialmente desiguais. Portanto, um dos elementos centrais do conceito clássico que pode ser inquestionavelmente aplicado para explicar eventos históricos de fato é a ação dos “órgãos de Estado” em processos golpistas. Em outras palavras, para se caracterizar um processo político como um “golpe de Estado”, o ator que o desencadeia, seja lá por qual motivo, deve estar abrigado no próprio Estado, aqui compreendido como estrutura jurídico-burocrática multifacetada e multidimensional. Mesmo com o crescimento de complexas burocracias profissionais estáveis (civis e militares) nos Estados constitucionais contemporâneos, submetidas à lei geral, ao princípio de despolitização e à liderança de governo legítimo da vez, pode haver situações em que essa burocracia profissional desenvolva um ativismo político intenso e se torne protagonista de golpes de Estado. Nesses casos, a ação golpista ocorre quando uma burocracia se acerca de uma liderança política para impor uma determinada direção ideológica ao Estado e perseguir inimigos políticos, ou quando se insurge contra um mandatário constitucional eleito democraticamente (Luttwalk, 2016), descumprindo os pactos constitucionais e/ou desconsiderando as linhas sucessórias legitimadas pelas convenções políticas vigentes. Via de regra, os golpes de Estado contemporâneos se colocam contra processos e projetos de mudança socioeconômica, vistos como “subversão da ordem tradicional” (ou alegados como tais pelos golpistas). A ação golpista pode acusar os governantes da ocasião de serem patrocinadores da “subversão” ou tolerantes a ela, depondo-os pela força. Em outra direção, a ação golpista pode ser conduzida pelo governante da ocasião, com apoio do aparato policial e militar, para reforçar seu poder diante dos adversários políticos e ideológicos. Dentro desse segundo tipo de golpe, temos os famosos autogolpes no Brasil de Vargas, em 1937, e no Peru de Fujimori, em 1990. No primeiro caso, podem ser incluídos os golpes de 1964 no Brasil e parte dos golpes militares latino-americanos, embora em certos países, como no Uruguai, a militarização do Estado conviveu, em dado momento, com o poder constitucional e tolerância de um governante eleito. Golpe, ditadura e revolução Se as bases delimitadas na literatura acadêmica podem ser aceitas para se definir as linhas gerais do que seria um golpe de Estado, várias questões daí derivadas permanecem abertas a polêmicas e revisões teóricas e historiográficas. A nomeação de um processo histórico de ruptura política tem sido, de fato, um desafio para a historiografia, apesar de as convenções e tradições da crônica política e da análise acadêmica consagrarem esse ou aquele termo. Mas quando explodem revisionismos de ordem historiográfica ou ideológica (ou uma combinatória de ambas), os nomes consagrados dos fatos históricos são questionados e seu menor ou maior lastro conceitual é posto à prova. Há processos históricos importantes, com grande impacto internacional, que desafiam as tipologias e definições normativas em torno do que seja um golpe de Estado e suas fronteiras em relação a um outro conceito central da História Contemporânea, a “Revolução” (Friedrich, 2017). Não é incomum que a opinião pública e os analistas identificados com as esquerdas usem o conceito de golpe de Estado para pensar várias situações de reviravoltas políticas e deposição de governantes eleitos, sem natureza revolucionária ou progressista. Em sentido complementar, ações políticas conservadoras contra uma ordem política que se autointitulam “revoluções” não tem merecido esse conceito por parte da tradição marxista e/ou progressista, mesmo que não possam ser consideradas “golpes de Estado” clássicos. Nesses casos, estamos diante de uma lacuna nominativa para qualificar um processo político. Por exemplo, como nomear com certa segurança conceitual uma deposição de um governante que se faz por uma rebelião de parte das elites tradicionais e de grupos sociais, como o ocorrido em outubro de 1930 no Brasil? Golpe ou Revolução? Como nomear esse processo como Revolução, se as classes fundamentais (burguesia, proletariado e camponeses) não foram protagonistas centrais? Voltarei a esse exemplo mais adiante. Portanto, para nomear um processo como Golpe de Estado, a conexão entre elites políticas abrigadas nas estruturas do Estado nacional e a ação golpista é fundamental. Mas, frequentemente, tal ação política golpista faz parte do fenômeno geral da mudança de um regime político, com grandes consequências para a mudança da própria estrutura social, política e econômica de um país (Marturano, 2010, p.6). Aqui estamos na zona cinzenta entre golpes e revoluções, para além da delimitação que a tradição marxista impôs ao conceito. Nessa linha de observação, os golpes de Estado podem não ser meramente reativos, e podem conter em si projetos políticos de mudança, tentando conciliar valores sociais tradicionais com processos controlados de “modernização” econômica, frequentemente entendida pelos golpistas, ao menos no contexto latino-americano e asiático, como reforço da ligação da economia nacional com o capitalismo internacional. No caso brasileiro, essa natureza dos golpes de Estado se manifestou, particularmente, ao longo da República e teve no Exército seu principal ator. Aliás, essas duas naturezas de um golpe de Estado podem não ser autoexcludentes, como demonstra 1964, que foi um golpe reativo (contra as esquerdas) e propositivo a um só tempo (a favor de um projeto de modernização conservadora da economia e do Estado). Embora seja a tendência dominante, sobretudo na América Latina, nem sempre golpes de Estado significam manutenção do poder, in totum, de grupos tradicionais apoiado pela burocracia armada. Em muitos casos, os golpes forçam a entrada em cena de novos atores políticos, mesmo sem retirar os antigos donos do poder de maneira completa e irresoluta. No caso do Brasil, os golpes ao longo do século XX visaram manter a ordem social estruturante, mas tanto em 1937 quanto em 1964, tinham uma agenda de modernização econômica (capitalista) e institucional que pressupunha certos limites aos projetos econômicos das oligarquias agrárias tradicionais. Em chave ideológica diversa, mesclando certos elementos do discurso reformista de esquerda, socialmente inclusivo, o golpe militar no Peru, em 1968, que colocou Velasco Alvarado no poder, também se apresentou como ruptura. Se o conteúdo do projeto político e econômico dos processos golpistas deve ser pensado, analisar a sua forma não é menos importante. Nesses dois casos, Brasil 1964 e Peru 1968, temos golpes de Estado que podem ser qualificados dentro do modelo “pretoriano”, marcado pela intervenção da alta burocracia militar na política para depor governos ou alterar regimes constitucionais. No caso brasileiro, além do “pretorianismo”, o evento de 1964 marcou um golpe de Estado político, com a mobilização de um aparato institucional ou “semilegal” para justificá-lo e legitimá-lo. Mas há outros casos históricos ainda mais complexos que desafiam a relação direta entre golpe e ditadura. Por exemplo, como nomear a ascensão do fascismo na Itália e na Alemanha, forma política totalitária que tomou conta do Estado, e instaurou uma nova ordem social e ideológica, a partir de um enredamento complexo com as ordenações jurídicas que lhes eram anteriores e a partir de processos eleitorais correntes e, em princípio, legítimos? Há alguma possibilidade de nomear como golpes de Estado esses processos de tomada de poder? Claro, podemos identificar uma ação “audaz e extraordinária” dos nazifascistas na Marcha sobre Roma e no incêndio do Reichstag, mas isso é suficiente para caracterizar um golpe de Estado nos termos que estamos tratando aqui? Esses são casos típicos de crise interna das democracias e escolha de ditadores a partir de dentro das regras institucionais, que perturbam o conceito de Golpe de Estado e ditaduras como rupturas abruptas e externas à ordem legítima. Assim, quando Giorgio Agamben (2004) nos chama a atenção para as dificuldades e armadilhas de se delimitar claramente a ordem jurídica constitucional e pactuada (portanto, legítima e democrática) e o princípio do “estado de exceção” que via de regra é precedido por um golpe, não se trata de mera reflexão caprichosa e tonitruante, ainda que excessivamente normativa.8 Os “estados de exceção” habitam as ordens constitucionais, podendo ser mobilizadas sem necessariamente a violação dessa ordem para impor ditaduras violentas, como prova a experiência nazista na Alemanha e as teorizações jurídicas de Carl Schmitt sobre o conceito de soberania e “estado de exceção” (Schmitt, 2006). Essa constatação tem uma dupla consequência para o debate em questão. Em primeiro lugar, a tomada de poder por um grupo disposto a impor uma nova ordem (autoritária e baseada na força) e expurgar inimigos políticos pode acontecer dentro dos marcos eleitorais e/ou constitucionais vigentes, afastando-se da definição clássica de golpe de Estado como ruptura e dos teóricos constitucionalistas mais estritos. Em segundo lugar, nos remete à necessidade de revisão do papel dos golpes de Estado como caminho necessário para imposição de ditaduras.9 Vale dizer, portanto, que nem todo golpe de Estado conduz a uma ditadura, assim como algumas ditaduras na história não foram, necessariamente, produtos de golpes de Estado. O caso brasileiro de 2016, embora tenha incrementado o caos político e institucional no país (ainda) não se traduziu em um regime ditatorial que viole princípios básicos constitucionais ou jurídicos, embora tenha alimentado a cultura política autoritária e a violência difusa na sociedade. Claro, podemos dizer que emana dos novos atores políticos eleitos em 2018 um conjunto de valores autoritários e intolerantes em relação a grupos políticos de centro e de esquerda e contra formas comportamentais transgressoras dos valores tradicionais e patriarcais. Nesse caso, o avanço do ultraconservadorismo está sendo construído a partir da conquista de postos parlamentares por grupos de direita, eleitos dentro das regras, e pelo hábil manejo das normas jurídicas vigentes por setores do poder judiciário, em nome do combate à corrupção, ainda que ancorados na defesa genérica das liberdades individuais (incluindo a liberdade empreendedora de mercado). A relação entre “golpe de Estado” e “revolução” é ainda mais complexa, pois a tradição crítica de esquerda resiste em aceitar que ambos processos possam se conectar. Ainda que um tanto normativo e ligado mais ao debate político do que acadêmico, esse debate não deve ser menosprezado pela pesquisa histórica e pela reflexão mais aprofundada sobre o tema. Conforme Carlos Barbé (1999), há duas grandes correntes para se pensar o problema. Se a Revolução é uma sublevação social organizada contra o poder político dominante, há uma diferença fundamental entre esse conceito e Golpe de Estado. Se a Revolução é vista como alteração brusca do sistema jurídico-político, não há diferença essencial, posto que um Golpe de Estado poderá desencadear esse processo.10 Há, portanto, um viés do debate que entende golpes de Estado como uma ação neutra em si mesma, um “método” de conquista do Estado pela força que não conteria, de maneira embrionária, qualquer forma política x ou y, nem uma ideologia inerente ao conceito (no caso, da direita conservadora e autoritária, que tem estado por trás da maioria dos golpes de Estado da história contemporânea). O debate em torno da tomada de poder pelos bolcheviques em 1917 recoloca precisamente essa questão. A ação de Outubro que derrubou o governo menchevique foi uma revolução ou um golpe de Estado? Por outro lado, como destaca Domenico Losurdo (2017), como separar a Revolução de Outubro da Revolução de Fevereiro, malgré a própria narrativa da ruptura construída pelos bolcheviques? Nessa perspectiva, a tomada de poder pelos bolcheviques não pode ser entendida plenamente como um Golpe de Estado, até porque o Estado russo estava desmilinguido depois da queda do czar. Independente das respostas plausíveis a essas questões, o fato é que processos golpistas e processos revolucionários não são simples de ser analisados, delimitados e definidos a priori, ainda mais quando se imbricam no mesmo processo histórico geral de crise de um Estado e de um regime político. Via de regra, golpes e revoluções são ações políticas que fazem parte de processos históricos marcados por crises políticas e crises sociais, sobretudo em contextos nacionais onde a tradição constitucional e os valores liberal-democráticos não conseguiram dar conta das contradições e conflitos sociais postos na cena política, nem tenham se tornado parte da rotina, do “senso comum” e da cultura política da sociedade. Mas se existe esse solo histórico comum para explicar revoluções e golpes, há um risco para a tradição de pensamento democrático e progressista em aproximar os dois termos. Esse risco reside em alimentar o revisionismo conservador que parte de uma dupla estratégia intelectual. Por um lado, na esteira de Alexis de Tocqueville, há um esforço em esvaziar o caráter inovador, socialmente legítimo e libertário (em termos democráticos) embutido na ideia de “Revolução”, tal como esse conceito foi construído entre fins do século XVIII e meados do século XX, apesar das formas políticas autoritárias que muitas vezes foram geradas pelos processos revolucionários de fato. Por outro, aproximar, conceitualmente, golpe e revolução pode rebaixar a segunda a uma mera tomada de poder pela força por um grupo político sectário, desconsiderando nesses processos a ampla mobilização social dos grupos sociais despossuídos, bem como a ação de organizações de massa comprometidas, em muitos casos, com a ampliação da “democracia substantiva”. Nesse sentido, valem as reflexões da insuspeita Hannah Arendt (2010), autora pouco simpática ao “reino da necessidade” como substituto do reino da liberdade em termos de política, ao contrário da tradição marxista. Arendt nos mostra que o conceito de revolução e o conceito de democracia e liberdade política não são, em princípio, excludentes, como quer certa leitura conservadora da tradição liberal. Lembra a autora que, na origem da democracia americana, houve uma revolução, e na origem da revolução russa, houve uma democracia (Arendt, 2011). Tensionando a normatividade filosófica à luz de análises de processos históricos, Arendt desestabiliza as explicações corrente e dominantes em ambas. Por outro lado, há outra armadilha analítica ao se definir a fronteira entre golpes e revoluções a partir de uma maior ou menor participação social nos processos políticos de ruptura com a ordem vigente. Isso pode nos conduzir à errônea concepção de que, a priori, golpes de Estado são feitos sem apoio popular ou social, quase meras movimentações políticas palacianas ou burocráticas. A experiência histórica mostra o contrário, e esse é um ponto que pede a revisão do conceito seminal de Naudé. Desde o famoso “18 Brumário de Luís Bonaparte”, brilhantemente analisado por Marx, passando pelo não tão famoso golpe de Estado conduzido por De Gaulle que derrubou a IV República francesa, chegando à nossa “Redentora” de 1964, devemos admitir o óbvio: golpes de Estado, de natureza conservadora, podem ter amplo apoio popular, ainda que concentrado em setores específicos, e quase sempre nos andares de cima da sociedade civil. No “18 Brumário de Luís Bonaparte”, Marx tenta articular a falência da Revolução nas Jornadas de Fevereiro (de 1848) à gênese do golpe de Estado como saída política para uma crise de vazio de poder. Vai além, apontando que a saída de cena do operariado do palco social da história, abriu caminho para a farsa da política, com a ascensão do falso Napoleão. Nesse caso, o apoio das massas nada teria a ver com a expansão da democracia e da liberdade coletiva, posto que a consciência de classe operária estava ausente. A questão do apoio das massas a golpes ainda é um tema em debate, sobretudo em casos históricos concretos, como o Golpe de 1964 no Brasil. A tradição historiográfica, liberal ou de esquerda, tende a analisar esse ponto a partir de dois pressupostos diferentes. Para a historiografia e memória liberais (em grande parte chancelada pela memória institucional das Forças Armadas brasileiras), o Golpe foi legítimo não apenas porque foi “reativo” (à la Naudé), como foi apoiado pelas massas nas ruas. O problema, para os liberais, veio depois do golpe, no processo de militarização do regime e no segundo golpe de 1968, quando, supostamente, os “ideais de 64” foram traídos (Codato, 2004; Martins Filho, 1996; Napolitano, 2017). Para a tradição de esquerda, o apoio das massas esteve limitado às classes médias. Portanto, a natureza de classe diminuiria a legitimidade do apoio “popular” ao Golpe, apesar de as manifestações de massa contra Goulart e de apoio à vitória dos militares terem sido retumbantes e inegáveis. Nesse sentido, as classes médias nas ruas não se constituiriam em massas trabalhadoras e camponesas, essas sim, as únicas massas legitimadas para fundamentar uma ação política progressista que pudesse ser nomeada como “Revolução”. Brasil: um caso de golpismo atávico? No caso brasileiro, esse debate conceitual sobre “golpes de Estado” é particularmente importante, visto que muitos eventos políticos da nossa história são nomeados ora como revolução, ora como golpe, muitas vezes a partir de narrativas consagradas, mas pouco apoiadas no exame a apropriação dos conceitos analíticos aos processos de fato. Desde a fundação da República ate a deposição de Dilma Rousseff, há uma “guerra de narrativas” em torno de vários eventos-chave na nossa história que vão além da mera disputa política interessada, envolvendo também a historiografia e seus conceitos. Os nomes variam: “proclamação”, “intentona”, “revolta”, “impeachment”, sem falar dos inúmeros eventos que foram chamados solenemente de “revolução” sem merecê-lo. No caso específico de 1964, houve uma tentativa de primeira hora, por parte dos apoiadores dos militares, em chamar a deposição de Goulart de “revolução”. Mas, ironicamente, foi um dos primeiros eventos políticos do Brasil a ser consagrado na memória e na história como um “golpe de Estado”, e ser taxativamente chamado como tal na Imprensa e na opinião pública. Para pensar a existência de um “golpismo atávico” no Brasil, devemos exercitar um recorte de longa duração, situando-o na tradição de crises e golpes da história republicana brasileira. Em biologia, atavismo define a manifestação de uma característica ascendente que pode ficar latente por muito tempo, mas se impõe por hereditariedade biológica. Figurativamente transposto, é como se o golpismo atávico voltasse a se manifestar de tempos em tempos, alimentado por utopias autoritárias e valores elitistas receosos dos avanços democráticos e populares. Vale lembrar que nossa República nasceu a partir dessa dupla dimensão - crise e golpe de Estado - lutando por criar regras institucionais e constitucionais desde então. Examinando as crises entre 1889 e 1891, vemos algumas marcas histórica que nos fazem pensar nas crises subsequentes, apesar do seu contexto específico que não pode ser negligenciado: 1) Conflito entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo (aliás, já presente na formação do Estado brasileiro, como demonstra a crise que levou à abdicação de D. Pedro I); 2) Dificuldade de afirmação de uma elite política orgânica, que conseguisse aproximar interesses econômicos, instituições políticas e valores ideológicos dominantes, com algum consenso e adesão social. Obviamente, sempre houve um certo nível de organicidade na elite brasileira, sobretudo aquela encastelada na burocracia de Estado. Mas, por outro lado, além dos descompassos entre as elites políticas e econômicas, sempre houve a demanda de uma arbitragem externa aos conflitos políticos, à guisa de um “Poder Moderador” que não raro encaminhava soluções golpistas. Poderíamos arriscar um axioma para pensar nosso “golpismo atávico”: quanto mais necessidade de Poder Moderador, maior é a falta de organicidade entre as facções das elites e menor é o grau de adesão social aos seus projetos. No Segundo Reinado essa característica conflitiva da política brasileira foi resolvida por um Poder Moderador nomeado efetivamente como tal e constitucionalmente previsto, que concentrava poderes na figura do imperador, acima dos outros três poderes clássicos do constitucionalismo moderno. O fim do Poder Moderador, ao que parece, criou um vácuo político no próprio conjunto das elites políticas, expondo conflitos corporativos, fisiológicos, regionais-federativos, econômicos e ideológicos diversos. De tempos em tempos, surgem candidatos a novos poderes moderadores que produziram uma convergência a fórceps na política, impondo soluções não pactuadas para crises sociais e políticas, com prejuízo da ordem constitucional e dos valores democráticos. Alguns exemplos já apontados pela literatura e pela crônica política: a burocracia técnica federal (anos 1930), as Forças Armadas (anos 1950/1960), o Poder Judiciário ativista (mais recentemente). Esses “poderes moderadores” informais operam em um ambiente marcado tanto pela tradição liberal-oligárquica (excludente, elitista, regionalizada), como pelo fisiologismo (política como extensão dos negócios particulares), tentando discipliná-los em prol de uma agenda nacional minimamente coerente, mas sem enfrentá-los no plano estrutural, até porque compartilham da mesma base social: grandes proprietários, profissionais-liberais conservadores, altos burocratas de Estado. Essa tendência histórica na República brasileira que se traduz em uma crise orgânica das elites que, no limite, leva a crises de regime político parece que se agravou após 1945, quando novos atores sociais entraram na política: a parte da classe operária votante e as classes médias baixas e assalariadas das grandes cidades, caracterizando uma “elite política ampliada” (Soares, 2001), mas ainda sem representação político-parlamentar ou poder institucional compatíveis, além de carecer de projetos políticos bem delineados para superar a tradição liberal-oligárquica dominante na política. A esquerda trabalhista e o Partido Comunista Brasileiro, cada qual em chave ideológica própria, tentaram desenvolver esses projetos, mas esbarraram em seus limites e em uma forte oposição social conservadora constituída pelos grandes proprietários, classes médias tradicionais, alta oficialidade das Forças Armadas e grupos ideológicos organizados, como os católicos de direita. As demandas desses novos grupos, sobretudo operários e, a partir dos anos 1960, os trabalhadores rurais e camponeses não encontraram instituições capaz de absorvê-las, cabendo ao Poder Executivo, até o golpe de 1964, incorporá-las na forma de agendas desenvolvimentistas e reformistas bastante moderadas, mas ainda assim capazes de provocar conflitos com os setores liberais-oligárquicos, que viam na política um clube fechado, de natureza representativa, e autoritários, que viam a política como administração de Estado com base em tutela sobre a sociedade e sobre o sistema político. Ambos - liberais e autoritários - compartilhavam uma visão elitista de sociedade, que via a mobilização de massa de trabalhadores e de lideranças reformistas como ameaça à ordem social tout-court, manejada por hábeis e inescrupulosos demagogos, sempre à sombra do “perigo vermelho”. Obviamente, a conjuntura da guerra fria alimentou ainda mais o antirreformismo e o elitismo, que lhes são anteriores, e que sobreviveram à queda do Muro de Berlim. O golpe de 2016 deve muito a essa tradição, em um momento em que se pensava que o autoritarismo e o golpismo estavam superados na política brasileira. Examinando-se, comparativamente, as crises pós-1945, temos um quadro histórico interessante de permanências e rupturas na vida política brasileira em momentos de crise. Estabelecidas diferenças e rupturas, podemos, como historiadores, pensar a recente crise de 2016 como capítulo específico dessa crise de longa duração, plenamente delineada, ao menos, desde 1945 nos termos aqui propostos. Tanto é que vocabulário, agendas e atores em cena, sejam os que defendiam projetos de reforma, sejam aqueles que apoiaram a deposição dos governos em questão, parecem se repetir. Lembremos que até a lei mobilizada no impeachment de Dilma Rousseff é de 1950, gestada em 1948 na aproximação do PSD e da UDN, contra a possibilidade de um novo Executivo forte sob Vargas. Muitos analistas aproximaram o Golpe de 2016, da crise de 1964, mas as semelhanças com 1954, não podem ser desprezadas. As diferenças também são significativas, como mostra o Quadro 1. (Napolitano; Ribeiro, 2017) ThumbnailQuadro 1 Comparação entre três crises políticas da história brasileira contemporânea Como hipótese para pensar a crise política e o Golpe de 2016, sugiro que houve uma convergência de fatores, constituindo uma “janela de oportunidades” para afastar a esquerda petista, alimentada também por uma conjugação de crise interna com interesses internacionais. Esses fatores seriam os seguintes: a) ruptura ideológica por diferença de agenda econômica e fiscal no plano das elites (liberais X esquerdas), agravada no governo Dilma (mais francamente intervencionista do que o governo Lula); b) crise econômico-fiscal, levando a classe média para a oposição exaltada à política de esquerda, por causa dos seus valores elitistas e disputa por recursos orçamentários; c) perda da base fisiológica do congresso (por conta do avanço nas investigações sobre corrupção da “classe política” - fator central no impeachment, conforme Limongi (2017)); d) afirmação de uma agenda ultraconservadora e autoritária na sociedade, com expressão eleitoral; e) Acirramento das divergências entre PT e PSDB, fiéis da balança da nova democracia brasileira. O nome e a coisa Feitas as considerações conceituais e históricas, não hesito em dizer que o que ocorreu em 2016 foi um Golpe de Estado político. No nosso sistema presidencialista, impeachment é um instrumento constitucional, frequentemente utilizado como recall ou voto de desconfiança ao chefe do Poder Executivo por parte do Parlamento (Perez-Liñan, 2007). Além disso, o “crime de responsabilidade” que derrubou Dilma Rousseff, as famosas “pedaladas fiscais”, eram praticadas sem maiores traumas pelos antecessores, o que por si enfraquece a matéria técnico-jurídica que levou ao processo de deposição, dada a falta de isonomia na matéria julgada, e o reforça como opção política discricionária e direcionada. Mas reconheço que nomear um processo político como “golpe de Estado”, ou não, está muito longe de ser o resultado de uma convenção científica ou conceitual. Há muita margem para revisões conceituais e imbricamento de valores ideológicos nesse debate, mesmo por parte de analistas bem fundamentados. Via de regra, golpistas não gostam de ser chamados de golpistas, mesmo quando o que fazem não deixa margem de dúvidas sob o ponto de vista conceitual clássico e consagrado do qual partimos no começo deste texto. Como vimos, quando um golpe se mistura a processos revolucionários ou a processos com forte amparo legal e constitucional, os limites do conceito são testados ainda mais. Voltemos aos exemplos históricos do período republicano brasileiro. O debate sobre como qualificar os eventos de 1930 e de 1964 na História do Brasil, expressa a dificuldade em nomear um evento político que leva a uma ruptura de regime. Em 1930, quando Getulio Vargas tomou o poder, o nome “revolução” se plasmou ao evento, sendo assumido por historiadores de diversas vertentes (Fausto, 1997). No final dos anos 1970, um revisionismo historiográfico vigoroso foi desenvolvido por historiadores que tentaram descolar os fatos de 1930 de qualquer ideia de “revolução”. Para Edgar de Decca (1980), por exemplo, 1930, a rigor, foi uma mera operação discursiva e ideológica, para apagar da história os projetos políticos efetivamente transformadores que se gestavam na classe trabalhadora. Mas, apesar dessa onda, o nome “Revolução de 30” não foi completamente apagado dos livros de história e materiais didáticos, ainda que muitas vezes passou a ser chamado de “Golpe”. Já em 1964, os protagonistas do evento quiseram nomeá-lo como “revolução”, mas o que prevaleceu, em todas as instâncias do debate crítico, foi a palavra “golpe”. Apesar de a disputa retórica e ideológica entre “revolução” e “golpe” se manter importante na crônica política até meados dos anos 1970, tanto o debate acadêmico quanto a memória social consagraram a palavra “golpe” para nomear a derrubada de João Goulart. Somente os círculos militares ou da extrema direita mantiveram a palavra revolução, e nos anos 2000 começou a circular a visão de que 1964 seria, na verdade, uma “contrarrevolução”, ou um golpe reativo contra o suposto avanço revolucionário das esquerdas.11 Mas o nome dado a um evento disruptivo na política não basta para explicar o papel histórico do regime que se sucedeu, sob risco de explicar a história política a partir de critérios normativos muito estritos. Em ambos os momentos, 1930 e 1964, foram impostas ordens autoritárias, de direita, sob o signo da modernização econômica. Embora o Exército, como instituição, tenha atuado apenas no segundo caso para derrubar o governo vigente,12 o elemento militar (no caso, os tenentes em estado de rebelião) já estava presentes em 1930. Em ambos os casos, grupos políticos ligados às oligarquias tradicionais foram fundamentais para a queda do regime vigente. Em 1930, a oligarquia paulista enfrentou forte oposição das “dissidências oligárquicas”, principalmente em Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Em 1964, os governadores dos estados mais ricos da federação e as oligarquias regionais foram cruciais no desgaste político do governo federal e na oposição a Jango. Portanto, muitos elementos em comum. Mas há também diferenças importantes. Por exemplo, diferentes eram os regimes depostos e os resultados políticos de 1930 e 1964. No primeiro caso, foi deposto um regime político liberal-oligárquico, política e socialmente excludente. No segundo caso, foi deposto um governo reformista que atuava dentro dos limites de um regime liberal-democrático, mas tensionado por razoável participação eleitoral e de movimentos sociais de corte popular. Em 1930, o apelo à “subversão” partiu das elites dissidentes e dos tenentes rebelados, em nome da nação e da modernização social e econômica, para além de qualquer pacto constitucional. Em 1964, os golpistas apelaram à ordem em nome do combate à “subversão”, e, supostamente, derrubaram o governo eleito para manter a Constituição de 1946, logo violada pelo Ato Institucional, contra o reformismo de esquerda. Os resultados de ambos eventos também foram diferenciados. Se a palavra de ordem “modernização” era comum aos dois momentos históricos, os caminhos políticos para realizá-la foram diferentes. O regime de 1930 instaurou um governo personalista, em torno de Getulio Vargas, que se dispunha a falar em nome das massas e dos interesses nacionais, menos porque Getulio tivesse uma autoridade inconteste desde sempre, e mais porque soube se equilibrar entre os grupos divergentes que ocupavam ou pleiteavam o poder de Estado (Lira Neto, 2013). O regime de 1964 instaurou um regime burocrático e impessoal, calcado nas regras e hierarquias das Forças Armadas, submetendo, tutelando ou silenciando grupos políticos divergentes. Um tentou mobilizar os operários, ainda que de forma teatralizada e tutelada; o outro os excluiu da política. Vargas planejou uma política de massas, sobretudo a partir de 1942 (Gomes, 1988),13 os militares tinham aversão a ela. Em torno de 2016, a “guerra de narrativas” e a compreensão do processo político ulterior ainda estão abertas, sem prejuízo da posição pessoal expressada por este autor. Obviamente, sempre é bom esclarecer, o fato de reconhecer um golpe de Estado na deposição de Dilma Rousseff não exclui as responsabilidades de natureza política e ética da esquerda derrotada na produção das condições políticas que levaram ao seu próprio fracasso (Limongi, 2017). As contradições da esquerda no poder, a despeito das suas virtudes em muitas políticas públicas e valores democráticos e inclusivos, abriram espaço para que o golpismo atávico dos grupos conservadores brasileiros se traduzisse em um “bom combate” pela defesa da moralidade pública, agregando muito apoio em uma sociedade amedrontada pela crise econômica, pela insegurança pública e pela falta de serviços básicos. Um dos aspectos mais importantes de todo esse debate é não perder o lastro conceitual que define um golpe de Estado: a derrubada pela força, de um governo constitucional e legítimo, muitas vezes incrementando uma crise política e social que, em outros contextos, poderia ser contornada de outra maneira, dentro dos marcos constitucionais ou do processo eleitoral regular. Claro, não tenho a intenção, nem a ingenuidade, de sobrepor uma fria definição conceitual e acadêmica ao uso vivo do conceito no debate público pelos agentes políticos e grupos ideológicos em disputa. Mas, passado o calor da hora, um pouco de respeito aos conceitos não faria mal ao debate público. Nesse sentido, lembremos, a pergunta “foi golpe ou não foi golpe” não foi um dilema limitado ao debate das redes sociais e à opinião apaixonada, mas também invadiu o debate acadêmico. Mas como evitar golpes de Estado nesse ambiente de golpismo atávico? Aqui temos que retomar, novamente, a relação entre crises políticas e golpes de Estado. Se nem todas as crises políticas tiveram desfechos golpistas ao longo da história, ainda hoje é um grande desafio analítico estabelecer uma relação clara e modelar entre crise e golpe, tanto do ponto de vista normativo quanto do histórico. Qual a natureza e grau de uma crise que justifique a “ação audaz” em defesa da ordem? Em nome de quem se defende essa ordem, posto que golpes, via de regra, desrespeitam as constituições, vistas como pactos que fundam uma sociedade e que preveem mecanismos para superar crises e conflitos sociais e políticos? Em linhas gerais, a ideia de crise tem três grandes perspectivas na filosofia política. Pode ser considerada um distúrbio funcional em um organismo/sistema harmônico, causado por uma anomalia interna ou externa (visão conservadora); um acirramento do conflito por interesses materiais e simbólicos que faz que os atores deixem de respeitar as regras institucionais da política (visão liberal); um processo social inerente à história como movimento dialético, causada pelo conflito inerente dentro de um sistema essencialmente contraditório, que é a sociedade (visão marxista). Há também uma variável importante, que entende a crise como mudança brusca na trajetória de uma estrutura/sistema, causada por uma saturação de eventos novos, exigindo novo reequilíbrio (visão estruturalista). Um axioma possível para entender a relação entre crise política e golpe de Estado no Brasil pode ser explicado pelo predomínio da visão conservadora e da visão liberal-oligárquica na cultura política da nossa sociedade. Em outras palavras, se a percepção de uma crise causada pela suposta “anomalia externa” não tiver solução dentro das instituições e das “escolhas racionais” que deveriam regê-las, o golpe se autojustifica para esses dois grupos. Não por acaso, o conceito de “autoritarismo de crise”, conforme a formulação de Decio Saes (1985, p.153), explica a adesão ativa ou passiva dos liberais brasileiros aos inúmeros golpes de Estado que afligiram a nossa história, apontando para esta interação da perspectiva autoritária-conservadora e liberal a um só tempo. O que para os autoritários deveria ser a regra, uma política de força para impedir a dissolução do tecido social, para os liberais se torna tática pontual para expurgar as supostas ameaças às instituições. O problema é que, apesar das diferenças, o resultado nefasto para a construção da democracia é o mesmo. Tanto é que depois dos golpes que afastam o adversário e inimigo comum, geralmente, os dois núcleos ideológicos tendem a acirrar suas divisões. Os exemplos de 1937, 1964 e 2016 apresentam essa tendência. A questão é que a identificação de uma crise política, sua formulação do debate público e o seu potencial disruptivo dependem do jogo de forças que disputa a hegemonia em uma sociedade. Muitas vezes, demandas materiais ou políticas dentro da ordem constitucional, feitas por grupos que são sub-representados ou excluídos das instituições políticas, como a antiga classe operária ou os trabalhadores rurais, são vistas como ameaças sérias à ordem pública, quando na verdade são ameaças maiores aos interesses privados que controlam certas instituições e a apropriação da riqueza social. Muitas vezes, essas demandas nem estão associadas a projetos de mudanças abruptas ou radicais ne estrutura socioeconômica ou no campo dos valores civilizatórios, mas são propositalmente identificadas como tal pelas facções conservadoras. Assim, o que precisa também ser pensado são as estratégias de atores na produção dessa excepcionalidade, para justificar um golpe de Estado já em estado latente, como forma barrar um processo político ou social em curso (Bartelson, 1997). Nesse sentido, em um contexto de crise, a rotinização da política e do processo decisório seria propositalmente quebrada por uma “ação audaz”, antes mesmo que esgotasse seu ciclo de negociação de conflito dentro das instituições. A chamada “estratégia de tensão”, típica em golpes conduzidos pela extrema direita, que dissemina o pânico social diante do conflito político-ideológico, é exemplo desse caminho de exacerbação da crise. Portanto, crises também podem ser provocadas ou infladas a partir de interesses em desestabilizar e deslegitimar um dado processo político (Marturano, 2010, p.7). Quando essa estratégia se alia à inabilidade dos governos vigentes, como no caso do governo Dilma Rousseff, e à pressão popular extraparlamentar (como no caso das jornadas de protesto da direita entre 2015-2016), uma crise política tende a se transformar em crise de regime. Contra isso, seria preciso reforçar a cultura política democrática em uma sociedade, pela educação e pela formação geral do cidadão, bem como construir uma flexibilidade institucional para incorporar demandas inclusivas, e ao mesmo tempo blindar as instituições para que elas não embarquem em aventuras golpistas, seja lá por qual motivo. Reconheço que isso se aproxima da busca da “quadratura do círculo”, sobretudo em países sem elite orgânica formada em valores democráticos, com baixa participação institucional da sociedade civil e com carências e desigualdades materiais graves, como o Brasil. A capacidade de os arranjos constitucionais e as instituições políticas absorverem novas demandas sociais, novos atores políticos e estabelecerem freios a aventuras golpistas e valores autoritários, muitas vezes arraigados em grupos influentes na sociedade, é o melhor antídoto para se evitar o golpe de Estado. Mas o pior dos cenários é quando essas instituições, elas mesmas, se abrem para as teses golpistas. Referências AGAMBEN, G. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004. ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 2001. ARENDT, H. A condição humana. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010. _______. Sobre a revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2011. BARBÉ, C. Golpe de Estado. 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Acesso em: 28 maio 2019. » http://www.jstor.org/stable/421272 Notas 1 Agradeço ao CNPq o apoio financeiro para a pesquisa que está na base da elaboração deste artigo (Processo n.301618/2017-8). 2 Os conceitos de “tirania” e “ditadura”, herdados da Antiguidade greco-romana são categorias fundamentais para se compreender, de maneira complementar o conceito de Golpe de Estado e suas mutações ao longo da história. Lembremos que “tirania”, oposto da democracia grega clássica, era o governo de um homem com poderes ilimitados, quase sempre sustentado pelo apoio popular e por projetos de reforma econômica antioligárquicos. Sua personificação clássica, em chave positiva, é Pisístrato. Por outro lado, o conceito de ditadura, na tradição romana, era o governo de um homem com poderes amplos, discricionários (mas não ilimitados), nomeado Consul e autorizado pelo Senado por um tempo determinado, para superar crises militares ou sociopolíticas. O conceito de Despotismo, cunhado no Ocidente a partir da análise dos Estados do “Oriente”, também deve ser levado em conta nessa etimologia política. No contexto iluminista e revolucionário do século XVIII, o conceito de Despotismo foi aplicado para criticar as Monarquias Absolutas, depois conhecidas como “Antigo Regime”. Essas três palavras, sintomaticamente, ainda estão presentes no debate contemporâneo, e frequentemente aparecem associadas a governos produzidos por golpes de Estado. Ver Anderson (2001); Forsdyke (2009, p,231-46); Lowrie (2010, p.171-86); neste último texto, a autora propõe uma instigante leitura do conceito de ditadura e “estado de exceção”, articulando a tradição política romana às reflexões de Giorgio Agamben e sua leitura de Carl Schmitt. 3 Para uma visão geral da História do Constitucionalismo ver Loewenstein (1976). 4 Nesse ponto, entretanto, não podemos deixar de citar o famoso ensaio de Curzio Malaparte (2009), Téchnique du Coup D’État, publicado em 1931. Nele, o autor analisa vários golpes de Estado na história contemporânea, considerando o “18 Brumário” de Napoleão Bonaparte (1799) o primeiro golpe da era moderna. O autor procura estabelecer uma tipologia de golpes e ações de tomada de poder pela força, levando em conta ação dentro ou fora das estruturas políticas do Estado, bem como da manutenção destas estruturas após a tomada de poder. No livro, ele inclui a tomada de poder pelos bolcheviques em 1917, como um golpe de Estado. 5 O Institucionalismo é uma escola historiográfica que se opõe ao materialismo histórico por justamente colocar as instituições em evidência, ao invés das classes sociais. Em fins dos anos 1960, uma agenda de pesquisa que emergiu na Ciência Política estadunidense, recolocando as instituições como “elemento definidor da autonomia disciplinar da Ciência Política” (Sanders, 2008). Mais recentemente, o “novo institucionalismo” fundiu a abordagem comportamentalista da política (objetividade/racionalidade, empirismo, formalizações, escolhas racionais individuais) com a primazia das instituições na análise política. 6 Aqui me refiro às polêmicas recentes sobre como nomear a deposição de João Goulart que envolveu vários atores institucionais no Brasil em um debate inócuo, mas revelador das estratégias de negacionismo histórico e do mal-estar de vários setores políticos com a memória dominante sobre a ditadura brasileira que se seguiu. 7 Nesse sentido, é preciso diferenciar da tradicional “quartelada” ou do “pronunciamento” típico de sociedades sem instituições impessoais no plano da sociedade política ou ainda dominadas por economias rurais e sociedades civis menos plurais, mais suscetíveis a aventuras golpistas individuais. 8 Ver também a crítica a Agamben feita por Christos Boukalas (2018), que recoloca questões históricas, sociais e relacionais para discutir e o estatismo autoritário, criticando a abstração e excessiva normatividade do conceito de “estado de exceção permanente”. 9 No debate atual, tem sido comum a discussão da crise terminal das democracias “por dentro”, feridas por governantes eleitos e pela parcela da população que não se sente representada pelas instituições e valores democráticos pautados pela inclusão e pelo globalismo (Levitsky; Ziblatt, 2018). 10 Nesse sentido, ver Tilly (1973, p.440). O autor discute a Revolução, dentro de uma concepção ampla de ações de “descontinuidade política”, a partir da Teoria da Modernização muito em voga nos anos 1950 a 1970, especialmente impactante em contextos nacionais marcados pelo atraso histórico e estrutural. 11 Curiosamente, muitos autores de direita citam o livro do historiador comunista Jacob Gorender, preso e torturado durante a ditadura (Combate nas trevas, Ática, 1987) como fundamento para nomear 1964 como “contrarrevolução”. 12 Por certo, houve um golpe de Estado no bojo da rebelião liderada por oligarquias dissidentes e tenentistas, quando Tasso Fragoso derrubou Washington Luis. Mas esse episódio não foi reconhecido pelos rebeldes, que continuaram sua marcha para o Rio, sem negociar com a junta militar. 13 Ver, por exemplo, dois analistas de formação acadêmica engajados em polos opostos do debate: Jesse Souza (2016) e Bolivar Lamounier (2016). Datas de Publicação Publicação nesta coleção 12 Ago 2019 Data do Fascículo May-Aug 2019 Histórico Recebido 29 Maio 2019 Aceito 05 Jun 2019 Creative Common - by-nc 4.0 Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo Rua da Reitoria,109 - Cidade Universitária, 05508-900 São Paulo SP - Brasil, Tel: (55 11) 3091-1675/3091-1676, Fax: (55 11) 3091-4306 - São Paulo - SP - Brazil https://www.scielo.br/j/ea/a/WGPncXJHXXHrpMMxb3H9SFc/ _________________________________________________________________________________________________________ ------------------- Semana 4 – Língua Portuguesa – 7º ano – Atividades Leia os textos abaixo: Texto 1 — Era uma vez um reino sonolento Era uma vez um reino de conto de fadas, com um rei barbudo, uma rainha bondosa e uma linda princesa. Todos viviam felizes para sempre, num grande castelo de torres muito altas. Neste reino tão comum havia também centenas de súditos, que moravam do lado de fora do castelo. Tudo corria pontualmente, até que um belo dia a linda princesa caiu da torre muito alta e morreu bem morrida. O rei, arrasado com a tragédia, trancou-se no quarto e nem quis ouvir os que vinham consolá-lo. É que todos diziam a mesma coisa: – Não fique assim, majestade, com o tempo a dor diminui... – Com o tempo a dor passa... – Com o tempo a dor acaba... Mas o rei não queria que a dor diminuísse, passasse, nem acabasse. Queria guardar para sempre a tristeza que estava sentindo naquele exato momento. Foi então que veio a ideia. Ele não era a alteza altezíssima? Não mandava em tudo? Pois então? Iria fazer um decreto real mandando o tempo parar. Na mesma hora, as trombetas ecoaram por todo o reino e a proclamação foi ouvida: a partir daquele instante, era proibido possuir relógios de qualquer tipo. Relógios de mesa, de parede, cucos, tudo deveria ser destruído imediatamente. Quem desobedecesse seria mandado para a forca. Diante de tal ameaça, todos seguiram a ordem do rei. E o tempo parou. (BENEVIDES, Ricardo & CUNHA, Leo. Era uma vez um reino sonolento. Rio de Janeiro: Record, 2007.) Texto 2 — O reino adormecido — Peça de Leo Cunha em 3 atos 1º ato — cena 1 Praça do reino, bastante colorida. É dia de festa. No centro da praça, ao fundo, vê-se uma torre com um relógio bem grande ao alto. Os súditos, moradores do reino, cantam e dançam uma música animada. Jogam confete e serpentina na plateia. De repente, ouve-se um grito feminino muito alto, vindo de fora do palco, e um barulho seco. Súditos interrompem a dança e a cantoria, assustados. SÚDITO 1 — Que barulho foi este? SÚDITO 2 — O que será que aconteceu? Será que alguém caiu? SÚDITO 3 — Deus me livre, atchim e amém: o barulho veio lá das bandas do castelo! Ouve-se o som de uma trombeta e em seguida entra em cena o Arauto Real. ARAUTO — Atenção, muita atenção, povo do Reino Alegre. Tenho um anúncio muito triste a fazer. Súditos se entreolham apreensivos. ARAUTO — A linda princesa Clarice caiu do alto da torre do palácio e morreu. TODOS — OOOOHHHH! SÚDITO 3 — Mas morreu assim assim... bem morrida? SÚDITO 1 — Silêncio, rapaz! Respeite o Arauto Real. ARAUTO (pigarreando) — Como eu ia dizendo, a linda princesa Clarice caiu do alto da torre do palácio e morreu... Portanto, por decreto de Sua Majestade, o Rei Soberano, a partir de hoje todos os súditos devem retirar suas roupas coloridas e vestir roupas pretas. O Reino Alegre está de luto. (CUNHA, Leo. O reino adormecido — peça em três atos. Rio de Janeiro: Record, 2011.) ATIVIDADES 1) Quais são os personagens do texto 1? E do texto 2? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2) Preencha a tabela abaixo: Critérios de comparação Era uma vez um reino sonolento O reino adormecido Possui narrador, isto é, uma voz que conta a história? . Há falas de personagens? Como aparecem no texto? Como são caracterizadas as personagens? Como é apresentado o ambiente? 3) Que tipo de discurso aparece no texto 1 e no texto 2? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4) Agora responda: Quais as características do texto dramático escrito? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5) Pensando nas características de um texto para ser encenado, quais mudanças poderiam ser realizadas no trecho a seguir? Observem os aspectos que podem ser melhorados como, por exemplo: utilizar a pontuação expressiva, visto que o texto não aparece pontuado adequadamente; inserir rubricas indicativas das ações cênicas; tornar as falas mais engraçadas, enfáticas, mais elaboradas. Além disso, é importante que o texto adaptado tenha coerência e sequência lógica, de forma que as falas das personagens conduzam o desenvolvimento do texto. https://www.congonhas.mg.gov.br/wp-content/uploads/2020/07/PET-2-7%C2%BA-Completo-com-Anexo.pdf ___________________________________________________________________________________________________________ -----------
-------------- ERA UMA VEZ UM REINO SONOLENTO NO BLOG CONTOS, CANTOS E ENCANTOS Era uma Vez um Reino Sonolento no Blog Contos, Cantos e Encantos (Agosto 2011) A segunda indicação é uma parceria no texto entre o Leo Cunha, o Ricardo Benevides e ainda com a delicadeza das ilustrações do André Neves, um dos mais talentosos ilustradores da nova geração. Era uma vez um reino sonolento é da Editora Record” […] http://contoscantoseencantos.blogspot.com.br/2011/08/dica-de-leitura_08.html ________________________________________________________________________________________________________ ------------- A Hora da Decisão: reveja o 1º turno do debate presidencial de 1989 no SBT SBT News Com Lula, Maluf, Leonel Brizola, Mario Covas, Guilherme Afif e Roberto Freire, o primeiro turno do debate presidencial de 1989 foi exibido pelo SBT no programa A Hora da Decisão. Com a apresentação de Boris Casoy, o debate foi o último antes do pleito que marcou a recuperação do direito ao voto, após quase 30 anos de ditadura militar | #sbtnews https://www.youtube.com/watch?v=hCeIOHBK8AQ

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