terça-feira, 31 de agosto de 2021

AGRAVO INTERNO

Agravo regimental, também chamado de agravo interno, sendo este o nome adotado pelo novo CPC no art. 994, inciso III, é um recurso judicial que tem o intuito de fazer com que os tribunais provoquem a revisão de suas próprias decisões. ***
*** Senador pede que Nunes Marques autorize ida de motoboy à CPI da Covid-19 *** INDEPENDÊNCIA DO LEGISLATIVO Senador pede que Nunes Marques autorize ida de motoboy à CPI da Covid-19 31 de agosto de 2021, 15h49 Por Sérgio Rodas Fonte: Cosultor Jurídico O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, senador Omar Aziz (PSD-AM), pediu que o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, reconsidere liminar que concedeu a Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy da empresa VTCLog, o direito de não comparecer à CPI. O depoimento estava marcado para a manhã desta terça-feira (31/8). ***
*** Ministro Nunes Marques permitiu que motoboy não comparecesse à CPI da Covid-19 Felipe Sampaio/STF *** O requerimento de convocação destacou a existência de informações de que Ivanildo Silva teria sido o responsável por ter sacado, em momentos diversos, quantias superiores a R$ 4 milhões, equivalentes a 5% de toda a movimentação financeira atípica feita pela empresa. Em mandado de segurança, a defesa do motoboy sustentou que o requerimento de sua convocação se baseia em dados financeiros sigilosos que abrangem período não compreendido pela pandemia. Apontou também a falta de fundamento concreto, a amplitude dos dados utilizados e a abrangência da investigação de fatos não relacionados aos objetivos da CPI. Para Nunes Marques, é possível concluir da leitura do ato convocatório que Ivanildo compareceria à comissão na qualidade de investigado e precedente da 2ª Turma do STF diz que, nesse caso, ele não é obrigado a depor. O ministro também não verificou haver congruência entre as justificativas para a convocação de Ivanildo e os motivos para a instalação da CPI da Covid-19. Omar Aziz, por meio da Advocacia do Senado, interpôs agravo regimental contra a liminar de Nunes Marques. O senador afirmou que a decisão atentou contra a independência do Legislativo, até porque não ouviu os parlamentares. "Caso tivesse sido instada, a comissão parlamentar de inquérito teria esclarecido na espécie não se está a investigar a conduta do impetrado ou os fatos anteriores à pandemia em que se envolveu, mas a dinâmica, o modus operandi, a genética do aparente sistema de lavagem de dinheiro que pode estar intrincado com esquemas de corrupção que provavelmente obstaculizaram a prestação de serviços públicos eficientes, tempestivos e adequados no enfrentamento à pandemia", apontou Aziz. Além disso, ele sustentou que o pedido do motoboy não poderia ser feito por mandado de segurança, uma vez que cabia Habeas Corpus. Clique aqui para ler a petição MS 38.195 Sérgio Rodas é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio de Janeiro e mestrando no programa de pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Revista Consultor Jurídico, 31 de agosto de 2021, 15h49 *** *** https://www.conjur.com.br/2021-ago-31/senador-ministro-autorize-ida-motoboy-cpi-covid *** *** "Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal (art. 1.021, caput, do CPC/2015). Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada (art. 1.021, § 1º do CPC/2015). O agravo será dirigido ao relator, que informará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retração, o relator leva-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado com inclusão em pauta (art. 1.021, § 2º , do CPC/2015). É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno (art. 1.021, § 3º , do CPC/2015). Quando o agravo inteno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa (art. 1.021, § 4º , do CPC/2015). A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa previsto no § 4º , à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final (art. 1.021, § 5º , do CPC/2015). Fonte: 1 COLEÇÃO PRÁTICA FORENSE ERIVAL DA SILVA OLIVEIRA PRÁTICA CONSTITUCIONAL 10ª edição revista, atualizada e ampliada COORDENAÇÃO MARCO ANTONIO ARAUJO JR. DARLAN BARROSO THOMSON REUTERS REVISTA DOS TRIBUNAIS *** *** ***
*** Ministro Nunes Marques assegura a motoboy prerrogativa de não comparecer à CPI da Pandemia Segundo o ministro, Ivanildo Gonçalves da Silva tem esse direito, pois ostenta a condição de investigado. 30/08/2021 21h02 - Atualizado há Fonte: STF O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu liminar no Mandado de Segurança (MS) 38195 e assegurou a Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy da empresa VTCLOG, o direito de não comparecer à CPI da Pandemia. O depoimento de Silva está marcado para as 9h30 desta terça-feira (31). O requimento de convocação destaca a existência de informações de ele que teria sido o responsável por ter sacado, em momentos diversos, quantias superiores a R$ 4 milhões, equivalentes a 5% de toda a movimentação financeira atípica feita pela empresa. No mandado de segurança, a defesa do motoboy sustentou que o requerimento de sua convocação se baseia em dados financeiros sigilosos que abrangem período não compreendido pela pandemia. Apontou, também, a falta de fundamento concreto, a amplitude dos dados utilizados e a abrangência da investigação de fatos não relacionados aos objetivos da CPI. Para o ministro Nunes Marques, é possível concluir, da leitura do ato convocatório, que Ivanildo compareceria à CPI na qualidade de investigado. Ele citou precedente da Segunda Turma no sentido de que o comparecimento perante a comissão, para ser ouvido, é uma faculdade do investigado, cabendo a ele decidir por comparecer ou não. O ministro também não verificou haver congruência entre as justificativas para a convocação de Ivanildo e os motivos para a instalação da CPI da Pandemia Leia a íntegra da decisão VP//CF//AD Processo relacionado: MS 38195 *** *** https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=472048&ori=1 *** *** ***
Senadores lamentam decisão que permitiu a motoboy não comparecer a depoimento na CPI *** Rodrigo Resende | 31/08/2021, 12h21 Senadores da CPI da Pandemia, como o relator, Renan Calheiros (MDB-AL) e  o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lamentaram a decisão do ministro do STF Kassio Nunes Marques, que permitiu ao motoboy que trabalhava para a VTCLog, Ivanildo Gonçalves, faltar ao depoimento na comissão, nesta segunda-feira (31). 00:0000:55 Opções: Download Saiba mais Com foco na VTCLog, CPI reconvoca motoboy e quebra sigilos da empresa MAIS NOTÍCIAS SOBRE: Fonte: Agência Senado *** *** https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2021/08/senadores-lamentam-decisao-que-permitiu-a-motoboy-nao-comparecer-a-depoimento-na-cpi *** *** *** Jovem Pan > Notícias > Política > Em recurso, CPI diz que recebeu decisão de Nunes Marques sobre motoboy com ‘perplexidade’ Em recurso, CPI diz que recebeu decisão de Nunes Marques sobre motoboy com ‘perplexidade’ Agravo regimental foi apresentado na madrugada desta terça-feira; Ivanildo Gonçalves da Silva sacou mais de R$ 4 milhões na boca de caixas eletrônicos Por André Siqueira 31/08/2021 09h26 - Atualizado em 31/08/2021 09h43 ***
*** Edilson Rodrigues/Agência Senado *** Cúpula da CPI da Covid-19 analisa documentos no plenário da comissão No recurso apresentado pela Advocacia-Geral do Senado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na madrugada desta terça-feira, 31, a CPI da Covid-19 diz que recebeu com “perplexidade” o despacho do ministro Nunes Marques que liberou o motoboy da VTCLog, Ivanildo Gonçalves da Silva, de comparecer à comissão. A oitiva do funcionário da empresa de logística, que tem contratos com o Ministério da Saúde, estava marcada para esta terça-feira, 31. Na peça, à qual a Jovem Pan teve acesso, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), pede que a decisão monocrática do magistrado, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro à Corte, “seja imediatamente reconsiderada”. No pedido, a comissão destaca que o ministro decidiu contra a CPI “em virtualmente todos os processos de sua relatoria” e afirmou que o magistrado tomou sua decisão “sem ouvir a comissão parlamentar de inquérito”. “A maioria dos Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito recebeu com absoluta surpresa e perplexidade a v. decisão agravada – muito embora cientes de que Exa. decidiu até o momento contra a CPI em virtualmente todos os processos de sua relatoria (vide doc anexo) –, e determinou que fosse impugnada imediatamente, porque, diferentemente do que foi alegado na inicial, é auto-evidente a subsunção dos fatos aparentemente criminosos testemunhados pelo impetrante e o escopo das investigações legislativas em curso”, afirmam os parlamentares. “Caso tivesse sido instada, a Comissão Parlamentar de Inquérito teria esclarecido que não se está a investigar a conduta do impetrado [Ivanildo] ou os fatos anteriores à pandemia em que se envolveu, mas a dinâmica, o ‘modus operandi’, a genética do aparente sistema de lavagem de dinheiro que pode estar intrincado com esquemas de corrupção que provavelmente obstaculizaram a prestação de serviços públicos eficientes, tempestivos e adequados no enfrentamento à pandemia”, diz outro trecho do documento. *** Leia também Motoboy que sacou milhões, FIB Bank e secretário preso por fraude: a semana de trabalhos da CPI da Covid Governo rescinde contrato de aquisição da vacina Covaxin Renan Calheiros quer concluir relatório da CPI da Covid-19 em setembro *** Na decisão da noite desta segunda-feira, 30, Nunes Marques disse que não havia “congruência” entre os fatos determinantes para a abertura da CPI da Covid-19 e aqueles que serviram de fundamento para a convocação do motoboy. A comissão rebateu e afirmou, no recurso, que o pedido de oitiva foi devidamente motivado e “está em clara relação de pertinência com o escopo das investigações, que buscam esclarecer falhas, crimes e responsabilidades em linha de causalidade com a maior tragédia sanitária da história do país, que até o momento já ceifou a vida de mais de579 mil brasileiros”. Como a Jovem Pan mostrou, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em posse dos senadores, a VTCLog movimentou, de maneira atípica, R$ 117 milhões nos dois últimos anos. Ivanildo Gonçalves, por sua vez, um funcionário com salário em torno de R$ 2 mil, sacou aproximadamente R$ 4,7 milhões na boca de caixas eletrônicos. A relação do motoboy com a empresa foi revelada pelo Jornal de Brasília. Ao veículo, ele admitiu ter realizado as operações, destacou que depositou quantias a pessoas que não conhecia, mas não soube explicar por que precisou transportar grandes quantias em vez de ter optado por transferências bancárias. *** *** https://jovempan.com.br/noticias/politica/em-recurso-cpi-diz-que-recebeu-decisao-de-nunes-marques-sobre-motoboy-com-perplexidade.html *** *** Sinônimos Chitãozinho & Xororó ***
*** Chitãozinho & Xororó - Sinônimos (Grandes clássicos sertanejos acústico) [Part. Especial Zé Ramalho] 85.748.712 visualizações26 de mai. de 2017 Radar Records Oficial Sinônimos Chitãozinho & Xororó Part. Especial Zé Ramalho DVD Chitãozinho & Xororó - Grandes clássicos sertanejos acústico *** *** https://www.youtube.com/watch?v=7EjIdjKNRls *** *** *** Ouvir "Sinônimos" Quanto tempo o coração Leva pra saber Que o sinônimo de amar É sofrer Num aroma de amores Pode haver espinhos É como ter Mulheres em milhões E ser sozinho Na solidão de casa Descansar O sentido da vida Encontrar Quem pode dizer Onde a felicidade está? O amor é feito de paixões E quando perde a razão Não sabe quem vai machucar Quem ama nunca sente medo De contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar Quem revelará o mistério Que tenha fé E quantos segredos traz O coração de uma mulher Como é triste a tristeza Mendigando um sorriso Um cego procurando a luz Na imensidão do paraíso Quem tem amor na vida Tem sorte Quem na fraqueza sabe Ser bem mais forte Ninguém sabe dizer Onde a felicidade, está O amor é feito de paixões E quando perde a razão Não sabe quem vai machucar Quem ama nunca sente medo De contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar O amor é feito de paixões E quando perde a razão Não sabe quem vai machucar Quem ama nunca sente medo De contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar Quem revelará o mistério Que tenha fé E quantos segredos traz O coração de uma mulher Como é triste a tristeza Mendigando um sorriso Um cego procurando a luz Na imensidão do paraíso O amor é feito de paixões E quando perde a razão Não sabe quem vai machucar Quem ama nunca sente medo De contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar O amor é feito de paixões E quando perde a razão Não sabe quem vai machucar Quem ama nunca sente medo De contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar O amor é feito de paixões E quando perde a razão Não sabe quem vai machucar Quem ama nunca sente medo De contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar Composição: Paulo Sérgio / Cláudio Noam / César Augusto. ***
*** DICIONÁRIO JURÍDICO Retratação DIREITO PENAL | 07/OUT/2013 Revisão geral. Este material não sofreu alterações até esta data. (29/mai/2020) Trata-se de termo que significa voltar atrás no que disse, assumir o erro ao fazer uma imputação a alguém. Segundo o Código Penal, o querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. A retratação extingue a punibilidade se feita antes da sentença de 1ª instância. Quando a ação penal é pública, como no caso de crime contra o Presidente da República, a retratação não gera efeitos. Fundamentação: Artigos 107, inciso VI, e 143 do Código Penal Temas relacionados: Calúnia Difamação Extinção da punibilidade Crime contra a honra Direito Penal Referências bibliográficas: GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte especial. São Paulo: Saraiva, 2011. Veja mais sobre Retratação no DireitoNet. *** *** https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1242/Retratacao *** *** *** A Mão do Tempo Tião Carreiro e Pardinho ***
*** *** Ouvir "A Mão do Tempo" Na solidão do meu peito o meu coração reclama Por amar quem está distante e viver com quem não ama Eu sei que você também da mesma sina se queixa Querendo viver comigo mas o destino não deixa Que bom se a gente pudesse arrancar do pensamento E sepultar a saudade na noite do esquecimento Mas a sombra da lembrança é igual a sombra da gente Pelos caminhos da vida ela está sempre presente Vai lembrança e não me faça querer um amor impossível Se o lembrar nos faz sofrer esquecer é preferível Do que adianta querer bem alguém que já foi embora É como amar uma estrela que foge ao romper da aurora Arranque da nossa mente horas distantes vividas Longas estradas que um dia foram por nós percorridas Apague com a mão do tempo os nossos rastros deixados Como flores que secaram no chão do nosso passado Composição: Jose Fortuna / Tião Carreiro. *** *** https://www.letras.mus.br/tiao-carreiro-e-pardinho/48894/ *** ***

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Um sentimento amargo e áspero

"há coisas que se diz melhor calando"
*** Qual Leitura: Rabugens de Pessimismo - Machado de Assis *** *** http://qualleitura.blogspot.com/2016/12/rabugens-de-pessimismo-machado-de-assis.html *** *** ***
*** Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas Prólogo da terceira edição A primeira edição destas Memórias Póstumas de Brás Cubas foi feita aos pedaços na Revista Brasileira, pelos anos de 1880. Postas mais tarde em livro, corrigi o texto em vários lugares. Agora que tive de o rever para a terceira edição, emendei ainda alguma coisa e suprimi duas ou três dúzias de linhas. Assim composta, sai novamente à luz esta obra que alguma benevolência parece ter encontrado no público. Capistrano de Abreu, noticiando a publicação do livro, perguntava: “As Memórias Póstumas de Brás Cubas são um romance?” Macedo Soares, em carta que me escreveu por esse tempo, recordava amigamente as Viagens na minha terra. Ao primeiro respondia já o defunto Brás Cubas (como o leitor viu e verá no prólogo dele que vai adiante) que sim e que não, que era romance para uns e não o era para outros. Quanto ao segundo, assim se explicou o finado: “Trata-se de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo.” Toda essa gente viajou: Xavier de Maistre à roda do quarto, Garret na terra dele, Sterne na terra dos outros. De Brás Cubas se pode dizer que viajou à roda da vida. O que faz do meu Brás Cubas um autor particular é o que ele chama “rabugens de pessimismo”. Há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir de seus modelos. É taça que pode ter lavores de igual escola, mas leva outro vinho. Não digo mais para não entrar na crítica de um defunto, que se pintou a si e a outros, conforme lhe pareceu melhor e mais certo. Machado de Assis. *** *** https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=116728 *** *** Assim como Sérgio Camargo, Bolsonaro tem encontro marcado com a Justiça *** Memórias Póstumas de Brás Cubas - Domínio Públicohttp://www.dominiopublico.gov.br › pesquisa › D... PDF fora deveras, mas um passado roto, abjeto, mendigo e ga- ... tudo aquilo me irritava também, e me tomava mais amargo e longo o jantar.
*** *** AUGUST 30, 2021 Bolsonaro elegeu-se presidente da República com uma pregação conservadora. Muitos imaginaram que ele levaria o Brasil para a direita. Engano. Conservadores foram o americano Ronald Reagan e a britânica Margareth Thatcher. Bolsonaro é apenas arcaico. Seu modelo é Donald Trump. Ele empurrou o Brasil para trás, não para a direita. Sérgio Camargo, o presidente da Fundação Palmares, é a exacerbação do absurdo. O Ministério Público do Trabalho colecionou 16 depoimentos de servidores da fundação que foram vítimas de assédio moral e perseguição ideológica. Pede o afastamento de Sergio Camargo da função e indenização de R$ 200 mil por danos morais. Desde que foi premiado por Bolsonaro com uma função pública, em 2019, Sérgio Camargo desfilava pelo noticiário como um vexame administrativo à espera de reações judiciais. À frente de uma entidade criada para apoiar e integrar a comunidade afrodescendente, dedica-se em tempo integral à desqualificação dos negros e à caça de esquerdistas. Na largada, a Era Bolsonaro começou com um adorador da ditadura na Presidência, um antiambientalista no Ministério do Meio Ambiente, um deseducado no Ministério da Educação, um antidiplomata no Itamaraty, um inimigo dos artistas na Secretaria de Cultura e vários outros contrassensos. Num governo assim, um negro racista no comando de uma entidade que deveria preservar a memória e cultura negra é apenas mais um escárnio a serviço da falta de lógica. Sérgio Camargo e seus assemelhados são reflexos da regressão. Bolsonaro é a verdadeira cara do atraso. O presidente também tem um encontro marcado com a Justiça. A blindagem da Câmara e da Procuradoria-Geral da República retardam esse encontro. Mas os processos virão depois que Bolsonaro for ex-presidente. É certo como o nascer do sol a cada manhã. Fonte: UOL Ministério Público do Trabalho pede afastamento de Sérgio Camargo da Fundação Palmares AUGUST 29, 2021 ​​O Ministério Público do Trabalho pediu o afastamento de Sérgio Camargo da presidência da Fundação Palmares por denúncias de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação. O pedido foi divulgado pelo Fantástico, da Globo, na noite deste domingo (29). Nos depoimentos de funcionários do órgão divulgados pelo programa, eles dizem que Camargo associam pessoas de “cabelos altos” com bandidos e que servidores concursados teriam pedido demissão por causa de um “clima de terror pscicológico”. Além do afastamento, o Ministério Público do Trabalho ainda pede para que Camargo pague indenização de R$ 200 mil por danos morais, segundo a TV. O presidente da Fundação Palmares começou a ser investigado por suspeita de assédio moral contra funcionários em março deste ano. O inquérito foi aberto pelo Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal. O órgão passou a ouvir mais de uma dezena de pessoas. A apuração, tratada em sigilo, foi aberta após o MPT receber denúncias de perseguição ideológica. Veja quem são os novos nomes da cultura sob Bolsonaro ***
*** Veja quem são os novos nomes da cultura sob Bolsonaro *** ​Nomeado por Roberto Alvim, ex-secretário especial da Cultura, em novembro de 2019, Camargo acumula polêmicas e toma decisões que esbarram na Justiça desde então. Ele chegou a deixar a presidência da fundação no mê seguinte à nomeação, após a Justiça acatar uma ação civil que pedia sua suspensão —sob a argumentação de que ele contraria o cargo que ocupa, em razão de suas várias críticas feitas a Zumbi dos Palmares e ao movimento negro. Em 2020, no entanto, o STJ, derrubou a decisão. “Eu acho que o garoto que foi liberado ontem é uma excelente pessoa", disse Jair Bolsonaro na época, quando Camargo voltou à Palmares. O presidente da fundação é jornalista e se definiu como “negro de direita, contrário ao vitimismo e ao politicamente correto”. Ele também já afirmou nas redes sociais que o Brasil tem “racismo nutella” e que “o racismo real existe nos EUA”. À frente da instituição, Camargo empreendeu uma cruzada ideológica. Em junho deste ano, a Palmares publicou um relatório intitulado "Retrato do Acervo: A Doutrinação Marxista", segundo o qual metade do seu acervo seria excluído —entre os os títulos expuragados, estariam de autores como Marx, Engels, Lênin, Weber, Hobsbawn, H. G. Wells, Celso Furtado e Marco Antônio Villa. Além de Carlos Marighella. Veja protesto realizado na Fundação Palmares após nomeação de novo presidente ***
*** Veja protesto realizado na Fundação Palmares após nomeação de novo presidente *** "Além do imprestável Marighella, livros que promovem pedofilia, sexo grupal, pornografia juvenil, sodomia e necrofilia também estão com os dias contados na [Fundação] Palmares. Serão excluídos do acervo", escreveu Camargo. O deputado federal Marcelo Freixo entrou com uma ação na Justiça contra a medida. ​A Coalizão Negra por Direitos, que reúne mais de 200 entidades do movimento negro, também ingressou com ação na Justiça Federal de São Paulo contra Camargo. No mesmo mês, o presidente da Palmares chamou de "viciado" o neurocientista negro americano Carl Hart, especialista que relaciona a dependência química a fenômenos sociais. Em reportagem publicada pela Folha, ele defendeu que usar drogas é parte do processo individual no direito pela busca pela felicidade. "Alguma dúvida de que o negro que a Folha escalou para defender a liberação das drogas é um viciado, não um neurocientista? Não tenho dúvida alguma!", disse Camargo. Ainda no mês de junho, ele também se negou a participar de uma audiência pública mediada pela deputada Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro sobre a crise institucional da fundação. "Não me sento à mesa para dialogar com pretos racistas!", disse Camargo, sempre pelas redes sociais. ***
*** logomarca da fundação cultural palmares *** Atual logomarca da Fundação Cultural Palmares, com o símbolo do machado de Xangô, divindade do candomblé - Divulgação Até o símbolo da Fundação Palmares foi posto em xeque.Há cerca de dez dias, a instituição abriu um concurso para substituir a sua logomarca, hoje estampada pelo machado de Xangô. No mesmo dia, Camargo afirmou, mais uma vez pelas redes sociais, que entrará com uma ação contra o cantor Martinho da Vila pedindo danos morais, após o sambista ter tecido críticas a ele durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. "Ele é um preto de alma branca, como se diz", afirmou o sambista. Fonte: Folha *** ARTIGOS Trinta anos do fim do apartheid, regime de segregação racial na África do Sul ***
*** Manifestantes sul-africanos participam em campanha de desobediência civil em junho de 1952, ocupando os lugares reservados para os brancos em um trem em Johannesburgo - AFP *** 1 de 3 Manifestantes sul-africanos participam em campanha de desobediência civil em junho de 1952, ocupando os lugares reservados para os brancos em um trem em Johannesburgo - AFP Manifestantes feridos em Sharpeville em 21 de março de 1960, depois que a polícia abriu fogo contra a multidão e matou 69 negros - AFP 2 de 3 Manifestantes feridos em Sharpeville em 21 de março de 1960, depois que a polícia abriu fogo contra a multidão e matou 69 negros - AFP O líder da luta antiapartheid e depois presidente Nelson Mandela vota nas primeiras eleições libres na África do Sul, em 27 de abril de 1994 - AFP 3 de 3 O líder da luta antiapartheid e depois presidente Nelson Mandela vota nas primeiras eleições libres na África do Sul, em 27 de abril de 1994 - AFP AFP 28/06/21 - 09h51 Ha 30 anos, a África do Sul acabava com o apartheid, regime político de segregacionismo racial que durou quase meio século. *** *** https://www.istoedinheiro.com.br/trinta-anos-do-fim-do-apartheid-regime-de-segregacao-racial-na-africa-do-sul/ *** ***

CABRITADA MAL SUCEDIDA

*** Cabritada Mal Sucedida Luiz Melodia *** *** Ouvir "Cabritada Mal Suce…" Bento fez anos E para almoçar me convidou Me disse que ia matar um cabrito,Onde tem cabrito eu tou E quando o "Comes e Bebe" começou No melhor da cabritada A Polícia e o dono do bicho chegou Puseram a gente sem culpa No carro de Radio Patrulha e levaram Levaram também o cabrito E toda a bebida que tinha, quebraram Seu Comissário, zangado Não tava querendo ninguém dispensar O patrão da Sebastiana É que foi ao distrito E mandou me soltar Composição: Geraldo Pereira. *** *** https://www.letras.mus.br/luiz-melodia/1882303/ *** *** ***
OPINIÃO Intervenção armada: crime inafiançável e imprescritível 29 de agosto de 2021, 9h13 Por Ricardo Lewandowski *Texto originalmente publicado na edição deste domingo (29/8) do jornal Folha de S.Paulo. Na Roma antiga existia uma lei segundo a qual nenhum general poderia atravessar, acompanhado das respectivas tropas, o rio Rubicão, que demarcava ao norte a fronteira com a província da Gália, hoje correspondente aos territórios da França, Bélgica, Suíça e de partes da Alemanha e da Itália. Em 49 a.C., o general romano Júlio César, após derrotar uma encarniçada rebelião de tribos gaulesas chefiadas pelo lendário guerreiro Vercingetórix, ao término de demorada campanha transpôs o referido curso d'água à frente das legiões que comandava, pronunciando a célebre frase: "A sorte está lançada". A ousadia do gesto pegou seus concidadãos de surpresa, permitindo que Júlio César empalmasse o poder político, instaurando uma ditadura. Cerca de cinco anos depois, foi assassinado a punhaladas por adversários políticos, dentre os quais seu filho adotivo Marco Júnio Bruto, numa cena imortalizada pelo dramaturgo inglês William Shakespeare. O episódio revela, com exemplar didatismo, que as distintas civilizações sempre adotaram, com maior ou menor sucesso, regras preventivas para impedir a usurpação do poder legítimo pela força, apontando para as severas consequências às quais se sujeitam os transgressores. No Brasil, como reação ao regime autoritário instalado no passado ainda próximo, a Constituição de 1988 estabeleceu, no capítulo relativo aos direitos e garantias fundamentais, que "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático". O projeto de lei há pouco aprovado pelo Parlamento brasileiro, que revogou a Lei de Segurança Nacional, desdobrou esse crime em vários delitos autônomos, inserindo-os no Código Penal, com destaque para a conduta de subverter as instituições vigentes, "impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais". Outro comportamento delituoso corresponde ao golpe de Estado, caracterizado como “tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído”. Ambos os ilícitos são sancionados com penas severas, agravadas se houver o emprego da violência. No plano externo, o Tratado de Roma, ao qual o Brasil recentemente aderiu e que criou o Tribunal Penal Internacional, tipificou como crime contra a humanidade, submetido à sua jurisdição, o "ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil", mediante a prática de homicídio, tortura, prisão, desaparecimento forçado ou "outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental". E aqui cumpre registrar que não constitui excludente de culpabilidade a eventual convocação das Forças Armadas e tropas auxiliares, com fundamento no artigo 142 da Lei Maior, para a "defesa da lei e da ordem", quando realizada fora das hipóteses legais, cuja configuração, aliás, pode ser apreciada em momento posterior pelos órgãos competentes. A propósito, o Código Penal Militar estabelece, no artigo 38, parágrafo 2º, que "se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior". Esse mesmo entendimento foi incorporado ao direito internacional, a partir dos julgamentos realizados pelo tribunal de Nuremberg, instituído em 1945, para julgar criminosos de guerra. Como se vê, pode ser alto o preço a pagar por aqueles que se dispõem a transpassar o Rubicão. PlayvolumeAd Ricardo Lewandowski é ministro do Supremo Tribunal Federal e professor titular de Teoria do Estado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Revista Consultor Jurídico, 29 de agosto de 2021, 9h13 COMENTÁRIOS DE LEITORES 5 comentários LEWAN MOLEQUE DE RECADOS DE QUEM É LACAIO Bonasser (Advogado Autônomo) 29 de agosto de 2021, 19h14 Manifestação de mais um desqualificado juiz de merda, somente mostra o quão descarados e cafajestes são, no afã de pagar suas dividas para com seus senhores que os tem como lacaios. Ele como os demais cretinos daquele infecto lupanar de ha muito ultrapassaram o bestial rubicão, nesse caso as constitucionalidades das leis, da constituição e a independência entre os poderes da combalida republica. Quem é o lewan, um desqualificado que somente está lá naquele valhacouto lúgubre por ter sido vizinho do maior corrupto, corruptor e ladrão do nosso país, nada mais. É um que como os outros daquele bordel diuturnamente e desde o primeiro dia de mandato, em conluio com as facções perdedoras do ultimo pleito à presidência, atacam o governo, o presidente e sua família, em rasos e claros atos de cumprimento de ordens de quem são vassalos e lacaios. Agem como vassalos fustigados para que a qualquer custo e meios concluam o trabalho sujo de tentar derrubar o atual governo, nada mais do que isso. São tão caras de paus que se utilizam essa lenda para mais uma vez, de forma canhestra, ameaçar o seu presidente e os nacionais que o apoiam e que já estão de sacos cheios com suas intervenções, extrapolações e sanha contra o governo legitimamente eleito e não indicado por corruptos. Cafajestes, covardes e ignaros, da laia desses vulpinos quando encurralados em consequências de seus próprios atos e ações, lançam mãos de leis marotas, manipuladas para suas próprias defesas e com elas avançam mais uma vez em ameaças. O lewan, é a demonstração da incompetência, vassalagem e vigarice do que tem se transformado o que seria um tribunal, num infecto e imundo cabaré de beira de estrada, somente bons aos olhos dos que, por interesses escusos, lambem suas rotas sandálias. Responder O STF Servidor estadual (Delegado de Polícia Estadual) 29 de agosto de 2021, 18h03 O STF há muito ultrapassou o que era legitimo. em que pese a inaptidão do governo Bolsonaro ele ainda sobrevive porque o STF simplesmente impede que o presidente governe, caso contrário já teriam declarado seu impedimento em razão da total incapacidade de governar. Lewandovisk criou leis, alargou institutos como a audiência de custódia fora da lei, afora, outros exemplos citados a cima. Sete de setembro é mais contra a interferência ilegal do SFT contra qualquer outra coisa. Se o STF deixar deixar, Bolsonaro não resiste a dois meses de governo. Responder CREIO QUE A SERVIDORA ESTEJA ENGANADA Bonasser (Advogado Autônomo) 29 de agosto de 2021, 19h33 Cara rejane, não sei sua coloração politica, mas discordo de você quando diz "se o stf deixar bolsonaro não resiste a dois meses de governo". Estamos neste estado justamente por intromissão, interferência e extrapolaçao de atribuições e competências dos membros daquele antro imundo. Se pelo menos o bordel supremo se fixasse nas suas atribuições e só, nosso país estaria em outro plano, mesmo com todos os ataques, vindos de todos os lados, estamos com todos os índices positivos e a cada dia de análise nossa administração está de vento em pôpa, temos hoje o melhor ministério, estancamos a corrupção descarada instituída pela petralhada e talvez seja por ela que tanto o quengresso como o supremo lupanar estejam ciscando, como consequência da abstinência, a todo movimento do governo e do presidente...Sejamos mais otimistas, pensemos grande e no futuro...Temos muito o que reforma e reconstruir, pense um pouco com positividade. Abraços. NEOFASCISTAS AVISADOS Armando do Prado (Professor) 29 de agosto de 2021, 11h56 Levandovski de maneira didática, para os semialfabetizados como inominável, deu o recado sobre os riscos de ameaçar as instituições via golpe chinfrim. Que retrocedam às respectivas insignificâncias. Responder *** *** https://www.conjur.com.br/2021-ago-29/lewandowski-intervencao-armada-crime-inafiancavel-imprescritivel *** ***
*** MPB CIFRANTIGA Cabritada mal sucedida - MPB CIFRANTIGA *** *** *** LEONARDO SAKAMOTO LEONARDO SAKAMOTO À revelia de STF e estados, governo estuda intervenção com Força Nacional ***
*** *** Leonardo Sakamoto Colunista do UOL 26/08/2021 04h00Atualizada em 26/08/2021 15h41 Discute-se no governo federal ressuscitar a tese de que a Força Nacional pode ser usada para intervenções em estados e no Distrito Federal sem a anuência de governadores, bastando uma ordem ministerial - interpretação que já foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal. A avaliação é que o uso da Força Nacional seria mais simples que o das Forças Armadas caso Jair Bolsonaro queira colocar tropas nas ruas sob a justificativa de conter "revoltas" da população em nome da "preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas". Por exemplo, protestos violentos de bolsonaristas após o próprio presidente acusar as eleições de fraudulentas em outubro de 2022. *** COLUNISTAS DO UOL Ricardo Kotscho Lula e a regulação da mídia: os tempos mudaram Josias de Souza Bolsonaro tornou-se o maior adversário de Bolsonaro na sucessão de 2022 Reinaldo Azevedo Lula dá tiro no pé pró-Bolsonaro. Ou: Esquecer o velho e aprender o novo Bolsonaro conta com simpatia de uma boa parte dos policiais militares, base da Força Nacional. Sem contar que o atual ministro da Justiça, Anderson Torres, é próximo de sua família e o comandante da Força, o coronel da PM do Ceará Antônio Aginaldo de Oliveira, é marido de Carla Zambelli (PSL-SP), da tropa de choque bolsonarista na Câmara dos Deputados. *** Bolsonaro conta com simpatia de uma boa parte dos policiais militares, base da Força Nacional. Sem contar que o atual ministro da Justiça, Anderson Torres, é próximo de sua família e o comandante da Força, o coronel da PM do Ceará Antônio Aginaldo de Oliveira, é marido de Carla Zambelli (PSL-SP), da tropa de choque bolsonarista na Câmara dos Deputados. O STF já avaliou que não tem respaldo constitucional a interpretação de que o decreto que regula a Força Nacional permite que atue nos estados à revelia dos governadores. Mas até aí os ministros da corte também já afirmaram que o artigo 142 da Constituição, que trata do funcionamento das Forças Armadas, não permite uma "intervenção militar", ou seja, um golpe, ao contrário do que atesta o bolsonarismo. A família Bolsonaro e seus aliados já ameaçam descumprir decisões judiciais. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou, na última quinta (19), que "vai chegar uma hora em que essas ordens, infelizmente, da maior corte, de mais elevado nível do judiciário nacional, não vão ser cumpridas". Já Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo na Câmara e investigado pela CPI da Covid no caso do superfaturamento na compra de vacinas, também disse, em 8 de junho, que "vai chegar uma hora em que vamos dizer [para o Judiciário] que simplesmente não vamos cumprir mais". *** Possibilidade surgiu em meio aos protestos contra grandes obras *** Tudo começou quando o governo Dilma Rousseff (PT) editou o decreto 7.957, em março de 2013, alterando o decreto 5.289, de novembro de 2004, que orienta o funcionamento da Força Nacional de Segurança Pública, sob comando do Ministro da Justiça. Sob a justificativa de regulamentar a atuação da força para a proteção ambiental, o decreto permitiu que ela "poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado" - grifo meu. Isso gera uma contradição, uma vez que a Força Nacional nasceu como um programa de cooperação federativa, em que estados e o Distrito Federal precisariam concordar com a atuação. Na época, movimentos sociais que protestavam contra os impactos ambientais, sociais e trabalhistas das grandes obras, como a construção das hidrelétricas de Belo Monte, no Pará, e Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, apontaram que o objetivo da mudança era blindar esses empreendimentos contra manifestações populares. Quem se aproveitou da brecha criada pelo governo petista foi, por exemplo, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, que em 12 de agosto de 2019 publicou a portaria 692, autorizando o emprego da Força Nacional em "ações de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas" e em defesa do patrimônio sem a anuência prévia do governador do Distrito Federal. O foco eram as manifestações populares que seriam realizadas nos dias 13 e 14 de agosto. Brasília recebeu milhares de estudantes, professores e sindicalistas que protestaram contra os cortes no orçamento da Educação promovidos por Bolsonaro e a Reforma da Previdência. Uniram-se a outras milhares da Marcha das Mulheres Indígenas, organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em defesa de seus territórios. No próprio dia 13 de agosto, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, então chefiada por Deborah Duprat, publicou uma nota pública criticando a convocação. O texto afirmava que a Força Nacional não pode servir à "intervenção federal em um ente federativo". Para a PFDC, o ministério poderia, no máximo, autorizar o uso da Força a contribuir com ações de militares de defesa dos prédios públicos e, ainda assim, justificando muito bem considerando os altos custos e a excepcionalidade. Após reportagem de Rubens Valente, na Folha de S.Paulo, mostrar que membros da Força Nacional foram usados para espionar as organizadoras indígenas da marcha, entre elas Sônia Guajajara, o PSOL na Câmara dos Deputados foi à Procuradoria-Geral da República contra Moro. A representação acabou arquivada. *** Decreto foi usado por André Mendonça para reintegração de posse na Bahia *** O Supremo Tribunal Federal, enfim, afirmou que a Força Nacional não pode ser usada sem demanda dos governadores após o então ministro da Justiça e hoje indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, determinar o seu envio para reintegrações de posse em áreas de assentamentos, na Bahia, em setembro do ano passado. Na época, ele afirmou que o decreto permitia o envio de tropas devido a uma solicitação do Ministério da Agricultura. O ministro Edson Fachin decidiu a favor do governador Rui Costa (PT), na Ação Civil Originária 3.427/BA, e ordenou a retirada da Força Nacional mobilizada nas cidades de Prado e Mucuri. Três semanas depois, a posição da liminar concedida pelo ministro foi ratificada pelo plenário do STF por 9 a 1. No acórdão, a corte afirmou que a norma inscrita no decreto nº 5.289/2004, ao autorizar o emprego da Força Nacional sem a anuência do governador, "viola a natureza cooperativa do programa e seu suporte constitucional", conflitando com a Constituição Federal. Apesar dessa ação civil não ter efeito vinculante, a União foi a ré da ação. Ou seja, ela já foi alvo de uma decisão de que não pode interpretar o decreto dessa forma. Portanto, estaria batendo de frente com o STF se fizer isso. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou, em abril de 2013, um projeto de decreto legislativo para sustar o decreto que possibilitou que ministros de Estado convocassem a Força Nacional. De acordo com sua assessoria, eles buscam a aprovação da matéria na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Curiosamente, um projeto semelhante foi apensado ao de Ivan Valente, também em 2013, pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), então membro da oposição ao PT e, hoje, ministro do Trabalho de Bolsonaro. Pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado, apontou que 41% dos praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) da Polícia Militar participavam de grupos bolsonaristas nas redes e aplicativos de mensagens, 25% abraçavam ideias radicais e 12% defendiam o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Nas unidades da federação que são chefiadas por aliados do presidente, o consentimento do uso da Força Nacional é mais simples. A questão é nos demais - e é aí que entra a discussão no governo sobre a interpretação do decreto que autoriza um ministro de Estado tomar uma decisão passando por cima de um governador. O que pode ser útil caso o golpismo do presidente resolva ir às ruas no ano que vem. LEONARDO SAKAMOTO *** *** https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2021/08/26/a-revelia-de-stf-e-estados-governo-estuda-intervencao-com-forca-nacional.htm *** *** *** Fábulas de Esopo Ilustradas O Corvo e o Jarro Autor: Alberto Filho - Tradutor[1] Revisado: 16 de Junho de 2021 "Não existem problemas simples ou complexos, apenas diferentes pontos de vista de quem os examina..." ***
*** Fábulas de Esopo Ilustradas - O Corvo e o Jarro *** "Apenas uma mente criativa é capaz de enxergar no defeito tudo aquilo que pode ser reciclado, desfeito ou descartado..." *** Um Corvo, que estava prestes a sucumbir tomado pela sede, viu lá do alto um Jarro, e na esperança de achar água dentro, tomado de grande alegria, voou em sua direção. Mas, lá chegando, para sua tristeza, descobriu que o Jarro continha tão pouca água em seu interior que seria impossível alcançá-la com seu curto bico. Ainda assim, usando de incontáveis artifícios, tentou beber a água que estava dentro do Jarro, mas, com um bico tão curto, todo seu esforço foi em vão. Por último, pegou tantas pedrinhas quanto podia carregar, e uma após outra, colocou-as dentro da Jarra. Ao fazer isso, as pedrinhas ocuparam todo espaço dentro do jarro e isso permitiu que o nível da água subisse até ficar ao alcance do seu bico. E desse modo salvou sua vida. Moral da História 1: A verdadeira necessidade ainda é a mãe de todas as invenções... Moral da História 2: Uma mente criativa enxerga os problemas como oportunos exercícios de campo para a descoberta de soluções inovadoras... Compartilhar nas Redes Sociais A tradução desse texto foi realizada com exclusividade para o Site de Dicas por Alberto Filho. [1] Alberto Filho - albfilho@gmail.com É autor, pesquisador e educador de Educação Infantil, Juvenil e Adulta, inclusive da terceira idade, com especialização em Educação Integral, Holística e Consciencial. É também Ilustrador e escritor de contos Infantis, Juvenis e Adultos. Sobre as Fábulas: Consideramos as Fábulas de Esopo publicadas neste site, quando comparadas com as versões disponíveis em meios digitais ou impressos, como as mais fiéis transcrições em língua portuguesa dos escritos originais deste grande sábio grego. Usamos como referência em nossas pesquisas históricas e bibliográficas a obra de Rev. Geo. Fyler Townsend, M.A., cujo trabalho resume uma vasta compilação a partir dos originais Gregos e que foi publicada orignariamente por George Routledge and Sons, London, 1905. Notas sobre a Vida de Esopo: Esopo, o mais conhecido dentre os fabulistas, foi sem dúvida um grande sábio que viveu na antiguidade. Sua origem é um mistério cercado de muitas lendas. Mas, pode ter ocorrido por volta do ano 620 A.C. E embora várias localidades reivindiquem o posto maternal é comum que o tratem como originário de uma cidade chamada Cotiaeum na província da antiga Frígia, Grécia. Acredita-se que já nasceu escravo e pertenceu a dois senhores. O Segundo viria a torná-lo livre ao reconhecer sua grande e natural sabedoria. Conta-se que mais tarde ele se tornaria embaixador. Em suas fábulas, ou parábolas, ricas em ensinamentos, ele retrata o drama existencial do homem, substituindo os personagens humanos por animais, objetos ou coisas inanimadas do reino vegetal, mineral, ou forças da natureza. O Editor *** *** https://www.sitededicas.com.br/fabula-o-corvo-e-o-jarro.htm *** ***

domingo, 29 de agosto de 2021

Nunca Mais - "Nevermore".

umacoisaeoutra *** EPITÁFIO Aqui jaz o menino azul Tragicamente morto Num desastre de velocípede. (Luís Carlos Guimarães) ***
*** e minha alma tristonha enferma de tristeza sem fim, presa à sombra da ave tomba na luz mortiça e enfim não se erguerá nunca mais. *** Cabritada à Lula Guimarães INGREDIENTES Carne de cabrito 2 quilos Cebola 4 unidades Tomate 1 quilo Batata 1 quilo Sal Marinho 1 colher (café) Pimenta-do-Reino Preta a gosto Óleo de soja a gosto Parmesão a gosto COMO FAZER 1. Em panela de barro bem untada junte a carne cortada em bons pedaços, tomates picadinhos, os temperos, cebolas e batatas em fatias. 2. Polvilhe com o queijo parmesão, ponha a panela em forno moderado, previamente aquecido. Em duas horas o cabrito estarä no ponto certo. 3. Leve diretamente para a mesa quando tirar do forno o bom cabrito e sirva com arroz branco soltinho. 4. Na hora de sentar para comer, reverencie o autor desta obra-prima: o poeta Luís Carlos Guimarães. CLIQUE AQUI Aproveite o que sobrou da receita João Sena por João Sena ***
*** "O Corvo" ilustrado por Gustave Doré. *** *** https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Corvo#Sinopse *** *** O CORVO Certo dia, passava da meia-noite, eu meditava sobre doutrinas exóticas de antigos manuais, até que, a mente cansada, amargurado, leve pancada escutei à entrada, e esse ligeiro toque à porta me fez dizer — "Um visitante batendo à minha porta, que deseja a horas tais?" Aquele gelado dezembro, como ainda o relembro! O fogo da lareira desenhava no ar fantasmais figuras. O torpor não me venceu e li com ardor para abrandar a dor da infinda ausência de Lenora, a bem-amada, na glória do céu chamada Lenora e que ainda não chamam mais. Assim como a pressaga mensagem de uma brisa vaga as cortinas se agitaram, trazendo medos mortais ao meu ser de melancolia sozinho na noite fria. A mim mesma afirmaria: — "É alguém que pede amparo e vem á minha casa.Alguém que seja talvez me seja caro. Isso apenas, nada mais". E com vigor na ocasião, firme, com resolução indaguei: — "Homem ou mulher, quem seja, por que chegais na hora em que, meio adormecido, me soou ao ouvido um tão apegado e breve ruído à porta da sua casa, que ao sair à amplidão, fui encontrar fora de casa só a noite, nada mais?" No luto cerrado e profundo que amortalhava o mundo, nem a luz errante de uma estrela nos espaços astrais. Noite de horror, enganosa. Na paisagem trevosa, quase um grilto, uma voz chorosa chamou por Lenora. uma vez, e nada mais." Não mais rude ao relento, mas no calor do aposento, senti um calafrio de pavor ao notar nos vitrais da janela persistentes batidas interminentes. São rajadas inclementes, talvez sinal agourento do vento do inverno. Do vento que passava agourento e não voltou mais, jamais! Eis que ao abrir o postigo, certo para buscar abrigo entrou solene corvo de tempos imemoriais, em vôo suave deslizando, e nem sequer hesitando foi pousando num busto de Pales, a um canto da sala. E instalado no busto de Palas, grave, ali na sala temor não me causou mais. Por que uma ave maldita suavizou minha desdita e me fez sorrir? Essa amiga das noites sepulcrais tem a cabeça levantada e sua crista aparada a cor aveludada de penas negras com uns olhos radiosos que fulminam — "ó irmã da escuridão, — perguntei — como é teu nome no reino de Plutão?" Disse o Corvo, "Nunca Mais". Um corvo falar com voz humana á ato singular, nunca visto, prodígio além das coisas naturais. Entre surpreso e assustado assisti o fato assinalado, quando, com acento pausado na voz calma e severa, em longe dezembro , na desolada noite funesta, sisuda, ares de nobreza, asseverou a ave funesta ser seu nome "Nunca Mais". Sobre a escultura de Palas, o Corvo aprova ou Censura? Encarna a aura dos profetas ou a galhafa dos jograis? As duas palavras sem brilho parecem estribilho de refrão ou trocadilho que guardam algum segredo. Na onda de tais idéias, concluí: — "Acaso vais embora, como minhas ilusões, ó ave triste, ao raiar da aurora?" Disse o Corvo "Nunca Mais". O timbre monótono da resposta que a voz emposta, aguça a reflexão para estas palavras cruciais, que algum demônio sem remédio para o eterno tédio ao Corvo fez assédio para, em tortura a vida inteira, insone noite e dia, anunciar pela vida inteira o bordão do "Nunca Mais". Outra vez provei o gosto de breve alegria no rosto e fitei o Corvo no busto grasnando sons augurais. E bem diante dele postado, antevi o mascarado intento malvado de prosseguir pela noite torva sendo a ave do destino aziago que a tudo estorva repetindo "Nunca Mais." Em cismas me consumia, e embora absorto sabia que me fulminavam aqueles duros olhos fatais. Na almofada de seda clara a cabeça recostara, na poltrona onde repousara a bem-amada Lenora na penumbra dos idos do passado, e agora Lenora não dormirá nunca mais. Então qual estranho incenso subiu no ar perfume intenso derramado por anjos de turíbulos divinais. — "Tanto lamento em vão !" — exclamei. Apenas o esquecimento sanará o ferimento da tua alma, ó desventurado! Bebe o nepente e esquecerás Lenora, ó desventurado! Disse o Corvo, "Nunca Mais." — "Profeta ou senhor da treva, — clamei — aonde o mal te leva, ó filho de satã salvo do furor dos vendavais, que aportando na terra, sem cansaço, pelo tempo erra, e na noite que aterra vem á minha casa? Responde se encontrarei um bálsamo em Galaad. Onde está, onde?" Disse o Corvo, "Nunca Mais." — "Profeta ou senhor da treva, — clamei — aonde o mal te leva? Pelo Deus que venero nos páramos celestiais, dizei á minha alma magoada se no céu tem morada a radiante amada, que os serafins chamavam Lenora, que os serafins das legiões celeste chamavam Lenora." Disse o Corvo, "Nunca Mais." — "Seja a hora da despedida! — bradei — Alça o vôo da partida e torna aos abismos do inferno, ao fragor dos temporais. Vai, Corvo da falsidade, nenhuma pena tua há-de ficar, nem saudade. Deixa-me com a solidão. Parte! Retira as garras cravadas no meu coração e parte!" Disse O Corvo, "Mais Mais." O Corvo já não fala, parado no busto de Palas estará para sempre. Acordado — os olhos espectrais — sonho o pesadelo de uma divindade medonha e minha alma tristonha enferma de tristeza sem fim, presa à sombra da ave tomba na luz mortiça e enfim não se erguerá nunca mais. trad. Luis Carlos Guimarães - 1998 *** *** http://www.elsonfroes.com.br/framepoe.htm?http%3A//www.elsonfroes.com.br/lccorvo.htm *** *** in jornal O Galo, Natal. Colaboração: Aluysio Mendonça Sampaio. *** *** http://www.elsonfroes.com.br/framepoe.htm?http%3A//www.elsonfroes.com.br/lccorvo.htm *** *** ***
*** A ilustração de Gustave Doré das linhas finais do poema acompanha a frase "E minh'alma, daquela sombra que jaz a flutuar no chão/levantar-se-á —nunca mais!" *** The Raven (O Corvo) Edgar Allan Poe Once upon a midnight dreary , while I pondered, weak and weary, Over many a quaint and curious volume of forgotten lore, While I nodded , nearly napping, suddenly there came a tapping, As of some one gently rapping, rapping at my chamber door. "'’Tis some visitor", I muttered, "tapping at my chamber door- - Only this and nothing more." Ah, distinctly I remember it was in the bleak December, And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor. Eagerly I wished the morrow; vainly I had sought to borrow From my book surcease of sorrow - sorrow for the lost Lenore, -For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore -Nameless here for evermore. And the silken, sad, uncertain rustling of each purple curtain Thrilled me - filled me with fantastic terrors never felt before; So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating: "'’Tis some visitor entreating entrance at my chamber door – Some late visitor entreating entrance at my chamber door -; - This it is and nothing more." Presently my soul grew stronger: hesitating then no longer, "Sir", said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore; But the fact is I was napping, and so gently you came rapping, And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door, That I scarce was sure I heard you"- here I opened wide the door – Darkness there and nothing more. Deep into that darkness peering , long I stood there, wondering, fearing, Doubting , dreaming dreams no mortals ever dared to dream before; But the silence was unbroken, and the stillness gave no token And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!" This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!" Merely this and nothing more. Back into the chamber turning , all my soul within me burning, Soon again I heard a tapping, something louder than before. "Surely", said I, "surely that is something at my window lattice ; Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore, - Let my heart be still a moment and this mystery explore – 'Tis the wind and nothing more." Open here I flung the shutter , when , with many a3 flirt and flutter , In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore . Not the least obeisance made he, not a minute stopped or stayed he, But, with mien of lord or lady perched above my chamber door – Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door – Perched and sat , and nothing more. Then, this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling, By the grave and stern decorum of the countenance it wore , "Though thy crest be shorn and shaven , thou", I said, "art sure no craven , Ghastly , grim , and ancient Raven, wandering from the nightly shore : Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!" Quoth the Raven, "Nevermore" Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly , Though its answer little meaning, little relevancy bore ; For we cannot help agreeing that no living human being Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door – Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door – With such name as "Nevermore". But the Raven, sitting lonely on that placid bust, spoke only That one word, as if his soul in that one word he did outpour . Nothing farther then he uttered, not a feather then he fluttered28; Till I scarcely more than muttered, "Other friends have flown before: On the morrow he will leave me, as my Hopes have flown before." Then the bird said, "Nevermore". Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken, "Doubtless", said I, "what it utters is its only stock and store, Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster Followed fast and followed faster till his songs one burden bore , Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore Of 'Never- nevermore'." But the Raven still beguiling all my sad soul into smiling, Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door; Then, upon the velvet sinking , I betook myself to linking Fancy unto fancy , thinking what this ominous bird of yore, What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore Meant in croaking "Nevermore". This I sat engaged in guessing , but no syllabe expressing To the fowl, whose fiery eyes now burned into my "bosom's" core ; This and more I sat divining , with my head at ease reclining On the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er , But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er, She shall press, ah, nevermore! Then, methought , the air grew denser, perfumed from an unseen censer Swung by seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor. "Wretch", I cried, "thy41 God hath lent thee - by these angels he hath sent thee Respite - respite and nepenthe from thy memories of Lenore! Quaff, oh quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!" Quoth the Raven, "Nevermore". "Prophet!", said I, "thing of evil! - prophet still , if bird of devil! – Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore , Desolate yet all undaunted , on this desert land enchanted – On this home by Horror haunted - tell me truly, I implore: Is there - is there balm in Gilead ? - tell me - tell me, I implore!" Quoth the Raven, "Nevermore". "Prophet!", said I, "thing of evil! - prophet still, if bird of devil! By that Heaven that bends above us, by that God we both adore, Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn , It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore: Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore." Quoth the Raven, "Nevermore". "Be that word our sign of parting, bird or fiend!" I shrieked, upstarting : "Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore! Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath33 spoken! Leave my loneliness unbroken! quit the bust above my door! Take thy41 beak from out my heart, and take thy form from off my door!" Quoth the Raven, "Nevermore". And the Raven, never flitting , still is sitting, still is sitting On the pallid bust of Pallas just above my chamber door; And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming, And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor; And my soul from out that shadow that lies floating on the floor Shall be lifted - nevermore! Biografia de Edgar Allan Poe Publicada no Livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa", junto com um estudo sobre esta poesia. Copyright © André C S Masini, 2000. ***
*** Poe escreveu o poema como uma narrativa, sem alegoria intencional ou didatismo.[3] O tema principal do poema é a devoção eterna.[12] *** **** https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Corvo#Sinopse *** *** *** Nasceu em Boston - EUA, em 1809, filho de atores de teatro. Tornou-se órfão em tenra idade. Foi criado por um comerciante, John Allan, no sulista Estado da Virgínia. Ainda criança viveu no Reino Unido por um período de 5 anos. Durante uma juventude conturbada, tendo sido retirado da Universidade de Virgínia por seu tutor devido a dívidas de jogo, e expulso da academia militar, publicou seus primeiros trabalhos em Boston Tamerlão e outros poemas (1827), Baltimore Al Araaf (1829) e Nova York Poemas (1831). De volta à Virgínia teve curta carreira como editor e jornalista, tendo sido demitido por alcoolismo. Continuou por toda a vida mudando de cidades, sem se estabilizar, mas sempre conquistando reconhecimento como poeta, escritor e crítico. Com a publicação de The Raven (O corvo )(1845), conquistou imediata fama em todo o país. Outras obras poéticas são O dormente (1831), Lenore (1831), e Annabel Lee (1849). Entre contos e histórias curtas, destacam-se: Manuscrito encontrado em uma garrafa (1832), A queda da casa de Usher (1839) os assassinatos da rua Morgue (1841), O mistério de Marie Rogêt (1842-1843), O poço e o pêndulo (1842), O escaravelho de ouro (1843), O barril de amontillado (1846) e A carta roubada (1844). Morreu em Baltimore, em 1849. Poe conhecia como ninguém os meandros, desejos e temores, da alma humana. Talvez por este motivo sua influência tenha alcançado uma gama tão variada de escritores e poetas. The Raven é provavelmente “o poema” singular, entre todos poemas já escritos em língua inglesa, desde Beowulf, passando por Shakespeare, até hoje, que mais respostas poéticas tem provocado nos últimos dois séculos, entre as quais se encontram as traduções de Machado de Assis e Fernando Pessoa. Aceita-se majoritariamente que Poe seja o criador das histórias de suspense e policiais. Alguns mais fervorosos argumentam que seja também o pai da ficção científica, da nova crítica literária norte-americana, e da poesia simbolista. Inegável é sua posição como um dos maiores poetas, escritores e críticos que os EUA já tiveram. Veja também: André C S Masini iniciou um trabalho de tradução literária de "O Corvo" há mais de dez anos. Um relato das dificuldades que encontrou e do andamento desse trabalho foi feito na palestra: "Poesia e Tradução - O papel e a importância da métrica regular na poesia; a tradução da poesia metrificada". *** *** http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g97_ingles/The_Raven_Edgar_Allan_Poe.html *** *** Traduções do Corvo: Américo Lobo Machado de Assis Anônima 1883 Venceslau de Queiroz Fontoura Xavier Mécia Mouzinho de Albuquerque Escragnolle Dória Anônima 1906 Manoel de Soiza e Azevedo Alfredo F. Rodrigues João Kopke Anônima 1916 Emílio de Meneses Ribeiro do Couto Fernando Pessoa Gondin da Fonseca Máximo das Dores Milton Amado Emílio de Adour Aurélio de Lacerda Benedito Lopes Amorim de Carvalho José Luiz de Oliveira João Costa Cabral do Nascimento Haroldo de Campos Rubens F. Lucchetti Alexei Bueno Augusto de Campos José Lira Cláudio Weber Abramo João Inácio Padilha Jorge Wanderley Sergio Duarte Edson Negromonte Odair Creazzo Jr. Aluysio M. Sampaio Luis C. Guimarães Helder da Rocha Helio do Soveral Vinícius Alves Diego Raphael Eduardo A. Rodrigues Jorge Teles Carlos Primati André Masini Isa Mara Lando Margarida Vale de Gato Alskander Santos André Boniatti Thereza C. R. da Motta Raphael Soares Luiz Antonio Aguiar Renato Suttana Eduardo Miranda Jeison Luis Izzo Orfeu Brocco Fabio Baptista Bruno Palavro Paulo Cesar da Costa Pinto Edival Lourenço Guilherme Delgado Marta Fagundes José Barbosa da Silva Eduardo Capistrano Iba Mendes Dirce Waltrick Do Amarante Fernando Vrech Luciano Melo Lady Hannah Traduções francesas: Charles Baudelaire Stephane Mallarmé Inspirado no Corvo: Alphonsus de Guimaraens Eric Ponty Juó Bananére Raposa Em quadrinhos Conde e Drácula Reynaldo Jardim e Marilú Silveira Carlos Versiani Bernardo Simões Coelho O corvo em Os Simpsons O corvo por Zé do Caixão Ivan Justen Santana Paulo Cesar da Costa Pinto Guilherme Gontijo Flores & Rodrigo Tadeu Gonçalves Pedro Mohallem Wilton Bastos Emmanuel Santiago Alison Silveira Morais Jorge Santos *** *** http://www.elsonfroes.com.br/mpoe.htm *** *** *** Infarto do Miocárdio ***
*** Wikipédia Enfarte agudo do miocárdio Infarto do Miocárdio *** *** https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/22385/infarto+do+miocardio.htm *** *** ODE MÍNIMA AO ENFARTE DO MIOCÁRDIO (Os três versos finais do poema) Se o enfarte vier, atravessarei a ponte de safena? HOMENAGEM AO POETA LUÍS CARLOS GUIMARÃES Nei Leandro de Castro *** *** http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/lulab.htm *** *** ***
*** *** Luiz Gonzaga - Sebastiana ft. Guadalupe Sebastiana Jackson do Pandeiro ***
*** *** Ouvir "Sebastiana" Convidei a comadre Sebastiana Pra dançar e xaxar na Paraíba Ela veio com uma dança diferente E pulava que só uma guariba E gritava: A, E, I, O, U, Y Já cansada no meio da brincadeira E dançando fora do compasso Segurei Sebastiana pelo braço E gritei, não faça sujeira O xaxado esquentou na gafieira E Sebastiana não deu mais fracasso E gritava: A, E, I, O, U, Y Composição: Rosil Cavalcanti. *** *** *** https://www.vagalume.com.br/jackson-do-pandeiro/sebastiana.html *** *** ***
*** Cabritada Mal Sucedida Geraldo Pereira *** *** Ouvir "Cabritada Mal Suce…" Bento fez anos, E para almoçar me convidou, Me disse que ia matar um cabrito, Onde tem cabrito eu tou, E quando o "Comes e Bebe" começou, No melhor da cabritada, A Polícia e o dono do bicho chegou. Puseram a gente sem culpa, No carro de Radio Patrulha e levaram, Levaram também o cabrito, E toda a bebida que tinha, quebraram, Seu Comissário, zangado, Não tava querendo ninguém dispensar, O patrão da Sebastiana, É que foi ao distrito, E mandou me soltar. Puseram a raça sem culpa, No carro da Radio-Patrulha e levaram, Levaram também o cabrito.... Composição: Geraldo Pereira.

O ingênuo Dagoberto

*** (Seu Dagoberto Piedade) Diante da porta da loja pararam. Seu Dagoberto carregava o menorzinho. Silvana a maleta das fraldas. Nharinha segurava na mão do Polidoro que segurava na mão do Gaudêncio. Quim tomava conta do pacote de balas. Lázaro Salém veio correndo do balcão e obrigou a família a entrar. Seu Dagoberto queria um paletó de alpaca. A mulher queria um corte de cassa verde ou então cor -de -rosa. A filha queria uma bolsinha de couro com espelho e lata para o pó de arroz. O menino de dez anos queria uma bengalinha. O de oito e meio queria um chapéu bem vermelho. O de sete queria tudo. É só escolher. O menorzinho queria mamar. – Leite não tem. Não há nada como uma piada na hora para por toda a gente à vontade. Principalmente de um negociante como Lázaro Salém. Bateu nas bochechas do Gaudêncio. Deu uma bola de celuloide para o Quim. Perguntou para Silvana onde arranjou aqueles dentes de ouro tão benfeitos. Estava se vendo que era ouro de dezoito quilates. Falou. Falou. Não deixou os outros falarem. Jurou por Deus. Entre marido e mulher houve um entendimento mudo. E a família saiu cheinha de embrulhos. Em direção ao Jardim da Luz. O pavão estava só à espera dos visitantes para abrir a cauda. O veadinho quase ficou com a mão do Gaudêncio. Os macacos exibiram seus melhores exercícios acrobáticos. Quando araponga inventa de abrir o bico só tapando o ouvido mesmo. Depois o fotógrafo espanhol se aproximou de chapéu na mão. Seu Dagoberto concordou logo. Porém Silvana relutou. Tinha vergonha. Diante de tanta gente. Só se fosse mais longe. O espanhol demonstrou que o melhor lugar era ali mesmo ao lado da herma53 de Garibaldi general italiano muito amigo do Brasil. Já falecido não há dúvida. Acabou -se. Garibaldi sairia também no retrato. Nem se discute. A família deixou os pacotes no banco e se perfilou diante da objetiva. Parecia uma escada. O fotógrafo não gostou da posição. Colocou os pais nas pontas. Cinco passos atrás. Estudou o efeito. Passou os pais para o meio. Cinco passos atrás. Ótimo. Enfiou a cabeça debaixo do pano. Magnífico. Ninguém se mexia. Atenção. Aí Juju derrubou a chupeta de bola e soltou o primeiro berro no ouvido paterno. Foi para os braços da mãe. Soltou o segundo. O fotógrafo quis acalmá -lo com gracinhas. Soltou o terceiro. Polidoro mostrou a bengalinha. Soltou o quarto. O grupo se desfez. Quinze minutos depois estava firme de novo às ordens do artista. O artista solicitou a gentileza de um sorriso artístico. Silvana pôs a mão na boca e principiou a rir sincopado. O artista teve a paciência de esperar uns instantes. Pronto. Cravaram os olhos na objetiva. O fotógrafo pediu o sorriso. – O Juju também? Polidoro (o inteligente da família) voou longe com o tabefe nas ventas. Depois da sexta tentativa o retrato saiu tremido e o espanhol cobrou doze mil -réis por meia dúzia. A família se aboletou no primeiro banco do caradura.54 Mas antes o Quim brigou com o Gaudêncio porque ele é que queria ir sentado. Com o beliscão maternal se conformou e ficou em pé diante do pai. O bonde partiu. Polidoro quis passar para a ponta para pagar as passagens. Mas olhou para o Quim ainda com as pestanas gotejando. Desistiu da ideia. E foi seu Dagoberto mesmo quem pagou. O bicho saiu de baixo do banco. Ficou uns segundos parado na beirada entre as pernas do sujeito que ia lendo ao lado do seu Dagoberto. Quim viu o bicho mas ficou quieto. E o bicho subiu no joelho esquerdo do homem (o homem lendo, Quim espiando). Foi subindo pela perna. Alcançou a barriga. Foi subindo. Tinha um modo de andar engraçado. Foi subindo. Alcançou a manga do paletó. Parou. Levantou as asas. Não voou. Continuou a escalada. Quim deu uma cotovelada no estomago do pai e mostrou o bicho com os olhos. Seu Dagoberto afastou- -se um pouquinho, bateu no braço de Silvana, mostrou o bicho com a cabeça. Silvana esticou o pescoço (o bicho já estava no ombro), achou graça, falou baixinho no ouvido do Gaudêncio. Gaudêncio deixou o colo da Nharinha, ficou em pé, custou a encontrar o bicho, encontrou, puxou o Polidoro pelo braço, apontou com o dedo. Polidoro viu o bicho bem em cima da gola do paletó do homem, não quis mais saber de ficar sentado. Então Nharinha fez também um esforço e deu com o bicho. Virou o rosto de outro lado e soltou umas risadinhas nervosas. – Que é que você acha? Aviso? – O homem é capaz de ficar zangado. – É mesmo. Nem fale. Na curva da gola o bicho parou outra vez. Nesse instante o Gaudêncio deu um berro: – É aeroplano! Todos abaixaram a cabeça para espiar o céu. O ronco passou. Então Quim falou assustado: – Desapareceu! Olharam: tinha desaparecido. – Entrou no homem, papai! Seu Dagoberto assombrado examinou a cara do homem. Será? Impossível. Começou a ficar inquieto. Fez o Quim virar de todos os lados. Não. No Quim não estava. – Olhe em mim. Não. Nele também não estava. – Veja no Juju, Silvana. Não. No Juju também não estava. Ué. Mas será possível? O Quim avisou: – Apareceu! Olharam: apareceu no colarinho do homem. Passeou pelo colarinho. Parou. Êta. Êta. Passou para o pescoço. O homem deu um tapa ligeiro. Todos sorriram. Tinham chegado no Parque Antártica. Polidoro não queria descer do balanço. Não queria por bem. Desceu por mal. Em torno da roda -gigante os águias estacionavam com os olhos nas pernas das moças que giravam. Famílias de roupa branca esmagavam o pedregulho dos caminhos. Nharinha de vez em quando dava uma grelada55 para o moço de lenço sulfurino com um cravo na mão. Juju começou a implicar com as valsas vienenses da banda. A galinha do caramanchão ficou com os duzentos réis e não pôs ovo nenhum. Foram tomar gasosa no restaurante. Seu Dagoberto foi roubado no troco. O calor punha lenços no pescoço de portugueses com o elástico da palheta preso na lapela florida. Quim perdeu- -se no mundão que vinha do campo de futebol. O moço de lenço sulfurino encostou -se em Nharinha. Ela ficou escarlate que nem o cravo que escondeu dentro da bolsa. No bonde Silvana disfarçadamente livrou os pés dos sapatos de pelica preta envernizada com tiras verdes atravessadas. Depois do jantar (mal servido) seu Dagoberto saiu do Grande Hotel e Pensão do Sol (Familiar) palitando os dentes caninos. Foi espairecer na Estação da Luz. Assistiu à chegada de dois três de Santos. Acendeu um goiano. Atravessou a Rua José Paulino. Parou na esquina da Avenida Tiradentes. Sapeando o movimento. Mulatas riam com os soldados de folga. Dois homens bem trajados e simpáticos lhe pediram fogo. Dagoberto deu. *** – Muito gratos pela sua gentileza. – Não tem de quê. – Está fazendo um calorzinho danado, não acha? – É. Mas esta noite chove na certa. Seu Dagoberto ficou sabendo que os homens eram de Itapira. Tinham chegado naquele mesmo dia às onze horas. E deviam voltar logo amanhã cedo e sem falta. Uma pena que ficassem tão pouco tempo. Seu Dagoberto com muito gosto lhes mostraria as belezas da cidade. Conversando desceram lentamente a Avenida Tiradentes. Na esquina da Cadeia Pública seu Dagoberto trocou três camarões de duzentos e mais um relógio com uma corrente e três medalhinhas (duas de ouro) por oito contos de réis. E voltou para o Grande Hotel e Pensão do Sol (Familiar) que nem uma bala. (Napoleão da Natividade filho tinha o hábito feio de coçar a barriga quando se afundava na rede de pijama e chinelo sem meia. A mulher – a segunda, que a primeira morrera de uma moléstia no fígado – preferia a cadeira de balanço. – Você me vê os óculos por favor? O melhor deste jornal são os títulos. A gente sabe logo do que se trata. FOI BUSCAR LÃ…, QUEM COM FERRO FERE…, AMOR E MORTE. Aquela miséria de sempre. Aquela miséria de sempre. Aquela miséria de… MAIS UM! Mas então os trouxas não acabam mesmo. Depois que ficou ciente da abertura do inquérito a mulher concordou: – Parece impossível! – Nada é impossível. A dissertação sobre a bobice humana foi feita com os óculos na testa.) A indignação de Silvana não conheceu limites. – Seu bocó! Devia ter contado o dinheiro na frente dos homens! Seu besta! A filharada não dava um pio. Nem seu Dagoberto. – Não merece a mulher que tem! Seu fivela! Seu Dagoberto custou mas foi perdendo a paciência e tirando o paletó. – Seu burro! Seu caipira! Aí seu Dagoberto não aguentou mais. Avançou para a mulher mordendo os bigodes. Nharinha aos gritos se pôs entre os dois de braços abertos. Os meninos correram para o vão da janela. – Venha, seu pindoba!56 Venha que eu não tenho medo! O pindoba se conteve para evitar escândalos. Vestiu o paletó. Fincou o chapéu na testa. Roncou feio. Só vendo o olhar. Bateu a porta com toda a força. Tornou a abrir a porta. Pegou o bengalão que estava em cima da cama. Saiu sem fechar a porta. Tarde da noite voltou contente da vida. Contando uma história muito complicada de mulheres e de um tal Claudionor que sustentava a família. Queria beijar Silvana no cangote cheiroso. Chamando -a de pedaço. E gritava: – Também não quero saber mais dela! Silvana deu um tranco nele. Ele foi e caiu atravessado na cama. Caiu e ferrou no sono. Quando chegou o dinheiro para a conta do hotel e a viagem de volta Silvana pegou uma nota de cinco mil -réis, entregou por muito favor ao marido e escondeu o resto. ***
*** IMDb Chain Lightning (1927) O Faísca (1927) Jack Baston, Diane Ellis, and Buck Jones in Chain Lightning (1927) *** Depois chamou a Nharinha para ajudar a aprontar as malas. À voz de aprontar as malas Nharinha rompeu numa choradeira incrível. Já estava se acostumando com a vida da cidade. Frisara os cabelos. Arranjara um andarzinho todo rebolado. Vivia passando a língua nos lábios. Comprara o último retrato de Buck Jones.57 E alimentava uma paixão exaltada pelo turco da Rua Brigadeiro Tobias n.24 -D sobrado. Só porque o turco usava costeletas. Um perigo em suma. Mas a mãe pôs as mãos nas cadeiras e fungou forte. Quando Silvana punha as mãos nas cadeiras e fungava forte a família já ficava avisada: era inútil qualquer resistência. Inútil e perigosa. Nharinha perdeu logo a vontade de chorar. Em dois tempos as malas de papel -couro e o baú cor -de -rosa com passarinhos voando de raminho no bico ficaram prontos. A família desceu. Silvana pagou a conta. A família já estava na porta da rua quando seu Dagoberto largou o baú no chão e deu de procurar qualquer coisa apalpando- -se todo. A família escancarou os olhos para ele interrogativamente. Seu Dagoberto cada vez mais aflito acelerava as apalpadelas. De repente abriu a boca e disparou pela escada acima. Voltou todo pimpão com um bolo de recortes de jornal e bilhetes de loteria na mão. Silvana compreendeu. Ficou verde de raiva. Ia se dar qualquer desgraça. Porém ficou quieta. Fungou só um instantinho. Depois intimou: – Vamos! Aí o proprietário do hotel perguntou limpando as unhas para onde seguia a família. Aí Silvana não se conteve, desviou o nariz da mão do Juju e respondeu bem alto para toda a gente ouvir: – Pro inferno, seu Roque! Aí seu Roque fez que sim com a cabeça. *** *** https://professordiegodelpasso.files.wordpress.com/2016/05/ancc3a2ntara-machado-contos-paulistanos1.pdf *** *** ***
*** Caminhadas Urbanas Avenida Tiradentes. De cima da passarela, uma nostalgia quase inevitável pelo passado que não vivemos. – Caminhadas Urbanas *** Avenida Tiradentes. De cima da passarela, uma nostalgia quase inevitável pelo passado que não vivemos. Mauro Calliari | 14/11/2016 ***
*** Avenida Tiradentes. Antes e depois. Fotos: Guilherme Gaensly/M.Calliari *** Avenida Tiradentes. Antes e depois. Fotos: Guilherme Gaensly/M.Calliari *** O passado está na moda. Há uma profusão de sites, arquivos, revistas e iniciativas para lembrar das mudanças da cidade e da história de São Paulo. Outro dia, estava caminhando com um amigo. Depois do Bom Retiro, cruzamos o Parque da Luz e resolvemos ir ao Museu de Arte Sacra, ali, do outro lado da Avenida Tiradentes. no lindo prédio do Mosteiro da Luz. A rampa da passarela sobe bastante, em zigue zague. Lá em cima, o choque. O mar de carros invadiu a visão, o olfato, a audição, talvez até o paladar. A cena automobilística me fez lembrar de uma foto antiga da avenida Tiradentes que eu tinha visto em alguns blogs. É do fotógrafo suíço Guilherme Gaensly, que ficou famoso pelas fotos das paisagens urbanas que fez de Salvador e São Paulo do finzinho do século XIX até 1925 . Ela mostra a av. Tiradentes como um bulevar, com fileiras de árvores, limpo, imaculado. De outro ângulo, dá para ver também o mosteiro, imponente, cercado de árvores e não de carros e grades como agora. Seminário Episcopal. Foto: Guilherme Gaensly
*** Seminário Episcopal. Foto: Guilherme Gaensly *** A nostalgia pelo passado é um culto perigoso. Nunca as coisas eram tão boas quanto achamos que eram. A memória prega peças, selecionamos fatos bons e deixamos de lado coisas ruins. É fácil sentir nostalgia de um tempo em que éramos jovens e não tínhamos dor nas costas. A visão da cidade também corre esse risco. Diante de fotos lindamente enquadradas, uma paisagem limpinha, esquecemos de injustiças e segregações de outros tempos que nem chegamos a viver. Mesmo assim, conhecer o passado é essencial para entender as contradições da cidade hoje. Diante desses pensamentos sobre o passado, lembrei-me dos bons blogs de pessoas e grupos que se dedicam a lembrar a história de São Paulo. Há o São Paulo antiga, com boas histórias de lugares e pessoas. Uma página no facebook mantida pelos usuários tem mais de 70 mil pessoas conversando sobre memórias e contando histórias: Memórias Paulistanas, Outro blog interessantíssimo é Quando a cidade era mais gentil, do professor de políticas públicas Martin Jayo, que faz pesquisas minuciosas e produz textos saborosos sobre as transformações da cidade. Outro site bacana é o Sampa histórica, de onde puxei essas duas imagens. Vários museus mantém páginas com imagens antigas, o acervo do IMS é maravilhoso e os acervos da Folha e do Estado são muito ricos e interessantes. Há muitos outros sites, claro; a cidade é rica em lembranças e em mudanças. A profusão de sites e iniciativas para conhecê-las mostra que estamos todos tentando encontrar nosso papel nessa história. Avenida Tiradentes. Foto Guilherme Gaensly
*** Avenida Tiradentes. Foto Guilherme Gaensly *** *** http://caminhadasurbanas.com.br/avenida-tiradentes-de-cima-da-passarela-uma-nostalgia-quase-inevitavel-pelo-passado-que-nao-vivemos/ *** *** *** Herdeiros do Futuro (part. Leandro e Leonardo) Toquinho ***
*** *** Ouvir "Herdeiros do Futur…" A vida é uma grande Amiga da gente Nos dá tudo de graça Pra viver Sol e céu, luz e ar Rios e fontes, terra e mar Somos os herdeiros do futuro E pra esse futuro ser feliz Vamos ter que cuidar Bem desse país Vamos ter que cuidar Bem desse país Será que no futuro Haverá flores? Será que os peixes Vão estar no mar? Será que os arco-íris Terão cores? E os passarinhos Vão poder voar? Será que a terra Vai seguir nos dando O fruto, a folha O caule e a raiz? Será que a vida Acaba encontrando Um jeito bom Da gente ser feliz? Vamos ter que cuidar Bem desse país Vamos ter que cuidar Bem desse país Será que no futuro Haverá flores? Será que os peixes Vão estar no mar? Será que os arco-íris Terão cores? E os passarinhos Vão poder voar? Será que a terra Vai seguir nos dando O fruto, a folha O caule e a raiz? Será que a vida Acaba encontrando Um jeito bom Da gente ser feliz? Vamos ter que cuidar Bem desse país Vamos ter que cuidar Bem desse país Composição: Elifas Andreatto / Toquinho. *** *** https://www.letras.mus.br/toquinho/87255/#radio:djavan