quarta-feira, 14 de agosto de 2019

24. O GOLEM



I.L. PERETZ (1851-1915 | Polônia) 

Foi há apenas um século e meio aproximadamente, durante o Império Russo, que os judeus mudaram do hebreu para o iídiche; a base da cultura judaica é a tradição religiosa. O pai da moderna literatura iídiche, este advogado polonês que viveu em Varsóvia, já esteve presente em Os Cem Melhores Contos de Humor. .. O massacre do gueto de Praga originou a lenda do Golem, que resultou num romance de Maurice Meyerling e neste curto e contundente conto de Peretz, em que o horror histórico e o sobrenatural místico se encontram.

Houve época em que grandes homens eram capazes de grandes milagres.
Quando o gueto de Praga estava sendo atacado, e estavam a ponto de estuprar as mulheres, queimar as crianças e cortar em pedaços quem encontrassem pela frente; quando parecia que o fim havia de fato chegado, o grande Rabi Loeb colocou seu Gemarsh de lado, foi para a rua, parou diante de um monte de lama na frente da casa do professor e moldou com ela uma imagem de barro. Ele soprou no nariz do golem - e pôs-se a massageá-lo; em seguida sussurrou o Nome nos seus ouvidos, e assim nosso golem saiu do gueto. O rabino voltou à Casa de Oração e o golem jogou-se sobre nossos inimigos, batendo neles como que a chicotadas. Homens caíam por todos os lados.
Praga estava coalhada de cadáveres. Isto durou, assim dizem, toda quarta e quinta-feira. Agora já estamos na sexta-feira, o relógio marca 12 horas, e o golem continua ocupado com seu trabalho.
"Rabi", gritou o líder do gueto, "o golem está transformando Praga numa grande carnificina! Não haverá um gentio vivo para acender as velas do Sabá ou para cuidar das lâmpadas do Sabá".
Uma vez mais o rabino deixou seus estudos de lado. Foi até o altar e começou a cantar o salmo "Uma canção do Sabá".
O golem cessou sua carnificina. Retornou ao gueto, entrou na Casa de Oração e pôs-se diante do rabino. E novamente o rabino soprou nos seus ouvidos. Os olhos do golem se fecharam, a alma que o habitara esvaiu-se e ele voltou a ser um golem de barro.
Deste dia em diante o golem permanece escondido no sótão da sinagoga, coberto por uma teia que vai de uma parede a outra. Nenhuma criatura viva pode olhar para ele, principalmente mulheres grávidas. Ninguém pode tocar na teia, pois quem quer que seja que a toque, morre. Nem mesmo os mais velhos se lembram sequer do golem, embora o sábio Zvi, neto do grande Rabi Loeb, tenha levantado o seguinte problema: pode tal golem ser considerado parte da congregação de fiéis, ou não?
O golem, vejam vocês, não foi esquecido. Ainda continua lá! Mas o Nome através do qual ele pode ser chamado à vida num dia que isto se fizer necessário, o Nome, este desapareceu. E a teia só faz crescer, e ninguém pode tocá-Ia.
O que podemos nós fazer?


Tradução de Flávio Moreira da Costa 




I.L. Peretz
POLISH-JEWISH WRITER

WRITTEN BY: 
The Editors of Encyclopaedia Britannica
See Article History

Alternative Titles: Isaac Löb Peretz, Isaac Leib Peretz, Isaac Loeb Peretz, Yitskhak Leybush Perets

I.L. Peretz, in full Isaac Leib Peretz, also spelled Yitskhak Leybush Perets, Leib also spelled Loeb or Löb, (born May 18, 1852, Zamość, Poland, Russian Empire—died April 3, 1915, Warsaw), prolific writer of poems, short stories, drama, humorous sketches, and satire who was instrumental in raising the standard of Yiddish literature to a high level.

Peretz began writing in Hebrew but soon turned to Yiddish. For his tales, he drew material from the lives of impoverished Jews of eastern Europe. Critical of their humility and resignation, he urged them to consider their temporal needs while retaining the spiritual grandeur for which he esteemed them. Influenced by Polish Neoromantic and Symbolist writings, Peretz lent new expressive force to the Yiddish language in numerous stories collected in such volumes as Bakante bilder (1890; “Familiar Scenes”), Khasidish (1907; “Hasidic”), and Folkstimlekhe geshikhtn (1908; “Folktales”). In his drama Die goldene keyt (1909; “The Golden Chain”), Peretz stressed the timeless chain of Jewish culture.

To encourage Jews toward a wider knowledge of secular subjects, Peretz for several years wrote articles on physics, chemistry, economics, and other subjects for Di yudishe bibliotek(1891–95; “The Jewish Library”), which he also edited. Among his other nonfictional works are Bilder fun a provints-rayze (1891; “Scenes from a Journey Through the Provinces”), about Polish small-town life, and Mayne zikhroynes (1913–14; “My Memoirs”).
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Peretz effectively ushered Yiddish literature into the modern era by exposing it to contemporary trends in western European art and literature. In his stories he viewed Hasidic material obliquely from the standpoint of a secular literary intellect, and with this unique perspective the stories became the vehicle for an elegiac contemplation of traditional Jewish values.

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The Peretz home in Warsaw was a gathering place for young Jewish writers, who called him the “father of modern Yiddish literature.” During the last 10 years of his life, Peretz became the recognized leader of the Yiddishist movement, whose aim—in opposition to the Zionists—was to create a complete cultural and national life for Jewry within the Diaspora with Yiddish as its language. He played an important moderating role as deputy chairman at the Yiddish Conference that assembled in 1908 at Czernowitz, Austria-Hungary (now Chernivtsi, Ukraine), to promote the status of the language and its culture.

This article was most recently revised and updated by Amy Tikkanen, Corrections Manager.




'A Lenda de Golem' é terror que foge do modelo tradicional
Longa israelense exige imersão num mundo denso e perturbador



Cena do longa 'A Lenda de Golem' – Divulgação











Referências

http://ensaio.org/os-100-melhores-contos-de-crime-e-mistrio-da-literatura-univer.html?page=23
https://www.britannica.com/biography/I-L-Peretz
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2019/06/12/15603815505d01886eef006_1560381550_3x2_xl.jpg
https://youtu.be/F3DVdwbrjvc
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/06/a-lenda-de-golem-e-terror-que-foge-do-modelo-tradicional.shtml

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