Perguntar ou preguntar?
Mineiro a gente não entende –
interpreta.
Ser
mineiro é fazer a pergunta já sabendo a resposta, ter orgulho de ser humilde,
bancar a raposa e ainda insistir em tomar conta do galinheiro.
Perguntar de ou Perguntar a?
Sintaxe amazônica?
Na
língua culta, é perguntar, depois de ter sido preguntar, de acordo
com o étimo latino: do latim clássico "percontári" (sondar;
perguntar), pelo lat. vulgar "praecuntáre" (dicionário Porto
Editora).
O
dicionário brasileiro Aurélio regista preguntar e pregunta como
lusitanismos populares.
A sintaxe do verbo perguntar
A
única forma aceitável é perguntando-lhe, pois o verbo perguntar sele{#c|}ciona
um complemento indire{#c|}to (preposicionado): «Quem pergunta... pergunta a
alguém», o qual só pelo pronome clítico na forma dativa pode ser substituído.
Os
pronomes clíticos dativos, ou seja, os pronomes pessoais átonos que podem
ocupar a posição do complemento indire{#c|}to são me (1.ª pessoa
singular), te (2.ª pessoa singular), lhe (3.ª pessoa
singular), nos (1.ª pessoa plural), vos (2.ª pessoa
plural), lhes (3.ª pessoa plural). Veja-se alguns exemplos:
«Ele
perguntou à Maria [= perguntou-lhe] como conseguia dormir sentada.»
«Ele
perguntou ao João [= perguntou-lhe] se queria uma pastilha.»
«Ele
perguntou aos pais [= perguntou-lhes] quando chegavam de férias.»
O
verbo perguntar assemelha-se a outros verbos, como telefonar, dar, comunicar, apresentar,
etc., que também sele{#c|}cionam complemento indire{#c|}to.
A bendita regência verbal.
Perguntar a =
Propor ou expor (algo) como dúvida a (alguém ou si mesmo), ger. para
obter uma solução.
[td. : Pergunto se vocês estão conscientes do risco que correm]
[tdi. + a : O professor perguntou aos alunos como eles poderiam melhorar seu desempenho.: Ele se perguntava se o negócio valeria a pena]
Mas na conversa informal você ouvirá as pessoas empregando também perguntar para.
[td. : Pergunto se vocês estão conscientes do risco que correm]
[tdi. + a : O professor perguntou aos alunos como eles poderiam melhorar seu desempenho.: Ele se perguntava se o negócio valeria a pena]
Mas na conversa informal você ouvirá as pessoas empregando também perguntar para.
Carta a Quintino Bocaiúva
Meu
amigo,
Vou
publicar as minhas duas comédias de estréia; e não quero fazê-lo sem o conselho
da tua competência.
Já
uma crítica benévola e carinhosa, em que tomaste parte, consagrou a estas duas
composições palavras de louvor e animação.
Sou
imensamente reconhecido, por tal, aos meus colegas da imprensa.
Mas
o que recebeu na cena o batismo do aplauso pode, sem inconveniente, ser
trasladado para o papel? A diferença entre os dois meios de publicação não
modifica o juízo, não altera o valor da obra?
É
para a solução destas dúvidas que recorro à tua autoridade literária.
O
juízo da imprensa via nestas duas comédias - simples tentativas de autor tímido
e receoso. Se a minha afirmação não envolve suspeitas de vaidade disfarçada e
mal cabida, declaro que nenhuma outra ambição levo nesses trabalhos. Tenho
o teatro por coisa muito séria e as minhas forças por coisa muito insuficiente;
penso que as qualidades necessárias ao autor dramático desenvolvem-se e
apuram-se com o tempo e o trabalho; cuido que é melhor tatear para achar; é o
que procurei e procuro fazer.
Caminhar
destes simples grupos de cenas - à comedia de maior alcance, onde o estudo dos
caracteres seja consciencioso e acurado, onde a observação da sociedade se case
ao conhecimento prático das condições do gênero, - eis uma ambição própria de
ânimo juvenil e que eu tenho a imodéstia de confessar.
E
tão certo estou da magnitude da conquista, que me não dissimulo o longo estádio
que há de percorrer para alcançá-la. E mais. Tão difícil me parece este gênero
literário que, sob as dificuldades aparentes, se me afigura que outras haverá,
menos superáveis e tão sutis, que ainda as não posso ver.
Até
onde vai a ilusão dos meus desejos? Confio demasiado na minha perseverança. Eis
o que espero saber de ti.
E
dirijo-me a ti, entre outras razões, por mais duas, que me parecem excelentes:
razão de estima literária e razão de estima pessoal. Em respeito à tua
modéstia, calo o que te devo de admiração e reconhecimento.
O
que nos honra, a mim e a ti, é que a tua imparcialidade e a minha submissão
ficam salvas da mínima suspeita. Serás justo e eu dócil; terás ainda por isso o
meu reconhecimento; e eu escapo a esta terrível sentença de um escritor: "Les
amitiés qui ne résistent pas à la franchise, valent-elles un regret?"
Teu
amigo e colega,
Resposta de Quintino Bocaiuva à
carta de Machado de Assis (I)
Correspondência
coletada e agrupada em Teatro
(Machado de Assis). I. Moutinho e S. Eleutério a datam como
escrita entre dezembro de 1862 e março de 1863. [1]
Machado
de Assis,
Respondo
á tua carta. Pouco precizo dizer-te. Fazes bem em dar ao prélo os teus
primeiros ensaios dramaticos. Fazes bem, porque essa publicação envolve uma
promessa e acarreta sobre ti uma responsabilidade para com o publico. E o
publico tem o direito de ser exijente contigo. E's moço, e foste dotado pela
Providencia com um belo talento. Ora, o talento é uma arma divina que Deus
concede aos homens para que estes a empreguem no melhor serviço dos seus
semelhantes. A idéa é uma força. Inoculal-a no seio das massas é inocular-lhe o
sangue puro da rejeneração moral. O homem que se civiliza, cristianiza-se. Quem
se ilustra, edifica-se. Porque a luz que nos esclarece a razão é a que nos
alumia a consciencia. Quem aspira a ser grande, não pode deixar de aspirar
a ser bom. A virtude é a primeira grandeza deste mundo. O grande homem é o
homem de bem. Repito, pois, nessa obra de cultivo literário há uma obra de
edificação moral.
Das
muitas e variadas formas literárias que existem e que se prestam ao
conseguimento desse fim escolheste a forma dramática. Acertaste. O drama é a
forma mais popular, a que mais se nivela com a alma do povo, a que mais
recursos possui para atuar sobre o seu espírito, a que mais facilmente o comove
e exalta; em resumo, a que tem meios mais poderosos para influir sobre o seu
coração.
Quando
assim me exprimo, é claro que me refiro às tuas comédias, aceitando-as como
elas devem ser aceitas por mim e por todos, isto é, como um ensaio, como uma experiência,
e, se podes admitir a frase, como uma ginástica de estilo.
A
minha franqueza e a lealdade que devo à estima que me confessas obrigam-me a
dizer-te em público o que já te disse em particular. As tuas duas comédias,
modeladas ao gosto dos provérbios franceses, não revelam nada mais do que a
maravilhosa aptidão do teu espírito, a profusa riqueza do teu estilo. Não
inspiram nada mais do que simpatia e consideração por um talento que se
amaneira a todas as formas da concepção.
Como
lhes falta a idéia, falta-lhes a base. São belas, porque são bem escritas.
São valiosas, como artefatos literários, mas até onde a minha vaidosa presunção
crítica pode ser tolerada, devo declarar-te que elas são frias e insensíveis,
como todo o sujeito sem alma.
Debaixo
deste ponto de vista, e respondendo a uma interrogação direta que me diriges,
devo dizer-te que havia mais perigo em apresentá-las ao público sobre a rampa
da cena do que há em oferecê-las à leitura calma e refletida. O que no teatro
podia servir de obstáculo à apreciação da tua obra, favorece-a no gabinete. As
tuas comédias são para serem lidas e não representadas. Como elas são um brinco
de espírito podem distrair o espírito. Como não têm coração não podem pretender
sensibilizar a ninguém. Tu mesmo assim as consideras, e reconhecer isso é dar
prova de bom critério consigo mesmo, qualidade rara de encontrar-se entre os
autores.
O
que desejo o que te peço, é que apresente nesse mesmo gênero algum trabalho
mais sério, mais novo, mais original e mais completo. Já fizeste esboços,
atira-te à grande pintura.
Posso
garantir-te que conquistarás aplausos mais convencidos e mais duradouros.
Em
todo caso, repito-te que fazes bem. Sujeita-te à crítica de todos, para que
possas corrigir-te a ti mesmo. Como te mostras despretensioso, colherás o fruto
são da tua modéstia não fingida. Pela minha parte estou sempre disposto a
acompanhar-te, retribuindo-te em simpatia toda a consideração que me impõe a
tua jovem e vigorosa inteligência.
Teu
Q.
Bocaiúva.
MOUTINHO, Irene;
ELEUTÉRIO, Sílvia (Orgs.). Correspondência de Machado de Assis: tomo I,
1860-1869. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2008. p. 19.
Disponível em: <http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=219794>.
Acesso em: 21 nov. 2014.
As questões de 1a 4 referem-se à
tirinha a seguir:
Sunday
November 06, 2011
Questão
1. No contexto em que se insere, “external stuff”, no quarto quadro da tirinha,
foi interpretado, pelo entrevistado, como
A
( ) funcionários terceirizados. B ( ) exames de rotina para contratação. C ( )
informações de menor importância. D ( ) dados de veracidade questionável. E ( )
dados investigados externamente.
Questão
2. Segundo a tirinha, em uma entrevista de trabalho A ( ) está cada vez mais
difícil falsear informações pessoais. B ( ) a empresa contratante exige uma
série de exames clínicos que atestem a saúde do candidato. C ( ) a atitude do
candidato é comprovada através de detalhada investigação laboratorial. D ( ) o
desempenho do entrevistado é de suma importância para a construção de sua
imagem. E ( ) as informações sobre o entrevistado, disponíveis online, não são
mais importantes do que sua atitude e apresentação pessoal.
Questão
3. “Tanning bed”, no penúltimo quadro da tirinha A ( ) foi mencionado para
ocultar um MRI. B ( ) refere-se a uma atitude do entrevistado. C ( ) refere-se
a um tipo de cama utilizada para relaxamento. D ( ) é sinônimo de MRI. E ( ) é
um tipo de exame.
Questão
4. A palavra “landed”, na sentença “apparently some of your sample landed
[...]”, no sexto quadro da tirinha, pode ser substituída por A ( ) stopped. B (
) ended up. C ( ) was included. D ( ) arrived. E ( ) was caught.
REDAÇÃO
Leia
a tirinha ao lado. A partir dela, e considerando os textos desta prova cujos
temas se aproximam ao da tirinha, redija uma dissertação em prosa, na folha a
ela destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A
redação deve ser feita com caneta azul ou preta.
Na avaliação de sua redação, serão
considerados:
a)
clareza e consistência dos argumentos em defesa de um ponto de vista sobre o
assunto; b) coesão e coerência do texto; e c) domínio do português padrão.
Atenção:
A Banca Examinadora aceitará qualquer posicionamento ideológico do candidato.
http://spinorbitalatomico.blogspot.com.br. Acesso em: 20/06/2012
Você poderá usar para rascunho de sua redação
as páginas em branco deste caderno e do caderno de questões da prova de Inglês.
O rascunho não será considerado para avaliação de sua redação.
Referência
http://www.conhecaminas.com/2017/02/mineiro-gente-nao-entende-interpreta.html
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/perguntar-ou-preguntar/4916
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-sintaxe-do-verbo-perguntar/28325
https://forum.wordreference.com/threads/perguntar-a-algu%C3%A9m.2094347/
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/MachadodeAssis/cartaaquintino.htm
https://pt.wikisource.org/wiki/Resposta_de_Quintino_Bocaiuva_%C3%A0_carta_de_Machado_de_Assis_(I)
http://www.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/ita/2013/2dia/ITA2013_2dia_prova.pdf
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