terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

ENTOURAGE

"Entourage" pode ser traduzido para o português como "grupo de acompanhantes" ou "grupo de apoio". Nesse contexto, refere-se a um grupo de pessoas que acompanham ou dão apoio a alguém, especialmente uma pessoa famosa ou influente. ---------- -------------- Agora É Cinza Maysa compositores: Bide,Marçal _________________________________________________________________________________________________________ ---------------
------------ Luiz Sérgio Henriques* - A linguagem da frente democrática O Estado de S. Paulo Há um terreno comum a ser redescoberto por todas as forças democráticas, de modo que a luta áspera inerente às democracias marginalize extremos Em memória de Luiz Werneck Vianna Este é um tempo político de mudanças simultaneamente repentinas e graduais. E tudo se complica ainda mais quando observamos que, entre os dois tipos de mudança, não há nenhuma muralha da China. Transformações mínimas, mas prolongadas, subitamente abrem um quadro novo, alteram as relações entre política e economia, deixam para trás formas tradicionais de expressão dos conflitos. Os saudosistas diriam que nunca foi muito diferente e que assim se cumpre uma das outrora celebradas “leis da dialética”, a que determinaria a transformação da quantidade em qualidade. O certo é que hoje nos sentimos em geral forçados a andar sem muletas ou corrimãos. Quando alguma correlação menos instável podia ser estabelecida entre classe e partido, ou entre partido e nação, seguia-se daí, quase automaticamente, um esboço de tipologia. Extremadas seriam as agremiações que se limitassem a escutar sua classe de referência, sem interpelar de verdade outros setores sociais. Maduras seriam as que se abrissem aos problemas de toda a nação, mais além do próprio interesse parcial. Para estas, a questão do centro político tornavase estratégica, implicando, entre outras coisas, a permanente busca de alianças e a posse de uma cultura de governo. Estudiosos de praticamente todas as orientações têm destacado, nas democracias contemporâneas, a implosão deste centro político. Lugar de mediação por excelência, ele não é um vazio termo médio entre extremos, mas o produto da ação muitas vezes dura e conflituosa de atores antagônicos. Tais atores, no entanto, estão plenamente conscientes de que, não obstante os confrontos, mais importante do que o resultado eventual do jogo é a manutenção das suas regras ou a alteração consensual delas. Destruído este lugar, anuladas as mediações que o compõem em cada circunstância, a política se esfuma, os interesses brutos se chocam, a violência logo se desenha com seu cortejo de golpes e embates sem lei. Não é preciso muito esforço para perceber que tal ameaça habita o coração dos modernos populismos autoritários. Nativistas economicamente e socialmente conservadores – ou, melhor, reacionários –, querem moldar toda a vida a partir de um fictício passado que desconheceria as dilacerações do presente e os riscos do futuro. O antagonismo que propõem é de tipo “radical” e “subversivo”. A polarização que estimulam não admite assimilação ou superação do argumento adversário, mas seu aniquilamento. De resto, os autoritários não querem fazer brotar consenso algum, ainda que provisório e sujeito a disputas e revisões. Em conjunto, tais populismos delineiam uma vertiginosa “biografia do abismo” – para usar a metáfora de Felipe Nunes e Thomas Traumann – que se baseia na versão rebaixada de um slogan soixante-huitard, o de que “tudo é política”. Da arena pública em sentido estrito transbordam indevidamente indicações e comandos sumários para todas as dimensões do cotidiano. A canção que escutamos, o livro que lemos, a marca que consumimos e, muitas vezes, até os amores que escolhemos são sobredeterminados pela orientação política totalizante. E o circuito se fecha quando este mesmo cotidiano devolve à política a exigência de girar em torno de valores absolutos ou pretensamente absolutos, por natureza inegociáveis. A esquerda brasileira no poder apresenta-se como o núcleo de uma frente ampla e democrática que ultrapassa a própria fronteira – uma frente que se impôs devido à particular gravidade de que se reveste o segundo mandato de autocratas e aspirantes a autocratas. Daí decorre, pela natureza das coisas, a necessidade de efetivar o movimento acima mencionado – saber superar a si própria, saindo do seu horizonte mais estrito e incorporando de boa-fé conceitos e modos de agir que antes lhe eram estranhos. Cada palavra e cada ação passam a ser medidas pelo potencial que carregam de aumentar ou diminuir o fosso entre os eleitores da frente e a outra metade de brasileiros que por este ou aquele motivo preferiram – legitimamente, diga-se – um caminho diverso. Trata-se de esforço a ser empreendido de múltiplos modos. Do ponto de vista prático, antes de mais nada, é preciso admitir para todos os efeitos que aquele autoritarismo reacionário de que falamos não é flor envenenada de um único jardim. Costuma medrar também nos espaços da “esquerda negativa”, como é o caso próximo de uma Venezuela repressiva internamente e perigosa externamente. E este é só um exemplo, ao qual poderíamos sem esforço acrescentar muitos outros. Culturalmente, no entanto, a linguagem da frente ainda precisa se generalizar, tornando-se potente recurso expressivo. Em torno dela e das suas variações dialetais é que se poderá reconstituir o centro político ou, como dissemos, o lugar central da política. Há um terreno comum – contraditório, mas comum – a ser redescoberto por todas as forças democráticas, de modo que a luta áspera inerente às democracias marginalize extremos, propicie equilíbrios sociais mais avançados e impeça a mútua destruição dos atores. *Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das Obras de Gramsci no Brasil _________________________________________________________________________________________________________
------------ "O artigo de Carlos Andreazza aborda a posse de Flávio Dino como ministro do STF de forma crítica e bem-humorada. Andreazza destaca a discrepância entre a posse austera de Dino e a presença de figuras polêmicas e situações controversas durante o evento. Ele ironiza a participação de políticos envolvidos em investigações e questiona se Dino se declarará impedido de atuar em casos relacionados a seus antigos colegas políticos. Além disso, o autor sugere que Dino pode assumir um papel de liderança no STF alinhado aos interesses do governo, o que seria uma anomalia na Corte. Em síntese, o artigo critica a posse de Flávio Dino como ministro do STF, destacando a contradição entre a discrição do evento e a presença de figuras controversas, além de questionar o possível papel político que Dino assumirá na Corte. Lead: Na posse discreta de Flávio Dino como ministro do STF, a presença de políticos controversos e situações suspeitas levanta questionamentos sobre o futuro do novo membro da Corte e sua relação com o governo." _______________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ Carlos Andreazza - Vestiu a toga e foi à missa O Globo Não houve festa. Não daquelas, pagas por associações de magistrados, em que o empossado canta para empresário que tem pendências no Supremo. Flávio Dino vestiu a toga e foi à missa. Posse discreta; não livre — Deus sempre vendo — de prévia reunião VIP. Modalidade de folia petit comité. Há imagens. Daniela Lima, da GloboNews, documentou. Numa sala contígua ao plenário, ministros em rodinhas com enrolados cujo foro é o STF. Posse discreta e concorrida, não convidado o comedimento, ausente a impessoalidade, barrada a prudência. Estava lá, num dos bolinhos, sorridente, com o sorridente imperador do Senado Davi Alcolumbre, o ministro Juscelino Filho, deputado pelo Maranhão, cujas remessas de emendas a municípios do estado estão sob investigação. O maranhense Dino — ex-colega de ministério do investigado — é o relator. Declarar-se-á impedido? Não serão poucos os impedimentos no horizonte, se o novo ministro afinal não for aquele que, em campanha pela cadeira, firmou o “compromisso de ser um guardião e um facilitador do diálogo entre os Poderes”. (Sendo a função — essa guarda desviada — já mui exercida no STF, a declaração também comunicava que a concorrência se acirraria.) O cronista, folião pecador, falou em farra e se lembrou do carnaval: o presidente do Supremo malandreando na Sapucaí; passarela em que o Estado Democrático de Direito abriu alas a que anísios e outros capitães — não raro com demandas na Corte — expressassem-exibissem seus impérios. E Barroso ali, todo trabalhado no linho, soltinho e exposto. Expondo-se. Carteirada que nem a irresistibilidade do Salgueiro na avenida justificaria. (Sugestão de enredo para a Unidos de Padre Miguel, a de Celsinho da Vila Vintém, que voltará — muitas décadas depois — ao Grupo Especial: “Salvando a democracia adoidado”.) Da fala do presidente do STF — um de nossos salvadores — na posse de Dino, outro herói salvador: — A vida é dura, mas é boa, porque nos dá o privilégio de servir ao país, sem nenhum outro interesse que não seja fazer um Brasil melhor e maior. A vida boa oferece muitos privilégios, não raro ofertados por quem — à custa de vidas duras — se serve do Brasil e tem interesse em fazer do país patrimônio privado ainda melhor e maior. (Num camarote privado, Nunes Marques — egresso dos abadás de Salvador — viu os desfiles de segunda-feira, dia em que passou o buliçoso caju da Mocidade Independente, a escola sob patronato de Rogério de Andrade, de cujo processo no Supremo o ministro é relator e cuja prisão preventiva revogara em 2022.) Dino não irá à Sapucaí. A posse austera comunica um perfil. A questão sendo se deixará de ser agente político, a avenida indo até ele. Há respostas na forma como se comportou desde que chancelado pelo Senado, em dezembro. Em vez de uma quarentena informal, desligando-se do Ministério da Justiça e da atividade política, escolheu participar-influir na transição para Ricardo Lewandowski e ainda voltar — e apresentar projetos — ao Parlamento; de onde saiu para pegar o Supremo no dia seguinte. Tudo indica que estreará em ação que tem seu ex-partido como parte. Questionamento sobre mudança na regra para distribuição das sobras eleitorais. O resultado podendo alterar a composição da Câmara e beneficiar o PSB. Declarar-se-á impedido? Se o cronista gostasse de apostas e tivesse tostão para apostar, casaria que Dino, senador eterno, será — anomalia natural (o oximoro se impõe) numa Corte constitucional que se dilata sobre a República — ministro-líder do governo no Supremo. O tribunal há muito à vontade para ser (já é) o terceiro turno parlamentar. E então Dino. Uma escolha pelo — um investimento no — vício. Pós-Lewandowski, um Xandão para Lula chamar de seu. A tese da liderança do novo ministro pela agenda do governo será testada quando o STF voltar a examinar a liminar — de, ora, Lewandowski — que enterrou a Lei das Estatais. O Planalto o tem na conta do advento decisivo para — esculhambado o desejo do legislador — assegurar a formação de maioria em prol do aparelhamento político-partidário de companhias estatais. Declarar-se-á impedido? Registre-se, do pós-missa, a compreensão de Dino sobre a função do STF, alargamento que é produto de um tipo de dependência da virtude (já deve haver até um mercado) de salvar a democracia: — O Supremo tem esse grande papel de controle sobre os outros Poderes. O controle exercido pelo STF é de constitucionalidade, a partir do que determina a Constituição, daí derivando a contenção — de modo estrito — sobre outros Poderes. É uma obviedade. Sim. Que não impede nem sequer constrange — aumentada doravante a concorrência — a expansão das abordagens xandônicas. _________________________________________________________________________________________________________
------------- Nas Entrelinhas: Ato pró-Bolsonaro mostra sua resiliência política Publicado em 27/02/2024 - 07:58 Luiz Carlos Azedo Brasília, Comunicação, Eleições, Governo, Justiça, Memória, Militares, Política, Política, São Paulo, Segurança, Violência Bolsonaro foi cauteloso, num ano de eleições municipais, para não se isolar politicamente. Muito mais do que por temor a uma eventual prisão, que agora o transformaria em vítima Há controvérsias sobre o número de participantes do ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, domingo, na Avenida Paulista. O Palácio dos Bandeirantes, por meio da Secretaria de Segurança Pública, inflacionou os números para 600 mil pessoas, chegando a 750 mil se incluídas as ruas adjacentes. Imagens da multidão de apoiadores são usadas nas redes sociais de Bolsonaro para corroborar essa avaliação. O Monitor do Debate Político Digital da USP, grupo de pesquisa que o cientista político Pablo Ortellado coordena, também utilizando imagens e inteligência artificial para identificar as cabeças dos participantes, apontou a presença de 185 mil. Mesmo assim, é muita gente. Essa é diferença é importante para avaliar o grau de mobilização dos bolsonaristas que vestem amarelo, mas o problema para o governo Lula são os que não se vestem de “patriotas” nem estavam lá, mas apoiam Bolsonaro e também avaliam que o fato de estar sendo investigado em razão do 8 de janeiro de 2023 é uma perseguição política. O objetivo do ato claramente foi demonstrar apoio ao ex-presidente, que, na semana passada, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) e permaneceu calado, como os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, ex-ministros do seu estado-maior na Presidência. Pesquisa divulgada em 7 de janeiro último, pelo instituto Genial-Quaest, mostrou que um ano depois da invasão do Palácios do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), 89% da população desaprovaram os atos de 8 de janeiro. Em fevereiro do ano passado, eram 94%. Segundo aquela pesquisa, 47% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro teve algum tipo de influência no 8 de janeiro, porém 43% discordam, e outros 10% não souberam ou não responderam à pergunta. Mais: 51% dos entrevistados acreditam que os participantes da invasão não representam os eleitores de Bolsonaro, e 37% pensam o contrário. Outros 13% não souberam ou não responderam. Esses números merecem reflexão. Avançam as investigações da PF, é robusta a suspeita de que havia, de fato, um golpe de Estado em marcha, envolvendo militares ligados a Bolsonaro e outros aliados mais próximos. Entretanto, nas redes sociais, esses fatos são interpretados de maneira diversa e alimentam a polarização entre petistas e bolsonaristas, como aconteceu no próprio dia da manifestação. A propósito, o jornalista e pesquisador Sérgio Denicoli, da AP Exata e Universidade do Minho (Portugal), no mesmo dia registrou que 58% das manifestações nas redes eram favoráveis ao evento, enquanto 42% eram negativas. Entretanto, a mídia gerou apenas 2,4% das menções nas redes, ou seja, predominou a disputa de narrativas. Espólio em disputa É importante identificar, no ato de domingo, o que pode ter de permanente, as linhas de força capazes de moldar o futuro. A primeira delas tem a ver com o inquérito que investiga a tentativa de golpe de 8 de janeiro, conduzido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes — que os golpistas pretendiam prender naquela ocasião. Durante o governo Bolsonaro, o Supremo não se deixou intimidar, agora muito menos. Ou seja, o inquérito avançará “doa a quem doer”, inclusive quanto a Bolsonaro. Inelegível, o ex-presidente foi cauteloso, num ano de eleições municipais, para não se isolar politicamente. Muito mais do que por temor a uma eventual prisão, que agora o transformaria em vítima de uma suposta arbitrariedade. Os vitupérios contra o Supremo ficaram por conta do pastor Silas Malafaia, que convocou o ato e mobilizou grande número de evangélicos. “O sangue de Cleriston está na mão de Alexandre de Moraes, e ele vai dar conta a Deus”, disse, em referência a um dos presos pelos ataques golpistas de 2023, Cleriston Pereira da Cunha, que morreu infartado na Papuda. A ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, ao discursar, foi além: defendeu o “fim do estado laico”, uma característica do regime republicano. Processos judiciais são como um trem na ferrovia: precisam chegar ao fim da linha, respeitado o devido processo legal e a presunção de inocência. Bolsonaro só pode ser preso se condenado e transitado em julgado, o que ainda está longe de acontecer. Mas uma escalada verbal contra o Supremo afastaria os políticos que compareceram ao ato — entre os quais os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Nove governadores que apoiaram Bolsonaro não compareceram: Cláudio Castro (RJ), Ratinho Jr. (PR), Mauro Mendes (MT), Wanderley Barbosa (TO), Gladson Camelli (AC), Antonio Denarium (RR), Ibaneis Rocha (DF), Wilson Lima (AM), Marcos Rocha (RO) e Eduardo Riedel (MS). Tarcísio, Zema e Caiado têm uma motivação especial para colar em Bolsonaro, que deve orientar o comportamento de ambos daqui pra frente: os três têm ambição de ser o candidato à Presidência com seu apoio. Mas, se prestarmos atenção ao ato, Michele e Malafaia disputam a representação dos bolsonaristas e são potenciais candidatos à Presidência. Colunas anteriores no Blog do Azedo: https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/ Compartilhe: _________________________________________________________________________________________________________
----------- Paul Morrissey, center, glowers, as Andy Warhol greets Tennessee Williams, 1967. "Ele era uma caixa vazia e usava seu nome para apresentar o trabalho dos outros", diz Morrissey. "Paul Morrissey, ao centro, olha de forma sombria, enquanto Andy Warhol cumprimenta Tennessee Williams, 1967." ------------
----------- Andy Warhol e a arca perdida Museu vai mostrar tudo o que o mestre da pop art juntou ao longo da vida em 610 caixas Divulgação Caixa com itens dos anos 60 e 70, que inclui jornal com manchete da morte do presidente John Kennedy, catálogos e convites SILAS MARTÍ DA REPORTAGEM LOCAL No verão de 1974, Andy Warhol decidiu mudar seu estúdio para um prédio no outro lado da rua, da Union Square West para uma esquina da Broadway. Queria juntar no mesmo piso as obras e objetos que já ocupavam três andares do ateliê que deixava para trás -o mesmo onde levou tiros calibre 32 no baço, estômago, fígado, esôfago e nos pulmões disparados pela atriz Valerie Solanas, num atentado em 1968. Sobreviveu e, seis anos depois, quis abrir uma nova Factory, nome que dava a seus estúdios. Não queria estranhos mexendo nas coisas e determinou que seus assistentes pessoais teriam de carregar tudo para o novo endereço. Então um deles, Vincent Fremont, desceu à rua e voltou com centenas de caixas modelo 42 F da A & A Carton Company. "Disse que as caixas poderiam ser como cápsulas do tempo, e o Andy gostou muito disso", lembra Fremont, que dirigiu a Factory por 20 anos. "Ele passou a ter sempre uma caixa perto da mesa dele e jogava tudo dentro. Fez isso até morrer." De 1974 a 1987, quando Warhol não sobreviveu a uma cirurgia na vesícula, conseguiu encher 610 caixas com tudo que passou na sua vida: desenhos, anotações, convites, fotografias, até restos de comida. Agora o Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, contratou quatro arquivistas para catalogar tudo que foi encaixotado pelo maior nome da pop art e pretende lançar neste mês um blog para destacar, semana a semana, os tesouros de Warhol. Tem um pôster autografado de Jackie Kennedy nua, cópias assinadas de livros de Tennessee Williams, Truman Capote e Allen Ginsberg. Um pedaço embolorado de um bolo de casamento, pão mofado, pastilhas de menta. Cartas de Elizabeth Taylor e Arnold Schwarzenegger, convites para a festa de inauguração do Studio 54. "Andy guardava tudo e todos os tipos de coisas, de envelopes vazios ou nunca usados a grandes cartas de celebridades", conta Matt Wrbican, arquivista do museu. Ele deve passar os próximos seis anos mergulhado nas pilhas de caixas, tempo que deve levar para inventariar o que sobrou da vida de Warhol. É como se o artista que fez do escrutínio da condição de celebridade o mote central de sua obra agora virasse vítima da própria lógica, uma estrela fetichizada um tanto em vida e cada vez mais depois da morte. Nos inventários dos itens de algumas caixas, obtidos pela Folha, estão instruções detalhadas para preservar até mesmo um pedaço de pão num embrulho plástico, já invadido por insetos que devoraram parte das sobras. Também foram contadas as balas Altoids esquecidas em várias embalagens -estão nas caixas 171 e 227. Esse cuidado obsessivo se sustenta na visão de parte do entourage do artista, que vê o conjunto de suas cápsulas do tempo como obra. Ele mesmo considerava, como escreveu em seus diários, que essas caixas poderiam ser trabalhos em si. Pensou até em vender algumas delas, mas não conseguia se desfazer de quase nada. "Encaramos mesmo isso como obra de arte, um trabalho em série, com 600 partes", diz Wrbican. "No diário, ele falava em vender isso tudo, só que às cegas, já que o comprador não poderia olhar o que estava na caixa antes de levar para casa." Obsessão pelo comum Warhol nunca foi em frente com a ideia porque gostava de acumular tudo, num colecionismo voraz de fragmentos do tempo, índices banais da época. "Ele não conseguia jogar nada fora", lembra Wrbican. "Andy gostava de tudo em grandes quantidades, não comprava um de nada, eram sempre dez, adorava ter muitos múltiplos de múltiplos", completa Fremont. Mesmo das coisas sem valor. Warhol tinha obsessão pelo comum, a coisa qualquer, e gostava mais ainda se fosse algo que não era vendido. Roubava talheres de trens e aviões, fazia estoques de caixinhas de fósforo quando ainda eram distribuídas nos voos da Air France. "Era um processo de documentar o seu tempo, a cultura em que ele vivia, as pessoas que conhecia", descreve Fremont. "É um momento congelado no tempo, um pedaço dos anos 70 e dos anos 80 que vai durar enquanto houver essas caixas, como num mapa do passado." Fremont também acredita que os índices reais da vida ardida de Warhol possam esclarecer algumas questões e desmontar mitos que surgiram em torno da Factory e os excessos de purpurina e anfetaminas. Se essa mitologia apagou parte do discurso, também ressalta uma contradição. "Ser fascinado pelo que já foi é diferente de ser fascinado por algo que existe agora", diz Christopher Makos, fotógrafo que trabalhou com Warhol e registrava suas viagens pelo mundo. "Andy era conhecido por ser do momento, queria ver o último filme, ouvir o último disco. Nem ele entenderia esse fascínio de agora por seu próprio passado." E o passado de Warhol ofusca o presente dos que sobreviveram à Factory. Makos deve sua carreira fotográfica aos registros que fez do artista e até hoje é chamado para expor retratos e trabalhos daquela época. Já Paul Morrissey, que produziu os filmes de Warhol, se ressente de ter sido sempre relegado a um segundo plano nos créditos. Ele vê na história das caixas uma metáfora triste da personalidade de Warhol. "Ele era uma caixa vazia e usava seu nome para apresentar o trabalho dos outros", diz Morrissey. Mas não importa para a história e seus fetiches. "Só existe um Andy", diz Peter Wise, outro assistente do artista. "Da mesma forma que só existe um Elvis ou um Deus." Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: 66º Festival de Veneza Crítica/"Capitalism, a Love Story": Documentário de Michael Moore é inteligente, manipulador e nada sutil Índice _________________________________________________________________________________________________________ ---------------
------------ An interview with Paul Morrissey ON SEPTEMBER 26, 2012 BY SAM WEISBERGIN INTERVIEWS Paul Morrissey, center, glowers, as Andy Warhol greets Tennessee Williams, 1967. Morrissey at the Lincoln Center screening of his latest film, “News From Nowhere,” September 2011 Paul Morrissey hates so-called “independent” cinema. He hates being lumped into that genre, even though he could be seen as a pioneer of the current small-scale indie film format. In 1965, at age 27, the budding filmmaker began collaborating with Andy Warhol on film projects; by 1967, the films released by the Warhol Factory bore his imprint, as Warhol’s previously static, unabridged productions now featured actual editing, basic camera trickery (quick cuts, close-ups, panning) and vivacious, naturalistic dialogue. After Warhol’s notorious shooting by “SCUM Manifesto” author Valerie Solanas in 1968, his involvement in the Factory’s films–which, according to Morrissey and several other sources, was mostly primitive visual ideas and occasional camera operating–diminished significantly. He served only as financier/producer/presenter on Morrissey’s controversial “Flesh/Trash/Heat” trilogy (released between 1968 and 1972) and Morrissey’s two intentionally trashy horror spoofs released in 1973 (“Flesh for Frankenstein” and “Blood for Dracula.”) Morrissey’s films were shot quickly, with minimal instruction from either Morrissey or Warhol, and populated with eccentric non-actors (Morrissey hates the concept of “acting class.”) Transsexuals–a demographic previously unrepresented on the screen–were cast as actual women. Morrissey was very accepting of transsexuals; he never ridiculed them–though he wasn’t afraid to show their characters behaving outlandishly–and, in films like “Flesh,” “Trash,” and “Women in Revolt,” he consistently brought out the humanity of performers like Candy Darling and Holly Woodlawn. The imagery in Morrissey’s films tends to contradict his personal viewpoints. Morrissey was–and is–an unapologetic conservative and devout Catholic: he hated hippies, the sexually liberated, drug users, rock music enthusiasts (his scorn for the latter was no doubt exacerbated when he agreed, purely for business purposes, to manage The Velvet Underground). His films are full of these types, but though the “toilet” culture he attempted to mirror in his films disgusted him, he adored the actors he cast–no matter how different their lifestyle and politics–and he still refuses to see his films as political or even that incensed; to him, they are realistic comedies. Though some of them are filled with simulated fellatio, masturbation with inanimate objects, attempted rapes and extended shots of full frontal nudity, Morrissey doesn’t see his films as provocative either; he calls them “silly.” Morrissey hates pretentious, art house cinema–even though his own films have some of the same characteristics (raw and rambling dialogue, shaky camerawork, a documentary-like approach to the characters). He prefers the rules and discipline and self-censorship of the pre-1960s Hollywood and British studio productions (he reportedly admires Carol Reed and Elia Kazan). His films are supposed to be tongue-in-cheek, yet realistically portraying a culture that simultaneously amuses and saddens him. He hates dramas about degradation, because they fail to see the idiocy in their subjects’ self-destructive behavior. After parting entirely from Warhol–whom he still resents for taking so much of the credit for his films–Morrissey made a botched attempt at a more collaborative, mainstream production (the critically savaged Dudley Moore and Peter Cook-penned Sherlock Holmes spoof “The Hound of the Baskervilles”) in 1978. By the 1980s, Morrissey had slipped back into his raison d’etre: subtly, if bitterly, mocking the countercultures of his day. With the exception of “Mixed Blood,” a comedy about New York City gang warfare, all of his 1980s films (“Madame Wang’s,” a campy 1981 comedy about an East German who can’t assimilate to LA’s drug and punk rock-laden culture; “Forty Deuce,” the 1982 adaptation of Alan Bowne’s play about Times Square gigolos, starring Kevin Bacon; “Beethoven’s Nephew,” an uncharacteristically laugh-free 1985 drama about the composer’s secretly savage nature; and “Spike of Bensonhurst,” a lighthearted 1988 romp about an up-and-coming boxer) are not on Netflix and difficult to find. His comedies are alternately preachy and (in this day and age) emphatically un-P.C., but they all reflect Morrissey’s unflinching independence, his contrarianism, his fierceness. Morrissey can still be as grouchy as he looks in the photos above. He yelled at me, to my delight, a great many times during my phone interview with him a few weeks ago, and because his memory is fading a little bit, it was difficult to get in-depth answers about every film. (I will follow this interview up with an analysis of Morrissey’s harder-to-find films in about a month, after I’ve watched a handful that are only available for screening at the Museum of Modern Art.) But it’s clear that the fire has not gone out, and that there may still be a few films left in him (his last one was “News From Nowhere,” presented at Lincoln Center last year but not released since). Sam Weisberg: I just watched the first three short films you made, “All Aboard the Dreamland Choo-Choo,” “Like Sleep” and “About Face” [from 1964-5, included on the DVD for “Heat”] and in the commentary track you said that you don’t like movies that delve into the inner lives of characters, that are really confessional. You prefer getting at their exterior and having that tell the whole story. Paul Morrissey: Well, that’s the history of Hollywood until the independent trash of the last fifty, sixty years took it over. The studios knew what they were doing and they didn’t make that kind of vomity movie, these pathetic—what do they call them? Independent, independent, independent—it had to be misery and suffering. The curse of the last fifty years or more has been this hideous, pathetic thing called acting class. I think that’s just totally awful, phony, worthless, unwatchable garbage. SW: But some of the Warhol films I saw, the collaborations— PM: Why are they Warhol films, you stupid son of a bitch?! Why are they HIS films! Why do you call them Warhol films?! SW: You directed it, I just meant that it has his— PM: I produced it, I wrote it, I casted it, I edited it, I photographed it. I did EVERYTHING! SW: I just meant that time period. PM: Don’t say “Warhol films” when you talk about my films! Are you so stupid, you talk to people like that? I have to live through this for fifty years. Everything I did, it’s Warhol this, or he did them with me. Forget it. He was incompetent, anorexic, illiterate, autistic, Asperger’s—he never did a thing in his entire life. He sort of walked through it as a zombie and that paid off in the long run. But I just cannot take that shitty reference. What were you gonna say, if you can get past that? SW: In spite of what you said about not liking movies that are “confessional,” it seems that in “Trash,” “Flesh” and “Heat,” a lot of the characters are revealing their inner self, they’re very confessional— PM: They’re not revealing their inner self. You’re talking like one of these acting class dopes. SW: I meant that those films could be construed as independent, because it’s a static frame and— PM: What do you mean they could be construed as independent? I made them independently of anybody on the planet! I’m the only one in the history of motion pictures in 100 years that did eve-ry-thing, OK? So maybe they could be considered independent. I’m in the [same] class as that shit that’s been going for fifty years? No, I don’t think so. All they were doing is following idiot acting class suggestions. I hope you can ask questions a little cleverer than that. SW: I’m just wondering why you’re down on the indie movement if you yourself were a pioneer of— PM: There was no movement! I was not part of a movement, I. Made. My. Own. Films. They. Were. Not. Part. Of. Any. Movement. You’re incapable of understanding that, aren’t you? I have to be in a category. First I’m in “Andy Warhol films,” then I’m an “independent.” I like good films that are worth watching, OK? SW: I was really interested in “Women in Revolt” because I know it’s making fun of Women’s Lib, or at least Women’s Lib at the time, and— PM: That’s more ridiculous now than ever. It was Not. About. Women’s. Lib. You want me to be in a category with all these pieces of junk that have been floating around, you want to put me in a category politically and independently and Warhol-ly. SW: No, I’m blown away, because I’ve read interviews with you where you’ve said that you’re politically conservative, that you were disheartened by a lot of the debauchery going on in the late 1960s, early 1970s— PM: I wasn’t horrified by it, I thought it was idiotic and funny, OK? It was silly. The people doing it were ridiculous, and in my movies they’re likable and foolish and entertaining. Crime against humanity, because they don’t have a political statement sticker, I guess, but that’s the way reviewers want to write [about it]. SW: Was it difficult to hang around with that crowd if you— PM: I didn’t hang around with them! Jesus Christ! I see the way your mind works and I don’t find it too enjoyable to hear these questions. “Women in Revolt” is a wonderful film, it’s one of my favorites. The people in it are wonderful and it’s a very entertaining film and I really like it a lot, OK? And it’s not political. SW: So how did you come up with the idea for “Chelsea Girls,” to do the split screen, and run two reels at the same time? PM: That’s a long story, I don’t have time to go into it. But I thought of the double reels, and the way the scenes were done. I told the people what to talk about, and cast them, and put them together. There were many, many other sections that I wanted to throw out and this is what I kept. SW: Obviously you were working with film in those days, and in “Flesh” and “I, a Man,” there are a lot of jump cuts and whirring noises. How did you get those effects with the technology available? PM: You turn the camera on and you turn it off. You turn it on and you turn it off. And then you edit what you think is salvageable. “I, a Man” was made in one day, mostly one night. SW: That was the only movie I saw where Valerie Solanas appeared. What was it like to work with her? I know you weren’t a fan of “I Shot Andy Warhol…” PM: Oh, that was a piece of shit, too, but it doesn’t matter. She worked on the film, that was it. I didn’t hang out with her. SW: So you weren’t really friends with the cast? PM: I was nice to them. They were nice people. I only met Valerie a few times. SW: I watched “I Miss Sonia Henie” [movie shot during the 1971 Belgrade Film Festival, in which Morrissey and several other directors were each assigned to make a short film, with the title line included] and— PM: What is that? SW: It was with six other directors, some of them were Yugoslavian— PM: And I’m part of that? SW: Yeah, Buck Henry and Miloš Forman did one and— PM: Oh, that was done for a few minutes at a film festival somewhere in Hungary, or something. SW: What was that experience like, shooting an assignment film at— PM: There’s no “experience.” I just do it. I know what I’m doing. SW: What was your exact work on some of these films that Andy is credited with even after your collaboration started, like “Bike Boy”— PM: I made them, OK? I produced them, I casted them, I got the camera—even though poor Andy had to operate the camera, he didn’t know what the hell he was doing. He had no balance, no visual sense whatsoever. “Bike Boy” wasn’t bad. SW: That film is really hard to find. I am just curious about some of the other hard-to-find films that he’s credited with, but that you– PM: I know he’s credited with them! Don’t you think I know that?! That’s the scum that writes about independent movies, especially if they don’t give a shit. They’d rather write about any movie connected with Lady Gaga or O.J. Simpson, or anyone that [helps them sell] that cheap journalistic newspaper shit. SW: What movies do you like, that are out there right now? PM: The greatest thing that happened to motion pictures happened about 18 years ago, called Turner Classic Movies. As the years go by, they’re filling it up with a lot of trash from the ‘70s and ‘80s and ‘90s. But all the magnificent ‘20s, ‘30s, ‘40s movies, some of them are the greatest thing that happened to the twentieth century. Without TCM, they’d rot away, they’d be dead now. I don’t know if there’s anything out there worth watching. I like a series on TV called “Hardcore Pawn,” about a pawn shop in Detroit. I think it’s the only good thing I’ve seen on Reality TV, which is all so fake. The man that runs [the shop] with his son and daughter is extraordinary. You can’t go to a movie anymore and see interesting people. SW: You have said in interviews that you’d be in favor of some censorship of certain films. PM: I think censorship is very good. SW: Of what kinds of material? PM: Scum, filth, garbage, shit. Common sense would tell you what that is, but now [people] go through civil rights shit and say “We can do it! We can do it! We can do anything we want!” Well, who’s gonna watch that shit anyway? Let them do what they want. The greatest movies were made in the twentieth century with common sense censorship. SW: But some of your early movies are quite graphic, with lots of full frontal nudity. PM: Yes, but they’re funny. They’re showing how stupid that whole world is. It was then, it’s even worse now. SW: Did you eventually become disenchanted with making those kinds of movies, since you found the lifestyle you were depicting so stupid? PM: No, why should I be disenchanted with movies that I made and that I liked? Disenchanted. My God. You sound like you’re writing this up for a garbage political institution or something. SW: But there is political content in your films, at least in “Women in Revolt” and “Trash.” PM: You can only exist by typing up something about political content and Women’s Lib and blah blah blah. You can’t go and enjoy a movie. You have to see something you can type up about it. You want to see something political, or some censorship problem or civil rights shit. SW: I was just curious about your point of view because there are a few parts in your films that definitely have a political bent. PM: To you they do, but I don’t think of them as such. Politics is beneath garbage. It was a garbage can world, and it’s worse now with Comrade and Mrs. Obama running the planet with Valerie Jarrett. The three of them will be there for the next thirty, forty years, as long as they want. The twenty-first century is over, it’s totally over. And movies have been over for a long time. SW: What do you think of Mitt Romney? PM: I think he’s wonderful. He doesn’t stand a chance. He’s a good Christian, he’s a fine man, he’s a successful man. He has six children and eighteen grandchildren. He’s hated by the liberal toilet, Communist-worshipping, Christian-hating filth that’s behind Mr. and Mrs. Comrade Obama. Is that good enough? You just want to talk about politics, I guess. Don’t you have any interest in movies, even if they’re not political? SW: Yes. The next one I was going to ask about isn’t political at all. “The Hound of the Baskervilles” was your first film with a semi-big budget, right? PM: No, it was a tiny, tiny budget. And it wasn’t my movie. I got into it thinking that it could be something. But I got to know the two people involved [Peter Cook and Dudley Moore, who co-wrote with Morrissey], and they hadn’t written a thing. They wrote some garbage and they wanted to photograph it. One guy wrote one section, the other guy wrote another and I wrote, like, one section. It’s the only film I’m connected with that I don’t think was very good. SW: What was it like to work with Dudley Moore and Peter Cook? PM: What do you mean, what was it like?! I’m supposed to come up with some sort of shitty, psychological thing? Next question. SW: Then you went on to “Madame Wang’s,” and I’m wondering how you got the idea for the guy from Communist Germany to be so disgusted with America, and with the punk scene in particular. PM: It’s not a hard idea to come up with it, is it? It’s so obvious. Again, you want a psychological thing. Watch the movie. Whatever you think of the movie, that’s my psychology. SW: Why wasn’t the movie distributed in the US? PM: Because it wasn’t commercial enough. So I just held it back. I did a little distribution myself. SW: There’s a few films of yours that I can’t find at all, like “The Armchair Hacker”— PM: What? I don’t know what you’re talking about. There’s no such thing in the world. I’d never make a movie with an idiot title like that. SW: That’s what’s listed on imdb.com. PM: Oh, so it must be true? I tell you that there’s no truth to it and you say “It’s on the list”? I have never heard of such a stupid title. Keep going. [NOTE: the film is not mentioned in Morrissey’s 1993 biography by Maurice Yacowar, so it was likely directed by a different Paul Morrissey.] SW: “Beethoven’s Nephew” [shot in 1985, released briefly in 1988] was a very different style for you, not as tongue-in-cheek— PM: No, it wasn’t. It was ninety-five percent based on reality, which people didn’t care about. It had been denied to the public for 200 years. SW: Why did you think Beethoven was such a bad guy? PM: He was a million times worse than the person in the movie. The story of him and the nephew was true. The nephew that he tortured put two guns to his own head, one on each side, to kill himself. Beethoven, when he’d go in the street—he was less than five feet tall and covered with syphilis, rotting away, he was a disgusting alcoholic—when he’d go in the street, the kids would throw rocks at him. He was a miserable, hideous person. He wrote diaries that were suppressed for 200 years. They came out just when I was making the movie, but I’d read parts of them already, they’d been translated from German. The movie was the story of a very pathetic person who happened to write very good music. SW: Did you want to do a harsher portrait of him initially? PM: No, I did what I wanted to do. I had total control. SW: Do you like his music at least? PM: Some of it, not all of it. The last few years, when he thought he had some sort of legal control over the nephew, who moved out…that’s when he wrote his best music. SW: What’s your favorite music these days? PM: Mozart, Beethoven, Rachmaninoff. It hasn’t changed. What, I’m gonna throw the great music down the toilet and replace it with drug addict rock n’ roll filth shit, sex around the clock? SW: Since you don’t like rock music, was it difficult to manage the Velvet Underground? PM: I discovered them, I managed them, I put Nico in them, I had to deal with them. I had to produce their first record. It wasn’t easy. They were stupid and didn’t know what they were doing. And after their first record, I don’t think they ever made a tune you could pay attention or listen to. They just had to go out and get their picture taken. SW: Getting back to your films, another movie I couldn’t find anywhere was “San Diego Surf”— PM: It was never distributed [NOTE: it was released for the first time by the Andy Warhol Foundation to the Museum of Modern Art, which will screen the movie in October 2012. Morrissey’s “The Loves of Ondine” (1968) is available for screening at MoMA, while Morrissey’s early short films, “Civilization and Its Discontents” and “Mary Martin Does It,” can be screened at the George Eastman House in Rochester, New York. Aside from “News From Nowhere,” “L’Amour” (1973), the last Warhol factory film in which Warhol himself shot some of the scenes; the 2005 documentary “Verushcka: A Life for the Camera”; and several Warhol shorts from 1966 and 1967 that Morrissey had input on, are virtually impossible to find. All others in Morrissey’s repertoire can be found via Netflix, YouTube, foreign DVD import sites and Amazon.com]. I made that in San Diego right after “Lonesome Cowboys” [in 1968]. I used some of the same people. Instead of making it in two days like “Lonesome Cowboys,” we stayed there about three weeks. [Morrissey stepped away from the phone for a few minutes, and when he returned he was temporarily confused about who I was and that we’d been speaking. Once the interview continued, he was significantly calmer]. SW: I know that you’re pretty religious. What aspects of Christianity do you want to see more of in American films? PM: American culture has been run by the Soviet Union for the past sixty, seventy years, and it gets worse and worse and worse. It has nothing to do with Christianity anymore, that’s for sure. The Catholics have lost control of people. It’s a very sad world we live in, and I think the only adequate stories in movies and plays are the humorist ones about how awful the world is, especially the United States. They want the toilet, they want the garbage, they want the drugs, they want to have sex around the clock with their kids, and that’s the world. SW: I read an interview with you where you said that when you were younger, you wanted to be a Jewish comedian. Which one in particular? PM: I’ve always thought that there are so many very, very good Jewish comedians. SW: Who is your favorite? Jackie Mason? PM: Well, he could be funny, but he was sort of unhappy. The Marx Brothers were funny. SW: Did you ever aspire to be anything else besides a filmmaker? I know you worked in insurance for awhile… PM: I worked in insurance for a year or two, but I just wanted to make my own movies and I started to do it. The production companies had their formulas, you had to do this and that. I did it all and I did it very easily. I didn’t go from six in the morning until six at night. I did it for two to three hours, at most, in an afternoon on a weekend. My filming was very simple. I loaded the camera, I moved the camera, I did the set-up, I did the lighting. I did everything, but the performers, they did their thing. I gave them little stories to tell, that’s all. SW: So why did Warhol’s name wind up on so many of them? PM: He produced them, that was all. He paid the bill at the laboratory and that was all. SW: Why did you usually cast transsexuals to play women? PM: No one else on the planet was using them in stories, and they still aren’t. I’m the only one that ever used them, and I never used them to play female impersonators. They played women in my stories. They were funny to me, they were interesting and different. I loved them and found parts for them. SW: Did you get along with all the cast even though their lifestyle was so different? PM: They were all wonderful, nice people. I cast them because they had character and personality. SW: Why do you think so many of your films were about drugs and debauchery? PM: I wanted to make movies about the toilets people lived in. I thought they were interesting stories about people in that time and place. SW: In some of your films, you make fun of various popular trends like punk rock, drug use, Women’s Lib. How did some of the performers in your films, who were enthusiasts of these trends, react to the material? PM: I didn’t use stupid people who thought like that. They were wonderful. They enjoyed being in the movie. They were from modern times, and modern life is absurd. It’s called comedy. It’s being realistic. It’s not these phony dramas that are made. The comedies usually last and don’t age, while the serious stuff ages very badly. Share this: Print & PDFRedditEmailFacebookTwitterMore Related A Word on the Paul Morrissey vs. Andy Warhol Debate February 11, 2013 In "Articles/Reviews" Some exciting developments December 10, 2012 In "Articles/Reviews" Preachy Porn: The Films of Paul Morrissey February 23, 2013 In "Articles/Reviews" Post navigation PREVIOUS Jackie Collins’ “The World is Full of Married Men” (1979) NEXT The Hollywood Fixer: “Galaxina” Director William Sachs 14 thoughts on “An interview with Paul Morrissey” David@MyKindOfStory.com Great job, Sam. I’ve seen most of his movies, including all his feature-length films from “Flesh For Frankenstein” all the way up to “Spike of Bensonhurst”. I’m a fan especially of “Blood for Dracula” and “Mixed Blood”. I wrote a post on the latter here: http://mykindofstory.wordpress.com/2011/05/03/mixed-blood-and-the-music-of-paul-morrisseys-gangsters/ Look forward to reading your analysis of Morrissey’s harder-to-find films. OCTOBER 30, 2012 AT 8:34 AMREPLY Marcelo Yáñez Arroyo I love this! Paul is such a grumpy person, yet I love him. I sent him a letter a couple months ago about Trash and The Myth of Sisyphus, but I guess that is too “psychological” for him. How did you approach the call with Paul? I have his number, but I’m scared to call him. I might send him another letter later maybe asking him to sign something and ask him if he knew Warhol’s name was going to be attached to his work for the rest of his life. DECEMBER 5, 2012 AT 10:47 PMREPLY Marcelo Yáñez Arroyo I also want to find out where I can get a copy of News from Nowhere. DECEMBER 5, 2012 AT 10:50 PMREPLY Marion Thank you for this. The contrast of his crankiness with his love and appreciation for the stars of his films is really interesting… made me tear up a little actually, not sure why. I wish him all the best. JANUARY 10, 2013 AT 6:04 PMREPLY scopophilia This is a fun and funny interview. I’m amazed you were able to keep your composure. Clearly he was a difficult person to talk too, but it is very interesting and offbeat nonetheless. JANUARY 12, 2013 AT 7:55 PMREPLY Pingback: Paul Morrissey: Sins of the flesh | F U G I T I V E Mark Headley How would one reach paul? AUGUST 15, 2013 AT 10:56 AMREPLY Richard W. Haines I met Morrissey a few times last year to discuss preserving his feature films. Specifically his 35mm features from 1973 through 1982 were shot on quick fade Eastmancolor stock and should be transferred to low fade 35mm estar stock. Also his digital feature needed to be outputed to 35mm film since digital isn’t archival. His 16mm features were shot on Kodachrome which is why they haven’t faded. Most are are strored at MOMA. My experiences were pretty much identical to the above conversations. I don’t know if he decided to transfer his movies to the more stable low fade stock for the long run. The main reason I met with him was because “Flesh for Frankenstein” and “Blood for Dracula” are two of my favorite horror spoofs. I made the mistake of calling them by their US titles,which had had the Warhol name included on the poster. Morrissey did tell me some interesting production stories about them. Richard W. Haines SEPTEMBER 16, 2013 AT 1:05 PMREPLY Richard W. Haines “The Chelsea Girls” and “Women in Revolt” are available in their entire length on youtube. Low resolution transfers but watchable. There are also clips of the pre-Morrissey Warhol films “Sleep” and “Empire” but in those cases the short segments are all that is necessary to sample what they were. “Women in Revolt” is funny. “The Chelsea Girls” is a tough one to watch in one sitting. The sound is only on part of the time and nothing really happens. The idea was actually intriquing, having split screen (or dual screen) rooms depicting the eccentric Warhol “Superstars”. Unfortunately, unlike the later Morrissey pictures, none of them were flamboyant or outrageous enough in to maintain interest. I suppose apathy and boredom was part of the experiment but I preferred it when the cast was livelier and having some fun with their role playing as in “Women in Revolt”. SEPTEMBER 16, 2013 AT 1:30 PMREPLY myth of life I always heard Morrisey was a conservative windbag, but this article proves it. Its ironic that his movies are about very taboo subjects, yet the guy believes in censorship and is disgusted by a million things. Great movies but the guy is a hot mess in life. APRIL 21, 2014 AT 3:16 PMREPLY Pingback: Etiam ut Purus Mattis Mauris Kevinkaf generic brand for micardis que son vicios de los actos procesales clomid prescription for twins where to buy viagra in paris meclizine anxiety disorder where to buy ibuprofen in malaysia metronidazole 1 gel cost cytotec cost at walmart topiramate buy online uk is prozac a brand name buy viagra dapoxetine online Here was a writer who said the unsayable, thought the unthinkable, and fearlessly put it down there, in all its raw emotional and intellectual chaos. I thought maybe their water hole dried up and they needed water. Many superprojects are just finally coming online (in the midst of reduced prices, no less! Hardcover: 814 pagesPublisher: Bucknell University Press (1 Aug. The novels have described periods when Saint-Germain has resided in the Roman Empire during reigns of Nero and Elagabalus, France during the reigns of Charlemagne and Louis XV, Russia during the reigns of Ivan the Terrible and Nicholas II, Germany in the 10th Century, Germany, Spain, and England between the First and Second World Wars, China during the Mongol invasion, Peru during the Spanish invasion, and the United States in the modern era. Tribes have been charged withimplementing these legislative regulations and rules with inadequatefederal funding. The first five Thursday Next books are pretty much meta-fiction – fiction about fiction. APRIL 19, 2018 AT 8:41 AMREPLY Charlescoore hOur company offers a wide variety of supplements. Take a look at our health contributing portal in case you want to look better. Our company offers a wide variety of non prescription drugs. Visit our health site in case you want to feel better with a help of health products. 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----------- Andy Warhol e a arca perdida - 07/09/2009 Folha de S.Paulo https://www1.folha.uol.com.br › fsp › ilustrad › fq0709... 7 de set. de 2009 — Esse cuidado obsessivo se sustenta na visão de parte do entourage do artista, que vê o conjunto de suas cápsulas do tempo como obra. Ele ... entourage Significado de Entourage substantivo masculino As pessoas que nos cercam. Roda, convivência. Etimologia (origem da palavra entourage). Palavra francesa. Definição de Entourage Classe gramatical: substantivo masculino Separação silábica: en-tou-ra-ge Exemplos com a palavra entourage Esse cuidado obsessivo se sustenta na visão de parte do entourage do artista, que vê o conjunto de suas cápsulas do tempo como obra. Folha de S.Paulo, 07/09/2009 A confirmação da entourage sobrevivente de Gaddafi não estava disponível. Folha de S.Paulo, 27/10/2011 mais uma entourage de quatro pessoas o aguardavam. Folha de S.Paulo, 19/07/2012 entourage Outras informações sobre a palavra Possui 9 letras Possui as vogais: a e o u Possui as consoantes: g n r t A palavra escrita ao contrário: egaruotne Rimas com entourage trajelajeviageultrajemuajeabencerragehomepagesagetageenalagegagevintagevernissageex legegaragevagesangagesoajecontragemulageentrajesalvagerepassageeubage Encontrou as informações que procurava?SimNão _________________________________________________________________________________________________________ -------------
------------ "O ex-presidente também pediu “anistia” para o que chamou de “pobres coitados” que vandalizaram Planalto, Supremo, Câmara e Senado em 8 de janeiro de 2023. Logo ele, que é contra até “saidinhas” das prisões no fim de ano? Presos comuns têm de ficar trancafiados, mas criminosos que quebraram as sedes dos três Poderes e atentaram contra a democracia, ah!, esses coitadinhos têm de ser anistiados. Racionalmente, o ato foi uma inegável demonstração de força popular e, portanto, política, com mobilização de evangélicos, bandeiras de Israel e muitos milhares de militantes, além de deputados, senadores, prefeitos, quatro governadores e a vice-governadora do DF, Celina Leão. Só não se viram... militares. Cadê os generais de Bolsonaro? Mas, também sem paixão, o discurso de Bolsonaro foi fraco, mal articulado e perigoso, pois serve como munição contra ele na Justiça. Seus seguidores podem concordar, proteger o mito e atacar ministros do STF e do TSE, mas não as instituições e o Brasil todo, que não estão cegos e surdos para a realidade e a real tentativa de golpe. O ato de domingo foi bem organizado, mas Bolsonaro não se preparou bem. Pensou na foto, mas esqueceu de novo os vídeos e áudios – que vão engrossar os autos contra ele." ANALISAR O ARTIGO EM TELA DE FORMA SUCINTA, CRÍTICA, OBJETIVA E CONSERVANDO O BOM HUMOR DO AUTOR. FAZER EM SEGUIDA UMA BREVE SÍNTESE. AO FINAL, ARRISCAR UMA 'LEAD' O artigo critica a postura do ex-presidente Bolsonaro em relação aos protestos de 8 de janeiro de 2023, destacando sua demanda por "anistia" para os manifestantes que vandalizaram prédios públicos. O autor ironiza a contradição entre essa posição e a postura dura de Bolsonaro em relação a outros tipos de crimes. Além disso, ele aponta falhas no discurso do ex-presidente durante o evento, considerando-o fraco e mal articulado, o que poderia ser prejudicial para ele judicialmente. O autor destaca a ausência dos militares no evento e critica a falta de preparo de Bolsonaro. No geral, o artigo aborda os protestos como uma tentativa de golpe e destaca a importância de se manter a estabilidade institucional. Síntese: O artigo critica a postura de Bolsonaro em relação aos protestos de janeiro de 2023, destacando contradições em seu discurso e apontando falhas em sua abordagem. Ele ressalta a importância de manter a estabilidade institucional e critica a tentativa de golpe por meio dos protestos. Lead: O artigo analisa a postura controversa de Bolsonaro em relação aos protestos de janeiro de 2023, destacando contradições em seu discurso e apontando falhas em sua abordagem, enquanto ressalta a importância de manter a estabilidade institucional. 'Presos comuns têm de ficar trancafiados, mas criminosos que quebraram as sedes dos três Poderes e atentaram contra a democracia, ah!, esses coitadinhos têm de ser anistiados.' PARECE QUE NO DISCURSO ORIGINAL, EM QUE O ARTIGO FOI BASEADO, 'criminosos que quebraram as sedes dos três Poderes e atentaram contra a democracia,' TER-SE-IAM SIDO EXCLUÍDOS DO PROJETO DE ANISTIA AOS "POBRES COITADOS" MENCIONADOS PELO AUTOR DO DISCURSO ANALISADO PELO AUTOR DO TEXTO. 'Presos comuns têm de ficar trancafiados, mas criminosos que quebraram as sedes dos três Poderes e atentaram contra a democracia, ah!, esses coitadinhos têm de ser anistiados.' PARECE QUE NO DISCURSO ORIGINAL, EM QUE O ARTIGO FOI BASEADO, 'criminosos que quebraram as sedes dos três Poderes e atentaram contra a democracia,' TER-SE-IAM SIDO EXCLUÍDOS DO PROJETO DE ANISTIA AOS "POBRES COITADOS" MENCIONADOS PELO AUTOR DO DISCURSO ANALISADO PELO AUTOR DO TEXTO. COMENTAR! terça-feira, 27 de fevereiro de 2024 Eliane Cantanhêde - Os ‘pobres coitados’ do golpe O Estado de S. Paulo Bolsonaro calou a portas fechadas e produziu provas contra si a céu aberto O ex-presidente Jair Bolsonaro não abriu a boca no que seria o seu depoimento à Polícia Federal, a portas fechadas, mas tratou de produzir provas contra si na manifestação de domingo na Avenida Paulista, a céu aberto, para milhares de bolsonaristas, mas também para a PF, o Supremo e quem mais quisesse ouvir. Está gravado, como a fatídica reunião do golpe no Planalto, e não tem como dizer que sua fala foi “deturpada”, “culpa da imprensa” e ele é alvo da “perseguição do ministro Alexandre de Moraes”. Não foi por falta de tempo, mas talvez por excesso de empáfia, o fato é que Bolsonaro não se preparou devidamente para discursar. Como estaria entre seus seguidores, enrolados em verde e amarelo, esqueceu-se de que tudo o que dissesse seria usado contra ele. Os seguidores ouvem o que querem, concluem o que querem e sempre dão razão ao mito, mas eles não são o Brasil inteiro. Sem saída, porque o papel foi encontrado na sua sala na sede do PL, Bolsonaro admitiu a existência e o seu conhecimento de um rascunho de pronunciamento anunciando estado de sítio no País. Irônico, perguntou como seria um golpe, se a medida está prevista na Constituição e precisa passar pelo Congresso? Mas o que interessa é que ele articulava, sim, decretação de estado de sítio, com objetivo claro: impedir a posse do presidente eleito democraticamente. E isso é golpe. O ex-presidente também pediu “anistia” para o que chamou de “pobres coitados” que vandalizaram Planalto, Supremo, Câmara e Senado em 8 de janeiro de 2023. Logo ele, que é contra até “saidinhas” das prisões no fim de ano? Presos comuns têm de ficar trancafiados, mas criminosos que quebraram as sedes dos três Poderes e atentaram contra a democracia, ah!, esses coitadinhos têm de ser anistiados. Racionalmente, o ato foi uma inegável demonstração de força popular e, portanto, política, com mobilização de evangélicos, bandeiras de Israel e muitos milhares de militantes, além de deputados, senadores, prefeitos, quatro governadores e a vice-governadora do DF, Celina Leão. Só não se viram... militares. Cadê os generais de Bolsonaro? Mas, também sem paixão, o discurso de Bolsonaro foi fraco, mal articulado e perigoso, pois serve como munição contra ele na Justiça. Seus seguidores podem concordar, proteger o mito e atacar ministros do STF e do TSE, mas não as instituições e o Brasil todo, que não estão cegos e surdos para a realidade e a real tentativa de golpe. O ato de domingo foi bem organizado, mas Bolsonaro não se preparou bem. Pensou na foto, mas esqueceu de novo os vídeos e áudios – que vão engrossar os autos contra ele. _________________________________________________________________________________________________________
------------ Dora Kramer - Agora é tarde Folha de S. Paulo Se apela ao equilíbrio agora, Bolsonaro poderia ter feito o mesmo a tempo de evitar o 8 de janeiro A necessidade pautou a prudência convocada por Jair Bolsonaro (PL) a seus admiradores no domingo (25) na avenida Paulista. Conduziu também o discurso dele, desprovido dos achaques autoritários de quando era protegido por imunidades e poderio presidenciais e ainda estava razoavelmente longe do alcance da Justiça. "O destrambelho seletivo desnuda as intenções anteriores. Mas não só. Mostra como são escassos os instrumentos de reação em busca de proteção. Na real, resumido a apenas um: a fotografia da multidão que não aliviará em um milímetro as agruras judiciais de Bolsonaro e companhia. O chamamento à mobilização por anistia aos selvagens de 8 de janeiro (e por extensão a ele que, assim, se inclui na roda dos reclamantes pela ruptura) não tem a menor chance de prosperar. Não terá apoio na sociedade; se tivesse, não passaria pelo Congresso e, se passasse, morreria no Supremo Tribunal Federal. Além disso, o alimento do bolsonarismo raiz é a agressividade. A exacerbação de ânimos é o seu motor, que perde tração quando chamado à moderação —que precisará ser duradoura se o capitão da tropa não quiser se complicar mais e afugentar políticos que só subiram no trio elétrico porque a promessa era de fogo baixo." https://gilvanmelo.blogspot.com/2024/02/dora-kramer-agora-e-tarde.html#more _____________________________________________________________________________________________________________ Agora e cinza Noite Ilustrada Você partiu Saudades me deixou, eu chorei O nosso amor foi uma chama Que o sopro do passado desfaz Agora é cinza Tudo acabado e nada mais Você partiu Saudades me deixou, eu chorei O nosso amor foi uma chama Que o sopro do passado desfaz Agora é cinza Tudo acabado e nada mais Você partiu de madrugada E não me disse nada Isso não se faz Me deixou cheio de saudade E de paixão Não me conformo Com a sua ingratidão Você partiu Você partiu Saudades me deixou, eu chorei O nosso amor foi uma chama Que o sopro do passado desfaz Agora é cinza Tudo acabado e nada mais Você partiu Saudades me deixou, eu chorei O nosso amor foi uma chama Que o sopro do passado desfaz Agora é cinza Tudo acabado e nada mais Tudo acabado e nada mais Composição: Bide / Marçal

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