Minha infância foi animada, eu tinha
oito irmãos e brincávamos muito no final de semana. Não existia TV, rádio e a
diversão era brincar com meus irmãos. Gostava de andar de bicicleta. Todo
aniversário era comemorado com mingau.
Na época, eu e meus irmãos caçávamos
todas as noites. Eu me casei muito jovem, com 15 anos. Logo em seguida, tive
meus dois filhos.
Hoje em dia, trabalho e estudo com o
sonho de aprender a ler e a escrever. E já está se tornando realidade.
Aluna: Vera Lúcia da Fonseca – EJA (Anos
Iniciais)
Relatos de Memórias
Alunos EJA
E.M. Amélia Mascarenhas
Bernardo Mascarenhas (e sua família –
1890), Amélia Mascarenhas, esposa de
Bernardo Mascarenhas e nome da E.M. no Bairro São Bernardo - Juiz de Fora,
próximo da Antiga Fábrica Tecidos Bernardo Mascarenhas no mesmo bairro.
Companhia
Têxtil Bernardo Mascarenhas, c. 1900
"Getúlio Vargas: a avenida
multifuncional"
Representações da memória
A memória
individual é o que cada pessoa carrega dentro de si: as vivências, impressões,
acompanhadas de aprendizagens. Não guarda tudo, pois a memória é sempre
seletiva. Vale ressaltar que os critérios do que é significativo ou não
resultam do espaço e do tempo em que se vive. A história de cada um contém a
história de um tempo, dos grupos a que pertence e das pessoas com quem se
relaciona.
A memória
coletiva é o conjunto de registros eleitos pelo grupo como significativos, que
estabelece a identidade, o jeito de ser e viver o mundo e decorre dos
parâmetros históricos e culturais dos sujeitos. A possibilidade de compartilhar
dessa memória é que dá a cada um o senso de pertencimento. Trata-se de uma
relação criativa e dinâmica entre o indivíduo e o grupo. “Uma memória coletiva
se desenvolve a partir de laços de convivência familiares, escolares,
profissionais. Ela entretém a memória de seus membros, que acrescenta, unifica,
diferencia, corrige e passa a limpo” (BOSI, 1994, p.408).
O colchão da
cultura é a memória. Não temos condições de recriar ou repensar a cultura em
locais em que a memória está muito fragmentada e estática. Na medida em que a
memória de um povo é diversificada a cultura fica mais rica. Fazemos isto
através da memória material através de fotos, documentos e arquivos ou pela
memória imaterial com as narrativas.
Menezes
(1999) acredita que estamos sofrendo uma crise de memória na sociedade
ociedental e atribui algumas causas para este acontecimento: a) Dimensão
epistemológica: “o que está em causa é a própria noção de passado e as relações
com ele tecidas, em particular a do conhecimento e da representação intuitiva”.
(MENEZES, 1999, p.13); b) Dimensão técnica: “diz respeito a um progressivo
processo de externalização da memória, que começa a operar já na transformação
transformação das sociedades orais em quirográficas e se acentua com a difusão
da alfabetização e da escrita, reforça-se poderosamente com a invenção da
imprensa e chega ao seu cume com os registros eletrônicos.” (MENEZES, 1999,
p.15); c) Dimensão existencial: “tem estreitas vinculações com a dimensão
anterior, mas também uma especificidade marcada, que se refere às práticas
sociais e intervém profundamente na determinação das funções e eficácia da
memória.” (MENEZES, 1999, p.15).
As outras
duas causas seriam: d) Dimensão política: “às pressões de amnésia vigentes em
sociedades como a nossa, em todas as suas esferas. (...). Esta substituição do
uso pelo consumo do espaço alimenta a ideologia do novo e privilegia as
incessantes substituições. Atenua-se, assim, ou se anula a possibilidade de
pertencer a um espaço e situar-se no tempo: a mobilidade inevitável e a amnésia
conduzem à alienação.” (MENEZES, 1999, p.19); e) Dimensão socioeconômica: “por
outro lado, a transformação da informação em mercadoria tem, contudo,
implicações estruturais e funcionais profundas – o que atinge diretamente nosso
campo específico de interesse, como arquivos, museus, coleções e, em suma, tudo
aquilo recoberto pela expressão “patrimônio cultural”, sem esquecer as práticas
e representações da memória.” (MENEZES, 1999, p.20). E conclui que: “de forma
paralela atuam instituições documentais que exploram a cultura material, como
os museus, formalizando a descontextualização da informação.” (MENEZES, 1999,
p.25).
Outra
questão é a dicotomia entre lembrança e esquecimento nos processos de memória.
Lembrar é também uma forma de esquecer. A sensibilidade memorial desde a década
de 80, como observa Huyssen (2000) tem levado setores ligados à cultura a uma
verdadeira obsessão pelo passado. Isso se dá porque a velocidade tem destruído
o espaço, apagando a distância temporal. “Quanto mais memória armazenamos em
banco de dados, mais o passado é sugado para a órbita do presente, pronto para
ser acessado na tela.” (HUYSSEN, 2000, p.74).
Buscando a
preservação da memória ocorre a criação do “lugar de memória” pelo desejo das
minorias do resgate histórico
de uma memória refugiada sobre focos privilegiados e
enciumadamente guardados nada mais faz do que levar à incandescência a verdade
de todos os lugares de memória. Sem vigilância comemorativa, a história
depressa os varreria (NORA, 1998, p.13).
Pierre Nora
também defende que falamos tanto da memória porque ela não existe mais. Ele
acredita que se habitássemos ainda nossa memória, não teríamos necessidade de
lhe consagrar lugares.
A curiosidade pelos lugares onde a memória se
cristaliza e se refugia está ligada a este momento particular da nossa
história. Momento de articulação onde a consciência da ruptura com o passado se
confunde com o sentimento de uma memória esfacelada, mas onde o esfacelamento
desperta ainda memória suficiente para que se possa colocar o problema de sua
encarnação. O sentimento de continuidade torna-se residual aos locais. Há
locais de memória porque não há mais meios de memória (NORA, 1998, p. 7).
Os lugares
da memória, então, resultam dessa tensão entre o vivido, o narrado, o
registrado e o esquecido da maneira como a sociedade os reorganizam. “Os
lugares da memória, então podem ser considerados esteios da identidade social,
monumentos que têm, por assim dizer, a função de evitar que o presente se
transforme em um processo contínuo, desprendido do passado e descomprometido
com o futuro.” (NEVES, 2000, p.112). As novas significações dependem do que
habita nos imaginários dos sujeitos com novas lembranças ou apagamentos.
Sobre a
memória que remete ao universo dos imaginários sociais, Pierre Laborie fala da
relação do tempo com os sistemas de representações
Através da rememoração de fragmentos do passado, cada
memória social transmite ao presente uma das múltiplas representações do
passado que ela quer testemunhar. Entre diversos outros fatores, ela se
constrói sob influência dos códigos e das preocupações do presente, por vezes
mesmo em função dos fins do presente (LABORIE, 2009, p.80).
Halbwachs
acredita que recorremos a testemunhos para reforçar ou esquecer ou para
completar o que sabemos de um evento. “Assim, quando voltamos a uma cidade em
que já havíamos estado, o que percebemos nos ajuda a reconstituir um quadro de
que muitas partes foram esquecidas” (HALBWACHS, 2003, p.29). Nesse sentido é
que a memória intervém nas representações dominantes do passado. A memória
marca testemunhos de outras épocas e funciona como âncora, arquivo, vínculo. A
opinião dos depoentes apresenta papel relevante na validação social e na
legitimação da memória.
A pesquisa
em Memória Social no Facebook: 1
Estudo de
caso do grupo “Antiga Juiz de Fora”
Rafaella
Prata RABELLO2
Christina
Ferraz MUSSE3
Universidade
Federal de Juiz de Fora, JF, MG
desenho de Leonardo Paiva
Em 1916, por ocasião do falecimento de
Amélia Guimarães Mascarenhas (viúva de Bernardo Mascarenhas), iniciou-se aqui
uma nova fase de modernização e expansão da fábrica e no início da década de 20
os serviços de aumento e remodelação da fábrica estavam praticamente
concluídos. Com o fechamento da fábrica o imóvel manteve-se fechado até que a
Prefeitura assumiu sua gestão instalado ali o Mercado Municipal e a Pronta
Entrega das Fábricas. Na década de 80 um grande incêndio consumiu parte do
prédio que foi reformado e hoje abriga um espaço Cultural, a Biblioteca
Municipal, o Mercado Municipal, o Procon e a Secretaria Municipal de
Educação.
Maanaim JF - Igreja Cristã Maranata
(02)
Antiga Fábrica de Tecidos Bernardo
Mascarenhas no Bairro São Bernardo
Escola Municipal Amélia Mascarenhas
Endereço: Rua Dr. Mauricio
Guerra, 300 - São Bernardo, Juiz de Fora - MG, 36062-140
Referências
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEZrRjsmLYiF7F0T9G5hTygq6hyphenhyphen0lkO7uoChV0v3jM0hg-gOK6rBKjMHhLbXQNecAPUZRxXcPXYXOhp57JAt9e8VK4vvMRJuJSAyjOXFxULKrc1lLOULj09409yz0zhoukQo6IE37cOcPP/s1600/genealog+lurdinha12fev2011+015.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/08/Companhia_Textil_Bernardo_Mascarenhas.jpg/1280px-Companhia_Textil_Bernardo_Mascarenhas.jpg
https://pesquisafacomufjf.files.wordpress.com/2013/06/musse_christina_ferraz_rabello_rafaella.pdf
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuxZUqTbscgLBY5Ic5xFmmbFzSLJcqMwdhDajpIyOwSx1SdrcAKvpYbNLeisNxAj5QsoQGuoKI7RGyedFUI6qnBAq7hdXKE2mboHiJlSmCw9_3psjVyQ3PrHm3ESQUOpyUgHiz8vLRhEPr/s320/h1_p1a.jpg
http://bernardo-mascarenhas.blogspot.com/2013/05/
https://www.pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/patrimonio/bens_tombados/imagens/mascarenhas.jpg
https://www.pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/patrimonio/bens_tombados/bernardo_mascarenhas.php
https://geo0.ggpht.com/cbk?panoid=vknkdv_1CFvQIorUCf1SIw&output=thumbnail&cb_client=search.LOCAL_UNIVERSAL.gps&thumb=2&w=227&h=160&yaw=291.24768&pitch=0&thumbfov=100