...Um balancê de 130 anos de
República...
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
— Pó quer dizer progresso!
De Sadi
Carnot (1837-1894) a Emmanuel Macron (1977- )
De Manuel
Deodoro da Fonseca (1827-1892) a Jair Messias Bolsonaro (1955-)
De Manuel a
Washington
De
Washington a Jair
O PATRIOTA WASHINGTON
(Doutor
Washington Coelho Penteado)
O sol
ilumina o Brasil na manhã escandalosa e o Doutor Washington Coelho Penteado no
rosto varonil. Há trinta e oito anos Deodoro da Fonseca fundou a República sem
querer. O doutor pensa bem no acontecimento e grita no ouvido do chofer:
— Toca pra
Mogi das Cruzes!
Minutos
antes arrancara da folhinha do EMPÓRIO UCRANIANO a folha do dia 14. Cercado
pelos filhos escrevera a lápis azul na do dia 15: Viva o Brasil! E obrigara o
Juquinha a tirar o gorro marinheiro porque ainda não sabia fazer continência.
Muitíssimo
bem. Agora segue de Chevrolet aberto para Mogi das Cruzes. Algum dia no mundo
ia se viu uma manhã tão linda assim?
Êta Brasil.
Êta.
Na lapela
uma bandeirinha nacional. Conservada ali desde a entrada do Brasil na grande
conflagração. Ou bem que somos ou bem que não somos. O doutor é de fato:
brasileiro graças a Deus. Onde desejava nascer? No Brasil está claro.
Ao lado dele
a mulher é assim assim. Os filhos sabem de cor o hino nacional. Só que ainda
não pegaram bem a música. Em todo o caso cantam às vezes durante a sobremesa
para o doutor ouvir. A bandeira se balançando na sacada do Teatro Nacional
lembra ao doutor os admiráveis versos do poeta dos Escravos.
— Sim
senhor! É bem a brisa de que fala Castro Alves.
— Que brisa,
Nenê?
— Nada. Você
não entende.
Ele entende.
E goza a brisa que beija e balança.
— O Capitão
Melo me afirmou que não há parque europeu que se compare com este do Anhangabaú.
— Exagero...
— Já vem
você com a sua eterna mania de avacalhar o que é nosso! Pois fique sabendo...
Fique
sabendo, Dona Balbina. Fique a senhora sabendo que o que é nosso é nosso. E
vale muito. E vale mais que tudo. Vá escutando. Vá escutando em silêncio. E
convença-se de uma vez para não dizer mais bobagens.
— Veja o
movimento. E hoje é feriado, hein! Não se esqueça! Paris que é Paris não tem
movimento igual. Nem parecido.
— Você nunca
foi a Paris...
Isso também
é demais. O melhor é não responder. Homem: o melhor é estourar.
— Meu Deus
do céu! Não fui, mas sei! Toda a gente sabe! Os próprios franceses confessam!
Mas você já sabe: é a única pessoa no mundo que não reconhece nada, não sabe
nada!
Guiados pelo
fura-bolos do doutor todos os olhares se fixam na catedral em começo.
— Vai ser a
maior do mundo! E gótica, compreenderam? Catedral gótica!
Na cabeça.
Gostosura de
descer a toda a Ladeira do Carmo e cair no plano do Parque D. Pedro II.
— Seu
professor, Juquinha, não lhe ensinou que D. Pedro era amicíssimo, do peito
mesmo, de Victor Hugo, gênio francês?
Juquinha nem
se dá ao trabalho de responder.
— Pois se
não ensinou fez muito mal. Amizades como essa honram o pais.
O chofer não
deixa escapar um só buraco e Dona Balbina põe a mão no coração. Washington
Coelho Penteado toma conta do cláxon.
— São um
incentivo para as crianças. Quando maiores procurarão cultiválas também.
O vento
desvia as palavras do doutor, dos ouvidos da família. O Chevrolet não respeita
bonde nem nada. Pomba só levanta o vôo quando o automóvel parece que já está em
cima dela.
— Este Brás!
Este Brás! Não lhes digo nada!
Dez fósforos
para acender um cigarro.
Dona Balbina
olha a paineira. Mesma cousa que não olhasse. Juquinha vê um negócio verde.
Washington Júnior um negócio alto. O doutor mais uma prova da pujança
primeira-do-mundo da natureza pátria.
Interjeição admirativa. Depois:
— Reparem só
na quantidade de automóveis. Dez desde São Miguel! E nenhum carro de boi!
60 por hora.
O Chevrolet
perde-se na poeira. Dona Balbina se queixa. Juquinha coça os olhos.
— Pó quer
dizer progresso!
Palavras
assim são ditas para a gente saborear baixinho, repetindo muitas vezes. Pó quer
dizer progresso. Logo surge uma variante: Pó, meus senhores, quer dizer tão
simplesmente progresso. Na antiga Grécia... Mas uma dúvida preocupa o espírito
do doutor: a frase é dele mesmo ou ele leu num discurso, num artigo, numa
plataforma política? Talvez fosse do Rui até. Querem ver que é do bichão mesmo?
Engano. Do Rui não é. Do Epitácio, do Epitácio também não. Não é nem do Rui nem
do Epitácio então é dele mesmo. É dele.
Washington
Júnior com o dedo no cláxon esta torcendo para que apareça uma curva.
Velocidade.
— O Brasil é
um gigante que se levanta. Dentro em breve...
Era uma vez um
pneumático.
— Aquele
telhado vermelho que vocês estão vendo é o Leprosário de Santo Ângelo.
É preciso
ser bacharel e ter alguns anos de júri para descrever assim tão bem os horrores
da morféia também cognominada mal de Hansen, esse flagelo da humanidade desde
os mais remotos tempos.
Dona Balbina
se impressiona por qualquer cousa. Mas agora tem sua razão.
Altamente
patriótica e benemérita a campanha de Belisário Pena. A ação dos governos
paulistas igualmente. Amanhã não haverá mais leprosos no Brasil. Por enquanto
ainda há, mas isso de ter morféia não é privilégio brasileiro. Não pensem não.
O mundo inteiro tem. A Argentina então nem se fala. Morfético até debaixo
d'água. E não cuida seriamente do problema não. Está se desleixando.
É. Está.
Daqui a pouco não há mais brasileiro morfético. Só argentino. Povo muito
antipático. Invejoso, meu Deus. Não se meta que se arrepende. Em dois tempos...
Bom. Bom. Bom. Silêncio que a espionagem é brava.
As casas
brancas de Mogi das Cruzes.
— Qual é o
número mesmo daquele automóvel que está parado ali?
— P. 925.
— Veja você!
P. 925!
Uma volta no
largo da igreja. Parada na confeitaria para as crianças se refrescarem com
Mocinha. Olhadela disfarçada em quatro pernas de anjo. Saudação vibrante ao
progresso local.
Chevrolet de
novo.
— Toca pra
São Paulo!
Primeira.
Solavanco. Segunda. Arranco. Terceira. Aquela macieza.
— Não! Pare!
— Pra quê,
Nenê?
— Uma cousa.
Onde será o telégrafo?
Onde será?
Que tem, tem.
— O patrício
pode me informar onde fica o telégrafo?
Muito fácil.
Seguir pela mesma rua. Tomar a primeira travessa à direita. Passar o largo.
Passar o sobradão vermelho. Virar na primeira rua à direita.
— Primeira á
direita?
Primeira à
direita. Depois da terceira é o prédio onde tem um pau de bandeira.
— Pau, não
senhor. Bandeira desfraldada porque hoje é 15 de Novembro. Muito agradecido.
Faz a
família descer também. Puxa da caneta-tinteiro, floreiozinho no ar, começa: Ex.
Sr. Dr. Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Palácio do
Catete. Vale a pena pôr a rua também? Não. O homem tem que ser conhecido por
força. Bem. Rio de Janeiro. Desta adiantada cidade tendo vindo Capital Estado
uma hora dezessete minutos magnífica rodovia enviamos data tão grata corações
patrióticos efusivos quão respeitosos cumprimentos erguendo viva República V.
Ex.a. Que tal?
Ótimo, não?
Só isso de República V. Ex.a é que está meio ambíguo. Parece que a República é
de S. Ex.a. Não está certo. A República é de todos. Assim exige sua essência
democrática. Assim sim fica perfeito: República e V. Ex.a Bravo. Dr. Washington
Coelho Penteado, senhora e filhos.
— Quinze e
novecentos.
— E eu que
ainda queria pôr uma citação!
Não precisa.
Como está muito bonito.
— É bondade
sua. Uma cousinha ligeira, feita às pressas...
Enquanto o
telegrafista declama os dizeres mais uma vez Washington Coelho Penteado passa
os quinze mil e novecentos réis.
Em plena
rodovia de repente o doutor murcha. Emudece. Dona Balbina que estava
dorme-não-dorme espertou com o silêncio. O doutor quieto. Mau sinal. Procurando
adivinhar arrisca:
— Que é que
deu em você? O preço do telegrama?
O gesto
deixa bem claro que isso de dinheiro não tem a mínima importância.
Dona Balbina
pensa um pouquinho (o doutor quieto) e arrisca de novo:
— Medo que o
chefe saiba que você usa o automóvel de serviço todos os domingos? Domingos e
dias feriados? O gesto manda o chefe bugiar no inferno.
O Chevrolet
corre atrás dos marcos quilométricos.
Só ao entrar
em casa o doutor se decide a falar.
— Esqueci-me
de pôr o endereço para a resposta!...
— I-DI-O-TA!
Olhem só o
gozo das crianças.
Mundo
No G20, Bolsonaro convida Macron para visitar
Amazônia
Em encontro com presidente brasileiro,
Donald Trump disse que visitará o Brasil, mas não forneceu uma data
Por Da Redação
28 jun 2019, 13h16 - Publicado em 28
jun 2019, 09h32
Jair Bolsonaro e o presidente da França,
Emmanuel Macron, durante reunião paralela dos líderes do G20 sobre Economia
Digital em Osaka no Japão: brasileiro reafirmou seu compromisso com o Acordo de
Paris para o clima - 28/06/2019 (Frederico Mellado/ARG/Flickr)
O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se nesta
sexta-feira, 28 com o presidente da França, Emmanuel Macron, e dos Estados
Unidos, Donald Trump, às margens da cúpula do G20 no
Japão. Com o francês, em um encontro “informal”, o brasileiro reafirmou seu
compromisso com o Acordo de Paris para o clima e convidou Macron para visitar a
Amazônia.
A conversa entre os líderes aconteceu
quatro horas depois de o governo brasileiro ter anunciado o cancelamento de uma
reunião bilateral, que constava do programa da viagem de Bolsonaro a Osaka.
Segundo a BBC Brasil, membros da
delegação de Macron afirmaram que ficaram sabendo do encontro pela imprensa,
pois na agenda oficial do presidente francês só havia, desde o início, a
previsão de uma breve conversa informal com Bolsonaro.
E foi o que aconteceu, segundo o
porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros. “Foi um encontro amistoso, por
que não seria?”, declarou o general, sem mencionar as recentes críticas de
Macron à política climática do Brasil.
Os dois presidentes abordaram, entre
outros temas, o Acordo de Paris sobre o clima e as negociações para o tratado
UE-Mercosul, sobre o qual o porta-voz declarou que está “muito avançado” e que
espera um anúncio sobre o acordo “o mais rápido possível”.
O ambicioso acordo comercial que
começou a ser negociado em 1999 está sendo finalizado em Bruxelas e pode
tornar-se realidade em breve, apesar das dúvidas de alguns países europeus, em
especial da França, que deseja proteger seu setor agrícola.
Já a Presidência francesa informou que
a discussão entre ambos foi “muito direta” e que Macron “insistiu sobre a
necessidade de que o Brasil permaneça no acordo de Paris” sobre o clima, apesar
de Bolsonaro ter afirmado que não tem a intenção de abandonar o mesmo.
O Palácio do Eliseu anunciou ainda que
o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, visitará o
Brasil em julho.
A reunião entre Bolsonaro e Macron,
prevista inicialmente como bilateral (o que dá um status oficial) foi
finalmente “informal” por questões de agenda, afirmou o porta-voz, que
minimizou a diferença e destacou que o mais importante é que o encontro
aconteceu.
Macron ameaçou na quinta-feira 27 não
assinar o tratado comercial UE-Mercosul se o Brasil abandonar o Acordo de Paris sobre
o clima. O país está sob uma tempestade de críticas de ONGs e de alguns
governos, incluindo a Alemanha, por sua política de desmatamento.
A luta contra a mudança climática é um
dos principais temas do encontro do G20, que reúne nesta sexta-feira e no
sábado, 29, 20 países desenvolvidos e emergentes. O aquecimento global,
contudo, é uma questão que alguns países, liderados pelos Estados Unidos, não
querem ver mencionada no comunicado final.
Estados Unidos
Bolsonaro também participou nesta
sexta de uma reunião bilateral com o presidente americano Donald Trump. A
repórteres após o encontro, o líder dos Estados Unidos disse que visitará o
Brasil, mas não forneceu uma data.
“Na reunião com o presidente
@realDonaldTrump, retomamos assuntos tratados na visita a Washington e
introduzimos a ideia de um acordo de livre comércio para fortalecer ainda mais
nossa parceria econômica. Trabalhando juntos, Brasil e EUA podem ter impacto
muito positivo no mundo”, disse Bolsonaro em suas redes sociais após o
encontro.
O presidente brasileiro também
reiterou apoio à reeleição de Trump na corrida presidencial americana de 2020.
Esta é a segunda vez que os dois líderes se reúnem, depois de Bolsonaro visitar
a Casa Branca em março.
No G20, as autoridades voltaram a
tratar da crise com a Venezuela e da entrada do Brasil na Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O americano mencionou a possibilidade
de aumentar sanções ao governo venezuelano de Nicolás Maduro e destacou a
importância do apoio brasileiro na questão.
Trump também reiterou o apoio para que
o Brasil ingresse como novo membro da OCDE. Em contrapartida, o governo
brasileiro concordou em abrir mão de vantagens comerciais na Organização
Mundial do Comercial (OMC).
O americano ainda declarou que
Bolsonaro é um “homem especial, muito amado pelo povo do Brasil”, enquanto o
brasileiro voltou a dizer que os dois países “nunca estiveram tão próximos”.
Como Trump, Bolsonaro é considerado um
cético da mudança climática. O brasileiro também segue o modelo do presidente
americano de uso intenso das redes sociais.
39 quilos de cocaína
Durante a reunião de cúpula do
G20, Bolsonaro disse ter agradecido pessoalmente ao presidente
espanhol Pedro Sánchez pela atuação das autoridades do seu país na apreensão de
39 quilos de cocaína em um avião da FAB em Sevilha.
“Aproveitei para agradecê-lo pelo modo
como as autoridades espanholas estão lidando com o caso dos entorpecentes
apreendidos em avião da FAB e reafirmei minha defesa por punição severa
para o tráfico”, escreveu Bolsonaro no Twitter.
O presidente brasileiro e o espanhol
se encontraram brevemente durante almoço de trabalho que deu início ao encontro
do G20.
Brics
A agenda de Bolsonaro nesta sexta
ainda incluiu uma reunião informal com os líderes dos quatro países que
integram os Brics ao lado do Brasil – Rússia, Índia, China e África do Sul. O
brasileiro presidiu o encontro com Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e
Cyril Ramaphosa.
Bolsonaro disse buscar convergências
com os líderes dos outros países. “Nosso governo pretende trabalhar ativamente
pelo fortalecimento desse grupo. Menciono como exemplo bem-sucedido da
cooperação dos Brics o novo Banco de Desenvolvimento”, declarou.
O tom adotado pelo presidente no
discurso durante a conferência foi diferente do que o que chegou a ser ensaiado
nos bastidores da delegação brasileira. Um dos rascunhos da fala do presidente
brasileiro continha crítica ao processo de globalização, defesa do nacionalismo
e um pedido aos demais países para que apoiem a transição de governo na
Venezuela.
No evento, contudo, Bolsonaro optou
por uma linha mais moderada. No lugar de referências à globalização, defendeu o
sistema multilateral e a reforma da OMC, em linha com o comunicado do grupo. As
críticas foram direcionadas para o protecionismo no comércio.
O discurso no evento dos Brics foi o
primeiro de Bolsonaro no Japão. A ideia do presidente brasileiro é aproveitar a
vitrine internacional da cúpula das 20 maiores economias do globo para modular
a imagem que tem no exterior. Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro se
queixa de como foi retratado em veículos internacionais.
A prévia do discurso de Bolsonaro
sugeria que o presidente abordasse que um dos desafios do momento é o de “dar
face humana ao processo de globalização”. Um dos trechos que constavam no
rascunho e foram retirados do discurso final afirmava: “Não queremos, porém,
que a globalização destrua nossas identidades nacionais, mas que seja um fator
a reforçá-las. Nossos povos têm em comum esse anseio e precisamos trabalhar
para atendê-los”.
A defesa do nacionalismo,
tradicionalmente bandeira do chanceler, Ernesto Araújo, e do assessor de
assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins, foi substituída pelo apoio
enfático ao sistema multilateral de comércio.
“Em meu governo, o Brasil reafirmou
seu apoio ao sistema multilateral de comércio, por ter certeza de que o
dinamismo da economia mundial depende dele. Estamos plenamente dispostos a
seguir colaborando para a reforma da OMC e para a construção de uma agenda
negociadora equilibrada”, afirmou Bolsonaro no evento. Correntes protecionistas
e práticas econômicas desleais foram citadas pelo presidente como fonte de
tensões comerciais e risco para a estabilidade das regras internacionais de
comércio.
Outros encontros
O presidente brasileiro ainda teve
tempo de se reunir com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, e com o
secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría Treviño.
Com o dirigente do Banco Mundial,
Bolsonaro disse ter discutido as perspectivas da “já sólida parceria” entre o
Brasil e o banco. “Nosso governo tem interesse em seu apoio ao setor produtivo
e em maior atuação sua no financiamento de infraestrutura no Brasil”, afirmou o
presidente.
Bolsonaro destacou ter conversado com
o secretário-geral da OCDE sobre os próximos passos para uma relação ainda mais
forte com a organização. Segundo ele, Gurría Treviño mostrou grande entusiasmo
com a agenda de reformas do Brasil.
(Com Reuters, Estadão Conteúdo e AFP)
As várias visões: livro faz balanço dos 130
anos da República
Ensaios de 38 especialistas analisam,
década a década, o período entre 1889 e 2019
Elias Thomé Saliba*, Especial para o
Estado de S. Paulo
“Quando vamos pescar alguma coisa
nesse oceano sem fundo que é a memória, o anzol já vai molhado do presente”.
Assim o escritor Pedro Nava definia os impasses de suas narrativas, ancoradas
num presente sempre móvel e mutante já que, a cada vez que relembrava algo,
acabava modificando o passado. Muito semelhante ao que acontece com a História,
com uma pequena (e crucial) diferença: o anzol do historiador (para ficar na
mesma metáfora de Nava) também já sai molhado do presente, mas acaba voltando
ressecado da realidade dos fatos e testemunhos. Talvez, por isto, ao contrário
do que se pensa, a História não forneça lições duradouras mas, apenas novas e
surpreendentes perspectivas.
Melhor ainda se estas perspectivas do
passado nos chegam através de múltiplos olhares de historiadores, cientistas
políticos, economistas e juristas, entrecruzando visões das suas disciplinas as
quais, isoladas com suas próprias ferramentas e métodos, seriam incapazes de
nos oferecer. Esta é a principal novidade de 130 Anos: Em Busca da República,
que reúne pequenos ensaios de 38 autores, cada um abordando uma das 13 décadas
da história brasileira, examinadas da perspectiva da História, do Direito e da
Economia. Sabemos que em cada uma das três áreas é mas fácil fornecer a receita
do que fazer o bolo. Mas não é o caso do raro caleidoscópico de estudiosos
reunidos na coletânea, os quais, afinal, já se arriscaram em fazer o bolo:
todos com larga experiência em suas áreas, sendo que quase a metade dos
colaboradores já exerceram, ou ainda exercem, algum cargo na vida pública.
Já na introdução, Pedro Malan - um dos
organizadores - parece reconhecer aquela mesma gangorra instável do anzol de
Nava, entre memória e História, recorrendo à bela metáfora de outro escritor, o
francês Alfred de Musset: “Ao longo destes 130 anos de República, não sabíamos
(como não sabemos hoje) se ao caminhar estávamos pisando nas cinzas do passado
ou nas sementes do futuro, juntas e misturadas, como sempre, sob nossos pés e
em nossas memórias." Inspirando-se em Tito Lívio, a história dos 130 anos
da República Brasileira, de 1889 a 2019, é dividida em décadas, o que pode
supor alguma falta de sincronia em relação à periodização tradicional – mas que
é, afinal compensada tanto pelo efeito de continuidade que cada autor procura
garantir - na sintonia fina da redação de capitulos curtos, linguagem acessível
e sem nenhum aparato acadêmico -, quanto nas criteriosas cronologias dos
eventos mais importantes que orientam o leitor e abrem o exame de cada uma das
décadas.
O patrimonialismo, o personalismo, uma
mal ajambrada esfera pública, o pesado lastro da escravidão e de suas crônicas
mazelas mas, sobretudo, a tardia e falha entrada da maioria da população no
sistema político, fez do Brasil mais uma republica incompleta e, por vezes,
caricata - do que propriamente um regime em busca de uma mínima racionalidade
democrática. Difícil falar sobre todos os capítulos sem injustiçar alguns, mas,
longe de esconder saudáveis diferenças interpretativas, os textos revelam um
foco bastante equilibrado, funcionando como sismógrafos das mudanças e
permanências que ocorreram numa República que iniciada em 1889 -e abolida a
escravidão um ano antes - tinha apenas 14 milhões de habitantes, a maioria
vivendo no meio agrário; e que ao chegar a 2019, viu sua população saltar para
208 milhões, agora concentrada nos grandes centros urbanos mas, registre-se,
ainda marcada por contrastes sociais que fazem do Brasil um dos mais desiguais
do planeta.
A vantagem para o leitor é que ele
pode começar a leitura do livro pela década que mais lhe interessar. De
qualquer forma, um rápido olhar sobre o todo republicano revela estatísticas
sombrias: apenas seis presidentes foram eleitos pelo voto popular, quatro não
chegaram a completar seus mandatos e sete sequer chegaram a ser eleitos por
votação popular. Para captar tamanhas instabilidades, muitas das abordagens
também acabam recorrendo aos poetas. Analisando o arcabouço jurídico da
República na década de 1920, que já antecipa o quadro ditatorial da época de Vargas,
Paula Forgioni e Ruy Camilo Júnior, ao revelarem o profundo contraste entre os
bacharéis de prosa empolada e as novas linguagens esgrimidas pelas gerações de
escritores modernistas -, usam a metáfora do poema de Drummond de 1928: “No
meio do caminho tinha uma pedra”. Já Nelson Jobim, ao analisar o quadro
jurídico-político da década de 1980, que começa com o General Figueiredo, passa
pela gestão Sarney e termina com Fernando Collor, fecha o capítulo com o belo
(mas lúgubre) final de um poema de Borges: “Somos nossa memória/ somos este
quimérico museu de formas inconstantes,/ este montão de espelhos rotos”.
“Desordem”, “aventura”, “ocaso”, “instabilidade”, “experimento”, “conturbação”,
“crise”, “turbulência”, “frustração”, “excessos”, “discórdia”, “ruptura”,
“incerteza” - estes são alguns dos vocábulos, entre muitos outros, colhidos ao
acaso, que marcam presença nos títulos de cada um dos 40 capitulos. Sintomática
neste sentido é a própria divisão em décadas, inspirada em Tito Lívio, a qual
faz lembrar, por coincidência – para definir a nossa República – aquela antiga
definição brincalhona que o historiador Jérôme Carcopino, perdendo a paciência
no final de um dos seus livros, deu ao Império Romano: “uma sucessão de crises
em meio a um apogeu completamente superficial”.
Mas os muitos avanços – e não foram
poucos – também são analisados e contabilizados a crédito da nossa República.
Por exemplo, entre a Constitução de 1946, que proibia o voto para “militares de
tropa, mendigos(!)e analfabetos” e a Constituição de 1988, as melhorias foram
inegáveis e o Judiciário passou a viver uma progressiva ascensão institucional.
Através de analises brilhantes de autores como Tércio Sampaio Ferraz Junior,
Nelson Jobim e até do Ministro Luís Roberto Barroso, o leitor pode comprovar o
quanto, no quadro jurídico - incluindo os seus naturais desdobramentos na
política - tivemos numerosos avanços. Coube à Joaquim Falcão esmiuçar a década
de 1960, talvez a mais difícil e turbulenta de todas: em menos de 10 anos,
foram três Constituições - a liberal, de 1946 até 1967; a ditatorial, de 1967
até 1969; e a emenda de 1969, que, praticamente, substituiu toda a Constituição
de 1967. Foram 17 Atos Institucionais e três regimes políticos: em uma
dimensão, o presidencialismo e o parlamentarismo; em outra, a ditadura. Foram
sete presidentes da República; três primeiros-ministros e 25 ministros do
Supremo, sendo três cassados e um renunciante. Triste recorde.
Na Economia também foram consideráveis
os avanços, sobretudo com a industrialização no período do Estado Novo, mas, no
conjunto dos 130 anos, persistiu, e talvez ainda persista, escolhas políticas
de precária racionalidade econômica e uma reincidente e crônica desatenção ao
planejamento de longo prazo. No ponto alto de muitos exemplos tristes,
registre-se a queima da produção agrícola: entre 1932 e 1943 foram destruídas
75 milhões de sacas de café, correspondentes a três safras anuais. “É o
trabalho paulista queimando. E Paulista é o mesmo que ‘humano’: essa prodigiosa
massa de trabalho humano, de esperanças de salvação, de ambições, de fadigas,
engenhos e atividades, tudo sacirificado pela estupidez...humana” – escreveu
Mário de Andrade em 1932.
Para ajustar os sismógrafos na
captação dos tempos de tão longa duração da República brasileira, também
comparecem historiadores, como José Murilo de Carvalho, Bóris Fausto, Marieta
de Moraes Ferreira – entre outros. Ao analisar o período ditatorial inaugurado
em 1964, Carlos Fico mostra-nos o quanto o governo militar orgulhava-se de sua
própria propaganda política (rotulada pelo eufemismo “relações públicas) embora
sempre tentasse negar, descaradamente, a censura à imprensa. (Descaradamente,
já que entre tantos exemplos, o Estado ficou sob censura entre 1968 e 1975).
Numa simples consulta à lista das 80 proibições determinadas pela censura em
1971 e 1972, o historiador constata que 39 diziam respeito a confrontos entre a
repressão e militantes de esquerda. Desta maneira, conclui Fico, “além de
evitar a divulgação de críticas ao regime, a censura política foi amplamente
utilizada para ocultar a violência."
Em tempos nos quais a informação
histórica, replicada em inúmeras redes sociais, chega impregnada de visões
apaixonadas, erráticas, quando não completamente irracionais -, a coletânea é
um saboroso coquetel de equilíbrio e sobriedade, imprescindível para conhecer a
história da república e entender muitos dos desafios presentes. Assim, numa
época na qual as disciplinas de humanidades sofrem ataques, a própria coletânea
torna-se ela mesma uma contribuição para aquela busca contida no título. Ela
reitera que a História não fornece lições, mas sim, perspectivas. Lições estão
mais próximas de profecias, aquelas que superam o horizonte da experiência
calculável e passam ao largo da história. Já as perspectivas geram
prognósticos, aqueles que avançam do presente para o futuro, apoiam-se no
diagnóstico racional do passado e nas suas infinitas possibilidades.
*Elias Thomé Saliba é historiador,
professor titular da USP e autor, entre outros livros, de As Utopias
Românticas.
BALANCÊ
Gal Costa
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê, balancê
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Você foi minha cartilha
Você foi meu ABC
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê, balancê
Você foi meu ABC
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Eu levo a vida pensando
Pensando só em você
E o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê, balancê
Pensando só em você
E o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Ô balancê, balancê
Source: LyricFind
Compositores: Carlos Alberto Ferreira
Braga / Alberto Ribeiro Da Vinha
Letra de BALANCÊ © Ubc
Balancê
Gal Costa
Gal Tropical
Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê
Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê
Refrão
Você foi minha cartilha
Você foi meu abc
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê balancê
Refrão
Eu levo a vida pensando
Pensando só em você
E o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê
Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê
Refrão
Você foi minha cartilha
Você foi meu abc
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê balancê
Refrão
Eu levo a vida pensando
Pensando só em você
E o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê balancê
Referências
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/alcantara3.pdf
https://abrilveja.files.wordpress.com/2019/06/mundo-macron-bolsonaro-02012012-001.jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453
https://veja.abril.com.br/mundo/no-g20-bolsonaro-convida-macron-para-visitar-amazonia/
http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/06/livro-faz-balanco-dos-130-anos-da.html?m=1
https://youtu.be/hs-I80jmjSE
https://www.vagalume.com.br/gal-costa/balance.html