Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 21 de agosto de 2021
1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE
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É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da
atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações, de um lado,
cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que
sobre ele pensaram outros autores; de outro, torna os autores citados fiadores da veracidade de
um dado ponto de vista. Observe a introdução de um texto de Ulisses Guimarães, em que invoca
a autoridade da Bíblia, do padre Antônio Vieira, de provérbios e de Camões, para reprovar a falta
de palavra do presidente Collor, que lhe prometera manter-se neutro na votação de emenda
constitucional que estabelecia o sistema parlamentarista e, na surdina, trabalhou pela sua
rejeição:
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Cartaz com opções de corte no século 19, a era de ouro das barbas - Wikimedia Commons
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O FIO DO BIGODE
Para nossos avós, o fio do bigode garantia a palavra empenhada. Não precisava de tabelião,
firma reconhecida e testemunhas.
Depilou, negócio fechado.
Os bigodes rarearam, a palavra não.
A Terra é filha da palavra, reza o Gênesis. O Evangelho segundo São João recorda: “No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”.
Padre Vieira tem na agulha bala certeira: “Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam mas
não ferem. A funda de Davi derrubou o gigante, mas não o derrubou com o estalo, senão com a
pedra”.
Para os súditos confiantes “palavra de rei não volta atrás”. O adágio prevalece para os
presidentes da República, que são os reis de plantão durante os respectivos mandatos. O fraco rei
faz fraca a forte gente. Secularmente adverte Camões. [...]
Presidente Collor: esse negócio de palavra é fogo. Com fogo não se brinca, principalmente
chefe de governo.
Folha de S. Paulo, 18 nov. 1991, p. 1-3.
Se é verdade que o argumento de autoridade tem força, é preciso levar em conta que tem
efeito contrário a utilização de citações descosturadas, sem relação com o tema, erradas, feitas
pela metade, mal compreendidas.
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O Lírico Lamartine
(Desembargador Lamartine de Campos)
Laranja-da-China por Alcântara Machado
Desembargador. Um metro e setenta e dois centímetros culminando na careca aberta a todos os pensamentos nobres, desinteressados, equânimes. E o fraque. O fraque austero como convém a um substituto profano da toga. E os óculos. Sim: os óculos. E o anelão de rubi. É verdade: o rutilante anelão de rubi. E o todo de balança. Principalmente o todo de balança. O tronco teso, a horizontalidade dos ombros, os braços a prumo. Que é que carrega na mão direita? A pasta. A divina Temis não se vê. Mas está atrás. Naturalmente. Sustentando sua balança. Sua balança: o Desembargador Lamartine de Campos.
Aí vem ele.
Paletó de pijama sim. Mas colarinho alto.
- Joaquina, sirva o café.
Por enquanto o sofá da saleta ainda chega para Dona Hortênsia. Mas amanhã? No entanto o desembargador desliza um olhar untuoso sobre os untos da metade. O peso da esposa sem dúvida possível e o índice de sua carreira de magistrado. Quando o desembargador se casou (era promotor público e tinha uma capa espanhola forrada de seda carmesim) Dona Hortênsia pesava cinqüenta e cinco quilos. Juiz municipal: Dona Hortênsia foi até sessenta e seis e meio. Juiz de direito: Dona Hortênsia fez um esforço e alcançou setenta e nove. Lista de merecimento: oitenta e cinco na balança da Estação da Luz diante de testemunhas. Desembargador: noventa e quatro quilos novecentas e cinqüenta gramas. E Dona Hortênsia prometia ainda. Mais uns sete quilos (talvez nem tanto) o desembargador está aí está feito Ministro do Supremo Tribunal Federal. E se depois Dona Hortênsia num arranque supremo alargasse ainda mais as suas fronteiras nativas? Lamartine punha tudo nas mãos de Deus.
- Por que está olhando tanto para mim? Nunca me viu mais gorda?
- Verei ainda se a sorte não me for madrasta! Vou trabalhar.
A substância gorda como que diz: Às ordens.
Duas voltas na chave. A cadeira giratória geme sob o desembargador. Abre a pasta. Tira o Diário Oficial. De dentro do Diário Oficial tira O Colibri. Abre O Colibri. Molha o indicador na língua. E vira as páginas. Vai virando aceleradamente. Sofreguidão. Enfim: CAIXA DO O COLIBRI. Na primeira coluna: nada. Na segunda: nada. Na terceira: sim. Bem embaixo: PAJEM ENAMORADO (São Paulo) - Muito chocho o terceto final do seu soneto SEGREDOS DA ALCOVA. Anime-o e volte querendo.
Não?
Segunda gaveta à esquerda. No fundo. Cá está.
Então beijando o teu corpo formoso
Arquejo e palpito e suspiro e gemo
Na doce febre do divino gozo!
Chocho?
Releitura. Meditação (a pena no tinteiro). Primeira emenda: mordendo em lugar de beijando.
Chocho?
Declamação veemente. Segunda emenda: lebre ardente em lugar de doce febre.
Chocho?
Mais alma. Mais alma.
A imaginação vira as asas do moinho da poesia.
*** *** https://pt.wikisource.org/wiki/O_L%C3%ADrico_Lamartine *** ***
O LÍRICO LAMARTINE
(DESEMBARGADOR LAMARTINE DE CAMPOS)
*** *** http://www.faberj.edu.br/cfb-2015/downloads/biblioteca/portugues_instrumental/Li%C3%A7%C3%B5es%20de%20Texto%20Leitura%20e%20Reda%C3%A7%C3%A3o%20-%20Fiorin%20e%20Plat%C3%A3o.pdf *** ***
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Questão 1 – O fragmento descreve o
Desembargador Lamartine de Campos,
personagem de um conto brasileiro. Predominam
nessa descrição
(A) orações coordenadas adversativas, que
denigrem a figura do personagem.
(B) períodos compostos, que sugerem o
comportamento austero do dono da toga.
(C) frases nominais, que demonstram as
qualidades do desembargador.
(D) perguntas retóricas, que convencem o leitor
das qualidades do advogado.
(E) construções com gerúndio, que indicam a
equidade dos pensamentos de Lamartine.
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TEXTO IX
A função do artista é esta, meter a mão nessa coisa essencial do
ser humano, que é o sonho e a esperança. Preciso ter essa ilusão: a de
que estou resgatando esses valores.
(Marieta Severo, na Folha de São Paulo)
37) Segundo o texto, o artista:
a) leva alegria às pessoas.
b) valoriza o sonho das pessoas pobres.
c) desperta as pessoas para a realidade da vida.
d) não tem qualquer influência na vida das pessoas.
e) trabalha o íntimo das pessoas.
38) Segundo o texto:
a) o sonho vale mais que a esperança.
b) o sonho vale menos que a esperança.
c) sonho e esperança têm relativa importância para as pessoas.
d) não se vive sem sonho e esperança.
e) têm importância capital para as pessoas tanto o sonho quanto a
esperança.
39) A palavra ou expressão que justifica a resposta do item anterior é:
a) ilusão
b) meter a mão
c) essencial
d) ser humano
e) valores
40) A expressão “meter a mão”:
a) pertence ao linguajar culto.
b) pode ser substituída, sem alteração de sentido, por intrometer-se.
c) tem valor pejorativo.
d) é coloquial e significa, no texto, tocar.
e) é um erro que deveria ter sido evitado.
41) Só não se encontra no texto:
a) a influência dos artistas
b) a necessidade da autora
c) a recuperação de coisas importantes
d) a conquista da paz
e) a carência de sentimentos das pessoas
42) A palavra “esses” poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por:
a) bons
b) certos
c) tais
d) outros
e) muitos
FONTE: Interpretação
de Textos
TEORIA e 800 QUESTÕES COMENTADAS
Renato Aquino
*** https://www.castroweb.com.br/castrodigital/Arquivos2013/Castro_Digital_Apostila_Interpretacao_texto_teoria_800_questoes_gabarito_resolucao_comentada_todos_concursos_e_cargos.pdf *** ***
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Significado de Pergunta retórica
O que é Pergunta retórica:
Pergunta retórica é uma interrogação que não tem como objetivo obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do individuo sobre determinado assunto.
A pessoa que faz uma pergunta retórica já sabe a resposta do questionamento feito, visando ajudar o destinatário da interrogação a refletir ou a entender determinado tema, assunto ou situação.
A pergunta retórica pode possuir um caráter de ironia ou sarcasmo.
Saiba mais sobre o sarcasmo e ironia.
Em uma pergunta "normal", o indivíduo busca obter uma informação ou resposta sobre algo que desconhece, por exemplo: "Onde fica a Avenida da Liberdade?"; "Quantos anos você tem?" ou "Quem ganhou a corrida de ontem?"
Já no caso da pergunta retórica, o interlocutor não deseja obter uma resposta, mas sim reforçar uma ideia ou crítica sobre algo ou alguém. Muitas vezes, o próprio interlocutor acaba por responder a pergunta retórica. Exemplo: "Onde vamos parar com tanta violência?"; "Acha que eu sou bobo?" ou "Você acha que eu nasci ontem?".
Pergunta capciosa
Uma pergunta capciosa, ao contrário da pergunta retórica que visa o reforço de uma crítica ou informação, tem a finalidade de enganar ou iludir uma pessoa. A pergunta capciosa normalmente é feita com malícia ou maldade.
Veja também o significado de Retórica.
Data de atualização: 05/06/2019.
*** *** https://www.significados.com.br/pergunta-retorica/ *** ***
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