Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos.
As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 25 de abril de 2025
"O Grande Gilmar: Entre as Redes do Futebol e os Laços do Direito"
sexta-feira, 25 de abril de 2025
21 de abril. Que data! - Orlando Thomé Cordeiro*Correio BrazilienseSeparados por 40 anos, Tancredo e o papa foram responsáveis, cada um à sua maneira, por se entregarem à missão de transmitir esperança e fé em dias melhores
Dia 21 de abril ficou fixado no calendário brasileiro como o Dia de Tiradentes, tornando-se feriado nacional desde 1890, por meio de um decreto do governo provisório chefiado por Deodoro da Fonseca. A República, proclamada no ano anterior, encontrou no alferes um símbolo importante como contraponto à monarquia. Sessenta anos depois, no governo Dutra, é promulgada a Lei 1.266/1950 que, em seu Artigo 3º, estabelece: "é feriado nacional o dia 21 de abril, consagrado à glorificação de Tiradentes e anseios de independência do país e liberdade individual".
Interessante registrar que o texto legal refletia o momento político do pós-Segunda Guerra, marcado pelo anseio por democracia, após o longo período do Estado Novo, e por um forte sentimento nacionalista, em que a campanha "O petróleo é nosso" foi um dos principais símbolos. Essas ideias-força mantiveram-se presentes no imaginário popular e foram elementos de destaque nas campanhas presidenciais de 1950, 1955 e 1960.
Mesmo durante boa parte da ditadura, iniciada com o golpe de 1964, os governantes fizeram campanhas publicitárias em que nacionalistas eram o carro-chefe. "Brasil, ame-o ou deixe-o", "Esse é um país que vai pra frente" e "Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil" foram divulgados massivamente nos meios de comunicação, além de adesivos colados nos vidros de centenas de milhares de carros e janelas residenciais.
Porém, para a parcela da minha geração nascida no fim dos anos 1950 e que lutou pelo restabelecimento da democracia em nosso país, essa data revela um fato tão triste quanto relevante. Há 40 anos, nesse mesmo dia, morria Tancredo Neves, após pouco mais de três meses de sofrimento e agonia que mobilizaram a atenção de toda população brasileira, torcendo e rezando por sua recuperação.
Apesar de ter sido eleito de forma indireta pelo Colégio Eleitoral, nos meses anteriores ao histórico 15 de janeiro de 1985, o país presenciou uma campanha popular que resgatou e manteve o pique de mobilização das Diretas Já, comprovando que o político mineiro encarnava a esperança representada no slogan "Muda Brasil", Tancredo já. O clima era contagiante. Na véspera da eleição, Cazuza e o Barão Vermelho cantavam Pro dia nascer feliz, no Rock in Rio. Ao final, o poeta deixou sua mensagem: "Que o dia nasça lindo pra todo mundo amanhã. Um Brasil novo, com uma rapaziada esperta! Valeu!".
Foi muito difícil superar a frustração trazida pelo seu falecimento. Parecia que estávamos destinados, como nação, a não termos um futuro promissor. Felizmente, o país conseguiu ir em frente, fazendo a travessia para completar o mais longo período democrático de nossa República. Não foram águas calmas, principalmente nos últimos 12 anos, quando presenciamos o crescimento do sentimento de ódio e intolerância que tem contaminado a vida política brasileira.
Nesse mesmo período iniciado em 2013, pudemos conviver com uma liderança mundial que, pouco a pouco, foi nos conquistando em razão de algumas de suas principais características como ser humano: compaixão, solidariedade, humildade, firmeza de caráter, sinceridade, bom humor, simplicidade.
Sua permanente pregação era baseada na valorização do amor ao próximo e no acolhimento. Sempre procurava transmitir confiança e otimismo, mesmo nas situações mais desafiadoras para seus interlocutores. Seja quando se dirigia a uma multidão, seja em uma conversa por telefone.
Óbvio que estou me referindo ao papa Francisco, cuja morte ocorreu na última segunda-feira. Católicos e religiosos de todas as denominações, além de ateus, como eu, não esconderam a emoção provocada por sua partida. Lembramo-nos todos de sua atuação na defesa das vítimas das mais diversas formas de exclusão nos quatro cantos do mundo. Sem abrir mão dos dogmas e apoiado em sua fé, estendeu a mão para quem dela precisava.
Quis o destino que o político da conciliação nacional e o religioso argentino partissem no mesmo dia 21 de abril. Separados por 40 anos, os dois foram responsáveis, cada um à sua maneira, por se entregarem à missão de transmitir esperança e fé em dias melhores para a população brasileira e mundial.
Em tempos conturbados como os atuais, precisaremos cada vez mais de lideranças com esse perfil. Que sejamos capazes de nos inspirar nesses exemplos para podermos dar nossa contribuição, individual e coletiva, em direção a um mundo mais justo e menos desigual, em que as liberdades democráticas superem os arroubos autocráticos.
Viva Francisco! Viva Tancredo! Viva Tiradentes!
*Consultor em estratégia
Lançamento livro de José Antonio SegattoLANÇAMENTOJosé Antônio TavaresCAPITALISMO & SOCIALISMO
problemas históricos e práticos
O capitalismo e o socialismo — em suas diferentes acepções — surgem como as duas principais formas de organização da sociedade a partir do século XIX. No decorrer do tempo, o capitalismo, especialmente a partir da Revolução Industrial, vai se desenvolver e expandir para todo o mundo, tornando-se hegemônico. Já o socialismo, proposto em suas vertentes utópica, científica e real (experiências práticas), apresentará modelos alternativos para a organização econômica e social da sociedade. Este livro apresenta um estudo sobre o capitalismo e o socialismo em suas principais formulações e práticas, investigando o contexto histórico de surgimento, as principais ideias que fundamentam cada uma dessas formas de organização, bem como algumas práticas que se desenvolveram a partir delas. Nesse sentido, pretende-se contribuir para o debate, fomentando a análise crítica e histórica sobre essas duas formas de organização social.
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sexta-feira, 25 de abril de 2025
O que foi o 25 de Abril?Quando, a 25 de Abril de 1974, um grupo de jovens capitães levou a cabo um golpe de Estado que, em menos de 24 horas, derrubou a ditadura que dominava Portugal há mais quatro décadas, o rumo da história nacional mudou decisivamente.
As suas vidas, assim como as de milhares de portugueses, estavam prestes a alterar-se radicalmente. Em breve, o golpe deu lugar a uma Revolução que, durante quase dois anos, agitou o país, abrindo um amplo leque de possibilidades quanto ao caminho a seguir.
Guerra colonial
Existe um amplo consenso quanto ao facto de o detonador do 25 de Abril ter sido a guerra colonial, iniciada em Angola, em 1961, e que rapidamente se estendeu a novas frentes (Guiné, 1963; Moçambique, 1964), sem solução militar à vista.
Contribuindo determinantemente para a radicalização das oposições e da contestação social ao Estado Novo, a guerra teve um efeito mortal sobre as Forças Armadas, um dos pilares centrais do regime. Foi em resposta a nova legislação que visava suprir a falta de oficiais na frente de combate em África que, em setembro de 1973, se constitui o Movimento dos Capitães/Movimento das Forças Armadas.
A fase conspirativa foi relativamente breve, dando lugar um rápido processo de politização do Movimento. Os sinais de que o fim do regime estava iminente, perante a sua intransigência em manter o esforço de guerra, adensaram-se a partir de inícios de 1974, contando-se entre eles a publicação de Portugal e o Futuro (22 de fevereiro), a cerimónia da «brigada do reumático» (14 de março), a demissão dos generais Costa Gomes e António de Spínola da chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas (15 de março) e a saída em falso do Regimento de Infantaria n.º 5, das Caldas da Rainha (16 de março).
Impacto internacional
O impacto da intervenção dos capitães rapidamente transcendeu as fronteiras nacionais, num mundo dividido pela Guerra Fria e abalado pela recente crise petrolífera. Os que se apressaram a estabelecer um paralelo entre estes acontecimentos e os que, um ano antes, tinham ocorrido no Chile (“golpe Pinochet”), rapidamente se desenganam.
Negando todos os modelos mais comuns de intervenção dos militares nos processos de mudança política, o golpe foi levado a cabo pela oficialidade intermédia (capitães e oficiais subalternos), à margem da hierarquia das Forças Armadas, e sem a interferência de partidos ou movimentos políticos.
Além do mais, os Capitães de Abril apresentaram um programa de democratização em que, para além da restauração das liberdades fundamentais, se determinava a constituição de um governo civil e a realização de eleições livres.
Do mesmo modo, imprevisivelmente, depois de mais de uma década a lutar nas frentes de África, iniciaram um processo de descolonização que se traduziu, a breve trecho, na concessão da independência aos antigos povos coloniais. Esta situação singular apanhou desprevenida a comunidade académica, mas também as elites dirigentes mundiais, a braços com a difícil tarefa de integrar o caso português na grelha de análise estabelecida.
Duas interpretações
Os estudos sobre o 25 de Abril de 1974 têm oscilado entre duas linhas interpretativas opostas. Por um lado, os que destacam o seu pioneirismo, apresentando-o como um acontecimento precursor da terceira vaga de transições para a democracia. Por outro lado, os que salientam o seu “atraso”, filiando-o em movimentos revolucionários do passado. Adotando a expressão cunhada por S. Huntington, a primeira linha apresenta o 25 de Abril como inaugurador da vaga de democratizações do último terço do século XX. Antecipando o fim da ditadura militar grega em três meses, a transição pactuada de Adolfo Suárez em Espanha em dois anos e as transições na América do Sul e na Europa de Leste em uma e duas décadas, respetivamente, a experiência portuguesa abriu novos ângulos de análise sobre a mudança política e, muito particularmente, sobre os processos de democratização.
Estas e outras realidades levam alguns autores a questionar a ideia de que Portugal foi precursor da terceira vaga de transições para a democracia, salientando, ao invés, o seu atraso. Filiando o 25 de Abril nas transformações inauguradas com a derrota militar dos regimes autoritários conservadores no decurso da II Guerra Mundial, apresentam o 25 de Abril como um 1945 renovado com ingredientes do Maio de 1968, datas perdidas em Portugal nas suas edições originais. Assim, mais do que um movimento pioneiro, o 25 de Abril deveria ser apresentado como o último exemplo de uma série de descolonizações dos impérios coloniais e de transição falhada para o socialismo.
Visto de fora
A originalidade da transição portuguesa foi, de imediato, assinalada pela imprensa internacional. A 6 de maio de 1974, a Newsweek chama a atenção para o facto de os portugueses sempre terem revelado uma “maneira muito sua” de fazer “as coisas”, utilizando como exemplo o facto de “mesmo aquele sangrento espetáculo ibérico, a tourada”, adquirir em Portugal “uma característica especial, cavalheiresca, pois o touro nunca é morto”.
Todos os que, desde fora, observaram a evolução política portuguesa em 1974-1975 são unânimes em assinalar a sua excecionalidade. O jornalista do Le Monde Dominique Pouchin refere-se-lhe como o “último teatro leninista”, uma “Cuba na Europa do Sul”. As viagens de turismo cultural organizadas pela agência Nouvelles Frontières deixam patentes que, para os jovens europeus acabados de sair da experiência do Maio de 68, esta era a possibilidade de observar in loco o que apenas conheciam dos manuais. Portugal era um laboratório de análise política e social, onde decorria a última revolução de esquerda da Europa.
Os acontecimentos da Revolução
Os 19 meses de revolução são pródigos em acontecimentos: três tentativas frustradas de ‘golpe’ de Estado; seis governos provisórios; dois Presidentes da República; a intervenção dos militares na política; as alianças que os seus diversos setores estabelecem com diferentes grupos políticos e movimentos sociais; a ação dos partidos e movimentos políticos; as nacionalizações e o desencadeamento da reforma agrária; as experiências de controlo operário e autogestão; a multiplicação das iniciativas populares; os casos República e Renascença e toda a turbulência que percorre o campo dos media; a desconfiança das potências ocidentais de que Portugal se transformasse num cavalo de Tróia da NATO; o debate sobre a essência do socialismo português, permitindo a coexistência de experiências e conceções radicais com projetos políticos mais tradicionais que apontavam para a instauração de uma democracia parlamentar de tipo ocidental ou, então, para um modelo estatizante, inspirado na experiência soviética; o peso esmagador da política que inunda as ruas, os quartéis, as fábricas, os campos.
Todas as possibilidades estavam em aberto, sendo que, no final, esta foi “a Revolução possível e lúcida” (Eduardo Lourenço).
Quarteto em Cy - Pot Pourri Chico Buarquerpmusicvideo
14 de set. de 2018
Saravá Vinicius (ao vivo – São Paulo 1974)
Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy & Toquinho
Noite Dos Mascarados
Pedro Pedreiro
Roda Viva
Construçao
Deus Lhe Pague
Fado Tropical
Tatuagem
Ñao Existe Pecado ao Sul do Equador
Música
1 músicas
Pot-Pourri: Noite Dos Marcarados / Pedro Pedreiro / Roda Viva / Construçao / Deus Lhe Pague / Fado Tropical / Tatuagem / Não Existe Pecado Ao Sul do Equador (En Vivo)
Quarteto em Cy
Saravá Vinicius (ao Vivo Em São Paulo 1974)Epígrafe:“O apelido do goleiro bicampeão mundial (1958 e 1962) pela Seleção Brasileira, Gilmar dos Santos Neves, era simplesmente Gilmar. Ele também era conhecido como 'O Grande Gilmar'.”
“O Grande Gilmar”: Justiça, Memória e a Cicatriz da História“O apelido do goleiro bicampeão mundial (1958 e 1962) pela Seleção Brasileira, Gilmar dos Santos Neves, era simplesmente Gilmar. Ele também era conhecido como 'O Grande Gilmar'.”Epitáfio
"A cicatriz é a tatuagem da história sobre a pele da memória — e sua tinta, o tempo."
Ministro Gilmar Mendes no STF — Crédito: Platobr / Correio Braziliense
I. O Julgamento do Ex-Presidente Fernando Collor e o Pedido de Destaque de Gilmar Mendes
Em 25 de abril de 2025, o Supremo Tribunal Federal deu início à análise virtual da ordem de prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado a 8 anos e 10 meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no contexto da Operação Lava-Jato. A decisão foi relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, com adesão imediata de Flávio Dino.
O julgamento, porém, teve reviravolta: o ministro Gilmar Mendes, decano da Corte, torcedor confesso do Santos Futebol Clube, pediu destaque — mecanismo regimental que transfere o caso do plenário virtual para deliberação física. Ainda que tecnicamente a votação possa prosseguir virtualmente até o fim do dia, a definição concreta da prisão ficou condicionada ao novo julgamento presencial.
A atuação de Gilmar Mendes, nesse contexto, evoca uma analogia com o papel do goleiro Gilmar dos Santos Neves — ídolo da Seleção Brasileira nas Copas de 1958 e 1962 — como último defensor. Se no futebol Gilmar impedia o gol, no STF o ministro atua como freio institucional. “O Grande Gilmar” ressurge, desta vez na arena jurídica.
II. Cicatrizes e Tatuagens da Justiça: Paralelo com Graciliano Ramos
A intervenção de Gilmar Mendes também pode ser lida à luz das reflexões de Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere. Neste clássico, o autor alagoano descreve a figura de um preso que tentava apagar uma tatuagem no braço — um esqueleto — cuja imagem mutilada se tornava cicatriz perpétua, metáfora da experiência carcerária.
“Inútil tentar eliminar a cicatriz subjetiva, a marca da ferida iria persegui-lo para sempre.” (RAMOS, 2008)
Assim como a tatuagem-cicatriz que não se apaga, a prisão de Collor, neto de Lindolfo Collor — ministro de Getúlio Vargas durante o autoritarismo dos anos 1930 — parece trazer de volta os fantasmas da repressão política e da seletividade penal. O próprio Graciliano foi vítima de prisão arbitrária na mesma Alagoas em que Collor foi detido 90 anos depois.
A memória do cárcere, como ensina Graciliano, é reescrita no presente, ainda que seja movida por fatos do passado. A manobra jurídica do pedido de destaque também é um modo de reescrever simbolicamente a narrativa do julgamento — postergando sua execução e reconfigurando seus efeitos sociais.
III. A Seleção Brasileira e o Bicampeonato no Chile (1962)
Como contraponto simbólico à crise institucional, vale lembrar o contexto da consagração esportiva nacional: o Bicampeonato Mundial da Seleção Brasileira em 1962, no Chile, liderado por nomes como Garrincha, Vavá e o goleiro Gilmar dos Santos Neves.
🟡 Brasil 4 x 2 Chile – Semifinal da Copa de 1962
🟢 Brasil 3 x 1 Tchecoslováquia – Final da Copa de 1962IV. As Músicas da Memória: Cicatrizes e Tatuagens
A metáfora da tatuagem e da cicatriz se projeta também na música brasileira, que tanto dialoga com a experiência da dor, da história e do corpo como campo de inscrição do tempo.
🎵 “Cicatrizes” – MPB4
CicatrizesRoberto Ribeiro
🎵 “Tatuagem” – Chico BuarqueCicatrizesRoberta SáTatuagemNara Leão
Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também pra me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...
Composição: Chico Buarque / Ruy Guerra. V. Considerações Finais
A figura do goleiro Gilmar, em campo, e a do ministro Gilmar, na Corte, entrelaçam-se como símbolos de defesa: um defendendo o gol, outro o tempo e os ritos da Justiça. Ambos se tornam personagens de um Brasil que carrega consigo as marcas da memória — sejam elas cicatrizes de uma condenação ou tatuagens de uma história mal resolvida.
Assim como o esqueleto tatuado que assombrava Graciliano, as decisões judiciais também se imprimem no corpo social, marcando instituições e sujeitos de modo indelével. Ao trazer o julgamento de Collor ao plenário físico, Gilmar Mendes convoca o país a olhar de frente para essas marcas — e decidir se são apenas lembranças, ou ainda feridas abertas.
📚 Referências:
Ramos, Graciliano. Memórias do Cárcere. São Paulo: Record, 2008.
Portal da Copa (2012). Série comemorativa do Bicampeonato de 1962.
Correio Braziliense. Gilmar pede destaque e adia prisão de Collor. 25/04/2025.
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