sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Minha Infância





Minha infância foi animada, eu tinha oito irmãos e brincávamos muito no final de semana. Não existia TV, rádio e a diversão era brincar com meus irmãos. Gostava de andar de bicicleta. Todo aniversário era comemorado com mingau.

Na época, eu e meus irmãos caçávamos todas as noites. Eu me casei muito jovem, com 15 anos. Logo em seguida, tive meus dois filhos.

Hoje em dia, trabalho e estudo com o sonho de aprender a ler e a escrever. E já está se tornando realidade.

Aluna: Vera Lúcia da Fonseca – EJA (Anos Iniciais)
Relatos de Memórias
Alunos EJA
E.M. Amélia Mascarenhas



Bernardo Mascarenhas (e sua família – 1890), Amélia Mascarenhas, esposa de Bernardo Mascarenhas e nome da E.M. no Bairro São Bernardo - Juiz de Fora, próximo da Antiga Fábrica Tecidos Bernardo Mascarenhas no mesmo bairro.






Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas, c. 1900


"Getúlio Vargas: a avenida multifuncional"

Representações da memória

A memória individual é o que cada pessoa carrega dentro de si: as vivências, impressões, acompanhadas de aprendizagens. Não guarda tudo, pois a memória é sempre seletiva. Vale ressaltar que os critérios do que é significativo ou não resultam do espaço e do tempo em que se vive. A história de cada um contém a história de um tempo, dos grupos a que pertence e das pessoas com quem se relaciona.

A memória coletiva é o conjunto de registros eleitos pelo grupo como significativos, que estabelece a identidade, o jeito de ser e viver o mundo e decorre dos parâmetros históricos e culturais dos sujeitos. A possibilidade de compartilhar dessa memória é que dá a cada um o senso de pertencimento. Trata-se de uma relação criativa e dinâmica entre o indivíduo e o grupo. “Uma memória coletiva se desenvolve a partir de laços de convivência familiares, escolares, profissionais. Ela entretém a memória de seus membros, que acrescenta, unifica, diferencia, corrige e passa a limpo” (BOSI, 1994, p.408).

O colchão da cultura é a memória. Não temos condições de recriar ou repensar a cultura em locais em que a memória está muito fragmentada e estática. Na medida em que a memória de um povo é diversificada a cultura fica mais rica. Fazemos isto através da memória material através de fotos, documentos e arquivos ou pela memória imaterial com as narrativas.

Menezes (1999) acredita que estamos sofrendo uma crise de memória na sociedade ociedental e atribui algumas causas para este acontecimento: a) Dimensão epistemológica: “o que está em causa é a própria noção de passado e as relações com ele tecidas, em particular a do conhecimento e da representação intuitiva”. (MENEZES, 1999, p.13); b) Dimensão técnica: “diz respeito a um progressivo processo de externalização da memória, que começa a operar já na transformação transformação das sociedades orais em quirográficas e se acentua com a difusão da alfabetização e da escrita, reforça-se poderosamente com a invenção da imprensa e chega ao seu cume com os registros eletrônicos.” (MENEZES, 1999, p.15); c) Dimensão existencial: “tem estreitas vinculações com a dimensão anterior, mas também uma especificidade marcada, que se refere às práticas sociais e intervém profundamente na determinação das funções e eficácia da memória.” (MENEZES, 1999, p.15).

As outras duas causas seriam: d) Dimensão política: “às pressões de amnésia vigentes em sociedades como a nossa, em todas as suas esferas. (...). Esta substituição do uso pelo consumo do espaço alimenta a ideologia do novo e privilegia as incessantes substituições. Atenua-se, assim, ou se anula a possibilidade de pertencer a um espaço e situar-se no tempo: a mobilidade inevitável e a amnésia conduzem à alienação.” (MENEZES, 1999, p.19); e) Dimensão socioeconômica: “por outro lado, a transformação da informação em mercadoria tem, contudo, implicações estruturais e funcionais profundas – o que atinge diretamente nosso campo específico de interesse, como arquivos, museus, coleções e, em suma, tudo aquilo recoberto pela expressão “patrimônio cultural”, sem esquecer as práticas e representações da memória.” (MENEZES, 1999, p.20). E conclui que: “de forma paralela atuam instituições documentais que exploram a cultura material, como os museus, formalizando a descontextualização da informação.” (MENEZES, 1999, p.25).

Outra questão é a dicotomia entre lembrança e esquecimento nos processos de memória. Lembrar é também uma forma de esquecer. A sensibilidade memorial desde a década de 80, como observa Huyssen (2000) tem levado setores ligados à cultura a uma verdadeira obsessão pelo passado. Isso se dá porque a velocidade tem destruído o espaço, apagando a distância temporal. “Quanto mais memória armazenamos em banco de dados, mais o passado é sugado para a órbita do presente, pronto para ser acessado na tela.” (HUYSSEN, 2000, p.74).

Buscando a preservação da memória ocorre a criação do “lugar de memória” pelo desejo das minorias do resgate histórico


de uma memória refugiada sobre focos privilegiados e enciumadamente guardados nada mais faz do que levar à incandescência a verdade de todos os lugares de memória. Sem vigilância comemorativa, a história depressa os varreria (NORA, 1998, p.13).



Pierre Nora também defende que falamos tanto da memória porque ela não existe mais. Ele acredita que se habitássemos ainda nossa memória, não teríamos necessidade de lhe consagrar lugares.


A curiosidade pelos lugares onde a memória se cristaliza e se refugia está ligada a este momento particular da nossa história. Momento de articulação onde a consciência da ruptura com o passado se confunde com o sentimento de uma memória esfacelada, mas onde o esfacelamento desperta ainda memória suficiente para que se possa colocar o problema de sua encarnação. O sentimento de continuidade torna-se residual aos locais. Há locais de memória porque não há mais meios de memória (NORA, 1998, p. 7).


Os lugares da memória, então, resultam dessa tensão entre o vivido, o narrado, o registrado e o esquecido da maneira como a sociedade os reorganizam. “Os lugares da memória, então podem ser considerados esteios da identidade social, monumentos que têm, por assim dizer, a função de evitar que o presente se transforme em um processo contínuo, desprendido do passado e descomprometido com o futuro.” (NEVES, 2000, p.112). As novas significações dependem do que habita nos imaginários dos sujeitos com novas lembranças ou apagamentos.

Sobre a memória que remete ao universo dos imaginários sociais, Pierre Laborie fala da relação do tempo com os sistemas de representações


Através da rememoração de fragmentos do passado, cada memória social transmite ao presente uma das múltiplas representações do passado que ela quer testemunhar. Entre diversos outros fatores, ela se constrói sob influência dos códigos e das preocupações do presente, por vezes mesmo em função dos fins do presente (LABORIE, 2009, p.80).


Halbwachs acredita que recorremos a testemunhos para reforçar ou esquecer ou para completar o que sabemos de um evento. “Assim, quando voltamos a uma cidade em que já havíamos estado, o que percebemos nos ajuda a reconstituir um quadro de que muitas partes foram esquecidas” (HALBWACHS, 2003, p.29). Nesse sentido é que a memória intervém nas representações dominantes do passado. A memória marca testemunhos de outras épocas e funciona como âncora, arquivo, vínculo. A opinião dos depoentes apresenta papel relevante na validação social e na legitimação da memória.

A pesquisa em Memória Social no Facebook: 1
Estudo de caso do grupo “Antiga Juiz de Fora”
Rafaella Prata RABELLO2
Christina Ferraz MUSSE3
Universidade Federal de Juiz de Fora, JF, MG




desenho de Leonardo Paiva






Em 1916, por ocasião do falecimento de Amélia Guimarães Mascarenhas (viúva de Bernardo Mascarenhas), iniciou-se aqui uma nova fase de modernização e expansão da fábrica e no início da década de 20 os serviços de aumento e remodelação da fábrica estavam praticamente concluídos. Com o fechamento da fábrica o imóvel manteve-se fechado até que a Prefeitura assumiu sua gestão instalado ali o Mercado Municipal e a Pronta Entrega das Fábricas. Na década de 80 um grande incêndio consumiu parte do prédio que foi reformado e hoje abriga um espaço Cultural, a Biblioteca Municipal, o Mercado Municipal, o Procon e a Secretaria Municipal de Educação. 





Maanaim JF - Igreja Cristã Maranata (02)
Antiga Fábrica de Tecidos Bernardo Mascarenhas no Bairro São Bernardo






Escola Municipal Amélia Mascarenhas

Endereço: Rua Dr. Mauricio Guerra, 300 - São Bernardo, Juiz de Fora - MG, 36062-140


Referências

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEZrRjsmLYiF7F0T9G5hTygq6hyphenhyphen0lkO7uoChV0v3jM0hg-gOK6rBKjMHhLbXQNecAPUZRxXcPXYXOhp57JAt9e8VK4vvMRJuJSAyjOXFxULKrc1lLOULj09409yz0zhoukQo6IE37cOcPP/s1600/genealog+lurdinha12fev2011+015.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/08/Companhia_Textil_Bernardo_Mascarenhas.jpg/1280px-Companhia_Textil_Bernardo_Mascarenhas.jpg
https://pesquisafacomufjf.files.wordpress.com/2013/06/musse_christina_ferraz_rabello_rafaella.pdf
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuxZUqTbscgLBY5Ic5xFmmbFzSLJcqMwdhDajpIyOwSx1SdrcAKvpYbNLeisNxAj5QsoQGuoKI7RGyedFUI6qnBAq7hdXKE2mboHiJlSmCw9_3psjVyQ3PrHm3ESQUOpyUgHiz8vLRhEPr/s320/h1_p1a.jpg
http://bernardo-mascarenhas.blogspot.com/2013/05/
https://www.pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/patrimonio/bens_tombados/imagens/mascarenhas.jpg
https://www.pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/patrimonio/bens_tombados/bernardo_mascarenhas.php
https://geo0.ggpht.com/cbk?panoid=vknkdv_1CFvQIorUCf1SIw&output=thumbnail&cb_client=search.LOCAL_UNIVERSAL.gps&thumb=2&w=227&h=160&yaw=291.24768&pitch=0&thumbfov=100

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