(...) Em primeiro lugar, não há uma só
alma, há duas...
- Duas?
- Nada menos de duas almas. Cada
criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora,
outra que olha de fora para entro...
Machado de Assis
Ser humano, considerado não apenas como um
animal, mas animal malfazejo ou malévolo.
Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco
Se oriente rapaz...
Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco
Se oriente rapaz...
Manuel Bandeira: O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Eu &Fim de Semana / Valor
Econômico
Quando a estrutura econômica se divorcia da
estrutura social, que passam a se mover em ritmos entre si diferentes, como no
Brasil destes tempos, o drama está criado
O desenvolvimento econômico brasileiro foi, por largo tempo, uma combinação equilibrada de economia moderna com economia atrasada, economia altamente lucrativa com economia de excedentes e trabalho barato, pobreza com fartura. Foi essa a tecnologia social espontânea de uma acumulação subsidiária da modernização econômica e industrial acelerada. A economia dual que nos trouxe, em menos de meio século, da escravidão à industrialização.
O desenvolvimento econômico brasileiro foi, por largo tempo, uma combinação equilibrada de economia moderna com economia atrasada, economia altamente lucrativa com economia de excedentes e trabalho barato, pobreza com fartura. Foi essa a tecnologia social espontânea de uma acumulação subsidiária da modernização econômica e industrial acelerada. A economia dual que nos trouxe, em menos de meio século, da escravidão à industrialização.
A economia dual garantiu, com os produtos da
agricultura economicamente atrasada, baseada na produção direta dos meios de
vida pelos trabalhadores rurais, sem o primado do cálculo de custo, a
alimentação das populações urbanas e dos trabalhadores industriais. Uma
alimentação subsidiada pelo trabalho rural sub-remunerado, a dos párias dos
direitos sociais e da injustiça previdenciária. A iniquidade lucrativa de um
capitalismo singular.
O declínio da economia dual a partir dos anos
1960 desencadeou um ciclo de rupturas em nosso processo histórico com a
progressão acumulativa de problemas econômicos e sociais e seus desdobramentos
políticos. O atraso, mesmo com a pobreza correlata, havia contido o ritmo de
formação do estoque de mão de obra sobrante, o desemprego, por largo tempo.
A crise progressiva da economia dual abriu a
brecha das migrações internas e dos problemas sociais decorrentes, como o da
urbanização patológica. Excedentes populacionais relativos acumularam-se nas
grandes cidades sem o benefício do desenvolvimento urbano e da civilização. As
privações estruturais da economia dual transferiram-se para as cidades.
À medida que o grande capital moderno se
expandiu, não desenvolveu técnicas econômicas e políticas de reinclusão social,
na economia moderna, das massas descartadas. Não levou em conta que o
capitalismo só se desenvolve se mantiver sua aliança produtiva com a classe
trabalhadora. Produtiva de empregos e de lucros. Mas, também, restauradora da
ordem social em crescentes patamares de desenvolvimento. Isto é, de inclusão
social, de distribuição de renda e distribuição da cultura erudita, não só
técnica e científica. De ampliação dos direitos sociais, e não de sua redução.
Quando a estrutura econômica se divorcia da estrutura
social, que passam a se mover em ritmos entre si diferentes, como no Brasil
destes tempos, o drama está criado. A técnica política incompetente de
transferir o ônus, a responsabilidade e a "culpa" da crise e da
decadência para os próprios trabalhadores, só agrava os problemas sociais.
Podem chamar economistas, benzedores, pastores, curandeiros, exorcistas, que só
aumentarão a fratura e o problema.
À medida que o desenvolvimento econômico se
acelera em alguns polos da economia e se atrasa em outros, a distância entre o
Brasil escandalosamente próspero e o Brasil escandalosamente atrasado tem se
ampliado. O Brasil se afogará no aparentemente insolúvel dilema dos Brasis
desencontrados.
Podem fazer os discursos que quiserem, o das
bravatas de direita e o das bravatas de esquerda, o do falso discurso crítico
de um Brasil polarizado entre antagonismos de ficção política, o da razão do
previsível e o do milenarismo do imprevisível. Esse primarismo dicotômico nos
manterá à beira do abismo da incerteza e do progresso excludente e cruel.
Nada disso levará à consciência crítica de que
carece todo o povo brasileiro e de que carecem nossos políticos para que
consigamos vislumbrar nossas possibilidades históricas. Para nelas identificar
as que viabilizam uma política de coesão nacional, que reconheça a legitimidade
das diferenças e nos abram alternativas viáveis de democratização de riquezas e
de oportunidades. Copiar e imitar a cultura de caubói do cinema americano pode
nos levar à comédia, mas não à história. Temos que superar nossas limitações e
nossa ignorância política.
Mas temos, também, que superar as
simplificações de um evolucionismo que deturpa nossa compreensão do lado
antievolucionista de nossa história, as funções do nosso atraso social e
econômico. E, portanto, as condições sociais para superá-los pela via da
integração social dos desvalidos, e não pela via de sua integração forçada nos
bolsões de miséria.
Teria sido possível criar em tempo uma
alternativa econômica modernizadora para a economia dual através do
cooperativismo, da reforma agrária e do agronegócio popular e de família.
Houve um Brasil que deu certo. Temos que
descobrir quando e por que surgiu aqui, no próprio corpo da economia moderna e
se legitimou politicamente, a tendência ao descarte de pessoas, a criação do
brasileiro de segunda classe, o excluído, nem por isso menos real, menos
sofrido e menos incluído porque vitimado pela inclusão perversa.
*José de Souza Martins é Pesquisador
Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros,
autor de “A Aparição do Demônio na Fábrica” (Editora 34).
O que é Dualidade:
Dualidade é a propriedade ou caráter
do que é duplo, do que é dual, ou que contém em si duas naturezas, duas
substâncias ou dois princípios. Dualidade também possui significados na área da
física, da matemática e da filosofia.
Dualidade onda-partícula
Na física, existe a dualidade onda-partícula,
também chamada de dualidade onda-corpúsculo ou dualidade matéria-energia. A
dualidade onda-partícula é uma propriedade física com dimensões atômicas, que é
a propriedade dos entes físicos possuírem tanto de partículas como de ondas.
Dualidade em Matemática
Dualidade também está presente em programação
linear, um assunto de pesquisa operacional, na área matemática. Em programação
linear, dualidade significa a existência de um outro problema de PL, associado
a cada problema de PL, que designa-se problema dual (D). Nesta relação com o
problema dual o problema original designa-se por problema primal (P).
Dualismo
Dualismo é um sistema religioso ou filosófico
que admite a coexistência de dois princípios eternos, necessários e opostos.
Doutrina que em qualquer ordem de ideias admite dois princípios irredutíveis.
Bicho Homem - Lendas e Mitos
Diz a lenda que o bicho-homem está presente em
várias regiões do Brasil, onde a sua figura, com pequenas variações, é descrita
como sendo a de uma criatura alta, quase um gigante, com um olho só no meio da
testa, também um só pé redondo e enorme, que quando caminha vai deixando pelo
chão pegadas redondas. Os dedos de suas mãos são compridos e disformes, as
unhas longas e afiadas, e os gritos que costuma emitir assombram os moradores
da região onde habitualmente ele se oculta. Quem já o viu diz que ele é muito
grande, forte, e extremamente feroz.
É capaz de derrubar a socos e unhadas
uma montanha, beber rios e transportar florestas. Vive escondido em
locais de muitas serras e vales e é devorador de homens.
"Bicho Homem -
Lendas e Mitos" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação,
2009-2019. Consultado em 23/06/2019 às 01:25. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/bicho/
(...) Em primeiro lugar, não há uma só
alma, há duas...
- Duas?
- Nada menos de duas almas. Cada
criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora,
outra que olha de fora para entro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca
aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o
charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um
homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um
simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; - e assim também a
polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um
tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida,
como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma
laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e
casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência
inteira. Shylock, por exemplo. A alma exterior aquele judeu eram os seus
ducados; perdê-los equivalia a morrer. "Nunca mais verei o meu ouro, diz
ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração." Vejam bem esta
frase; a perda dos ducados, alma exterior, era a morte para ele. Agora, é
preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma (...)
O espelho, Esboço de uma nova teoria
da alma humana, Machado de Assis
O Espelho, de Machado de Assis Fonte:
ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro : Nova Aguilar 1994. v. II.
Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco -
Leandro Karnal (íntegra) HD
Oriente
Gilberto Gil
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de
pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
Composição: Gilberto Gil
Oriente
Gilberto Gil
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
Source: LyricFind
Compositores: Gilberto Passos Gil
Moreira
Letra de Oriente © Tratore
Referências
http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/bicho-homem/
http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/06/manuel-bandeira-o-bicho.html
http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/06/jose-de-souza-martins-temos-que-superar.html
https://www.significados.com.br/dualidade/
https://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/bicho/index_clip_image002.jpg
https://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/bicho/
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000240.pdf
https://youtu.be/XBjkxRgLdAI
Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco -
Leandro Karnal (íntegra) HD
https://www.youtube.com/watch?v=XBjkxRgLdAI&feature=youtu.be
https://youtu.be/AO8SW-0YD0g
https://www.letras.mus.br/gilberto-gil/376449/
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