sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Flamengo Total

Flamengo não é Penta.
Sequer Tetra.
Mas o Mengão é 5 vezes Tri.
Entendendo-se Tri como três títulos conquistados em campeonatos consecutivos.

Em 1970, apogeu do marketing político, inventaram de inventar um esdrúxulo Tri para a Seleção Brasileira de Futebol.

Fraude poético-interesseira de fanáticos amestrados por um espírito de manada que soi acontecer em tempos ditatoriais.

1970 não foi 1966, é verdade. Mas em 1966 ainda respirávamos um resquício de liberdade, que nos permitia pensar com a própria cabeça e escalarmos nossos times de coração de trás para frente sem titubear, acrescentando títulos, anos e escalações.

Na várzea emulávamos sem perder o respeito pelos nossos ídolos do Maracanã.

Depois de passar oito anos sem título, conquistado em 1955 com o segundo Tri de sua história, o Flamengo voltou à ribalta do Gigante do Maracanã.

O campeonato carioca de 1963 foi um ponto de inflexão para o futebol carioca. Botafogo bicampeão nos dois anos anteriores decaia junto com a própria seleção brasileira.

Para a nação rubro-negra a verdadeira seleção nativa tinha as cores do sangue de seu povo mesclado com o negro de nossa formação étnica e de nossa miséria endêmica.

Fomos também campeões de 1965 e, já ali, apesar de muito significar para o torcedor fanático, comemoramos e ainda hoje apenas dois títulos intercalados por um ano que graças a Deus não faz parte de nossa glória.

08/07/2012 11h00 - Atualizado em 14/09/2012 17h47
Um milagre, um recorde, um estádio que não cai: o Fla-Flu de 1963
Registro oficial é de quase 200 mil pessoas, incluindo Zico e Junior. Marcial dá título ao Fla, e torcedores voltam ao Maracanã para resgatar a história

Por Alexandre Alliatti, Eduardo Lamas e Márcio Mará
Rio de Janeiro
domingo, 16 de agosto de 2009
Recordar é viver - O Fla-Flu de 1963


FOTO: o goleiro Marcial salva o Flamengo no Fla-Flu de 1963.


Flamengo x Fluminense - Campeonato Carioca 1963



Recordar é viver - O Fla-Flu de 1963

Crônica de Nelson Rodrigues sobre a finalíssima:

Continuo Tricolor

Amigos, ao terminar o grande Fla-Flu, o profeta tratou de catar os trapos e saiu do Maracanã, mas de cabeça erguida. Era um vencido? Jamais. Vencido, como, se temos de admitir esta verdade límpida e clara - o Fluminense jogou mais. Não cabe, contra a evidência da nossa superioridade, nenhum argumento, sofisma ou dúvida. Alguém dirá que o profeta não previa o empate.

Exato. Mas vamos raciocinar. Houve lances, no Fla-Flu, que escapariam à vidência até de um Maomé, até de um Moisés de Cecil B. de Mille. Lembro-me de um momento, em que Marcial estava batido, irremediavelmente. O arco rubro-negro abria seus sete metros e quebrados. E que fez Escurinho? Enfiou a bola na caçapa? Consumou o "goal" de cambaxirra?

Simplesmente, Escurinho levantou para Marcial. Deu a bola na bandeja como se fosse a cabeça de São João Batista. E eu diria que nem Joana D’Arc, com suas visões lindas, ou Maomé pendurado no seu camelo, ou o Moisés de Cecil B. de Mille, do alto de suas alpercatas - podia imaginar tamanha ingenuidade. Escurinho teria de chutar rente à grama, ou alto, se quisesse, mas teria de chutar e nunca suspender a bola.

E tem mais. Os profetas de ambos os sexos jamais poderiam contar com a trave. No segundo tempo, Escurinho mandou uma bomba. Nenhum "goal" foi tão merecido. Pois bem: - vem a trave e salva. Além do mais que Maomé, ou que Moisés podia calcular que Solich ia fazer jogo para empate? Dirá o próprio que não foi esta a sua intenção. Mas o fato incontestável é que ele armou o time para o hediondo 0 x 0.

É obvio que, desde o primeiro minuto, o Fluminense teria de se atirar todo para a frente. Era preciso forçar a decisão, o"goal", a vitória, já que o empate seria a catástrofe. O tricolor jogou bem e, no entanto, não deu, nunca, a sensação de fome e sede de "goal". Faltavam uns 15 minutos, e os nossos jogadores ainda tramavam, ainda faziam tico-tico, ainda perdiam tempo com passes curtos, para os lados e para trás. Sim, o Fluminense jogou bem e não cabe preciosismo num último Fla-Flu.

Já contra o Bangu, aconteceu o seguinte: - sempre que Oldair avançava, eis que Solich erguia-se na boca do túnel e fazia um comício. Oldair marcou dois "goals" por desobediência e repito, por indisciplina tática. Ontem, ele estava cá atrás, defendendo um empate que seria a vitória do Flamengo. Vejam que tristeza horrenda: - jogamos bem e errado.

Dizia eu que o profeta estava certo no mérito da questão. O tricolor é o melhor, foi melhor, teve mais time. Mas há, claro, um campeão oficial, que é o Flamengo. E aqui, abro um capítulo para falar da alegria rubro-negra, santa alegria que anda solta pela cidade. Nada é mais bonito do que a euforia da massa flamenga. À saída do estádio, eu vi um crioulão arrancar a camisa diante do meu carro. Seminu, como um São Sebastião, ele dava arrancos medonhos. Do seu lábio, pendia a baba elástica e bovina do campeão.

Mesmo que eu fosse um Drácula, teria de ser tocado por essa alegria que ensopa, que encharca, que inunda a cidade. Eu não sei se o time do Flamengo, como time, mereceu o título. Mas a imensa, a patética, a abnegada torcida rubro-negra merece muito mais. Cabe então a pergunta: - quem será o personagem da semana de um abnegado Fla-Flu tão dramático para nós? Um nome me parece obrigatório: - Marcial. E nessa escolha, está dito tudo. Quando o goleiro é a figura mais importante de um time, sabemos que o adversário jogou melhor. Castilho teve muito menos trabalho. Claro que eu não incluo, entre os méritos de Marcial, o "goal" que Escurinho não fez. Tão pouco falo na bomba que o mesmo Escurinho enfiou na trave. Assim mesmo Marcial andou fazendo intervenções decisivas, catando bolas quase perdidas.

Amigos, eu sei que os fatos não confirmaram a profecia. Ao que o profeta só pode responder: - "Pior para os fatos!" É só.

(O Globo, 17/12/1963)

http://jornalheiros.blogspot.com.br/2009/08/recordar-e-viver-o-fla-flu-de-1963.html


segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Campeonato Carioca 1965



Flamengo - Campeão carioca de 1965

https://brfut.blogspot.com.br/2009/08/campeonato-carioca-1965.html

Flamengo_Alternativo

Quatrocentão: Os 50 anos do Fla campeão carioca no IV Centenário do Rio

https://flamengoalternativo.wordpress.com/2015/12/12/quatrocentao-os-50-anos-do-fla-campeao-carioca-no-iv-centenario-do-rio/

HISTÓRIAS
Os tricampeonatos estaduais

http://www.flamengo.com.br/site/conteudo/detalhe/970?

A primeira crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé

Estadão Esportes
24 Outubro 2010 | 17h04
ACHEI UMA CRÔNICA DE NELSON RODRIGUES SOBRE PELÉ, DATADA DE 25 DE MARÇO DE 1958, NUM SANTOS 5 X 3 AMÉRICA, NO MARACANÃ.
O JOGO ERA VÁLIDO PELO TORNEIO RIO-SÃO PAULO. TUDO INDICA QUE É A PRIMEIRA CRÔNICA DE NELSON SOBRE PELÉ. UMA RARIDADE, PORTANTO. ACOMPANHE:
Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.
O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: — “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”. De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.
Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.

http://esportes.estadao.com.br/blogs/robson-morelli/a-primeira-cronica-de-nelson-rodrigues-sobre-pele/

Com a palavra, Nelson Rodrigues
Autor abordou vários temas, muitos deles ainda são atuais
22 de agosto de 2012 | 17h 47
Rose Saconi, Carlos Eduardo Entini

http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,com-a-palavra-nelson-rodrigues,7023,0.htm

O tricolor Chico exilou-se do futebol para o samba.

Neste ponto o Flamengo foi generoso com seu ancestral e deu saídas a seus torcedores sofredores para a criatividade em outras paradas.

Nelson Rodrigues na crônica esportiva com sua irreverência flamenguista.

E Chico Buarque bebendo na cultura popular da velha guarda do Mengão.

Tiveram seus escapes e souberam aproveitá-los em prol de tricolores e brasileiros.

Graças a Deus e ao Flamengo.



Re: CHICO BUARQUE - VAI PASSAR

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