Flamengo não é Penta.
Sequer Tetra.
Mas o Mengão é 5 vezes Tri.
Entendendo-se Tri como três títulos
conquistados em campeonatos consecutivos.
Em 1970, apogeu do marketing
político, inventaram de inventar um esdrúxulo Tri para a Seleção Brasileira de
Futebol.
Fraude poético-interesseira de
fanáticos amestrados por um espírito de manada que soi acontecer em tempos ditatoriais.
1970 não foi 1966, é verdade. Mas
em 1966 ainda respirávamos um resquício de liberdade, que nos permitia pensar
com a própria cabeça e escalarmos nossos times de coração de trás para frente
sem titubear, acrescentando títulos, anos e escalações.
Na várzea emulávamos sem perder o
respeito pelos nossos ídolos do Maracanã.
Depois de passar oito anos sem
título, conquistado em 1955 com o segundo Tri de sua história, o Flamengo
voltou à ribalta do Gigante do Maracanã.
O campeonato carioca de 1963 foi um
ponto de inflexão para o futebol carioca. Botafogo bicampeão nos dois anos
anteriores decaia junto com a própria seleção brasileira.
Para a nação rubro-negra a
verdadeira seleção nativa tinha as cores do sangue de seu povo mesclado com o
negro de nossa formação étnica e de nossa miséria endêmica.
Fomos também campeões de 1965 e, já
ali, apesar de muito significar para o torcedor fanático, comemoramos e ainda
hoje apenas dois títulos intercalados por um ano que graças a Deus não faz
parte de nossa glória.
08/07/2012
11h00 - Atualizado em 14/09/2012 17h47
Um milagre, um recorde, um estádio
que não cai: o Fla-Flu de 1963
Registro
oficial é de quase 200 mil pessoas, incluindo Zico e Junior. Marcial dá título
ao Fla, e torcedores voltam ao Maracanã para resgatar a história
Por Alexandre Alliatti,
Eduardo Lamas e Márcio Mará
Rio
de Janeiro
domingo,
16 de agosto de 2009
FOTO: o goleiro Marcial salva o
Flamengo no Fla-Flu de 1963.
Flamengo x Fluminense - Campeonato
Carioca 1963
Recordar é viver - O Fla-Flu de
1963
Crônica de Nelson Rodrigues sobre a
finalíssima:
Continuo Tricolor
Amigos,
ao terminar o grande Fla-Flu, o profeta tratou de catar os trapos e saiu do
Maracanã, mas de cabeça erguida. Era um vencido? Jamais. Vencido, como, se
temos de admitir esta verdade límpida e clara - o Fluminense jogou mais. Não
cabe, contra a evidência da nossa superioridade, nenhum argumento, sofisma ou
dúvida. Alguém dirá que o profeta não previa o empate.
Exato.
Mas vamos raciocinar. Houve lances, no Fla-Flu, que escapariam à vidência até
de um Maomé, até de um Moisés de Cecil B. de Mille. Lembro-me de um momento, em
que Marcial estava batido, irremediavelmente. O arco rubro-negro abria seus
sete metros e quebrados. E que fez Escurinho? Enfiou a bola na caçapa? Consumou
o "goal" de cambaxirra?
Simplesmente,
Escurinho levantou para Marcial. Deu a bola na bandeja como se fosse a cabeça
de São João Batista. E eu diria que nem Joana D’Arc, com suas visões lindas, ou
Maomé pendurado no seu camelo, ou o Moisés de Cecil B. de Mille, do alto de
suas alpercatas - podia imaginar tamanha ingenuidade. Escurinho teria de chutar
rente à grama, ou alto, se quisesse, mas teria de chutar e nunca suspender a
bola.
E
tem mais. Os profetas de ambos os sexos jamais poderiam contar com a trave. No
segundo tempo, Escurinho mandou uma bomba. Nenhum "goal" foi tão merecido.
Pois bem: - vem a trave e salva. Além do mais que Maomé, ou que Moisés podia
calcular que Solich ia fazer jogo para empate? Dirá o próprio que não foi esta
a sua intenção. Mas o fato incontestável é que ele armou o time para o hediondo
0 x 0.
É
obvio que, desde o primeiro minuto, o Fluminense teria de se atirar todo para a
frente. Era preciso forçar a decisão, o"goal", a vitória, já que o
empate seria a catástrofe. O tricolor jogou bem e, no entanto, não deu, nunca,
a sensação de fome e sede de "goal". Faltavam uns 15 minutos, e os
nossos jogadores ainda tramavam, ainda faziam tico-tico, ainda perdiam tempo
com passes curtos, para os lados e para trás. Sim, o Fluminense jogou bem e não
cabe preciosismo num último Fla-Flu.
Já
contra o Bangu, aconteceu o seguinte: - sempre que Oldair avançava, eis que
Solich erguia-se na boca do túnel e fazia um comício. Oldair marcou dois
"goals" por desobediência e repito, por indisciplina tática. Ontem,
ele estava cá atrás, defendendo um empate que seria a vitória do Flamengo.
Vejam que tristeza horrenda: - jogamos bem e errado.
Dizia
eu que o profeta estava certo no mérito da questão. O tricolor é o melhor, foi
melhor, teve mais time. Mas há, claro, um campeão oficial, que é o Flamengo. E
aqui, abro um capítulo para falar da alegria rubro-negra, santa alegria que
anda solta pela cidade. Nada é mais bonito do que a euforia da massa flamenga.
À saída do estádio, eu vi um crioulão arrancar a camisa diante do meu carro.
Seminu, como um São Sebastião, ele dava arrancos medonhos. Do seu lábio, pendia
a baba elástica e bovina do campeão.
Mesmo
que eu fosse um Drácula, teria de ser tocado por essa alegria que ensopa, que
encharca, que inunda a cidade. Eu não sei se o time do Flamengo, como time,
mereceu o título. Mas a imensa, a patética, a abnegada torcida rubro-negra
merece muito mais. Cabe então a pergunta: - quem será o personagem da semana de
um abnegado Fla-Flu tão dramático para nós? Um nome me parece obrigatório: -
Marcial. E nessa escolha, está dito tudo. Quando o goleiro é a figura mais
importante de um time, sabemos que o adversário jogou melhor. Castilho teve
muito menos trabalho. Claro que eu não incluo, entre os méritos de Marcial, o
"goal" que Escurinho não fez. Tão pouco falo na bomba que o mesmo
Escurinho enfiou na trave. Assim mesmo Marcial andou fazendo intervenções
decisivas, catando bolas quase perdidas.
Amigos,
eu sei que os fatos não confirmaram a profecia. Ao que o profeta só pode
responder: - "Pior para os fatos!" É só.
(O Globo, 17/12/1963)
http://jornalheiros.blogspot.com.br/2009/08/recordar-e-viver-o-fla-flu-de-1963.html
segunda-feira,
17 de agosto de 2009
Flamengo - Campeão carioca de 1965
https://brfut.blogspot.com.br/2009/08/campeonato-carioca-1965.html
Flamengo_Alternativo
Quatrocentão:
Os 50 anos do Fla campeão carioca no IV Centenário do Rio
https://flamengoalternativo.wordpress.com/2015/12/12/quatrocentao-os-50-anos-do-fla-campeao-carioca-no-iv-centenario-do-rio/
HISTÓRIAS
Os tricampeonatos estaduais
http://www.flamengo.com.br/site/conteudo/detalhe/970?
A primeira crônica de Nelson
Rodrigues sobre Pelé
Estadão Esportes
24
Outubro 2010 | 17h04
ACHEI
UMA CRÔNICA DE NELSON RODRIGUES SOBRE PELÉ, DATADA DE 25 DE MARÇO DE 1958, NUM
SANTOS 5 X 3 AMÉRICA, NO MARACANÃ.
O JOGO ERA VÁLIDO PELO TORNEIO RIO-SÃO PAULO. TUDO INDICA QUE É A PRIMEIRA CRÔNICA DE NELSON SOBRE PELÉ. UMA RARIDADE, PORTANTO. ACOMPANHE:
O JOGO ERA VÁLIDO PELO TORNEIO RIO-SÃO PAULO. TUDO INDICA QUE É A PRIMEIRA CRÔNICA DE NELSON SOBRE PELÉ. UMA RARIDADE, PORTANTO. ACOMPANHE:
Depois
do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da
semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos
da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos!
Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu,
com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais.
Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas
autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se
imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender
mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade
dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.
O
que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva
sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da
cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem
enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma
tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: —
“Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza
eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: —
“Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso
craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos
passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas
pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
Vejam
o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase
sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a
partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano
doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”. De certa
feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no
meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o
caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo
sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o
terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém
e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa
rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar.
Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então,
livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de
maneira genial e inapelável.
Ora,
para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso
algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz
de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a
imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a
própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha.
Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na
Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os
russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa
atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha
cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.
http://esportes.estadao.com.br/blogs/robson-morelli/a-primeira-cronica-de-nelson-rodrigues-sobre-pele/
Com a palavra, Nelson Rodrigues
Autor
abordou vários temas, muitos deles ainda são atuais
22
de agosto de 2012 | 17h 47
Rose Saconi, Carlos Eduardo Entini
http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,com-a-palavra-nelson-rodrigues,7023,0.htm
O tricolor Chico exilou-se do
futebol para o samba.
Neste ponto o Flamengo foi generoso
com seu ancestral e deu saídas a seus torcedores sofredores para a criatividade
em outras paradas.
Nelson Rodrigues na crônica esportiva
com sua irreverência flamenguista.
E Chico Buarque bebendo na cultura
popular da velha guarda do Mengão.
Tiveram seus escapes e souberam
aproveitá-los em prol de tricolores e brasileiros.
Graças a Deus e ao Flamengo.
Re: CHICO BUARQUE - VAI PASSAR
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