sábado, 21 de agosto de 2021

1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

*** É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações, de um lado, cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre ele pensaram outros autores; de outro, torna os autores citados fiadores da veracidade de um dado ponto de vista. Observe a introdução de um texto de Ulisses Guimarães, em que invoca a autoridade da Bíblia, do padre Antônio Vieira, de provérbios e de Camões, para reprovar a falta de palavra do presidente Collor, que lhe prometera manter-se neutro na votação de emenda constitucional que estabelecia o sistema parlamentarista e, na surdina, trabalhou pela sua rejeição: ***
*** Cartaz com opções de corte no século 19, a era de ouro das barbas - Wikimedia Commons *** O FIO DO BIGODE Para nossos avós, o fio do bigode garantia a palavra empenhada. Não precisava de tabelião, firma reconhecida e testemunhas. Depilou, negócio fechado. Os bigodes rarearam, a palavra não. A Terra é filha da palavra, reza o Gênesis. O Evangelho segundo São João recorda: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Padre Vieira tem na agulha bala certeira: “Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam mas não ferem. A funda de Davi derrubou o gigante, mas não o derrubou com o estalo, senão com a pedra”. Para os súditos confiantes “palavra de rei não volta atrás”. O adágio prevalece para os presidentes da República, que são os reis de plantão durante os respectivos mandatos. O fraco rei faz fraca a forte gente. Secularmente adverte Camões. [...] Presidente Collor: esse negócio de palavra é fogo. Com fogo não se brinca, principalmente chefe de governo. Folha de S. Paulo, 18 nov. 1991, p. 1-3. Se é verdade que o argumento de autoridade tem força, é preciso levar em conta que tem efeito contrário a utilização de citações descosturadas, sem relação com o tema, erradas, feitas pela metade, mal compreendidas. ***
*** O Lírico Lamartine (Desembargador Lamartine de Campos) Laranja-da-China por Alcântara Machado Desembargador. Um metro e setenta e dois centímetros culminando na careca aberta a todos os pensamentos nobres, desinteressados, equânimes. E o fraque. O fraque austero como convém a um substituto profano da toga. E os óculos. Sim: os óculos. E o anelão de rubi. É verdade: o rutilante anelão de rubi. E o todo de balança. Principalmente o todo de balança. O tronco teso, a horizontalidade dos ombros, os braços a prumo. Que é que carrega na mão direita? A pasta. A divina Temis não se vê. Mas está atrás. Naturalmente. Sustentando sua balança. Sua balança: o Desembargador Lamartine de Campos. Aí vem ele. Paletó de pijama sim. Mas colarinho alto. - Joaquina, sirva o café. Por enquanto o sofá da saleta ainda chega para Dona Hortênsia. Mas amanhã? No entanto o desembargador desliza um olhar untuoso sobre os untos da metade. O peso da esposa sem dúvida possível e o índice de sua carreira de magistrado. Quando o desembargador se casou (era promotor público e tinha uma capa espanhola forrada de seda carmesim) Dona Hortênsia pesava cinqüenta e cinco quilos. Juiz municipal: Dona Hortênsia foi até sessenta e seis e meio. Juiz de direito: Dona Hortênsia fez um esforço e alcançou setenta e nove. Lista de merecimento: oitenta e cinco na balança da Estação da Luz diante de testemunhas. Desembargador: noventa e quatro quilos novecentas e cinqüenta gramas. E Dona Hortênsia prometia ainda. Mais uns sete quilos (talvez nem tanto) o desembargador está aí está feito Ministro do Supremo Tribunal Federal. E se depois Dona Hortênsia num arranque supremo alargasse ainda mais as suas fronteiras nativas? Lamartine punha tudo nas mãos de Deus. - Por que está olhando tanto para mim? Nunca me viu mais gorda? - Verei ainda se a sorte não me for madrasta! Vou trabalhar. A substância gorda como que diz: Às ordens. Duas voltas na chave. A cadeira giratória geme sob o desembargador. Abre a pasta. Tira o Diário Oficial. De dentro do Diário Oficial tira O Colibri. Abre O Colibri. Molha o indicador na língua. E vira as páginas. Vai virando aceleradamente. Sofreguidão. Enfim: CAIXA DO O COLIBRI. Na primeira coluna: nada. Na segunda: nada. Na terceira: sim. Bem embaixo: PAJEM ENAMORADO (São Paulo) - Muito chocho o terceto final do seu soneto SEGREDOS DA ALCOVA. Anime-o e volte querendo. Não? Segunda gaveta à esquerda. No fundo. Cá está. Então beijando o teu corpo formoso Arquejo e palpito e suspiro e gemo Na doce febre do divino gozo! Chocho? Releitura. Meditação (a pena no tinteiro). Primeira emenda: mordendo em lugar de beijando. Chocho? Declamação veemente. Segunda emenda: lebre ardente em lugar de doce febre. Chocho? Mais alma. Mais alma. A imaginação vira as asas do moinho da poesia. *** *** https://pt.wikisource.org/wiki/O_L%C3%ADrico_Lamartine *** *** O LÍRICO LAMARTINE (DESEMBARGADOR LAMARTINE DE CAMPOS) *** *** http://www.faberj.edu.br/cfb-2015/downloads/biblioteca/portugues_instrumental/Li%C3%A7%C3%B5es%20de%20Texto%20Leitura%20e%20Reda%C3%A7%C3%A3o%20-%20Fiorin%20e%20Plat%C3%A3o.pdf *** *** *** Questão 1 – O fragmento descreve o Desembargador Lamartine de Campos, personagem de um conto brasileiro. Predominam nessa descrição (A) orações coordenadas adversativas, que denigrem a figura do personagem. (B) períodos compostos, que sugerem o comportamento austero do dono da toga. (C) frases nominais, que demonstram as qualidades do desembargador. (D) perguntas retóricas, que convencem o leitor das qualidades do advogado. (E) construções com gerúndio, que indicam a equidade dos pensamentos de Lamartine. *** ***
*** TEXTO IX A função do artista é esta, meter a mão nessa coisa essencial do ser humano, que é o sonho e a esperança. Preciso ter essa ilusão: a de que estou resgatando esses valores. (Marieta Severo, na Folha de São Paulo) 37) Segundo o texto, o artista: a) leva alegria às pessoas. b) valoriza o sonho das pessoas pobres. c) desperta as pessoas para a realidade da vida. d) não tem qualquer influência na vida das pessoas. e) trabalha o íntimo das pessoas. 38) Segundo o texto: a) o sonho vale mais que a esperança. b) o sonho vale menos que a esperança. c) sonho e esperança têm relativa importância para as pessoas. d) não se vive sem sonho e esperança. e) têm importância capital para as pessoas tanto o sonho quanto a esperança. 39) A palavra ou expressão que justifica a resposta do item anterior é: a) ilusão b) meter a mão c) essencial d) ser humano e) valores 40) A expressão “meter a mão”: a) pertence ao linguajar culto. b) pode ser substituída, sem alteração de sentido, por intrometer-se. c) tem valor pejorativo. d) é coloquial e significa, no texto, tocar. e) é um erro que deveria ter sido evitado. 41) Só não se encontra no texto: a) a influência dos artistas b) a necessidade da autora c) a recuperação de coisas importantes d) a conquista da paz e) a carência de sentimentos das pessoas 42) A palavra “esses” poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por: a) bons b) certos c) tais d) outros e) muitos FONTE: Interpretação de Textos TEORIA e 800 QUESTÕES COMENTADAS Renato Aquino *** https://www.castroweb.com.br/castrodigital/Arquivos2013/Castro_Digital_Apostila_Interpretacao_texto_teoria_800_questoes_gabarito_resolucao_comentada_todos_concursos_e_cargos.pdf *** *** ***
*** Significado de Pergunta retórica O que é Pergunta retórica: Pergunta retórica é uma interrogação que não tem como objetivo obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do individuo sobre determinado assunto. A pessoa que faz uma pergunta retórica já sabe a resposta do questionamento feito, visando ajudar o destinatário da interrogação a refletir ou a entender determinado tema, assunto ou situação. A pergunta retórica pode possuir um caráter de ironia ou sarcasmo. Saiba mais sobre o sarcasmo e ironia. Em uma pergunta "normal", o indivíduo busca obter uma informação ou resposta sobre algo que desconhece, por exemplo: "Onde fica a Avenida da Liberdade?"; "Quantos anos você tem?" ou "Quem ganhou a corrida de ontem?" Já no caso da pergunta retórica, o interlocutor não deseja obter uma resposta, mas sim reforçar uma ideia ou crítica sobre algo ou alguém. Muitas vezes, o próprio interlocutor acaba por responder a pergunta retórica. Exemplo: "Onde vamos parar com tanta violência?"; "Acha que eu sou bobo?" ou "Você acha que eu nasci ontem?". Pergunta capciosa Uma pergunta capciosa, ao contrário da pergunta retórica que visa o reforço de uma crítica ou informação, tem a finalidade de enganar ou iludir uma pessoa. A pergunta capciosa normalmente é feita com malícia ou maldade. Veja também o significado de Retórica. Data de atualização: 05/06/2019. *** *** https://www.significados.com.br/pergunta-retorica/ *** ***

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