sábado, 11 de abril de 2020

Sentimento do mundo








Onde tem crise tem notícia falsa.




“Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.” LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO Carlos Drummond de Andrade, 1940




A guerra contra o inimigo invisível




De onde menos se espera, daí é que não sai nada, para o jornalista Aparício Torelli – Barão de Itararé










Tem-se falado muito da necessidade de se combater as chamadas fake news. O termo em si já traz uma contradição – já que o pressuposto de uma notícia é que ela seja verídica, para a Revista Cult.









Não existe Fake News. Existe versão de fatos. Versão falsa ou verdadeira, para o confrade do Barão, Augusto Nunes.



Portanto, Fake News é uma versão verdadeira publicada de fato inexistente.




Um inimigo invisível




Com lembrança do mundo antigo








Sentimento do Mundo
by 
Carlos Drummond de Andrade


Publicado pela primeira vez em 1940, 'Sentimento do Mundo' traz o frescor e o impacto do 'vento revolucionário' que sopra da obra de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o mais estudado e lido poeta brasileiro. Neste livro está contido os poemas: Poema de Sete Faces, No meio do caminho, Quadrilha; e poemas menos conhecidos, mas igualmente antológicos como Poema do Jornal ou Poema da Purificação.










terça-feira, 23 de janeiro de 2018
POEMA: LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO
POEMA: LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO







Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,


a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era
tranquilo em redor de Clara.

As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava
no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

                                                                                 CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
                                                                                         In: Sentimento do Mundo, 1940 e
                                                           ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa.
                                                                                             São Paulo: Nova Aguilar, 2002.
Entendendo o texto:

01 – Quando esse poema foi publicado, o mundo passava pela Segunda Guerra Mundial. A China, que também participava da guerra, enfrentava há anos uma terrível guerra civil. Na fase de sua carreira em que elaborou esse poema, Drummond construía sua poesia com problemas do mundo e as questões sociais como tema. A partir da leitura do poema, responda: o que estaria sendo criticado nesse poema?
      A violência de um modo em geral e como ela afeta o dia a dia das pessoas.

02 – A leitura do texto permite identificar um certo saudosismo do eu lírico. Por que o eu lírico fez um retorno ao mundo antigo?
      Devido à difícil realidade do mundo presente, o eu lírico desejou percorrer de novo as lembranças sem medo de uma época distante.


03 – Nos quatro primeiros versos, o eu lírico destacou o colorido que havia na natureza. O que poderia ter causado a alteração desse colorido?
      De forma figurada, a cor sombria da destruição e da morte provocada pela guerra.

04 - Nos versos 5 e 6, o eu lírico fala do guarda-civil que sorria e da menina que pisava na relva para pegar um pássaro. O que poderia ter mudado com o tempo em relação a esses elementos?
      A mudança de atitude do guarda civil e da menina está no verso 7, com a menção à Alemanha e à China, que contextualiza os versos no grande medo causado pela Segunda Guerra Mundial.

05 – No verso "Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor os insetos" referia-se a determinados perigos de um mundo anterior em que ele vivia. Os perigos a que o eu lírico se refere, no mundo de Clara, poderiam ser o surto da gripe espanhola, que matou muita gente em 1918, o calor tropical, os insetos que transmitiam doenças. Considerando que o poema foi escrito em 1940, no contexto da grande guerra, que perigos o eu lírico poderia ter de enfrenta?
      As repercussões da guerra no Brasil e sua participação efetiva nela, assim como a possível escassez de alimentos, a globalização total da guerra, etc.

06 – Quais seriam então os perigos do mundo atual?
      A violência, tráfico de drogas, desemprego, mudanças climáticas, guerras, entre outros.

07 – Por que Clara tinha medo de perder o bonde das 11h00?
      Porque demoraria muito tempo para passar outro.

08 - Por que as cartas demoravam a chegar?
      O Correios seria mais lento na década de 1940.

09 – O que indica o fato de que Clara nem sempre podia usar vestido novo?
      Ela não tinha condições de comprar um vestido novo.

10 - Hoje já não se veem mais bondes e as longas cartas estão, cada vez mais, sendo substituídas por e-mails. Como o desenvolvimento tecnológico modificou o mundo e as pessoas? 
      Ela trouxe evolução para todas as áreas científicas, porém a custo de muito isolamento das pessoas, ritmo de vida acelerado e aumento na degradação da natureza.

11 – No último verso, o que podem representar as manhãs?
      Elas representam a esperança de recomeçar











OPINIÃO
A guerra contra o inimigo invisível
30 de Março, 2020
Eduardo Magalhães *
Vivemos um momento particular em que a humanidade é submetida a um dos mais dramáticos e inusitados estados de excepcionalidade, semelhante em muito aos eventos da Segunda Guerra Mundial. Poucas vezes um acontecimento ganhou uma escala tão colossal no âmbito das nações.

A pandemia do COVID-19 desafia a todos e é um dos inimigos invisíveis neste período em que as palavras “Quarentena” e “Estado de Emergência” devem ser incorporadas como amor à própria vida e à vida do próximo.

Sensível ao contexto internacional e à necessidade de dar respostas ao complexo emaranhado de variantes que constituem a difícil missão de prevenir, cuidar, proteger e atender pessoas, empresas e estruturas diversas, o Governo angolano tem sido rápido e corajoso na tomada de medidas que sejam capazes de evitar o colapso do país. Estamos todos de acordo que em momento algum a actual governação esteve insensível à essa realidade vigente.

Em meio às dinâmicas e contradições sociais e as fricções políticas dos diferentes campos de actuação ideológica e da natural existência da eterna disputa política entre situação versus oposição, a liderança do Presidente João Lourenço tem sido capaz de dialogar abertamente com todos os segmentos da nossa sociedade, sempre com o objectivo maior de encontrar caminhos que levem o cidadão à consciência de que somos todos potenciais soldados e vítimas na guerra contra a COVID-19.

Porquanto, somente a partir da cooperação dos principais actores instalados no terreno, será possível encontrar soluções concretas capazes de minorar os prejuízos causados pela pandemia do Coronavírus à vida da população. O Presidente João Lourenço, no seu papel de garante da estabilidade e do bem-estar dos angolanos, está a agir no estrito interesse nacional. O povo angolano sempre estará em primeiro lugar.

Por isso, devemos perceber como de necessidade imperiosa o respeito pelos esforços do Executivo face ao delicado momento imposto pela crise mundial vigente. Desde a corajosa acção do Banco Nacional de Angola (BNA), do regime que impede os bancos comerciais de penalizarem clientes que incorram em mora durante o Estado de Emergência, culminando com um conjunto de medidas que cortam recursos na própria estrutura do Executivo, de modo a utilizar cada cêntimo na superação dos obstáculos resultantes da crise.

O Executivo angolano reduziu de 28 para 21 o número de ministérios, para além de suspender a aquisição de novas viaturas a serem atribuídas aos gestores públicos, no exercício das suas funções, para as diferentes categorias de responsabilidade. Estas, entre diversas outras medidas, são parte dos esforços envidados no sentido de minimizar os custos e dar o exemplo aos cidadãos de que somente com o envolvimento de todos será possível vencermos esta guerra.

A guerra mundial contra a pandemia da COVID-19 tem sido caracterizada pela iniciativa isolada dos países. Cada país, dentro das suas capacidades, busca cumprir diante do seu próprio povo o seu papel de protector. Alguns com mais sucesso do que outros, mas todos estão a impor medidas restritivas e de protecção capazes de evitar as piores consequências. Por isso, mais do que nunca, a colaboração e envolvimento pessoal de cada um e de todos é vital à manutenção de um quadro estável de prevenção e contenção da propagação da doença.

Há, no entanto, outro elemento invisível e que é tão ou mais danoso quanto o Coronavírus: a propagação de notícias falsas, boatos, rumores e desinformação. Sabotar as medidas de combate ao COVID-19 é um acto suicida e irresponsável, pois para além de prejudicar a eficiência do planeamento feito para mobilizar cada recurso na busca das respostas adequadas à superação da Pandemia e salvar vidas, gera o pânico e intranquilidade que em nada contribui para a construção da consciência colectiva em torno dos objectivos maiores.

É preciso que todos angolanos incorporem novos hábitos, atitudes e costumes. Esse esforço coaduna-se com as directivas avançadas pelo Governo, em consonância com os organismos de cooperação multilateral, nomeadamente, a OMS que declarou a infecção causada pelo vírus COVID -19 como pandemia mundial, elevando a situação para calamidade pública mundial e outros parceiros de Angola, todos assentes no entendimento da gravidade da situação. Como é sabido, o país tem investido os recursos possíveis e necessários para que seja possível garantir uma rede de protecção nacional. Marcharemos irmanados num só propósito: prevenir e conter a propagação desse vírus que ameaça o nosso povo e a nossa Nação. Isso inclui a extinção do inimigo invisível conhecido como Fake News.
* Director Nacional de Comunicação Institucional.
A sua opinião não engaja o MCS

Jornal de Angola











Referências


https://www.revistabula.com/1557-40-frases-impagaveis-barao-de-itarare/
https://revistacult.uol.com.br/home/responsabilidade-pela-disseminacao-das-fake-news/
https://i.gr-assets.com/images/S/compressed.photo.goodreads.com/books/1408884948l/2183640.jpg
https://www.goodreads.com/pt/book/show/2183640.Sentimento_do_Mundo
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgloh4Ds5CmBkdK_hXxZlwSM-bxxnvIktdpP9RJnRV1KPrLczp6DgfMIHC2FmRKmr9rsJSYLhJT-HNniPaCjsPqM_vhkjri8gj8yLIADxMvY0FpnrwVZMz5PyXG5O60vOwdRQO80lK4Nhk/s280/ANTIGO.jpg
https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/01/poema-lembranca-do-mundo-antigo-carlos.html
http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/a-guerra-contra-o-inimigo-invisivel

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