Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quarta-feira, 16 de abril de 2025
PARTIDO
Par Tido: Em que momento o Brasil tinha se Partido?
No meio do caminho havia duas pedreiras, situadas nas franjas extremas, ortogonalmente dispostas. De ambas, dinamitavam-se pedras que transitavam entre si, passando pelo centro do caminho, na mesma direção, porém em sentidos contrários — sempre atravessando o meio.
As pedras recolhidas em cada uma das margens eram devolvidas no sentido oposto, retornando pelo centro do caminho nessa permuta mútua, mantendo a mesma direção, sem alteração.
As pedras que caíam no meio eram equitativamente redistribuídas para os dois extremos do espectro pedregoso.
No primeiro parágrafo do seu principal romance, “Conversa na Catedral”, Mario Vargas Llosa faz o narrador se perguntar: “Em que momento o Peru tinha se fodido?”
De certa forma, e estendida a toda a América Latina, esta é a questão que orienta uma obra inteira, intensa e grandiosa. Para além do carma individual de cada um de nós, por que motivo um continente inteiro havia falhado de forma tão fragorosa em seu caminho para a civilização? Llosa, que morreu neste domingo, 13, encontrará respostas diferentes em tempos distintos de sua vida e nenhuma delas definitiva.
Esse peruano de Arequipa (1936-2025), que só conheceu o pai com 10 anos de idade (o casal havia se separado depois de seis meses junto), escreve com vocação autobiográfica. Ingressa no Colégio Militar aos 14 anos, por pressão paterna e, da experiência, tira o romance “La Ciudad y los Perros”, 1963 (“Batismo de Fogo”na primeira edição brasileira, “A Cidade e os Cachorros”, na mais recente). Em “A Casa Verde”, 1966, narra a vida de personagens em um bordel cujo nome dá título à obra.
“Conversa no Catedral”, 1969, que ele mesmo considerava um “romance completo”, é, de fato, daqueles raros livros que justificam uma vida. O narrador é Zavalita, de 30 anos, filho de ministro de Estado durante a ditadura Odria e agora transformado em jornalista pobre, com dificuldades para fechar o mês e frustrado com seu ofício.
Ao procurar seu cão, apreendido pela carrocinha durante um surto de raiva em Lima, reconhece no canil Ambrósio, um antigo braço direito do seu pai. Convida-o a beber uma cerveja e os dois se dirigem à “Catedral” do título - que, apesar do nome pomposo, não passa de uma espelunca de periferia, onde se bebe e se serve comida barata. O fluxo literário é, ele próprio, uma catedral da memória, assimétrica, cheia de volutas, surpresas, luz e sombra, esconderijos e armadilhas para o olhar. Pelas palavras do antigo empregado, Zavalita tenta, em vão, decifrar o passado e identificar o ponto em que ele, assim como seu país, havia saído dos eixos. Definitiva e para todo o sempre.
“Conversa na Catedral” é um dos maiores, mais ambiciosos e complexos romances da literatura hispano-americana. Construído como uma igreja barroca, a golpes de experimentalismo narrativo (mudanças constante do foco narrativo), memorialismo e ficção política, traz mais que uma história pessoal, a do seu ambivalente narrador. O Peru, com todas as suas contradições grandiosas, está contido ali, naquelas páginas.
Em sua obra ficcional, Llosa alterna o grande ao pequeno. Vai da imponência da “Catedral” a narrativas satíricas como “Pantaleão e as Visitadoras” (1973) e “Tia Júlia e o Escrevinhador” (1977). O primeiro conta a burocrática instalação de um bordel em área militar, em plena selva peruana. O segundo mostra um traço autobiográfico, já que a personagem principal é inspirada em Julia Urquidi, sua tia, com quem Vargas Llosa foi casado durante quase 10 anos (1955-1964). Mas outro personagem que se destaca é o escritor de radionovelas que não consegue disfarçar sua aversão aos argentinos em suas tramas.[...]
Mario Vargas Llosa perguntou onde a América Latina deu errado e encontrou várias respostas
Escritor peruano, que morreu neste domingo, 13, deixa importantes livros, entre eles, ‘A Civilização do Espetáculo’ e ‘A Guerra do Fim do Mundo’
Por Luiz Zanin Oricchio
Folha S. Paulo, 13/04/2025
Eliane entrevista o cientista político Sergio Fausto
Estadão
14 de abr. de 2025
A polarização política entre os campos que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-presidente Jair Bolsonaro ainda deve marcar a eleição presidencial de 2026, apesar da inelegibilidade de Bolsonaro. A avaliação foi feita nesta segunda-feira pelo cientista político e diretor-geral da Fundação FHC, Sergio Fausto, durante entrevista à Rádio Eldorado, na coluna de Eliane Cantanhêde. “Não vejo campo para alternativa e 2026 ainda é uma eleição que se dará sob o signo da polarização”, afirmou. Para ele, a esquerda vive uma escassez de candidatos enquanto a direita tem uma abundância de pretendentes na disputa pelo capital político de Jair Bolsonaro.
Par Tido
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PROVOCA | PABLO ORTELLADO | 15/04/2025
Provoca
Estreou há 9 horas #TVCiltura #Provoca #PabloOrtellado
O filósofo e professor Pablo Ortellado é o convidado do Provoca desta terça-feira (15). Em conversa com Marcelo Tas, ele fala sobre a crescente polarização política no Brasil, as transformações nos meios de comunicação e as mudanças em seu próprio posicionamento diante do cenário nacional.
Ortellado destaca que, com o tempo, as diferenças deixaram de ser vistas como parte do convívio democrático e deram lugar à radicalização. “Estamos condenados a conviver”, afirma ele, ao criticar o uso da violência como solução para conflitos. “Nossa crise é política, então a solução também precisa ser política.”
O programa também aborda o papel dos meios de comunicação, especialmente após a ascensão das redes sociais, e como eles podem contribuir para a construção de soluções políticas e a retomada do diálogo.
#TVCiltura #Provoca #PabloOrtellado #MarceloTas #Filosofia #MeiosDeComunicação #RedesSociais
Análise: histórias de espionagem e a raposa que toma conta das atividades da Abin
A PF intimou o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, a prestar depoimento no âmbito da investigação sobre o suposto esquema de espionagem ilegal dentro do órgão
Por Luiz Carlos Azedo
postado em 16/04/2025 03:55
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa - (crédito: Pedro França/Agência Senado)
Desde a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, cada dia que passa, a política brasileira ganha ares de um romance policial noir, no estilo da trilogia de Joy Ellroy sobre a trama conspiratória que resultou no assassinato do presidente John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, e nos acontecimentos posteriores da política dos Estados Unidos, inclusive os golpes de Estado que ocorreram no Brasil e em outros países latino-americanos.
Por pouco, segundo investigações da Polícia Federal (PF), não se consumou o assassinato do ministro Alexandre Moraes, relator do inquérito que investiga o golpe, numa operação abortada de última hora, cujo plano previa, também, os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, para destituir um governo eleito pelo voto popular. É a impunidade dos responsáveis pelos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023 que está em questão quando se discute uma anistia aos que participaram da tentativa de golpe.
As articulações para a aprovação da anistia pelo Congresso utilizam os mesmos instrumentos da preparação do golpe, entre os quais a manipulação de informações nas redes sociais, com uso de algoritmos e inteligência artificial, para pressionar cada parlamentar isoladamente, a partir de sua base eleitoral. Existe um "estado-maior" digital que conduz essa operação, nos moldes do "gabinete do ódio".
Graças à força desses grupos de pressão, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), emparedou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o obrigou a transferir sua prerrogativa de decidir a pauta da Câmara para o colégio de líderes.
Segundo o líder do PL, que apresentou o requerimento para acelerar o projeto da anistia, o presidente da Câmara tem muitas prerrogativas, mas as decisões "mais importantes" devem ser tomadas pelo colégio de líderes ou pela maioria dos parlamentares. Nesta terça-feira, Motta abdicou da decisão monocrática a que tem direito e anunciou que vai levar o pedido de urgência da anistia aos líderes, para que decidam. Mais de mil pedidos de urgência estão na fila aguardando votação.
O paralelo com as relações golpistas e mafiosas da política americana da década de 60 pode ser traçado a partir do primeiro livro da trilogia de Ellroy, Tabloide Americano (Record), título inspirado nos jornais populares que serviram de abrigo para roteiristas expulsos de Holllywood pelo macarthismo. Os mais famosos foram Dalton Trumbo, Lester Cole e Dashiell Hammett.
Melhor romance dos EUA de 1996, Tabloide Americano descreve a trama golpista e mafiosa que culminou no espantoso assassinato de Kennedy, em Dallas — que antecedeu os assassinatos de Martim Luther King (4 de abril de 1968), o pastor negro que liderou a luta contra o racismo e pelos direitos civis —, e de seu irmão Bobby Kennedy (6 de junho de 1968), que investigava a máfia.
Fora de controle
Nesta terça-feira, a Polícia Federal intimou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, a prestar depoimento no âmbito da investigação sobre o suposto esquema de espionagem ilegal dentro do órgão — conhecido como "Abin paralela". Em nota, o diretor-geral da Abin afirmou que "está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal".
Corrêa foi diretor-geral da PF durante o segundo governo de Lula. Andrei Rodrigues, atual chefe da corporação, que comandou a segurança do presidente durante a campanha de 2022, apura a eventual obstrução, por parte da atual gestão, à investigação do uso da Abin durante o governo Jair Bolsonaro (PL). No caso da chamada Abin Paralela, os principais implicados são o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro; e se Corrêa tinha conhecimento e autorizou a suposta espionagem de autoridades paraguaias por hackers da Abin.
É responsabilidade do Congresso fiscalizar as atividades de inteligência, contrainteligência e outras ações relacionadas, desenvolvidas no Brasil e no exterior, mas isso nunca ocorreu. São os órgãos de inteligência que controlam a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), por meio parlamentares amigos. A CCAI tem a prerrogativa de acesso a documentos, estruturas e operações dos órgãos de inteligência.
Criada em 2013, embora já estivesse prevista desde 1999, a comissão é composta por seis senadores e seis deputados, incluindo os presidentes das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, além de líderes da maioria e minoria na Câmara e no Senado. O atual presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência é o deputado Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, um bolsonarista raiz."
RESUMO
Aqui está um resumo da análise:
A política brasileira atual tem se tornado cada vez mais parecida com um romance policial conspiratório, especialmente após a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. A Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), conhecido como “Abin paralela”. O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, foi intimado a depor. Ele nega envolvimento e diz estar à disposição das autoridades.
A investigação também mira figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado Alexandre Ramagem e o vereador Carlos Bolsonaro, acusados de usar a Abin para espionar autoridades estrangeiras com hackers.
Além disso, há uma forte pressão política para aprovar uma anistia aos envolvidos no golpe, usando manipulação de redes sociais e inteligência artificial para influenciar o Congresso, em um esquema similar ao do “gabinete do ódio”.
A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), responsável por fiscalizar os órgãos de inteligência, é considerada ineficaz, sendo dominada por aliados políticos, como o atual presidente da comissão, Filipe Barros (PL-PR), ligado ao bolsonarismo.
O texto traça paralelos entre esses acontecimentos e as conspirações políticas descritas na trilogia noir de James Ellroy, que aborda o assassinato de JFK e os bastidores sombrios da política americana dos anos 1960.
Transformando isso em um infográfico ou numa linha do tempo pra ficar ainda mais visual.
Aqui está o conteúdo transformado em duas opções visuais: uma linha do tempo e um infográfico por tópicos.
🗂️ Infográfico Resumo: Escândalo da Abin e o Golpe de 8 de Janeiro
🕵️♂️ Investigação da “Abin Paralela”
Quem está envolvido:
Luiz Fernando Corrêa (atual diretor da Abin)
Alexandre Ramagem (deputado, ex-diretor da Abin)
Carlos Bolsonaro (vereador, filho de Jair Bolsonaro)
Acusações:
Espionagem ilegal com uso de hackers
Suposta obstrução de investigações pela atual gestão da Abin
⚖️ Tentativa de Golpe (08/01/2023)
Objetivo: Derrubar o governo Lula
Planos frustrados incluíam:
Assassinatos de Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin
Em curso: Pressão por anistia aos envolvidos
💻 Manipulação nas Redes
Uso de algoritmos e IA para influenciar parlamentares
Estratégia similar ao “Gabinete do Ódio”
Pressão sobre o presidente da Câmara para acelerar votação da anistia
🏛️ CCAI: Comissão de Controle da Inteligência
Deveria fiscalizar as atividades da Abin, mas:
É dominada por aliados políticos
Atual presidente: Filipe Barros (PL-PR), bolsonarista
📚 Paralelo Literário
Trilogia noir de James Ellroy como metáfora:
Golpes, conspirações e assassinatos nos EUA dos anos 60
Assassinato de JFK, Luther King e Bobby Kennedy
🧭 Linha do Tempo
📅 1999 → Previsão legal da CCAI (Comissão de Inteligência)
📅 2013 → Criação formal da CCAI
📅 2022 → Lula vence as eleições; Ramagem deixa a direção da Abin
📅 Jan 8, 2023 → Tentativa de golpe em Brasília
📅 2023 → PF começa a investigar a “Abin Paralela”
📅 Abril 2025 → Corrêa (diretor atual da Abin) é intimado para depor
📅 Atual → Discussão no Congresso sobre anistia aos golpistas
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