Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 16 de março de 2024
CONSTRIÇÃO
"Constrição é um método de abate de presas usado por vários espécies de serpentes. Apesar de também ser usado por algumas serpentes peçonhentas para imobilizar suas presas, a maioria das serpentes que constrigem não são peçonhentas. Ao contrário do mito, as serpentes não sufocam a presa ou quebram seus ossos." Wikipédia
--------
------------
"... gramática e lei, ainda nos podemos mexer”.
“Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer.”
----------
---------------
Poesia | O escrivinhador de peças, de Bertolt Brecht
_________________________________________________________________________________________________________
-------------
---------------
Coisas Do Mundo, Minha Nega - Teresa Cristina e Grupo Semente
Deck
Faixa 4 do CD "A Música de Paulinho da Viola -- 1" da Teresa Cristina e Grupo Semente.
_________________________________________________________________________________________________________
-------------
-------------
"Amigos,
Você deveria se preocupar mais com a China drenando seus dados pessoais e manipulando seus pensamentos através do TikTok, ou com bilionários americanos drenando seus dados pessoais e manipulando seus pensamentos através do TikTok?
Pessoalmente, eu não confio em nenhum dos dois.
Por isso, a atual confusão em Washington sobre o destino da plataforma popular é completamente irrelevante."
Robert Reich
----------
-------------
Graciliano Ramos: observador perspicaz, é também exímio decodificador do nosso labirinto existencial (Foto: Kurt Klagsbrunn)
------------
Graciliano Ramos entre “a gramática e a lei”
João Paulo Ayubdisse:
2 de março de 2021
----------
“Toda palavra tem sempre um mais-além, sustenta muitas funções, envolve muitos sentidos. Atrás do que diz um discurso, há o que ele quer dizer, há ainda um outro querer-dizer, e nada será nunca esgotado…”
Jacques Lacan
---------
A prisão do escritor alagoano Graciliano Ramos pela ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas completa 85 anos nesta quarta, dia 3 de março. O “velho Graça”, como era chamado pelos amigos, muitos deles também escritores, como José Lins do Rego e Raquel de Queiroz, foi encarcerado pela polícia sem formalização de acusação ou mesmo apresentação de provas de seu envolvimento com grupos opositores do regime ditatorial. Graciliano foi vítima de um antiquíssimo e infelizmente tantas vezes repetido ritual de exclusão pelo poder do estado. Coube ao escritor a narrativa do período em que esteve preso e que resultou na publicação póstuma do livro Memórias do cárcere, em 1953, ano da morte de Graciliano, aos 60 anos. A violência deixou marcas profundas em seu corpo, traços irremediáveis que também foram testemunhados pelo arranjo escrito da palavra.
Observador fino e perspicaz, Graciliano é também um exímio decodificador das mazelas sociais e do labirinto existencial no qual nos encontramos. Coisa muito enredada, complicação inextricável: o labirinto, suas salas subterrâneas e superfícies vertiginosas, porão de navio sujo e fétido, metáfora da vida tantas vezes derrotada e afogada num mar de sofrimento psíquico.
Essa escritura é uma tarefa que exige cuidado, pois as armadilhas no caminho são muitas: o gesto preciso da decodificação carrega, de certo modo, a magia da transposição dos sentidos de um lugar para outro. A gramática responde às tramas da lei, linguagem de águas turvas, mas a vida desde sempre atravessada não se deixa apagar: na pele do texto carimbado pela ordem social cabe à palavra revelar os segredos que se escondem na sutileza de seus interstícios. Na pena do escritor alagoano, o trânsito da experiência que deságua na linguagem – linguagem da experiência – não embaralha os sentidos da passagem que resulta na experiência da linguagem. “Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos.” Assim se inicia o relado das Memórias…
Para a composição de suas memórias do período em que foi preso e sequestrado pela ditadura do Estado Novo, nos anos 1936-37, Graciliano não pôde contar com os registros escritos no tempo/espaço do cárcere. Ele temia por complicações maiores com as autoridades militares: “Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água.”
A tonalidade da experiência vivenciada pelo escritor em seus longos dias de confinamento está de tal forma incrustada no contorno das palavras que se arriscam em dizê-la que, no fim das contas, palavra da experiência, experiência da palavra, acontecimentos separados no curso do tempo, confundem-se no movimento indistinto que revela sua profunda condição de desamparo. Decodificação alquímica que vai além da simples intenção de registro dos fatos; a palavra escrita transborda em sua precisão fugidia a vida do escritor em tempos sombrios.
“Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer.”
Se o trecho das Memórias explicita a natureza do obstáculo, em que Graciliano compara a gramática à lei (reduzindo-as ao gesto comum da opressão), há que se levar em conta também a liberdade proporcionada pelo fato de que ainda assim “nos podemos mexer”. A vida não se apaga no estreito encadeamento que irmana as regras da sintaxe e o regime de poder legal. Nestas poucas palavras, nos deparamos com um universo vastíssimo de significados que ilumina toda a obra do escritor. Por tudo isso, as Memórias do Cárcere ocupam o lugar que converge num mesmo ponto testemunho político e testamento literário.
Nos “estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer”: o final da frase se revela um tanto enigmática e sinaliza para o que aqui se enxerga como a grande questão que anima a obra deste autor: enquanto houver linguagem, para o bem ou para o mal, “ainda nos podemos mexer”. Mas que linguagem? Certamente, não se trata do discurso dos quartéis, dos silêncios que residem atrás de cada ameaça. Um cano de ferro de uma arma prensada às costas da vítima pode “falar” a mais profunda verdade sobre a condição na qual se encontra: a pistola do soldado nas costas de Graciliano, à entrada no porão do barco Manaus, embarcação que o levou, junto a centenas de presos, da cidade do Recife ao Rio de Janeiro, revelou, de súbito, sua total precariedade, até então velada pela monótona rotina do quartel nos primeiros dias de prisão. A linguagem de que fala Graciliano, sintaxe singular, é aquela capaz de “dizer” o idioma do sujeito lançado à experiência de si mesmo, como diria Lacan, um “mais-além” da palavra.
Enfim, se quisermos acessar o idioma em que nos “fala” o escritor, devemos mergulhar em sua própria experiência de libertação: a palavra que reinscreve no texto as cores e os traços de seu universo existencial. Tal mergulho nos ajuda a enxergar mais de perto o modo como a dimensão do humano se realiza no âmbito da palavra. Entre uma infinidade de obstáculos, violências desmedidas, identificamos as leis e a gramática em que o escritor esteve enredado. Resta buscar em sua morada, sua linguagem, o momento em que seu ser transcende as amarras do texto e faz da palavra um gesto genuíno de transformação. Esse momento configura o encontro do ser com a linguagem que o constitui. Encontro em que os sentidos da existência realizam-se num modo de ser que é essencialmente palavra. Em suas Memórias, o escritor realiza a palavra que lhe restitui a capacidade de revelação, de levantar-se do golpe que intencionava suprimi-lo.
João Paulo Ayub Fonseca é psicanalista e doutor em Ciências Sociais pela Unicamp com tese intitulada “Arte é sangue, é carne – a riqueza e a miséria da palavra no romance de Graciliano Ramos”. Autor de Introdução à analítica do poder de Michel Foucault (Intermeios, 2015).
https://revistacult.uol.com.br/home/graciliano-ramos-entre-a-gramatica-e-a-lei/#:~:text=%E2%80%9CLiberdade%20completa%20ningu%C3%A9m%20desfruta%3A%20come%C3%A7amos,%2C%20ainda%20nos%20podemos%20mexer.%E2%80%9D
____________________________________________________________________________________
----------
-----------
"A constrição à liberdade para alguns costuma iniciar-se na linguagem, gramática, léxico, acentuação, pontuação, concordâncias e terminar com os costados dando na cadeia de correção." Graciliano Ramos o disse em suas Memórias do Cárcere, a cavaleiro.
Essa citação de Graciliano Ramos, extraída de suas "Memórias do Cárcere", sugere uma reflexão profunda sobre como a restrição à liberdade muitas vezes começa de maneira sutil e aparentemente inócua, na linguagem e em suas diversas manifestações, como gramática, léxico, acentuação, pontuação e concordâncias. A observação de que isso pode culminar na privação física da liberdade, representada pela "cadeia de correção", é uma metáfora poderosa que nos faz pensar nas formas complexas e variadas pelas quais o controle social pode ser exercido, inclusive através da linguagem. Essa é uma reflexão que ressoa em muitos contextos históricos e contemporâneos, destacando a importância da liberdade de expressão e da consciência crítica em uma sociedade livre.
------------
------------
Memórias do Cárcere: Literatura e Testemunho Capa comum – 1 janeiro 2017
por Hermenegildo Bastos (Autor)
Uma interpretação bifocal de Graciliano Ramos - Com Memória do Cárcere, literatura e testemunho, Hermenegildo Bastos realiza um dos trabalhos mais fundamentais e originais, sobre a obra de Graciliano ramos. O traço mais característico de sua investigação constitui em dar voz ao texto analisado, em primeiro lugar. A qualificação literária de Graciliano Ramos deriva do complexo de informações colhidas das diferentes obras do autor de Memórias do Cárcere, buscando entre estas a associatividade e a reiteração dos princípios unificadores. Enfim, obteve-se, assim, a partir da obra memorialística, o conteúdo poemático do conjunto. Em segundo lugar, o ensaísta capta os ecos do contexto em que a obra operou, restaurando, no interior daquela, o que foi projeto e o que se realizou concretamente como textualidade. A parte e o todo se questionam e iluminam, remetem-se a um projeto que se recusa. E mais uma característica se apresenta à leitura do ensaio de Hermenegildo Bastos: a argumentação em tessitura, ou seja, a articulação dos argumentos como um processo cumulativo, a maquinação, em andamento, de um saber globalizador. A lucidez do ensaio de Hermenegildo Bastos reside no estabelecimento dos pontos básicos da tese que se lhe ofereceu. Ou melhor: do princípio que decidiu explorar. E, à medida que o trabalho se desenvolve, voltam as referências básicas, numa dança especulativa como que a compor o arcabouço do edifício conceitual. O leitor logra atingir o final da leitura perfeitamente conquistado pela força argumentativa do ensaísta, acompanhando-lhe o encadeamento lógico. O que é mais interessante é que tal procedimento se realiza como imitação do método narrativo de Graciliano Ramos, que, no vai-e-vem das microunidades do texto, vai tecendo o tapete mesclado de memórias e de imaginação, de crítica social e confissão, de factum e fictum. Talvez a melhor parte teórica do ensaio sejam as considerações sobre a autobiografia. Além de rica e pertinente bibliografia, Hermenegildo Bastos demonstra momentos felizes de pesquisa e observação. Como, por exemplo, aqueles em que compara a cena do menino mais velho, no capítulo "Mudança" de Vidas Secas, com o episódio biográfico de Memórias do Cárcere, capítulo da 3ª parte, em que o autor/personagem caminha arquejando, sob a vigilância dos soldados, em sua mudança para a Colônia Correcional. Ao mesmo tempo, na linha do diálogo da obra com as esferas contextuais, Hermenegildo Bastos aponta, no projeto de Graciliano ramos, o interesse em fixar as personagens excluídas pelo sistema, ou seja, os dominados, sem tintas róseas ou românticas, como era do seu estilo.
_________________________________________________________________________________________________________
--------------
------------
A citação está bem redigida em termos de linguagem, gramática, léxico, acentuação, pontuação e concordância. Aqui está a análise detalhada:
Linguagem e Léxico: A linguagem é clara e precisa, e o léxico é apropriado para o contexto.
Gramática: Não há erros gramaticais.
Acentuação: Não há erros de acentuação.
Pontuação: A pontuação está correta e ajuda a transmitir o significado desejado. O ponto final no final da citação encerra a frase adequadamente.
Concordância: Não há erros de concordância. O sujeito "constrição" está no singular, concordando com o verbo "costuma" e o pronome possessivo "seus" concorda com "costados", ambos no plural.
Portanto, a citação está correta em todos esses aspectos linguísticos.
-------------
--------------
Memórias do cárcere Capa comum – 9 março 2020
Edição Português por Graciliano Ramos (Autor)
------------
Sim, a frase citada realmente encapsula uma reflexão presente nas "Memórias do Cárcere" de Graciliano Ramos. Neste livro, Graciliano Ramos relata suas experiências pessoais enquanto esteve preso durante o Estado Novo no Brasil, devido ao seu envolvimento com movimentos políticos de esquerda.
O trecho em questão reflete a percepção do autor sobre como a restrição à liberdade pode começar de maneira sutil na linguagem e nas normas gramaticais impostas pela sociedade, e como isso pode evoluir para uma privação mais direta e física da liberdade, como estar preso na prisão.
Embora a frase em si não seja uma citação direta das "Memórias do Cárcere", ela encapsula bem o tema central do livro, que é a reflexão profunda sobre liberdade, poder, opressão e resistência, sob a perspectiva pessoal do autor durante seu período de encarceramento político.
_________________________________________________________________________________________________________
-------------
--------------
The Billionaire Keeping TikTok on Phones in the U.S. - WSJ
Jeff Yass, WSJ
------------
Whom do you trust more with TikTok — China, or American billionaires?
I don’t trust either. Congress needs a totally different approach to giant social media platforms.
ROBERT REICH
15 DE MAR. DE 2024
Friends,
Should you be more worried about China siphoning off your personal data and manipulating your thoughts via TikTok, or American billionaires siphoning off your personal data and manipulating your thoughts via TikTok?
Personally, I don’t trust either.
Which is why the current brouhaha in Washington over the fate of the popular platform is utterly beside the point.
Rich Americans now lining up to buy TikTok, if the Senate goes along with the House and bans the platform from our shores as long as it’s owned by Chinese investors, include a hit parade of irresponsible billionaires — such as the corrupt former Trump Treasury Secretary Steven Mnuchin, Trump lapdog investor Kevin O’Leary, and right-wing megadonor Bobby Kotick.
Not to forget multibillionaire Republican megadonor Jeff Yass, who already owns a $15 billion (yes, billion) stake in TikTok’s parent company, ByteDance.
Yass is the biggest Republican donor in the 2024 election cycle so far, having spent $46.4 million. (He was the fourth-largest donor in the 2022 midterms, spending $56.2 million. In 2020, he donated $25.3 million, all to Republican candidates.)
According to ProPublica, Yass has focused on candidates pushing for lower taxes, charter schools, campaigns against so-called critical race theory, abortion bans, and candidates who deny Biden won the 2020 election.
He also spends on Trumpish “think tanks.” In 2020, he donated $20.7 million to the Club for Growth. And he and one of his partners, Arthur Dantchik — who, not incidentally, sits on the board of ByteDance — are responsible for a large portion of the donations to the Kohelet Policy Forum, a conservative right-wing Israeli think tank.
----------
-----------
Not surprisingly, Yass has given generously to politicians who have opposed restrictions on TikTok. And his Club for Growth is right behind him.
After Trump recently attended a donor event in Palm Beach, organized by the Club for Growth, he reversed his position and said he opposed the TikTok ban.
The Club for Growth has also hired former Trump aide Kellyanne Conway to lobby lawmakers to oppose the ban. Vivek Ramaswamy also reversed himself after a super PAC supporting his failed bid for the Republican nomination received money from Yass.
Yass is not the only big American investor who has already plunked down billions for pieces of TikTok. The Carlyle Group, KKR, and General Atlantic have all invested, according to data provider PitchBook.
The contretemps over the TikTok ban shows the power of America’s billionaires over public policies, even policies purporting to protect national security. It also shows the global reach of American billionaires over giant corporations, regardless of where they are headquartered — even ones like ByteDance that appear to be linked to the Chinese government.
True, America’s billionaires aren’t in a global race with the United States for world dominance. But they’re in a race with the rest of America to dominate the United States — a race which should be of no less concern. The lure of unfathomed wealth can be as corrosive to the common good as a competing nation’s determination to beat us.
--------------
---------------
We need to have a totally different conversation about TikTok — as well as the other giant platforms now scraping up our personal data and feeding us dangerous lies. Is TikTok really any more worrisome than X (formerly Twitter), Google, Facebook, and Amazon, and their billionaire owners?
The real issue here isn’t whether China or some American billionaire should own these platforms. It’s how to make them publicly responsible, regardless of who owns them.
These social media platforms have become so large and powerful they should be treated as public utilities or common carriers — and regulated in the public interest.
That’s my two cents. What do you think? (Here’s my interview with Joy Reid on MSNBC last night, on the subject.)
-------------
------------
https://robertreich.substack.com/p/who-do-you-trust-more-with-tiktok
_________________________________________________________________________________________________________
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário