Minha
cabocla, a Favela vai abaixo
Quanta
saudade tu terás deste torrão
Da
casinha pequenina de madeira
que
nos enche de carinho o coração
Que
saudades ao nos lembrarmos das promessas
que
fizemos constantemente na capela
Pra
que Deus nunca deixe de olhar
por
nós da malandragem e pelo morro da Favela
Vê
agora a ingratidão da humanidade
O
poder da flor sumítica, amarela
quem
sem brilho vive pela cidade
impondo
o desabrigo ao nosso povo da Favela
Minha
cabocla, a Favela vai abaixo
Ajunta
os troço, vamo embora pro Bangú
Buraco
Quente, adeus pra sempre meu Buraco
Eu
só te esqueço no buraco do Caju
Isto
deve ser despeito dessa gente
porque
o samba não se passa para ela
Porque
lá o luar é diferente
Não
é como o luar que se vê desta Favela
No
Estácio, Querosene ou no Salgueiro
meu
mulato não te espero na janela
Vou
morar na Cidade Nova
pra
voltar meu coração para o morro da Favela
Composição:
Sinhô
Disponível em:
https://www.letras.mus.br/sinho/389472/
Acesso em: 13/10/2017
Viva a Caatinga! Faveleira
Rio’s First Favela
Rio’s First Favela
Tradução
livre no Google Tradutor do texto do Post acima sobre o Morro da Providência:
Primeira
Favela do Rio
Postado
em 15 de novembro de 2015
"Tão
impressionante como Cristo Redentor e Pão de Açúcar são para a paisagem do Rio,
assim como as favelas espalhadas pela cidade. Hoje, existem (oficialmente)
cerca de 763, de acordo com dados do Instituto Pereira Passos (IPP). A primeira
das favelas do Rio, Morro da Prividência, começou a crescer há cerca de 120
anos.
Dois
importantes fatores históricos contribuíram para as primeiras ocupações da
região: o grande número de soldados vitoriosos que retornaram da Guerra de
Canudos, que desembarcou no Rio de Janeiro em 5 de novembro de 1897, sem
moradias, e a grande concentração de negros que encheu a cidade após a abolição
da escravidão.
Com
a lei "ventre livre" de 1871 (desde então "liberando" a
prole das mulheres escravizadas), a cidade do Rio começou a se invadir com os
ex-escravos em busca do trabalho (isto é falso, considerando que não foi até
1888 que os escravos se tornariam ex-escravos). Na época, um grande número de
chamados cortiços começou a surgir no centro e ao redor do centro da cidade,
que até então era considerado uma área nobre da cidade e se tornou uma região
importante para a concentração do trabalho com a construção da Estação Central,
em 1858.
providencia3Mansões
que já não tinham uma maneira de sustentar-se sem escravos foram transformadas
em habitação. Ao mesmo tempo, na segunda metade do século XIX, foi criado o
maior e mais famoso cortiço da cidade, conhecido como Cabeça de Porco (segunda
imagem). Foi um tesão monumental, com 4.000 residências. A localização exata
onde se encontra é onde o túnel João Ricardo está localizado hoje, ao lado da
Estação Central.
Cabeça
de Porco foi destruída em 1893 por ordem do prefeito Cândido Barata Ribeiro,
forçando muitas famílias a viver na rua (ironicamente chamado beco Felicidade).
Foi exatamente nessa área onde surgiu a primeira comunidade, depois chamado
Morro da Favela (primeira imagem, também conhecido como Morro da Providência).
A
origem do termo surgiu após a Guerra de Canudos, onde o original Morro da
Favela foi, devido a uma planta localmente abundante conhecida como faveleira.
Alguns dos soldados, ao retornarem, não receberam o pagamento prometido e
decidiram invadir um antigo rancho, com o apoio de um funcionário, no Morro da
Prividência, que depois ganhou o apelido (favela) em referência a Canudos.
Foi
com a abolição da escravidão (em 1888) que a cidade ficou lotada, sem
habitações disponíveis para todos. Todos os escravos do Vale da Paraíba -
200.000 - invadiram a cidade do Rio de Janeiro. O Morro da Providência
tornou-se um local ideal para famílias de baixa renda, cercado por uma
pedreira, fábricas e trilhos da Estrada de Ferro da Estação Central, tendo um
cemitério protestante e a área portuária do outro lado, a terra estava, na
época, subestimado e aberto.
providencia4_1
(primeiras casas em Providência, 1905)
As
primeiras casas da Providência começaram a ser construídas na metade inferior
da colina, da mesma forma que as de Canudos. Atualmente, nenhuma dessas
residências ainda existe, pois esta área da colina foi usada para extrair pedra
para uso em obras de construção no centro da cidade.
A
Providência foi a primeira favela "autônoma" do mundo, já que se
consumiu quando seus próprios moradores passaram a trabalhar extraindo pedra,
que por sua vez destruiu parcialmente a colina em que viviam. Não foi até 1968,
quando uma explosão não planejada enterrou 36 pessoas, que a colina deixou de
ser destruída.
Em
1904, o governo fez sua primeira tentativa de remover a favela, depois
frustrada por uma revolta popular conhecida como "Revolta da Vacina",
na qual muitos moradores de favelas participaram de tropas governamentais.
Depois disso, a situação se acalmou. O próprio governo percebeu que a população
era fundamental como mão-de-obra barata para extrair pedra, ou para trabalhar
construção, no porto e nas fábricas e plantas da região ".
Disponível em:
https://riothen.wordpress.com/tag/morro-da-providencia/
Acesso em: 13/10/2017
A
outra história do Porto Maravilha
"Sede do Boulevard Olímpico, maior PPP do país
inaugurou um mercado ainda inexplorado pelas empreiteiras
por Adriano Belisário | 9 de agosto de
2016
Maior parceria público-privada (PPP) do país, a
criação do Porto Maravilha, em 2009, marcou não só o início da transformação da
zona portuária no Rio de Janeiro, mas também o fim de uma proposta de
transformação da região com foco na participação social e moradia popular. Dona
de mais de 60% dos terrenos na região com potencial de construção, a União era
uma peça-chave para a reestruturação urbana da área, e, durante seis anos, o
Ministério das Cidades liderou o grupo de trabalho dedicado ao tema. No entanto,
mesmo com pareceres técnicos e jurídicos favoráveis, tramitação avançada nos
governos municipal, estadual e federal, a proposta de criação de um consórcio
público para a reabilitação da área foi descartada para surpresa de quase todos
envolvidos no processo.
Em vez dela, foi adotada a atual proposta, cujas
principais diretrizes foram elaboradas e executadas pela OAS, Odebrecht e
Carioca Christiani Nielsen. São 5 milhões de metros quadrados que englobam três
bairros inteiros – Santo Cristo, Gamboa e Saúde – e incluem outros quatro. As
empreiteiras se revezam em consórcios naquela área. Além das duas fases do
Porto Maravilha, que juntas receberam investimentos de mais de R$ 10 bilhões,
as mesmas empresas ganharam outros editais para atuar na região, como as obras
do programa Morar Carioca (R$ 32 milhões) e a PPP para operar o veículo leve
sobre trilhos, o VLT (R$ 1,1 bilhão).
Após a decisão de 2009, o Ministério das Cidades –
criado no início do governo Lula com a missão de impulsionar políticas de
desenvolvimento urbano e habitação com inclusão social – foi afastado das
negociações. Aos poucos o desenho atual do porto foi tomando conta. A Pública reuniu
relatos de ex-funcionários envolvidos nas negociações para contar como
aconteceu o triste fim de um dos principais projetos do ministério.
Antes do Porto
Aterro
Quase um terço do centro
O retrato da situação fundiária antes do Porto
Maravilha mostra a predominância de imóveis públicos na região. Apenas 25% da
área eram terrenos privados. Estado e município detinham aproximadamente 6%
cada um. Todo o restante pertencia à União. O mapa e os dados foram compilados
por Mariana Werneck, cuja pesquisa “Porto Maravilha: agentes, coalizões de
poder e neoliberalização no Rio de Janeiro”, será publicada em setembro pelo
Observatório de Metrópoles
O Ministério das Cidades posto de lado
Quem visita a zona portuária do Rio de Janeiro logo
percebe a quantidade expressiva de grandes galpões e fábricas desativadas. Por
outro lado, a região do Porto Maravilha ainda tinha a menor densidade
habitacional do município em 2010.
A área do Porto Maravilha equivale a quase um terço
do centro da cidade. De acordo com o Censo de 2010, em sua imensa maioria os
habitantes da zona portuária são de baixa renda: dos 10.098 domicílios da
região, apenas 611 possuem renda maior que três salários mínimos. Entre as
favelas, a mais antiga do Brasil, o morro da Providência, reúne a maior parte
dos moradores, concentrando 1.237 domicílios.
Com tanto terreno disponível em uma área central e
tão poucos habitantes, aumentar o número de moradias sempre foi uma das
prioridades das políticas públicas de urbanização para o local. O objetivo era
reverter o padrão de ocupação atual: intenso de dia, mas quase deserto à noite
e nos fins de semana. Pelo menos desde os anos 1980, há propostas em debate. Já
naquela época, a Associação Comercial do Rio de Janeiro apresentou um projeto
de revitalização e foi criado o projeto Sagas para garantir o uso residencial,
bem como preservar o patrimônio arquitetônico de bairros do local.
Conforme levantamento feito por Mariana Werneck,
apenas 25% da área da região eram terrenos privados. Estado e município
detinham aproximadamente 6% cada um. Todo o restante pertencia à União. Por
isso, com a criação do Ministério das Cidades em 2003, abriu-se um novo
capítulo dessa história. O novo órgão liderou, no governo federal, a busca de
soluções para o porto do Rio, em especial por meio do Programa de Reabilitação
de Áreas Centrais da Secretária Nacional de Programas Urbanos, que previa
a reabilitação através da moradia no centro das cidades brasileiras. Surgiu ali
a proposta de criação de um consórcio público, composto pelos três níveis de
governo, responsável por conduzir a reabilitação da região. A prioridade eram a
participação e a permanência da população local, além da produção de habitações
de interesse social nos imóveis públicos edificados.
“Foi feita uma série de contratos com especialistas
para a modelagem de governança e jurídica. Investiu-se cerca de 300 mil reais
em consultorias. Em agosto de 2009, estávamos no final do processo”, lembra
Renato Balbim, geógrafo e ex-coordenador do Programa de Reabilitação de Áreas
Centrais do Ministério das Cidades. Na época, a zona portuária do Rio de
Janeiro era a principal aposta da pasta para moradias em áreas centrais.
Representada por Lula, o ex-governador fluminense Sérgio Cabral e o prefeito
Eduardo Paes, a aliança entre PT e PMDB propiciou um alinhamento político entre
os três níveis de governo, dando novo fôlego ao antigo plano de reabilitação do
porto.
No dia 23 de julho de 2009, a primeira fase do Porto
Maravilha foi lançada. Houve cerimônia pública e presença de autoridades. O
então presidente Lula garantiu: “Não faltarão recursos para concluirmos essas
obras”.
“Todas as etapas de redação e validação das minutas
já tinham sido superadas nos três níveis de governo. Estava tudo muito bem
estruturado, inclusive politicamente, para fazer a assinatura do documento que
oficializaria a minuta do consórcio [público], a ser aprovada posteriormente
nas câmaras legislativas dos três entes”, diz Balbim. “Faltava apenas a última
reunião para bater o martelo sobre a concordância política final”, recorda.
A tal reunião ocorreu semanas depois na Casa Civil,
em Brasília, e contou com a presença de Eduardo Paes para, enfim, formalizar a
proposta. Balbim resume a surpresa dos técnicos do ministério ouvidos pela
Pública: “Entramos em uma reunião para dar o passo final, tomar decisões de
encaminhamentos, e já era um clima de fim de feira. Ela se encerrou sem
definições e depois disto a coisa morreu”.
“Apesar de até então tudo indicar que o consórcio
público tinha total aprovação dos três níveis, simplesmente de um dia pro outro
percebemos que não iria mais se levar adiante essa modelagem. Foi uma decisão
cuja explicação escapa à área técnica”, lamenta Balbim.
Lula e Eduardo Paes na cerimônia de inauguração da
primeira fase do Porto Maravilha, em 2010 (Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil)
É verdade. Por meio da Lei de Acesso à Informação,
a Pública obteve um parecer técnico da própria Casa Civil da
Presidência sobre o assunto. Datado de 21 de agosto de 2009, o documento
recomenda a adoção da modelagem do consórcio público, que havia sido desenvolvida
conjuntamente, em longas reuniões, pelo Ministério das Cidades, Ministério do
Planejamento, governo do estado do Rio de Janeiro, prefeitura do Rio de
Janeiro, BNDES e Caixa Econômica Federal. “Entendemos, salvo melhor juízo, que
a figura jurídica do Consórcio Público é uma excelente alternativa para
viabilizar os planos de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro”,
conclui no documento Leonardo Lima Chagas, assessor técnico da Subchefia de
Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Presidência da
República. Não foi o que aconteceu.
A diferença entre as propostas
O consórcio público já previa o mecanismo de
Operação Urbana Consorciada, presente no Estatuto da Cidade. Ele é viabilizado
mediante a venda de Certificados do Potencial Adicional de Construção, os
Cepacs, que autorizam a construção de andares acima do limite definido pelo
zoneamento da cidade. Eles funcionam como um “terreno virtual” que pode ser
vendido na bolsa de valores. No caso do Porto Maravilha, os Cepacs quase
dobraram a área edificável – para cima. Até agora, metade dos títulos foi
negociada no mercado, e cerca de 10% foram de fato construídos.
O Porto Maravilha de hoje, proposto pelas
empreiteiras, segue algumas recomendações do Ministério das Cidades, como a
adoção do modelo baseado na comercialização de Cepacs. Mas a diferença é
gritante, sobretudo no papel do governo federal na administração: de acordo com
a proposta das empresas, toda negociação para as intervenções na área se daria
com os poderes locais. A União apenas abriria mão dos terrenos para a
incorporação imobiliária.
De fato, com a PPP do Porto Maravilha firmada com a
prefeitura, as empreiteiras assumiram serviços básicos que são de
responsabilidade do município, como a manutenção e a limpeza dos espaços
públicos, a sinalização de vias, a iluminação. “Se você quer resolver qualquer
coisa, você se dirige ao Porto Novo”, afirma Maria de Fátima Lima em depoimento
ao “100”, projeto da Pública sobre remoções no
“Rio olímpico”. “Tudo aqui na região portuária é com o Porto Novo: eles
que cortam, mandam plantar, mandam iluminar”, critica a ex-moradora do morro da
Providência. No caso da coleta de lixo, o consórcio Porto Novo contratou para o
serviço a própria empresa pública de limpeza urbana do município (Comlurb) pelo
valor de R$ 19 milhões.
Após a operação no porto, a prefeitura carioca
pretende agora expandir o modelo de PPP em grandes operações urbanas para
outras regiões. Já há planos para replicar o modelo na zona oeste, em uma área
que corresponde a quase um quarto do Rio de Janeiro. O Porto Maravilha virou
vitrine.
O Museu do Amanhã, um dos principais símbolos do
projeto Porto Maravilha (Foto: Bruno Bartholini)
Já no abandonado consórcio público, o governo federal
teria ingerência direta no projeto, ao lado dos governos do estado e do
município. E iria garantir a destinação de parte dos terrenos públicos para
fins sociais e habitação popular. A proposta do Consórcio Público da Área
Portuária do Rio de Janeiro (Cparj) previa o financiamento, por meio da
“captação da valorização imobiliária”, dos terrenos públicos, além de outras
intervenções urbanas. Na época, ainda não havia estimativa de valores exatos a
serem investidos.
À frente da Secretaria Nacional de Programas Urbanos
do Ministério das Cidades de 2003 a 2007, Raquel Rolnik lembra: “A ideia seria
ter uma empresa pública gerida pelos três níveis de governo que pudesse
recepcionar o conjunto de terras públicas. Também começamos a desenvolver um
plano de aproveitamento dos terrenos para habitação”. A ideia era que a
reabilitação se desse por fases, com mecanismos de transparência e participação
da população. A expectativa era lançar o projeto oficialmente durante o Fórum
Urbano Mundial de 2010, que ocorreu na zona portuária.
A invenção de um novo mercado para as empreiteiras
O primeiro grande passo do grupo de trabalho
liderado pelo Ministério das Cidades foi um termo de cooperação que, assinado
em 24 de março de 2006, selava a parceria entre os três níveis de governo para
elaborar o projeto. “Passamos três anos negociando isto a duras penas. O Cesar
Maia não dialogava e estava muito isolado, brigava com o governo do estado e
com o governo federal. O culminar disso tudo foi o dia da assinatura do termo.
Na véspera, eu fico sabendo que o Cesar Maia foi para Nicarágua. Então, eu
decido ir, representando a prefeitura”, recorda Alfredo Sirkis, então
secretário municipal de Habitação da prefeitura de Cesar Maia (PMDB). Porém, na
manhã da cerimônia, ao abrir o Diário Oficial, ele descobriu ter sido
exonerado. A exoneração, que estava combinada, foi cerca de dez dias antes da
data acertada. “Eu achei que ia ser um vexame: no dia da assinatura, vir o
presidente da República, uma porrada de ministros e nem o prefeito nem ninguém
[do município] aparecer. Aí eu fui e discursei mesmo assim, como se estivesse
no meu último dia como secretário”, lembra Sirkis.
Foi neste ano também que nasceu outro projeto, que
acabaria vitorioso: incluir definitivamente as construtoras na direção do
negócio. Em 8 de agosto de 2006, quatro meses depois da assinatura do termo,
Cesar Maia surpreendeu os funcionários do governo federal ao publicar um
Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para que empresas privadas
efetuassem “os estudos de modelagem necessários para a viabilização de uma
concessão ou parceria público-privada” para a região. O único a manifestar
interesse em elaborar propostas para a área foi o consórcio Rio Mar e Vila,
liderado pela OAS e composto por Odebrecht, Carioca Christiani-Nielsen e pela
Andrade Gutierrez, que depois saiu do grupo.
Ao longo de 2007, as empreiteiras começaram a
desenhar seus planos para o porto, elaborando estudos e contratando consultores
internacionais e locais, como o próprio Sirkis. Constituíram um grupo de
trabalho no município, cujas reuniões contavam com a presença dos
representantes das empresas. As propostas, alinhadas com os objetivos das
empreiteiras, foram reunidas em uma página do Diário Oficial em 2 de
janeiro de 2008 (leia aqui). Mas o projeto
só foi implementado pela atual administração, de Eduardo Paes.
Depois de ter deixado o Ministério das
Cidades, Raquel Rolnik prestou consultoria ao BNDES em reabilitação de áreas
centrais, entre 2007 e 2008. “Em 2008, o Élvio Gaspar [então diretor do BNDES]
me liga e pede para eu ir na OAS para o [então presidente da empresa] Léo
Pinheiro mostrar o que eles estão fazendo sobre o porto”, lembra a urbanista.
“Ao chegar lá, eu vejo o projeto urbanístico do Porto Maravilha quase todo
pronto: já tinha um plano, os projetos de leis todos montados etc. Ele estava
extremamente interessado, pois sabia que isto podia se transformar em um modelo
e, a partir dali, abrir um mercado totalmente novo para as empreiteiras, que é
o das PPPs de desenvolvimento urbano. Em novembro do ano seguinte, o Eduardo
Paes pega aquele pacote, manda para Câmara dos Vereadores no final do ano e
aprova tudo”, afirma Raquel, que foi ainda relatora especial do Conselho de
Direitos Humanos da ONU para o Direito à Moradia, em que denunciou as
tentativas de remoção em massa na zona portuária.
Atual presidente da Companhia de Desenvolvimento
Urbano da Região do Porto (Cdurp), Alberto Silva confirmou à reportagem que,
após a sua eleição em 2008, Eduardo Paes foi procurado pelo consórcio de
empreiteiras interessadas nos terrenos públicos da zona portuária. “Boa parte
da modelagem institucional [atual] é resultado dessa PMI. A aprovação do pacote
institucional é resultado desse processo: o consórcio entrega todo este
material, a prefeitura absorve e transforma no pacote legal que cria a Cdurp, a
Operação Urbana, a regulamentação das leis de PPP do município, o pacote de
incentivo fiscal”, garante.
Nasce o Porto Maravilha
Quatro meses depois de ter tomado posse, em abril de
2009, Eduardo Paes convidou as empreiteiras para a mesa de negociação com o
Ministério das Cidades. Foi na ocasião que Renato Balbim tomou contato com o
projeto das empresas, que estava sendo desenvolvido paralelamente ao do
consórcio público. Apesar de não se recordar da data exata, Balbim lembra a
“profunda polarização” do encontro. Após a apresentação da proposta elaborada
pelas empresas e daquela do consórcio público, “ficou claro que as posições
eram diametralmente opostas”, diz. Segundo ele, o objetivo do governo federal
era manter o controle dos principais projetos e decisões urbanísticas com os
entes públicos, e não com as empresas privadas. Aconteceu o contrário.
“A ideia deles [representantes das empreiteiras] era
passar as terras para a prefeitura e as empreiteiras fazerem a incorporação
imobiliária. Não inovava em nada: é um modelo de incorporação simplista, que
traz segurança total pro empreendedor. Não era uma proposta de reabilitação de
área, que tem outros mecanismos e prioridades, como a participação social,
permanência da população, valorização do patrimônio histórico, além de uma modelagem
de negócios que convertia parte das melhorias urbanas e dos ganhos de capital
para o conjunto da cidade”, compara Balbim.
Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil,
Sérgio Magalhães também critica o modelo adotado no Porto Maravilha por não
apresentar nenhuma novidade do ponto de vista urbanístico. Segundo ele, que
acompanha as propostas para a região desde os anos 1980, a operação urbana
atual não privilegia o espaço público e mantém o regime fundiário já existente,
mudando apenas os proprietários das terras.
De acordo com Álvaro Pereira, doutor em direito pela
USP e pesquisador do Porto Maravilha, “havia uma prioridade bastante distinta
do objetivo a ser implementado”. “O consórcio público é algo claramente
distinto da proposta que surge pela PMI, onde não existe um foco em habitação.
O objetivo é criar um modelo rentável para o mercado imobiliário privado”,
aponta.
Amparados pelo PMI, representantes das empreiteiras
participaram da construção do edital que posteriormente venceram. Conforme
o relatório da prefeitura do primeiro
trimestre de 2010, “foram realizadas diversas reuniões entre a equipe da Cdurp,
técnicos da prefeitura do Rio e representantes de empresas que estão
desenvolvendo a documentação referente à PPP”. A única concorrente da licitação
foi a Queiroz Galvão, desclassificada por não apresentar toda a documentação
necessária.
Por meio do FGTS, a Caixa Econômica Federal (CEF)
assumiu todos os gastos da PPP, em troca dos Cepacs e terrenos públicos da
região. O banco injetou R$ 3,5 bilhões para dar o pontapé inicial. A maior
parte desse recurso concentra-se nos cinco primeiros anos da operação, que
consumiram R$ 5 bilhões para fazer as intervenções de maior porte, como a
demolição da avenida Perimetral (saiba mais aqui). O novo arranjo e a
entrada da CEF foram uma surpresa até para os técnicos da prefeitura. “Paes
entrou e percebeu que o projeto já estava maduro. Colocou o Felipe Góes, que
veio da iniciativa privada, no IPP, montou a operação e aprovou na Câmara, e a
CEF entrou com recursos do FGTS. Foi uma surpresa”, relatou um servidor do
município para a pesquisa “Grandes projetos urbanos e a governança de metrópoles:
o caso do Porto Maravilha do Rio de Janeiro”, da cientista política
Betina Saruê.
A expectativa era que a valorização dos terrenos
públicos e os Cepacs bancassem o restante do compromisso de R$ 8 bilhões
assumidos pela CEF. Mas a conta não fechou. Em valores corrigidos, o
compromisso total chega, hoje, a R$ 9,9 bilhões. O interesse do mercado ficou
abaixo do esperado, e, já no ano passado, foi preciso mais um aporte do FGTS
para bancar a PPP, no valor de R$ 1,5 bilhão.
Para esse novo aporte, a fim de regulamentar os
investimentos do FGTS em operações urbanas, o Ministério das Cidades foi
acionado. Por meio de uma Instrução Normativa publicada em dezembro de 2014,
o ministério voltou à cena e conseguiu vincular o novo aporte à produção de um
Plano de Habitação de Interesse Social (PHIS) elaborado “de forma
participativa”. Foi uma pequena vitória da moradia dentro do Porto Maravilha (saiba
mais no box).
A volta do Ministério das Cidades incomodou um
poderoso articulador do PMDB carioca, que ficou conhecido nacionalmente no ano
seguinte: o deputado Cunha. Em mensagens interceptadas pela Lava Jato, durante
a negociação da Instrução Normativa, Cunha queixava-se do Ministério das
Cidades para o já mencionado Léo Pinheiro, da OAS, enquanto o assegurava de seu
controle na CEF: “Lá eu mudo isso tudo fácil, mas Cidades não”. Cunha é acusado
de ter cobrado pelo menos R$ 52 milhões (1,5% do R$ 3,5 bilhões) em propina
para liberar o dinheiro do fundo de infraestrutura do FGTS para o Porto
Maravilha, por meio da CEF.
Passados dois anos, a realidade é diferente no atual
Ministério das Cidades, dirigido pelo ex-deputado Bruno Araújo, do PSDB, que
deu o voto decisivo para o afastamento da presidente Dilma Rousseff na Câmara
dos Deputados. Ao assumir, o ministro já afirmou que pretende apostar nas
parcerias público-privadas para o desenvolvimento das cidades brasileiras.
Leia também: Engenharia financeira subvalorizou
terrenos públicos no Porto Maravilha
No plano de habitação popular do Porto Maravilha,
cortiços invisíveis e programas atrasados
Tendo como meta ofertar 10 mil imóveis residenciais
para famílias de baixa renda, o Plano de Habitação de Interesse Social
(PHIS) do Porto Maravilha ignora a presença de cerca de mil pessoas que
vivem nos cortiços da região, segundo o projeto Prata Preta, pesquisa do
Observatório das Metrópoles e da Central de Movimentos Populares. No plano
coordenado pela prefeitura, não há nenhum diagnóstico ou linha de ação que
contemple a realidade dos moradores desses imóveis.
Dos 710 quartos espalhados em 54 cortiços analisados
pela pesquisa, pouco mais da metade tem quartos entre 9 e 12 metros quadrados.
Treze são ainda menores, com os quartos variando entre 4 e 8 metros quadrados.
Há ainda outros cortiços que não foram mapeados, pois estão em locais de
difícil acesso, como em bocas de fumo. Ao contrário de São Paulo, onde os
cortiços foram regulamentados, ainda não há legislação específica sobre o tema
no Rio de Janeiro. “Fomos rua a rua. É muito difícil de encontrar, pois eles se
invisibilizam para continuar sobrevivendo, já que são ilegais”, afirma Mariana
Werneck, do Observatório de Metrópoles, que participou da pesquisa.
Em 35% dos cortiços, não há cozinha. Muitos de seus
moradores fazem suas refeições na rua, especialmente em um restaurante popular
da região, mantido pelo governo do estado, que o fechou durante os fins de
semana (Fonte dos dados e imagens: projeto Prata Preta)
Para 92% dos entrevistados, os cortiços são um lugar
de moradia permanente. Segundo Orlando Santos, isso se dá principalmente por
causa da ausência de alternativas para moradias populares no centro da cidade.
“Quase um quinto da população dos cortiços é composta por famílias que podem
ser consideradas como sem-teto. No geral, moram nestes espaços pessoas que
estão construindo ou em fase final de sua vida profissional”, analisa o professor
do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para Marcelo Edmundo, da Central de Movimentos
Populares, apesar dos problemas e de ter sido elaborado tardiamente, o PHIS “é
um avanço que precisa ser efetivado”. Alguns programas previstos pelo PHIS
ainda não saíram do papel, como o de Melhoria Habitacional e Assessoria
Técnica, formulado para dar suporte a residências em condições precárias. Com
lançamento previsto para março, a ação agora deve ter início “até o final do
ano”, segundo afirmou a Cdurp à reportagem.
“Para fazer habitação de interesse social, é preciso
atuar nas áreas em que se encontra disponibilidade, onde não se inviabiliza a
produção de habitação por causa do preço da terra”, disse à Pública Alberto
Silva, presidente da Cdurp. Por estar comprometida com os empreendimentos
imobiliários, boa parte das antigas terras públicas não pode mais ser utilizada
para habitação popular. Por isso, o PHIS do Porto Maravilha abrange não só a
região portuária, mas também os bairros do entorno.
“Uma grande lacuna no diagnóstico do PHIS é
justamente a identificação de terrenos na zona portuária que pudessem abrigar
um número relevante de unidades de habitação de interesse social. Isso
inviabiliza em muito as estimativas de habitação de interesse social naquela
área”, explica Mariana Werneck.
Para o presidente da Cdurp, a ênfase na destinação
de imóveis públicos para habitação de interesse social em operações urbanas é
um “discurso viciado”. “Na lógica da operação urbana, vende-se o potencial de
construção [Cepacs] para pagar a conta da requalificação inteira. Então, quando
você pega um terreno onde tem esse potencial e usa para fim público, seja um
prédio público ou habitação de interesse social, isto é uma despesa para o
Estado, [não traz] receita nenhuma”, critica Silva.
Já a arquiteta Fernanda Sanchez, que pesquisa o
Porto Maravilha, faz coro a especialistas que consideram o retorno fiscal do
Porto Maravilha “praticamente nulo” no curto prazo. “Os investidores da área
vão se beneficiar da lei que dá isenção de impostos como IPTU e ISS por dez
anos na região. Trata-se da privatização de uma zona inteira da cidade”,
aponta.
Crédito da imagem destacada: Bruno Bartholini
Atualização em 02 Set 2016: O texto original dizia
que o Plano de Habitação Social tem como meta construir 1.500 unidades, o que é
errado. O número é 10 mil."
Disponível em:
https://apublica.org/2016/08/a-outra-historia-do-porto-maravilha/
Acesso em: 13/10/2017
Glossário
Somítico
“Significado
de Somítico
Adjetivo
Avarento;
que tem compulsão ou gosto por guardar dinheiro.
substantivo
masculino
Sovina;
quem é obcecado por acumular dinheiro.
Etimologia
(origem da palavra somítico): de origem questionável.
Sinônimos
de Somítico
Somítico
é sinônimo de: avarento, avaro, mesquinho, tacanho, sovina
Antônimos
de Somítico
Somítico
é o contrário de: pródigo, generoso”
Favela
Mc Marcinho
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Nós
somos...
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Somos
mais você...
No
fim de semana, chega sexta-feira
E
o baile come à vontade a noite inteira
Tem
várias gatinhas, no meio do salão
Mexendo
a pepita e o popozão
E
para os amigos, que tão na atividade
Que
fortalecem o baile
E
deixam a gente à vontade
Chegam
os MC's pra poder cantar
E
mostrar que o funk nunca vai acabar
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Nós
somos...
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Somos
mais você...
Eu
peço a eles, me dê uma trégua
Pra
vivermos felizes em nossas favelas
Porque
aqui no morro também tem jogador
Artistas
famosos, empresário e doutor
Gente
inteligente e mulheres belas
Você
também encontra aqui na favela
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Nós
somos...
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Somos
mais você...
No
fim de semana, chega sexta-feira
E
o baile come à vontade a noite inteira
Tem
várias gatinhas, no meio do salão
Mexendo
a pepita e o popozão
E
para os amigos, que tão na atividade
Que
fortalecem o baile
E
deixam a gente à vontade
Chegam
os MC's pra poder cantar
E
mostrar que o funk nunca vai acabar
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Nós
somos...
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Somos
mais você...
Eu
peço a eles, me dê uma trégua
Pra
vivermos felizes em nossas favelas
Porque
aqui no morro também tem jogador
Artistas
famosos, empresário e doutor
Gente
inteligente e mulheres belas
Você
também encontra aqui na favela
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Nós
somos...
Favela...
Orgulho
e lazer, estamos à vontade
Somos
mais você...
Composição:
MC Marcinho
Disponível em: https://www.letras.mus.br/mc-marcinho/126178/
Acesso em: 13/10/2017
-
Seu doutor, seu doutor! (Bravo Senhor)...
Ponto
cantado de Zé Pilintra - Seu doutor, seu doutor! (Bravo Senhor)...
Ponto cantado de Zé Pilintra - Seu doutor, seu
doutor! (Bravo Senhor) Zé Pilintra chegou! (Bravo Senhor) Com os poderes de
Deus! (Bravo Senhor) Zé Pilintra sou eu! (Bravo Senhor) Seu doutor, seu doutor!
(Bravo Senhor) Zé Pilintra chegou! (Bravo Senhor) Com os poderes de Deus!
(Bravo Senhor) Zé Pilintra sou eu! (Bravo Senhor) Na rua da macaxeira, setes
fendas se fechou, com a fumaça ao contrario que Zé pilintra mandou! Seu doutor,
seu doutor! (Bravo Senhor) Zé Pilintra chegou! (Bravo Senhor) Com os poderes de
Deus! (Bravo Senhor) Zé Pilintra sou eu! (Bravo Senhor) Seu doutor, seu doutor!
(Bravo Senhor) Zé Pilintra chegou! (Bravo Senhor) Com os poderes de Deus!
(Bravo Senhor) Zé Pilintra sou eu! (Bravo Senhor) Matou um Cego dormindo! Um
aleijado sentado! Quem mexer com Zé pilintra, ou ta doido ou ta amarrado!
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