Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 21 de abril de 2025
ÚLTIMA AUDIÊNCIA
adeus, A Deus
Beethoven - 9ª Sinfonia - Ode a Alegria
Título: "A Última Audiência: Uma Entrada com Presença"
(Peça em um ato celestial, dramaticamente engraçada, profundamente humana)
Cenário: Portões do Céu, 21 de abril de 2025.
Os sinos não tocam — eles vibram em frequência quântica. Um silêncio respeitoso paira sobre as nuvens. No fundo, um coral de anjos afina vocalizações franciscanas misturadas com acordes de Villa-Lobos. Uma brisa suave, aromatizada com incenso de café mineiro e lavanda do Vaticano, percorre os corredores celestiais.
Ato Único: A chegada de um argentino com alma italiana, fé latino-americana e coração franciscano.
(Som de passos firmes. Entra, de branco e de tênis, o Papa Francisco. Carrega na mão um terço e uma cópia amarrotada da "Laudato Si’". Olha para cima, sorri e diz em tom bem-humorado):
Papa Francisco
"Pelo menos aqui o Wi-Fi é eterno, né? Três dias offline e não me deixaram nem descansar. Achei que era só com Jesus esse negócio!"
(Risadas no céu. Uma névoa se desfaz e revela TANCREDO NEVES, de terno sóbrio, mineiramente elegante, com um copinho de café na mão. Ao lado dele, MIGUEL DE SIMONI segura uma pasta de couro repleta de anotações manuscritas, e mais atrás, surge um professor jovem, com um multímetro no bolso da bata e olhos brilhando de inteligência calma.)
Tancredo Neves
"Excelência, seja bem-vindo. Aqui o poder não corrompe, só... ilumina. Ainda bem que o senhor chegou — a turma anda meio sem rumo desde que São Pedro trocou a chave pelo QR code."
Papa Francisco
"Tancredo! Mas que honra, meu irmão! Você foi o presidente da esperança, e não deixou que a doença apagasse a democracia."
Tancredo (com modéstia mineira):
*"Eu apenas deixei a conversa fluir. Aqui a gente vive do que não deu tempo de terminar lá embaixo."
(Miguel de Simoni se aproxima, sereno, quase franciscano. Seus olhos parecem ter lido todas as dores do mundo e transformado em teses de ternura.)
Miguel de Simoni
"Santo Padre, que alegria! Trouxe o Senhor algo mais valioso que encíclicas: o trabalho com sentido. Aqui usamos sua ‘Economia de Francisco’ como leitura obrigatória. Aliás, São Francisco está na horta agora — colhendo tomates com Sócrates e Leonardo da Vinci."
Papa Francisco (rindo)
*"Espero que esteja usando adubo orgânico."
(O professor jovem se aproxima, tímido mas seguro. Tem uma aura que brilha menos por ostentação e mais por dedicação silenciosa.)
Professor de Eletrônica da UFRJ
"Santidade, o senhor não me conhece, mas o Espaço Miguel de Simoni teve em mim um servo. Eu só tentei fazer o que o senhor pregou: cuidar do conhecimento com humildade e colocar a tecnologia a serviço do humano."
Papa Francisco
*"Meu filho... Você é exatamente quem Jesus lavaria os pés primeiro. Me conte, como é esse seu trem flutuante?"
Professor (sorrindo):
"É poesia em supercondutividade. E é pra todos. Democratizar a ciência foi minha oração."
(Luz suave invade o palco celestial. Uma música começa a tocar – algo entre “Ode à Alegria” e “Romaria”.)
Miguel de Simoni (voltando-se ao público):
"Trabalhar é viver em comunhão. É encontrar o outro. É fazer da existência um projeto coletivo. E se a Terra clama por sentido, que cada trabalho seja uma semente de eternidade."
Papa Francisco (em lágrimas contidas, com um olhar fixo no horizonte da eternidade):
"Então vamos começar de novo... com alma, com presença, com ternura. O Reino de Deus precisa de trabalhadores — mas com coração."
(CORTINA. Aplausos. São Pedro aparece no telão celestial com a legenda “#BemVindoIrmão”).
Epílogo (voz em off de Clarice Lispector, ou pelo menos uma anja parecida):
"E no Céu, a santidade se mede não pelo brilho da auréola, mas pela luz que se acendeu nos outros, mesmo nos dias escuros da Terra."
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ELIS REGINA / ROMARIA / LETRA / LEGENDA
Música | Edu Lobo - Pra dizer adeus
Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto
Eu queria dizer, vem
Eu só sei dizer, vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus
Adeus
Composição: Torquato Neto / Edú Lobo.
By Edson Jaspers MPB
Fernando Benetti
23 de jun. de 2009
Vídeo produzido em 2009 para a disciplina de Imagem e Som da Universidade do Estado de Santa Catarina.
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