Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
DEFESA ÍNDIA DA RAINHA
Que negócio é esse??
Max Weber e sua abordagem da Ética
***
***
Olá, pessoal!
Vamos resolver uma das questões do nosso curso intensivo para o último concurso para Defensor Público do Estado de Amazonas? Segue o enunciado proposto:
(EMAGIS) Sobre o pensamento de Max Weber e sua abordagem da Ética, assinale a alternativa correta:
(A) Weber acreditava em uma única ética, a chamada ética geral, aplicável a todos os negócios individuais e públicos.
(B) Max Weber preconizava que a emoção não deve fazer parte do ato de governar, em nenhuma de suas expressões.
(C) A Ética da convicção era aquela ligada aos sentimentos puros, sendo a única ética preferível no espaço público.
(D) A ética da responsabilidade lidava com as relações de causa e efeito, sendo importante ferramenta do chamado “pragmatismo político”.
(E) O idealismo está ligado à ética da responsabilidade.
Gabarito: (D).
Item “D” correto. Max Weber, sociólogo e cientista político alemão, é concebido como um dos principais pensadores da ciência política. Weber demarcou importantes terrenos da ciência política, incluindo a análise do fenômeno estatal e econômico pelo prisma da racionalidade. Weber insistiu que a ética protestante (livro “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”) era a responsável pela mudança de rumos do mundo ocidental, dando ensejo a um capitalismo que não se envergonhava de buscar o lucro e o progresso material.
Mas foi no campo da Ética em que Max Weber desenhou a distinção entre o idealismo e o pragmatismo, notadamente na conferência “A política como vocação”. Ele o fez através da distinção entre Ética da Convicção e Ética da Responsabilidade. A ética da convicção envolvia os fins desejados pelo agente público, ou seja, a sua visão particular de mundo; a sua visão moral; a sua visão do que é certo. Era uma forma de idealismo. De outro turno, a Ética da responsabilidade consistia em analisar as relações de causa e efeito entre as ações e as consequências. É uma ótica consequencialista por definição. O importante é o procedimento a ser adotado, e não os fins desejados. A ética da responsabilidade era mais compatível com o caminho da boa governança, pois era pragmática e conhecedora das consequências.
Item “A” errado. Weber separava a ética da convicção da ética da responsabilidade.
Item “B” errado. O político efetivo era aquele que governava com a razão, mas que também conseguia despertar a emoção nas massas.
Item “C” errado. A ética da convicção, de fato, despertava para os sentimentos morais. Porém, não era uma ética a ser empregada a todo custo no espaço público, pois certamente conduziria a resultados desastrosos, do ponto de vista político. Max Weber pregou uma convivência entre ambas as modalidades de ética.
Item “E” errado. O idealismo está ligado à ética da convicção.
Emagis: líder em aprovação nos mais exigentes concursos públicos!
Fonte: Emagis
*** *** https://www.emagis.com.br/area-gratuita/que-negocio-e-esse/max-weber-e-sua-abordagem-da-etica/ *** ***
***
25 de Outubro - Dia de São Crispim e São Crispiniano
Fonte: Calendarr
***
***
Foto: Divulgação
***
Esta data, celebrada por toda a comunidade da doutrina cristã católica, homenageia a figura de dois irmãos gêmeos considerados os padroeiros dos sapateiros: São Crispim e São Crispiniano.
Crispim e Crispiniano viveram em meados do século III, sendo conhecidos por sua popularidade, carisma e pelas fervorosas pregações que faziam sobre Deus.
Foram perseguidos pelo Império Romano e martirizados até a morte.
Os irmãos eram sapateiros, por esta razão atualmente são considerados os padroeiros das pessoas que seguem esta profissão. Oração a São Crispim e São Crispiniano
"Oh! Deus, que com tão inefável bondade inspirastes a vossos fiéis servos Crispim e Crispiniano a renúncia dos bens terrenos e o amor das espirituais delícias, o horror das mundanas vaidades e os encantos da eterna bem-aventurança, o desprezo das galas transitórias e gosto dos trabalhos humildes, concedei-nos, pela intercessão destes ilustres Mártires a graça da verdadeira sabedoria, desprezando tudo o que é efêmero e caduco para amarmos somente o que é salutar e eterna.
E vós inclitos Patronos, que tão heroicamente empenhastes a vossa vida para atear na terra o amor de Jesus, intercedei por nós, para que seguindo o vosso exemplo possamos honrar sempre o nome cristão.
Por Jesus Cristo Senhor Nosso. Assim seja".
*** *** https://amambainoticias.com.br/25-de-outubro-dia-de-sao-crispim-e-sao-crispiniano *** ***
MAX MAXIMIANO
CPI DA PANDEMIA
Depoimento de Francisco Emerson Maximiano
***
***
CPIdaPandemia ouve o sócio-administrador da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano – 19/8/2021
***
***
TV Senado - Ao vivo
***
TV Senado
A TV Senado está ao vivo no YouTube de segunda à sexta-feira, das 8h às 21h. Por aqui você acompanha os debates e as votações do Senado e do Congresso Nacional e assiste à cobertura jornalística completa das atividades legislativas, além de entrevistas, documentários e programas especiais.
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=MXdv1AZijew *** ***
***
***
***
***
Curso Defesa Índia da Dama: MN Gérson Peres - Vídeo 1
***
Fonte:
Clube de Xadrez Online
Olá amigo do Clube de Xadrez Online!
Tudo bem?
Aqui é o mestre nacional Gérson Peres, do setor de treinamento do Clube de Xadrez Online (CXOL).
Este vídeo que publicamos aqui no Canal CXOL é um trecho do Treino 1 do Curso "Defesa Índia da Dama", disponível para compra na Loja do CXOL.
O curso completo tem 4 treinos, totalizando 4 horas de treinamento sobre a Índia da Dama.
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=z1LcTwaSH5k ***
***
***
***
Curso Defesa Índia da Dama: MN Gérson Peres - Vídeo 2
***
Clube de Xadrez Online
Este vídeo que publicamos aqui no Canal CXOL é um trecho do Treino 2 do Curso "Defesa Índia da Dama", disponível para compra na Loja do CXOL.
O curso completo tem 4 treinos, totalizando 4 horas de treinamento sobre a Índia da Dama.
Autor: MN Gérson Peres Batista.
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=DvwX-qyFF3Y *** ***
***
CPI DA PANDEMIA
Bharat rompe contrato com Precisa por vacina Covaxin em meio a imbróglio sobre documentos falsos
Na mira da CPI da Pandemia, representante brasileira é acusada pela Bharat Biotech de ter enviado ao Senado documentos falsos em nome da empresa indiana
***
***
Enfermeira segura vidro da vacina Covaxin, na Índia, em imagem de fevereiro deste ano.
***
***
Enfermeira segura vidro da vacina Covaxin, na Índia, em imagem de fevereiro deste ano.RAJAT GUPTA / EFE
***
MARINA ROSSI
São Paulo - 23 JUL 2021 - 18:07 BRT
Aviso aos leitores: o EL PAÍS mantém abertas as informações essenciais sobre o coronavírus durante a crise. Se você quer apoiar nosso jornalismo, clique aqui para assinar.
MAIS INFORMAÇÕES
FILE PHOTO: Brazil's newly-replaced Health Minister Eduardo Pazuello looks on next to Brazilian cardiologist Marcelo Queiroga, who was named by Brazil's President Jair Bolsonaro as the country's fourth Health Minister since the coronavirus pandemic began, at the Health Ministry headquarters in Brasilia, Brazil March 16, 2021. REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo
Compra da vacina Covaxin deve render ‘jogo de empurra’ no Ministério da Saúde
Employee of the Ministry of Health, Luis Ricardo Fernandes Miranda and Brazilian Federal Deputy Luis Miranda attend a meeting of the Parliamentary Inquiry Committee (CPI) to investigate government actions and management during the coronavirus disease (COVID-19) pandemic, at the Federal Senate in Brasilia, Brazil June 25, 2021. REUTERS/Adriano Machado
Na CPI, deputado arrasta líder do Governo Bolsonaro para o escândalo da Covaxin
FILE - In this June 29, 2021 file photo, Brazilian President Jair Bolsonaro attends a government ceremony at Planalto presidential palace in Brasilia, Brazil. With the presidential election 15 months off, Bolsonaro has often raised the specter of fraud, warning that unless Congress overhauls the voting system he will be entitled to reject the results, and has begun floating the possibility of canceling the election. (AP Photo/Eraldo Peres, File)
PF abre inquérito para apurar se Bolsonaro cometeu crime contra a administração pública no caso Covaxin
A empresa indiana Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin, rompeu contrato com a Precisa Medicamentos para a venda do imunizante ao Brasil. A companhia não explica claramente as razões para a quebra do memorando, mas enviou uma nota em que diz ter sido informada recentemente “de que certas cartas, supostamente assinadas por executivos da empresa, estão sendo distribuídas online. Gostaríamos de ressaltar, enfaticamente, que esses documentos não foram expedidos pela companhia ou por seus executivos e, portanto, negamos veementemente os mesmos”.
Ainda assim, a empresa afirma que seguirá trabalhando com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aprovação da Covaxin, que está na terceira fase de testes. Informa também que o preço oferecido pela dose da vacina ao Brasil foi de 15 dólares, e que não houve adiantamento do pagamento por parte do Governo e nem o fornecimento do imunizante ao Brasil.
Junto à nota, a companhia indiana enviou, em anexo, as cartas às quais se refere. Ambas estão em papel timbrado da empresa, carimbadas e supostamente assinadas por Dr. Krishna Mohan Vadrevu, diretor-executivo da companhia. Uma delas atesta que a Precisa Medicamentos é a representante legal da Bharat Biotech no Brasil. A outra, é uma declaração de “inexistência de fatos impeditivos para sua habilitação relativo à contratação junto ao Ministério da Saúde”.
Procurada, a Precisa Medicamentos informou, por meio de nota, que “lamenta o cancelamento do memorando”, chamando a decisão da companhia indiana de “precipitada” e atribuindo ao “caos político que se tornou o debate sobre a pandemia, que deveria ter como foco a saúde pública, e não interesses políticos”. A Precisa não menciona os documentos supostamente fraudados. E termina dizendo que “o resultado prático desta confusão causada pelo momento político do país é o cancelamento de uma parceria com o laboratório indiano que iria trazer 20 milhões de doses de uma vacina com comprovada eficácia (65,2%) contra a variante Delta, justamente no momento em que essa variante escala no País”.
Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$
CLIQUE AQUI
O rompimento da Bharat Biotech com a Precisa deixa a empresa brasileira ainda mais na berlinda. Em depoimento à CPI da Pandemia no final de junho, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, relata que sofreu uma pressão fora do comum para acelerar a importação da Covaxin. No mesmo depoimento, o irmão do servidor, o deputado Luís Miranda (DEM-DF), afirmou que eles foram até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para informá-lo do ocorrido no dia 20 de março. Alertado sobre potenciais irregularidades no contrato de 1,6 bilhão de reais para a compra do imunizante, o presidente não teria agido.
O depoimento dos irmãos Miranda caiu como uma bomba no colo do Planalto. Bolsonaro, que nunca negou o encontro com os irmãos, passou a ser investigado pela Polícia Federal, que abriu inquérito para apurar se o presidente cometeu crime de prevaricação, ou seja, quando um agente público deixa de cumprir seu dever por interesse pessoal. Mas com a investigação do presidente, a PF, cujo controle está nas mãos de Bolsonaro, pode levar junto o deputado Luis Miranda. Isso porque o ministro da Justiça, Anderson Torres, enviou à corporação uma notícia-crime assinada pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, pedindo para que o deputado seja investigado pelo que disse na CPI.
Nesta semana, a Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que decida se Miranda deve ser investigado em conjunto com Bolsonaro. A ministra do Supremo, Rosa Weber, determinou, por sua vez, que a Procuradoria-Geral da República se manifestasse sobre o pedido. Em paralelo, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou processo para avaliar a conduta de Miranda, assim como a de Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo na Câmara e acusado, por Miranda, de ter sido apontado por Bolsonaro como o envolvido no “rolo” da compra da Covaxin.
Ao saber da notícia do rompimento do contrato da Bharat Biotech com a Precisa nesta sexta-feira, o deputado Luis Miranda publicou um vídeo e uma rede social. Chorando, ele diz: “Sou eu que devo ser investigado por denunciação caluniosa? Eu fico sendo humilhado, virei chacota inclusive de deputados. Eu, que estou no Conselho de Ética por levar ao presidente uma denúncia que ele não levou a sério?”, questionou. “Eu não preciso provar nada. A própria indústria está provando o que a gente está falando”, disse.
Erros de português
Após a denúncia dos irmãos Miranda, o Ministério da Saúde e a Controladoria-Geral da União suspenderam o contrato de compra do imunizante, até que o caso seja apurado. O Ministério Público também investiga as negociações com a Precisa.
Ainda após o depoimento à CPI, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) chegou a apontar mais de 20 erros em documentos apresentados pelo Governo para rebater as acusações dos irmãos Miranda. Os erros estariam contidos em notas fiscais (invoices) apresentadas pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e pelo secretário-executivo da Saúde Elcio Franco. Segundo apontou a senadora, que fala em “manipulação” dos documentos, há erros de inglês, de português, de tradução, enquadramento de marca e logotipo, divergência na quantidade de doses, dentre outros. Os documentos devem passar por uma perícia no Senado.
Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.
*** *** https://brasil.elpais.com/brasil/2021-07-23/bharat-rompe-contrato-com-precisa-por-vacina-covaxin-em-meio-a-imbroglio-sobre-documentos-falsos.html *** ***
questões de negócios
UM EMPRESÁRIO DAS SOMBRAS
A vida discreta, os rolos intermináveis – e as contas bancárias sempre vazias – de Francisco Maximiano, o homem da Covaxin que atraiu tanto interesse do governo Bolsonaro
ANA CLARA COSTA
02jul2021_18h28
***
***
Ilustração de Carvall
***
Apesar da imagem sacra de 1,5 metro que adorna a fachada do escritório da Global Saúde em Brasília, no Lago Sul, Francisco Emerson Maximiano não é um homem religioso. Dono da Precisa Medicamentos, empresa suspeita de irregularidades na compra das vacinas Covaxin, o empresário é conhecido pela polidez no trato pessoal e pela forma engenhosa com que faz negócios em múltiplos setores, nos quais frequentemente se envolve em disputas contenciosas por não honrar compromissos previamente acordados. É com ele que o governo aceitou fazer negócio.
Francisco Maximiano, ou apenas Max para os mais próximos, intermediou o contrato entre o laboratório indiano Bharat Biotech e o governo Bolsonaro na aquisição de 20 milhões de doses por 1,6 bilhão de reais – a compra de vacina mais cara já feita pelo Brasil no combate à pandemia do coronavírus. O contrato, assinado em fevereiro, foi suspenso agora, quatro meses depois, em razão da denúncia de corrupção feita pelos irmãos Miranda – o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e o deputado federal Luis Miranda. Maximiano se tornou personagem-chave para a CPI da Pandemia. Mas conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus para ficar em silêncio.
Dono de mais de uma dezena de empresas de consultoria e intermediação de negócios, Max é conhecido no meio empresarial, em especial no setor de saúde, além de ter um bom trânsito político, conforme ficou evidente no esforço hercúleo feito pelo governo Bolsonaro para comprar a Covaxin por meio de sua empresa. Além de frequentar os corredores de Brasília há mais de uma década, o empresário também frequenta investigações criminais, embora até o início deste ano nunca tivesse sido formalmente investigado.A primeira aconteceu durante a CPI dos Fundos de Pensão, em 2015.
Com bons contatos nos Correios, Max fisgou uma boa oportunidade durante o acordo coletivo firmado entre carteiros e a estatal em 2011, quando se definiu que a empresa ofereceria um vale-farmácia a cada trabalhador, também chamado de Plano de Benefício de Medicamentos (PBM). Nos Estados Unidos, é comum que empresas ofertem esse tipo de vantagem aos seus funcionários em razão dos altos preços dos remédios. Também é comum que, em vez de fazer a gestão desse benefício — o que envolveria firmar convênios com farmácias e fazer a contabilidade do uso do vale — o empregador terceirize esse trabalho a uma empresa especializada.
Foi nesse espaço que a principal firma de Max, a Global Gestão em Saúde, prosperou. Ao ser formalmente constituída, em 2012, abocanhou logo de cara o contrato com os Correios para gerir o benefício farmacêutico dos pensionistas. O negócio lhe rendeu mais de 60 milhões de reais. No final de 2012, mais um golaço na relação com a estatal. O fundo de pensão dos Correios, o Postalis, aportou mais de 40 milhões de reais num fundo que detém a quase totalidade das ações da Global.
Max se apresenta como dono da Global, mas não exerce sua propriedade como pessoa física, já que o principal acionista da empresa é o FIP Saúde, um fundo de investimentos cujos cotistas são anônimos. Tal mecanismo é comum no mercado financeiro quando acionistas desejam ficar anônimos e pagar menos impostos, já que o FIP só é tributado na retirada. Também é comum que os cotistas de FIPs sejam empresas offshore instaladas em paraísos fiscais, o que dificulta ainda mais a localização de seus donos e, portanto, a tributação. Procurado pela piauí nesta sexta-feira para esclarecer as razões de manter o FIP Saúde como acionista principal de sua empresa, Max afirmou, por meio de sua defesa, que “todas as tratativas com autoridades seguiram regras claras de compliance, integridade e interesse público”, que “fundos de investimento deste tipo são regulados pela CVM, com controles rigorosos” e que a “Global Saúde ou Francisco Maximiano não foram condenados e sequer denunciados” nos casos envolvendo fundos de pensão.
Oaporte do Postalis no FIP Saúde foi um presente de pai para filho para o FIP – e um presente de grego para o próprio Postalis. O fundo de pensão dos Correios jamais recuperou o investimento, sendo obrigado a provisioná-lo como perda em seu balanço. As irregularidades da operação começaram na largada. Segundo a investigação do Ministério Público, o Postalis investiu no FIP Saúde quase 100% de seu patrimônio líquido, violando o descrito em seu estatuto, que permite compra de participações de até 25% em empresas.
Os gestores do Postalis, no entanto, jamais foram punidos na Justiça por essa operação irregular. Em 2016, um ex-vereador do PT na cidade de Americana (SP), Alexandre Romano, fechou um acordo de delação em que contava ter intermediado propina paga por Maximiano a um gestor dos Correios, em troca de vantagens na estatal. Como Romano não conseguiu provar os repasses, a acusação não deu em nada. No início desse ano, contudo, Max começou a ser formalmente investigado pelo contrato com os Correios de quase dez anos atrás.
Enquanto a Global crescia mirando contratos com o governo federal e fundos de pensão, Max montou uma gestora de fundos chamada Evocati, escalando para a empreitada Carlos Alberto Rosa, ex-gestor da Funcef, o poderoso fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Como os fundos da gestora demorassem a engrenar, Max chegou a cogitar trazer para a Evocati a gestão do próprio FIP Saúde, que, embora anônimo, ele dizia abertamente ser seu. O fundo hoje tem um patrimônio líquido de cerca de 100 milhões de reais, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A transferência do FIP Saúde para a Evocati, no entanto, não foi possível em razão de travas regulatórias alegadas por Rosa, que entendia muito bem do assunto. Com isso, o FIP Saúde acabou sendo transferido para a Planner, uma corretora que ficava na sala ao lado da Evocati, na Avenida Faria Lima, e com quem Max mantinha boa relação. Sem conseguir acumular os ganhos esperados, Maximiano vendeu a Evocati em 2014, apenas três anos depois de criá-la, e passou a se dedicar integralmente aos negócios de saúde. Nessa época, chegou a receber uma oferta da gigante americana UnitedHealth para comprar a Global por 600 milhões de reais, mas recusou a proposta. Queria manter a empresa.
No decorrer da década, a Global passou a acumular contratos ligados ao fornecimento de medicamentos ao poder público. E, aí também, os problemas se acumularam. A empresa abocanhou o vale-farmácia da Petrobras por mais de 500 milhões de reais em 2015, mas terminou processada em 2,3 milhões de reais pela estatal depois que uma investigação interna mostrou que a empresa não estava provendo o benefício integralmente aos funcionários. Em 2017, a Global firmou um contrato de 20 milhões de reais com o Ministério da Saúde para fornecer remédios para doenças raras. Max recebeu o dinheiro mas não entregou o produto. Por isso, a Global é investigada juntamente com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que era ministro da Saúde na época e hoje é líder do governo Bolsonaro na Câmara.
O empresário sempre esteve atento às oportunidades com fundos de pensão. Em 2018, criou uma empresa chamada Saúdebank para intermediar negócios com planos de saúde privados de entidades públicas, como o dos funcionários da Fiocruz, da Cemig e do Ministério da Fazenda. A ideia era engenhosa: observando que as seguradoras demoram algumas semanas para ressarcir os planos privados dos gastos com os segurados, a Saúdebank criaria um fundo para antecipar esses pagamentos aos planos. Depois, quando a seguradora fizesse o pagamento, receberia o valor com rendimentos. Max mostrou o projeto para o recém-criado banco C6 e conseguiu captar 4 milhões de reais para começar a empreitada. Um ano depois, nenhum contrato havia sido fechado, e os 4 milhões sumiram. O C6 acionou Max na Justiça alegando que houve inércia da parte da empresa e reclamando o sumiço do dinheiro. A Justiça determinou o bloqueio de contas da Saúdebank para ressarcir o banco. Mas aconteceu uma surpresa: todas as contas estavam vazias.
Max e suas empresas são alvo de mais de uma dezena de processos na Justiça por falta de pagamento. As ações vão desde dívidas milionárias com os bancos de varejo até o não pagamento de uma fatura de 90 mil reais por uma internação no Hospital Sírio Libanês para tratar de um problema cardíaco. Paciente do cardiologista Roberto Kalil, Max curiosamente não tinha plano de saúde e optou por pagamento particular, mas não honrou o boleto. Também deixou de pagar, nos últimos anos, o hangar onde estaciona seu helicóptero, em Osasco (SP), embora a aeronave em questão jamais tenha estado em seu nome, e sim no do empresário Adriano Rosa, dono da Léros — a empresa brasileira que, em 2019, ganhou notoriedade ao se unir ao governo do Paraguai para tentar comprar indevidamente a energia de Itaipu.
Assim como no caso da Saúdebank, todas as dívidas executadas até agora terminaram sem ressarcimento porque, a despeito das negociatas lideradas por Max, as contas das empresas condenadas têm uma característica comum – estão sempre vazias. Max também não costuma ter imóveis em seu nome. A escritura do apartamento que morou em São Paulo, antes de mudar-se para Brasília, está no nome de uma italiana. Max, no entanto, ainda consta como morador do local até hoje. Na capital federal, viveu com a mulher e os quatro filhos numa confortável casa no Park Way, bairro localizado fora do Plano Piloto. A casa, construída num terreno de 2.000 m2, também foi alugada. Depois disso, voltou para São Paulo, onde vive no condomínio Alphaville. A sede da Global em Brasília, no Lago Sul, também era alugada. Mas os proprietários disseram à piauí que venderam a residência a Max em 2019, embora essa transação não conste da escritura do imóvel ainda.
Quem conhece Francisco Maximiano diz se tratar de uma pessoa educada e discreta. Está sempre vestido em ternos bem cortados e cabelo alinhado, dirigindo carros importados e usando bons relógios. Sua prosperidade, contudo, nunca é tema de conversas. Max não comenta sobre quem são os seus parceiros em Brasília. Limita-se sempre a dizer que tem bons contatos em diferentes partidos e que “circula bem”. Não gosta de festas nem de eventos sociais, a não ser aqueles promovidos por empresas de saúde em que possam surgir possibilidades de negócio. Mesmo nesses eventos, é categórico sobre nunca aparecer em fotos. Já sua mulher, Andrea, era figura mais recorrente no circuito social de Brasília.
Entre seus programas prediletos estão as viagens aos Estados Unidos, especialmente percorrendo grandes distâncias em motor home, na companhia dos filhos e da mulher. Max tem 48 anos e casou-se jovem, em 1994, quando a mulher tinha 17 anos. Ele nasceu em Mandaguari, no interior do Paraná, numa família simples. Ela é de São Paulo. Ambos compartilham a alta estatura (ela perto de 1,80 metro e ele quase 1,90 metro) e a pele clara. Andrea tem os cabelos loiros e é magra, enquanto Max tem os fios mais escuros e a figura mais rechonchuda.
A proximidade com a família também se reflete na composição das empresas de Max. Os sócios, diretores ou conselheiros são sempre os mesmos familiares: a irmã, Micheli Maximiano, que trabalha no setor farmacêutico, o cunhado, Wellyngton Gonçalves, casado com Micheli, e o irmão de Andrea, Pedro Furtado. A exceção está no departamento jurídico de todas as empresas, onde aparece uma única advogada, Rachel Chaves Monteiro da Silva, que não é da família. Max a considera como se fosse, em razão dos anos de serviços prestados e do acesso a informações sensíveis.
ANA CLARA COSTA (siga @anaclaracosta no Twitter)
Repórter da piauí. Foi editora de política na Veja, editora do Globo em Brasília e editora-chefe na Época
*** *** https://piaui.folha.uol.com.br/um-empresario-das-sombras/ *** ***
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário