... Vida, História e Arte
A MULHER...
A MULHER...
... Arte, História e Vida
THE
MAN JAMES EARL JONES 1972
IRVING WALLACE
... a
si própria porquê e, instantaneamente, a memória levou-a até à fonte
das suas preocupações.
Em
relação ao passado — a sua memória, um eficiente arquivo, recuou no tempo
— ...
“A
história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus,
.... Já tinha lido O Homem sem saber que Irving Wallace era
Irving ...
Já
tinha lido O Homem sem saber que Irving Wallace era Irving Wallace e soube
desde então que precisaria ler outro. O Milagre recomendo com 5 estrelas e mais
uma para o preço que se pode encontrar o livro em um sebo. Cassiano Couto
Escritor
norte-americano, Irving Wallace nasceu a 29 de Junho de 1916 na cidade de
Chicago. Filho de emigrantes russos, o seu pai trabalhava como empregado de
loja. Cresceu e estudou em Kenosha, no estado do Wisconsin e, com apenas quinze
anos de idade, deu início a uma carreira como jornalista, publicando
regularmente artigos em publicações periódicas. Terminados os seus estudos
secundários, deu ingresso no Instituto Williams, onde estudou Escrita de
Criação, prosseguindo depois no Los Angeles City College . Passou
depois a trabalhar como jornalista independente, chegando a ser correspondente.
Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, serviu na Força Aérea como escritor para a imprensa e cinema militares, escrevendo em simultâneo artigos de propaganda para revistas como a American Legion Magazine e a Liberty . Após a guerra passou a escrever para publicações de gabarito, como o The Saturday Evening Post , a Cosmopolitan e a Esquire and Collier's .
A partir de 1948 passou a trabalhar como argumentista para a indústria cinematográfica de Hollywood, escrevendo, em co-autoria com Horace McCoy, títulos como The West Point Story (1950), Bad To Each Other (1953) e Jump Into The Hell (1955).
Em 1959 publicou o seu primeiro romance, The Sins Of Philip Fleming, obra que passou despercebida pela crítica. Seguiu-se The Chapman Report (1960, O Relatório Chapman ), romance que contava a história de um psiquiatra que decide levar a cabo um estudo sobre o comportamento sexual feminino, descobrindo que, afinal há subtilezas que não podem ser abrangidas.
Seguiu-se então um período em que Wallace se dedicou à produção de romances de agrado popular, procurando ingredientes que pudessem cativar o público, como o sexo, a alta finança e o antagonismo dirigido à União Soviética, bastante frequente nessa época em que a Guerra Fria mantinha o seu auge. Assim, em 1962 publicou The Prize (O Prémio ), em que contava a história de um grupo de sábios galardoados com o Prémio Nobel, e que são procurados por comunistas da então República Democrática Alemã. A obra foi adaptada para o cinema logo no ano seguinte, contando com a participação de nomes como Paul Newman e Elke Sommers no elenco.
Grande parte da sua obra foi convertida para a Sétima Arte, com destaque particular para o filme realizado em 1971 por Russ Meyer a partir do romance The Seven Minutes (1969, Os Sete Minutos ) e The Man (1964), realizado em 1972 por Joseph Sargent.
A publicação deste último romance em 1964, que imaginava o que aconteceria se um negro fosse eleito presidente dos Estados Unidos da América, valeu a Wallace o Supremo Prémio de Mérito do Instituto Memorial George Washington Carver, juntamente com uma tença oferecida pela mesma fundação. Entre muitos outros galardões atribuídos ao seu trabalho, salientam-se uma medalha de prata pelo Commonwealth Club em 1965 e a Rosa D'Oro de Veneza em 1975.
No ano de 1972 passou a desempenhar as funções de repórter na agência noticiosa dos periódicos Chicago News e Sun Times, tendo como missão a cobertura das convenções dos partidos Democrático e Republicano. Também nesse ano publicou The Word (1972, A Palavra ), romance em que contava a história da descoberta de um evangelho alegadamente escrito pelo irmão de Jesus Cristo. Em 1979 publicou The Pigeon Project (Projecto Pombo-Correio), obra em que procedia a uma reflexão sobre o sonho da invenção do elixir da juventude e, em 1984 seria a vez de The Miracle (O Milagre), romance que girava em torno da aparição de Lurdes em 1958.
Irving Wallace faleceu a 29 de Junho de 1990 em Los Angeles, vítima de um cancro no pâncreas.
Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, serviu na Força Aérea como escritor para a imprensa e cinema militares, escrevendo em simultâneo artigos de propaganda para revistas como a American Legion Magazine e a Liberty . Após a guerra passou a escrever para publicações de gabarito, como o The Saturday Evening Post , a Cosmopolitan e a Esquire and Collier's .
A partir de 1948 passou a trabalhar como argumentista para a indústria cinematográfica de Hollywood, escrevendo, em co-autoria com Horace McCoy, títulos como The West Point Story (1950), Bad To Each Other (1953) e Jump Into The Hell (1955).
Em 1959 publicou o seu primeiro romance, The Sins Of Philip Fleming, obra que passou despercebida pela crítica. Seguiu-se The Chapman Report (1960, O Relatório Chapman ), romance que contava a história de um psiquiatra que decide levar a cabo um estudo sobre o comportamento sexual feminino, descobrindo que, afinal há subtilezas que não podem ser abrangidas.
Seguiu-se então um período em que Wallace se dedicou à produção de romances de agrado popular, procurando ingredientes que pudessem cativar o público, como o sexo, a alta finança e o antagonismo dirigido à União Soviética, bastante frequente nessa época em que a Guerra Fria mantinha o seu auge. Assim, em 1962 publicou The Prize (O Prémio ), em que contava a história de um grupo de sábios galardoados com o Prémio Nobel, e que são procurados por comunistas da então República Democrática Alemã. A obra foi adaptada para o cinema logo no ano seguinte, contando com a participação de nomes como Paul Newman e Elke Sommers no elenco.
Grande parte da sua obra foi convertida para a Sétima Arte, com destaque particular para o filme realizado em 1971 por Russ Meyer a partir do romance The Seven Minutes (1969, Os Sete Minutos ) e The Man (1964), realizado em 1972 por Joseph Sargent.
A publicação deste último romance em 1964, que imaginava o que aconteceria se um negro fosse eleito presidente dos Estados Unidos da América, valeu a Wallace o Supremo Prémio de Mérito do Instituto Memorial George Washington Carver, juntamente com uma tença oferecida pela mesma fundação. Entre muitos outros galardões atribuídos ao seu trabalho, salientam-se uma medalha de prata pelo Commonwealth Club em 1965 e a Rosa D'Oro de Veneza em 1975.
No ano de 1972 passou a desempenhar as funções de repórter na agência noticiosa dos periódicos Chicago News e Sun Times, tendo como missão a cobertura das convenções dos partidos Democrático e Republicano. Também nesse ano publicou The Word (1972, A Palavra ), romance em que contava a história da descoberta de um evangelho alegadamente escrito pelo irmão de Jesus Cristo. Em 1979 publicou The Pigeon Project (Projecto Pombo-Correio), obra em que procedia a uma reflexão sobre o sonho da invenção do elixir da juventude e, em 1984 seria a vez de The Miracle (O Milagre), romance que girava em torno da aparição de Lurdes em 1958.
Irving Wallace faleceu a 29 de Junho de 1990 em Los Angeles, vítima de um cancro no pâncreas.
BIBLIOGRAFIA
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09-2005
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04-1991
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04-1988
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04-1987
O Sétimo Segredo
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Edição:
04-1986
O Milagre
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Edição:
04-1984
A Segunda Dama
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Edição:
04-1983
O Todo - Poderoso
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04-1983
A Palavra
Europa-América
Edição:
04-1981
Projecto Pombo - Correio
Publicações
Europa-América
Edição:
04-1980
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...Arte, História e Vida
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CLARICE
LISPECTOR
Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
O Triunfo, 2007, 10 min.
Curta
inspirado no 1º conto de Clarice Lispector. Luísa desperta sozinha onde morava
com o amante. Ambiente de um silêncio de morte, no qual ela passa a ver e
ouvir, o que já existia, de um modo que não se dava antes.
Ficha Técnica:
Roteiro e direção: Geórgia Alves
Produção: Sérgio Montenegro Filho
Fotografia: Marcelo Lordello
Montagem: Marcelo Pedroso
Still: Larissa Alves
Atores e Bailarinos: Ana Paula Ferrari (Luísa) e Davison Carvalho (Jorge)
Criança: Enrico Mello
Participação Especial: Raimundo Carrero
Apoio: Símio Produções e Trincheira Filmes
Agradecimento Especial a Paulo Gurgel Valente
Músicas:
Piano Concierto A Minor - Schuman
God Bless the Child - Billie Holiday
Sinfonia N.3 "Heroica" - Ludwig Van Beethoven
Histórico: 1º Lugar Concurso ParaAmarClarice (1o.Lugar), Menção Honrosa no CinePe 2008 (Prêmio SINDICINE - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. Além de 3o. Festival de Vídeo do Recife (2007) e Participação no Festival do Caribe, Mostra Pernambuco em Cuba (2010). Para que endereço devo encaminhar o filme. Tenho cópia em DVD e miniDV. Outras informações e fotos de divulgação no endereço: http://otriunfofilme.blogspot.com/
Ficha Técnica:
Roteiro e direção: Geórgia Alves
Produção: Sérgio Montenegro Filho
Fotografia: Marcelo Lordello
Montagem: Marcelo Pedroso
Still: Larissa Alves
Atores e Bailarinos: Ana Paula Ferrari (Luísa) e Davison Carvalho (Jorge)
Criança: Enrico Mello
Participação Especial: Raimundo Carrero
Apoio: Símio Produções e Trincheira Filmes
Agradecimento Especial a Paulo Gurgel Valente
Músicas:
Piano Concierto A Minor - Schuman
God Bless the Child - Billie Holiday
Sinfonia N.3 "Heroica" - Ludwig Van Beethoven
Histórico: 1º Lugar Concurso ParaAmarClarice (1o.Lugar), Menção Honrosa no CinePe 2008 (Prêmio SINDICINE - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. Além de 3o. Festival de Vídeo do Recife (2007) e Participação no Festival do Caribe, Mostra Pernambuco em Cuba (2010). Para que endereço devo encaminhar o filme. Tenho cópia em DVD e miniDV. Outras informações e fotos de divulgação no endereço: http://otriunfofilme.blogspot.com/
Categoria
Filmes
e desenhos
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Música
"Eroica. Symphony No. 3 in E flat major op. 55 -
Allegro con brio (Beethoven)" por Symphonisches Orchester Berlin,
Carl-August Bünte ( • )
A Paixão segundo G.H.
Clarice Lispector
Editora Rocco
Digitalizado por Michele
A POSSÍVEIS LEITORES
Este livro é como um livro qualquer.
Mas
eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada.
Aquelas
que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e
penosamente - atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar.
Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira
de ninguém.
A
mim, por exemplo, o personagem G. H. foi dando pouco a pouco uma alegria
difícil; mas chama-se alegria.
C.L.
Considerado
por muitos o grande livro de Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. tem um
enredo banal. Depois de despedir a empregada, uma mulher vai fazer uma faxina
no quarto de serviço. Mal começa a limpeza, depara com uma barata. Tomada pelo
nojo, ela esmaga o inseto contra a porta de um armário. Depois, numa espécie
bárbara de ascese, decide provar da barata morta.
Ao
esmagar a barata, e depois degustar seu interior branco, operou-se em G.H. uma
revelação. O inseto a apanhou em meio a sua rotina “civilizada”, entre os
filhos, afazeres domésticos e contas a pagar, e a lançou para fora do humano,
deixando-a na borda do coração selvagem da vida. Esse desejo de encontrar o que
resta do homem quando a linguagem se esgota move, desde o início, a literatura
de Clarice.
Mesmo
sem ser um livro de inspiração religiosa, G.H. tem, ainda, um aspecto
epifânico. Ao degustar a pasta branca que escorre da barata morta, a
protagonista comunga com o real e ali o divino - a força impessoal que nos move
- se manifesta. E só depois desse ato, que desarruma toda a visão civilizada,
G.H. pode enfim se reconstruir.
O
escritor argentino Ricardo Piglia disse certa vez que toda a literatura pode
ser reduzida a dois gêneros fundamentais: as narrativas de amor e as narrativas
de mistério. Em G.H., essas duas claves básicas da ficção se entrelaçam. Pois é
justamente a mistura letal de amor e mistério que chamamos de paixão.
JOSÉ
CASTELLO
Jornalista,
escritor e Mestre em Comunicação pela UFRJ.
Panorama com Clarice Lispector
Além
da entrevista da escritora para Júlio Lerner, pouco antes de morrer, o especial
traz ainda depoimentos de admiradores de Clarice.
Categoria
Entretenimento
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padrão do YouTube
POR CARLOS WILLIAN LEITE
EM ENTREVISTAS
A ÚLTIMA ENTREVISTA DE CLARICE
LISPECTOR
Uma
rara entrevista de Clarice Lispector, concedida em 1977, ao repórter Júlio
Lerner, da TV Cultura. Depois de gravada, Clarice pediu que a entrevista só
fosse divulgada após sua morte. Foi ao ar dez meses depois. Clarice morreu em
dezembro de 1977, aos 57 anos
De
minha sala até o saguão dos estúdios tenho que percorrer cerca de 150 metros.
Estou tão aturdido com a possibilidade de entrevistá-la que mal consigo me
organizar naquela curta caminhada. Talvez falar sobre “A Paixão Segundo G.H”…
Ou quem sabe sobre “A Maçã no Escuro” e “Perto do Coração Selvagem”… Vou
recordando o que Clarice escreveu. Será que li tudo? Em apenas cinco minutos
consegui um estúdio para entrevistá-la.
São
quatro e quinze da tarde e disponho de apenas meia hora. Às cinco entra ao vivo
o programa infantil e quinze minutos antes terei de desocupar o estúdio. Estou
correndo e antes mesmo de vê-la a pressão do tempo começa a me massacrar. Não
terei condições de preparar nada antes, nem mesmo conversar um pouco. Não
poderei sequer tentar criar um clima adequado para a entrevista. Eu odeio a TV
brasileira! Só meia hora para ouvir Clarice. O pessoal da técnica foi novamente
generoso e se empenhou para conseguir essa brecha. Olho o relógio, não consigo
me organizar, estou correndo, olho novamente o relógio. Estou desconcertado,
atinjo o saguão dos estúdios e a vejo ali, dez metros adiante, Clarice de pé ao
lado de uma amiga, perdida no meio do vaivém dos cenários desmontados, de
diversos equipamentos e de técnicos que falam alto, no meio de um grande
alvoroço.
Paro
diante dela, estou um pouco ofegante, estendo-lhe a mão e sou atravessado pelo
olhar mais desprotegido que um ser humano pode lançar a semelhante. Ela é
frágil, ela é tímida, e eu não tenho condições para explicar que o problema do
tempo elevou meus níveis de ansiedade. Clarice me apresenta Olga Borelli,
entramos e a conduzo ao centro do pequeno estúdio. Peço para que ela sente numa
poltrona de couro de tonalidade café-com-leite. Clarice segura apenas um maço
de Hollywood e uma caixa de fósforos, providencio um cinzeiro, os refletores
malditos são ligados. Clarice me olha. O olhar de Clarice me interroga, só
disponho de uma única câmera, o olhar de Clarice suplica, Olga se ajeita numa
lateral escurecida, chega Miriam, a estagiária do programa e fica encolhida e
calada, o calor está ficando insuportável e o ar-condicionado não está
ajustado, são apenas quatro e vinte, Clarice tenta me dizer alguma coisa mas
não falo com ela, preocupado em ajustar uma questão de iluminação, o hálito da fornalha
já nos atinge a todos, devemos ter agora no estúdio uns 50 ou 60 graus, maldita
TV, bendita TV do terceiro mundo que me possibilita estar agora frente a frente
com ela, Clarice me olha melindrosa, assustada e seu olhar me pede para que a
tranquilize.
“OK,
Júlio, tudo pronto”, a voz metálica vem da caixa dos alto-falantes. Peço a toda
equipe para sair, cabo man, iluminador, assistente de estúdio, agradeço.
Clarice percebe que caiu numa arapuca e já não há como voltar atrás. Peço
silêncio e depois de uns dez segundos ecoa um “gravando”.
Não
conversamos antes e disponho apenas de 23 minutos. Estou completamente
desconcertado, fico um minuto em silêncio fitando Clarice. Estou oco, vazio,
não sei o que dizer. Clarice me olha curiosa, mas vigilante, defendida. Sou o
senhor do castelo e — prepotente — guardo comigo a chave desta prisão. Ninguém
pode entrar ou sair sem meu expresso consentimento. Todos devem se submeter à
minha autoritária vontade.
A
fornalha arde, meu coração dispara, minha boca está seca e debaixo destes
tirânicos mil sóis sou o maior dos tiranos. Começa a entrevista. A entrevista
avança. Seus olhos azuis-oceânicos revelam solidão e tristeza. Clarice está
nua, não há perdão, Clarice agora está encapotada, ela se deixa agarrar, mas
logo escapa, e volta, e me pega, e me sugere o longe, o não dizível, depois se
cala. E quando nada mais espero, ela volta a falar. Faço uma antientrevista,
pausas, silêncios, Clarice agora está fugindo para uma galáxia inabitada e
inatingível, mas volta em seguida e, tolerante, suporta toda a minha limitação.
Acho
que ela vai se levantar a qualquer instante e me dizer: “Chega!”. Clarice
pressente que por trás de meu sorriso aparentemente compreensivo e de minha
fala suave esconde-se um ser diabólico autodenominado “repórter” e que quer
possuir sua intimidade. Seu corpo exprime receios, ela me afasta, mas de novo
me atrai, suas pernas se cruzam e se descruzam sem parar e telegrafam que de
repente ela poderá se levantar e partir.
Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
É
um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde quando havia Lispector na
Ucrânia. Ele disse que há gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome
foi rolando, rolando, rolando, perdendo algumas sílabas e foi formando outra
coisa que parece “Lis” e “peito”, em latim. É um nome que quando escrevi meu
primeiro livro, Sérgio Milliet (eu era completamente desconhecida, é claro) diz
assim: “Essa escritora de nome desagradável, certamente um pseudônimo…”. Não
era, era meu nome mesmo.
Você
chegou a conhecer o Sérgio Milliet pessoalmente?
Nunca.
Porque eu publiquei o meu livro e fui embora do Brasil, porque eu me casei com
um diplomata brasileiro, de modo que não conheci as pessoas que escreveram
sobre mim.
Clarice,
seu pai fazia o que profissionalmente?
Representações
de firmas, coisas assim. Quando ele, na verdade, dava era para coisas do
espírito.
Há
alguém na família Lispector que chegou a escrever alguma coisa?
Eu
soube ultimamente, para minha enorme surpresa, que minha mãe escrevia. Não
publicava, mas escrevia. Eu tenho uma irmã, Elisa Lispector, que escreve
romances. E tenho outra irmã, chamada Tânia Kaufman, que escreve livros
técnicos.
Você
chegou a ler as coisas que sua mãe escreveu?
Não,
eu soube há poucos meses. Soube através de uma tia: “Sabe que sua mãe fazia um
diário e escrevia poesias?” Eu fiquei boba…
Nas
raras entrevistas que você tem concedido surge, quase que necessariamente, a
pergunta de como você começou a escrever e quando?
Antes
de sete anos eu já fabulava, já inventava histórias, por exemplo, inventei uma
história que não acabava nunca. Quando comecei a ler comecei a escrever também.
Pequenas histórias.
Quando
a jovem, praticamente adolescente Clarice Lispector, descobre que realmente é a
literatura aquele campo de criação humana que mais a atrai, a jovem Clarice tem
algum objetivo específico ou apenas escrever, sem determinar um tipo de
público?
Apenas
escrever.
Você
poderia nos dar uma ideia do que era a produção da adolescente Clarice
Lispector?
Caótica.
Intensa. Inteiramente fora da realidade da vida.
Desse
período você se lembra do nome de alguma produção?
Bem,
escrevi várias coisas antes de publicar meu primeiro livro. Eu escrevia para
revistas — contos, jornais. Eu ia com uma timidez enorme, mas uma timidez
ousada. Eu sou tímida e ousada ao mesmo tempo. Chegava lá nas revistas e dizia:
“Eu tenho um conto, você não quer publicar?” Aí me lembro que uma vez foi o
Raimundo Magalhães Jr. que olhou, leu um pedaço, olhou para mim e disse: “Você
copiou isso de quem?” Eu disse: “De ninguém, é meu”. Ele disse: Você traduziu?”
Eu disse: “Não”. Ele disse: “Então eu vou publicar”. Era sim, era meu trabalho.
Você
publicava onde?
Ah,
não me lembro… Jornais, revistas.
Clarice,
a partir de qual momento você efetivamente decidiu assumir a carreira de
escritora?
Eu
nunca assumi.
Por
quê?
Eu
não sou uma profissional, eu só escrevo quando eu quero. Eu sou uma amadora e
faço questão de continuar sendo amadora. Profissional é aquele que tem uma
obrigação consigo mesmo de escrever. Ou então com o outro, em relação ao outro.
Agora eu faço questão de não ser uma profissional para manter minha liberdade.
A
sua produção ocorre com frequência ou você tem períodos?
Tenho
períodos de produzir intensamente e tenho períodos-hiatos em que a vida fica
intolerável.
E
esses hiatos são longos?
Depende.
Podem ser longos e eu vegeto nesse período ou então, para me salvar, me lanço
logo noutra coisa, por exemplo, eu acabei uma novela, estou meio oca, então
estou fazendo histórias para crianças.
Como
você explica a Clarice Lispector voltada para a literatura infantil?
Começou
com meu filho quando ele tinha seis anos, seis ou cinco anos, me ordenando que
escrevesse uma história para ele. E eu escrevi. Depois guardei e nunca mais
liguei. Até que me pediram um livro infantil. Eu disse que não tinha. Eu tinha
inteiramente esquecido daquilo. Era tão pouco literatura para mim, eu não
queria usar isso para publicar. Era para o meu filho. Aí lembrei: “Bom, tenho,
sim”. Então foi publicado. Foram publicados três livros de literatura infantil
e estou fazendo o quarto agora.
É
mais difícil você se comunicar com o adulto ou com a criança?
Quando
me comunico com criança é fácil porque sou muito maternal. Quando me comunico
com o adulto, na verdade, estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma.
O
adulto é sempre solitário?
O
adulto é triste e solitário.
E
a criança?
A
criança tem a fantasia solta.
A
partir de que momento, de acordo com a escritora, o ser humano vai se
transformando em triste e solitário?
Ah,
isso é segredo. Desculpe, não vou responder. A qualquer momento da vida, basta
um choque um pouco inesperado e isso acontece. Mas eu não sou solitária. Tenho
muitos amigos. E só estou triste hoje porque estou cansada. No geral sou
alegre.
Normalmente
o contato do jovem estudante com você revela que tipo de preocupação?
Revela
coisas surpreendentes, que eles estão na minha.
O
que significa “estar na sua”?
É
que eu penso às vezes que eu estou isolada e quando eu vejo estou tendo
universitários, gente muito jovem, que está completamente ao meu lado e é
gratificante, não é?
Nós
ouvimos com frequência que as novas gerações pouco leem no Brasil. Você
confirma isso?
Bem,
os universitários são obrigados a ler porque impõem a eles a obra. Agora não
estou a par dos outros.
De
seus trabalhos qual aquele que você acredita que mais atinja o público jovem?
Depende.
Por exemplo, o meu livro “A Paixão Segundo G.H”, um professor de português do
Pedro II veio até minha casa e disse que leu quatro vezes e ainda não sabe do
que se trata. No dia seguinte uma jovem de 17 anos, universitária, disse que
este é o livro de cabeceira dela. Quer dizer, não dá para entender.
E
isso acontece em relação a outros trabalhos seus?
Também
em relação ao outros trabalhos, ou toca ou não toca. Suponho que não entender
não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Tanto
que o professor de português e literatura, que deveria ser o mais apto a me
entender, não me entendia. E a moça de 17 anos lia e relia o livro, não é? O
que é um alívio.
Antes
de nos encontrarmos aqui no estúdio você me dizia que está começando um novo
trabalho agora, uma novela…
Não,
eu acabei a novela.
Que
novela é essa, Clarice?
É
a história de uma moça que só comia cachorro-quente. A história é de uma
inocência pisada, de uma miséria anônima…
O
cenário dessa novela é…
É
o Rio de Janeiro… Mas o personagem é nordestino, é de Alagoas…
Onde
você foi buscar a inspiração, dentro de si mesma?
Eu
morei no Recife, me criei no Nordeste. E depois, no Rio de Janeiro tem uma
feira de nordestinos no Campo de São Cristóvão e uma vez eu fui lá. E peguei o
ar meio perdido do nordestino no Rio de Janeiro. Daí começou a nascer a ideia.
Depois eu fui a uma cartomante e ela disse várias coisas boas que iam acontecer
e imaginei, quando tomei o táxi de volta, que seria muito engraçado se um táxi
me atropelasse e eu morresse depois de ter ouvido todas aquelas coisas boas.
Então a partir daí foi nascendo também a trama da história.
Qual
o nome da heroína da novela?
Não
quero dizer. É segredo.
E
o nome da novela, você poderia revelar?
Treze
nomes, treze títulos.
Rilke,
em seu livro “Cartas a um Jovem Poeta”, respondendo a uma das missivas,
pergunta a um jovem que pretendia se tornar escritor: se você não pudesse mais
escrever, você morreria? A mesma pergunta eu transfiro a você.
Eu
acho que, quando não escrevo estou morta.
Esse
período?
É
muito duro, esse período entre um trabalho e outro, e ao mesmo tempo é
necessário para haver uma espécie de esvaziamento para poder nascer alguma
outra coisa, se nascer. É tudo tão incerto…
Clarice,
mas como é que você escreve? Existe algum horário específico?
Em
geral de manhã cedo. As minhas horas preferidas são as da manhã.
Você
acorda a que horas?
Quatro
e meia, cinco horas. Fico fumando, tomando café, sozinha sem nenhuma
interferência. Quando estou escrevendo alguma coisa eu anoto a qualquer hora do
dia ou da noite, coisas que me vêm. O que se chama inspiração, não é? Agora
quando estou no ato de concatenar as inspirações, aí sou obrigada a trabalhar
diariamente.
Você
se considera uma escritora popular?
Não.
Por
qual razão?
Me
chamam de hermética. Como é que eu posso ser popular sendo hermética?
E
como você vê esta observação “hermética”?
Eu
me compreendo. De modo que não sou hermética para mim. Bom, tem um conto meu
que não compreendo muito bem…
Que
conto?
“O
ovo e a galinha”.
Entre
seus diversos trabalhos existe um filho predileto. Qual aquele que você vê com
maior carinho até hoje?
“O
ovo e a galinha”, que é um mistério para mim. Uma coisa que eu escrevi sobre um
bandido, um criminoso chamado Mineirinho, que morreu com três balas quando uma
só bastava. E que era devoto de São Jorge e que tinha uma namorada.
Sobre
esse seu trabalho em torno de Mineirinho, qual o enfoque você deu?
Eu
não me lembro muito bem, já faz bastante tempo. Há qualquer coisa assim como “o
primeiro tiro me espanta, o segundo tiro não sei o que, o terceiro tiro…” Eu me
transformei no Mineirinho, massacrado pela polícia. Qualquer que tivesse sido o
crime dele uma bala bastava, o resto era vontade de matar. Era prepotência.
Em
que medida o trabalho de Clarice Lispector no caso específico de Mineirinho
pode alterar a ordem das coisas?
Não
altera em nada. Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere
qualquer coisa.
No
seu entender, qual é o papel do escritor brasileiro hoje?
De
falar o menos possível
Você
tem mantido contato como outros escritores?
Eventualmente.
Quais
aqueles que você acredita serem os mais significativos?
Eu
prefiro não citar nomes porque eu vou esquecer alguns e vai ofender, vai ferir.
Assim, eu não cito ninguém.
Você
discute muito com a Clarice Lispector escritora?
Não.
Eu me deixo ser…
E
convivem em paz?
Ás
vezes não em paz, mas…
Normalmente,
que tipo de problema a Clarice Lispector escritora traz a você?
Às
vezes o fato de me considerar escritora me isola.
Por
qual razão?
Me
põe um rótulo.
E
você acredita que as pessoas olham para você através desse rótulo?
Às
vezes através desse rótulo. Tudo o que eu digo, a maior bobagem, é considerada
como uma coisa linda ou uma coisa boba. É por isso que não ligo muito para essa
coisa de ser escritora e dar entrevistas e tudo.
Você
acredita que uma pessoa vá a uma livraria comprar especificamente um livro de
Clarice Lispector?
Parece
que isso acontece. Eu sei porque às vezes me telefonam e me perguntam em que
livraria encontram meu livro. Então eu sei que tem pessoas que vão procurar
exatamente o meu livro. É que no fundo eu escrevo muito simples, sabe?
Será
que as coisas simples hoje são recebidas de maneira complicada?
Talvez,
talvez… Eu escrevo simples. Eu não enfeito.
Na
sua formação como escritora quais aqueles autores que você sente que realmente
lhe influenciaram, que marcaram?
Eu
não sei realmente porque misturei tudo. Eu lia romance para mocinhas, livro
cor-de-rosa, misturado com Dostoiévski. Eu escolhia os livros pelos títulos e
não pelos autores. Misturei tudo. Fui ler, aos treze anos, Hermann Hesse, [o
romance] “O Lobo da Estepe”, e foi um choque. Aí comecei a escrever um conto
que não acabava nunca mais. Terminei rasgando e jogando fora.
Isso
ainda acontece de você produzir alguma coisa e rasgar?
Eu
deixo de lado… Não, eu rasgo sim.
É
produto de reflexão ou de uma emoção?
Raiva,
um pouco de raiva.
De
quem?
De
mim mesma.
Por
que, Clarice?
Sei
lá, estou meio cansada.
Do
quê?
De
mim mesma.
Mas
você não renasce e se renova a cada trabalho novo?
Bom,
agora eu morri. Mas vamos ver se eu renasço de novo. Por enquanto eu estou
morta. Estou falando do meu túmulo.
Entrevista
concedida ao jornalista Júlio Lerner, em 1 de fevereiro de 1977, para o
programa “Panorama”, da TV Cultura, de São Paulo.
A Hora da Estrela (filme completo)
A Hora da Estrela(1985). Direção:
Suzana Amaral
Macabéa, uma nordestina de dezenove anos, orfã de pai, mãe e da tia que a criou, vai para o Rio de Janeiro ser datilógrafa. Ela vai morar numa pensão e tem uma vida sem muitas emoções, pois é indiferente a elas.
Elenco:
Marcélia Cartaxo .... Macabéa
José Dumont .... Olímpico de Jesus
Fernanda Montenegro .... madame Carlota, a cartomante
Tamara Taxman .... Glória
Umberto Magnani .... seu Raimundo
Denoy de Oliveira .... Pereira
english subtitles
Macabéa, uma nordestina de dezenove anos, orfã de pai, mãe e da tia que a criou, vai para o Rio de Janeiro ser datilógrafa. Ela vai morar numa pensão e tem uma vida sem muitas emoções, pois é indiferente a elas.
Elenco:
Marcélia Cartaxo .... Macabéa
José Dumont .... Olímpico de Jesus
Fernanda Montenegro .... madame Carlota, a cartomante
Tamara Taxman .... Glória
Umberto Magnani .... seu Raimundo
Denoy de Oliveira .... Pereira
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"Espelho
I" por Marcus Vinícius ( • )
DEVIR EM ÁGUA VIVA E NA ESCRITA DA
HISTÓRIA
Lohanne G. Silva1
RESUMO
O objetivo do trabalho é investigar as proximidades entre o processo de criação
de Clarice Lispector e a escrita da história. Para isso destaco como fontes e
objetos de estudo o livro Água viva (1973), o datiloscrito desta obra guardado
na Fundação Casa de Rui Barbosa e os quadros pintados por Clarice nas décadas
de 1960 e 1970, pertencentes ao acervo da mesma instituição e ao Instituto
Moreira Salles. Por meio dos documentos referentes ao percurso criativo de Clarice
Lispector, pude perceber que Água viva é uma obra elaborada detalhadamente,
contrapondo-se a uma visão de uma escrita automática. Por isso destaco a
importância da análise do processo de criação para o estudo da obra. Neste
trabalho, procuro tecer as relações entre história e literatura que se
aproximam na dimensão de uma escrita em devir e no processo criativo da
produção textual, no qual há simultaneamente inspiração e trabalho.
PALAVRAS-CHAVE:
Clarice Lispector. Água viva. História. Literatura. Processo de criação.
[...]
não há quase história senão da percepção, enquanto que aquilo do que se faz
história é antes a matéria de um devir, não de uma história.2
História
não te prometo aqui. Mas tem it.3
Isto
não é história porque não conheço história assim, mas sei só ir dizendo e
fazendo: é história de instantes que fogem como os trilhos fugitivos que veem
da janela do trem.4
Entende-me:
escrevo-te uma onomatopeia, convulsão da linguagem. Transmito-te não uma
história mas apenas palavras que vivem do som.5
Água
viva, de Clarice Lispector, é, sobretudo, um exercício de pensar diferente, de
escrever diferente. O tempo neste livro é o “já”, o “já” que é o tempo dos
instantes que se seguem, é o presente em contínuo movimento. Seu livro é
formado por devires, é movimento,
1
Doutoranda no Curso de História da Universidade Federal de Uberlândia.
2
DELEUZE, Gilles, GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia.
Tradução Suely Rolnik. v. 4. São Paulo: Ed 34, 1997. p. 165.
3
LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 38.
4
Idem, ibidem. p. 73.
5
Idem, ibidem. p. 27. 2 é linha de fuga, de desterritorialização. Não pretende
contar uma história, não tem uma narrativa delineada. Com isso Clarice procurou
vencer os instantes na intenção de falar apenas no presente, de escrever
improvisando: “Estou improvisando e a beleza do que improviso é fuga”6 .
Clarice Lispector
Escritora
e jornalista brasileira
Biografia de Clarice Lispector
Clarice
Lispector, (1920-1977) foi uma escritora e jornalista brasileira, de origem
judia, foi reconhecida como uma das mais importantes escritoras do século XX.
"A Hora da Estrela" foi seu último romance, publicado em vida.
Clarice
Lispector (1920-1977) nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro
de 1920. Filha de família de origem judaica, seu pai Pinkouss e sua mãe Mania
Lispector emigraram para o Brasil em março de 1922, para a cidade de Maceió,
Alagoas, onde morava Zaina, irmã de sua mãe. Nascida Haia Pinkhasovna
Lispector, por iniciativa do seu pai todos mudam de nome e Haia passa a se
chamar Clarice.
Em
1925 muda-se com a família para a cidade do Recife onde Clarice passa sua
infância no Bairro da Boa Vista. Aprendeu a ler e escrever muito nova. Estudou
inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais o iídiche. Com 9 anos
fica órfã de mãe. Em 1931 ingressa no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio
público da cidade.
Em
1937 muda-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar no Bairro da
Tijuca. Ingressa no Colégio Sílvio Leite, onde era frequentadora assídua da
biblioteca. Ingressa no curso de Direito. Com 19 anos publica seu primeiro
conto "Triunfo" no semanário Pan. Em 1943 forma-se em Direito e
casa-se com o amigo de turma Maury Gurgel Valente. Nesse mesmo ano estreou na
literatura com o romance "Perto do Coração Selvagem", que retrata uma
visão interiorizada do mundo da adolescência, e teve calorosa acolhida da
crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha.
Clarice
Lispector acompanha seu marido em viagens, na carreira de Diplomata do
Ministério das Relações Exteriores. Em sua primeira viagem para Nápoles,
Clarice trabalha como voluntária de assistente de enfermagem no hospital da
Força Expedicionária Brasileira. Também morou na Inglaterra, Estados Unidos e
Suíça, sempre acompanhando seu marido.
Em
1949, nasce na Suíça seu primeiro filho, Pedro, e em 1953 nasce nos Estados
Unidos o segundo filho, Paulo. Em 1959, Clarice se separa do marido e retorna
ao Rio de Janeiro, com os filhos. Logo começa a trabalhar no Jornal Correio da
Manhã, assumindo a coluna Correio Feminino. Em 1960 trabalha no Diário da Noite
com a coluna Só Para Mulheres, e lança "Laços de Família", livro de
contos, que recebe o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 1961
publica "A Maçã no Escuro" pelo qual recebe o prêmio de melhor livro
do ano em 1962.
Clarice
Lispector sofre várias queimaduras no corpo e na mão direita, quando dorme com
um cigarro aceso, em 1966. Passa por várias cirurgias e vive isolada, sempre
escrevendo. No ano seguinte publica crônicas no Jornal do Brasil e lança
"O Mistério do Coelho Pensante". Passa a integrar o Conselho
Consultivo do Instituto Nacional do Livro. Em 1969, já tinha perto de doze
volumes publicados. Recebeu o prêmio do X Concurso Literário Nacional de
Brasília.
A
melhor prosa da autora se mostra nos contos de "Laços de Família"
(1960) e de "A Legião Estrangeira" (1964). Em obras como "A Maçã
no Escuro" (1961), "A Paixão Segundo G.H." (1961) e
"Água-Viva" (1973), os personagens, alienados e em busca de um
sentido para a vida, adquirem gradualmente consciência de si mesmos e aceitam
seu lugar num universo arbitrário e eterno.
Clarice
Lispector, escreveu "Hora da Estrela" em 1977, onde conta a história
de Macabéa, moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande. A versão
cinematográfica desse romance, dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistou
os maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcélia
Cartaxo, que fez o papel principal, o troféu Urso de Prata em Berlim em 1986.
Clarice
Lispector morreu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977. Seu corpo foi
sepultado no cemitério Israelita do Caju.
Obras de Clarice Lispector
Perto
do Coração Selvagem, romance, 1944
O Lustre, romance, 1946
A Cidade Sitiada, romance, 1949
Alguns Contos, conto, 1952
Laços de Família, conto, 1960
A Maçã no Escuro, romance, 1961
A Paixão Segundo G.H., romance, 1961
A Legião Estrangeira, conto, 1964
O Mistério do Coelho Pensante, literatura infantil, 1967
A Mulher Que Matou os Peixes, literatura infantil, 1969
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, romance, 1969
Felicidade de Clandestina, conto, 1971
Água Viva, romance, 1973
Imitação da Rosa, conto, 1973
A Via Crucis do Corpo, conto, 1974
A Vida Íntima de Laura, literatura infantil, 1974
A Hora da Estrela, romance, 1977
O Lustre, romance, 1946
A Cidade Sitiada, romance, 1949
Alguns Contos, conto, 1952
Laços de Família, conto, 1960
A Maçã no Escuro, romance, 1961
A Paixão Segundo G.H., romance, 1961
A Legião Estrangeira, conto, 1964
O Mistério do Coelho Pensante, literatura infantil, 1967
A Mulher Que Matou os Peixes, literatura infantil, 1969
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, romance, 1969
Felicidade de Clandestina, conto, 1971
Água Viva, romance, 1973
Imitação da Rosa, conto, 1973
A Via Crucis do Corpo, conto, 1974
A Vida Íntima de Laura, literatura infantil, 1974
A Hora da Estrela, romance, 1977
Referências
https://www.wook.pt/autor/irving-wallace/7857
http://www.congressohistoriajatai.org/anais2014/Link%20(157).pdf
https://www.ebiografia.com/clarice_lispector/
http://www.carlaportugues.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/apaixaosegundogh.pdf
http://www.revistabula.com/503-a-ultima-entrevista-de-clarice-lispector/
http://www.carlaportugues.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/apaixaosegundogh.pdf
http://www.revistabula.com/503-a-ultima-entrevista-de-clarice-lispector/
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