... superará o vulcão Matthew?
“É o sistema político ineficiente e a burocracia que geram a corrupção.” Carlos Fernando dos Santos Lima Um
dos principais negociadores das delações premiadas e leniências da força-tarefa
da Operação Lava Jato, o procurador Regional da República
Odebrecht provocará tsunami na
política, diz procurador da Lava Jato
Carlos
Fernando dos Santos Lima defendeu fim do sigilo e disse que revelações
mostrarão que a corrupção descoberta no governo federal é igual nos estados e
municípios e atinge todos partidos
Ricardo Brandt, enviado especial a
Curitiba, e Fausto Macedo
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Fevereiro 2017 | 04h00
Carlos Fernando dos Santos Lima.
FOTO: RODOLFO BUHRER/ESTADÃO
Um
dos principais negociadores das delações premiadas e leniências da força-tarefa
da Operação Lava Jato, o procurador Regional da República Carlos Fernando dos
Santos Lima afirmou que as revelações de executivos e ex-executivos da
Odebrecht vão provocar um “tsunami” na política brasileira e confirmarão que a
corrupção, descoberta na Petrobrás, existe em todos os níveis de governo,
envolvendo partidos de esquerda e direita.
“A
corrupção está em todo sistema político brasileiro, seja partido A, partido B,
seja partido C. Ela grassa em todos os governos.”
Defensor
do fim do sigilo para a maior parte da delação da Odebrecht, o decano da
força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, recebeu o Estadão, na
quinta-feira, 16, na sala de reuniões em que foram negociadas a maior parte das
delações premiadas – que mantiveram a operação em constante expansão, nos três
anos de apurações ostensivas.
Acordos
como o do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, primeiro delator do
esquema, que agora corre o risco de perder parte de seus benefícios, e o dos 77
colaboradores do Grupo Odebrecht, foram selados na sala de reuniões do oitavo
andar do Edifício Patriarca, região central de Curitiba, que desde 2014 é o QG
da força-tarefa.
“É
um grande caixa geral de favores que políticos fazem através do governo, e em
troca recebem financiamento para si ou para seus partidos e campanhas. Funciona
em todos os níveis, exatamente igual”, diz Carlos Fernando. “Isso vai ser
revelado bem claramente quando os dados das colaborações e da leniência da
Odebrecht forem divulgadas – e, um dia, serão.”
Carlos
Fernando negou que a Lava Jato realize “prisões em excesso”, disse que grupos
políticos deixaram de apoiar as investigações, após o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff, e que reformas nas regras penais do País – como
as propostas no pacote das 10 Medidas contra a Corrupção – não podem existir
sem uma reforma política.
“A
classe política tem que perceber que a sobrevivência dela depende dela mudar
seus próprios atos. Se o sistema mudar, aqueles que vierem a sobreviver ao
tsunami de revelações, quem sabe encaminhe o Brasil para um País melhor.”
LEIA
A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA
Estadão: Nas
duas últimas semanas, dois ministros do Supremo manifestaram preocupação com o
excesso de prisões da Lava Jato. Há abuso no uso desse tipo de medida
restritiva de liberdade?
Carlos
Fernando dos Santos Lima: Evidente que não, até porque elas têm sido
referendadas nos tribunais. O sistema permite tamanha quantidade de recursos,
que não há como se dizer que há abusos. No Brasil temos excessos de prisões de
pessoas por crimes menores, como furtos, mulas de tráfico. Agora, não vi
problema carcerário por excessos de prisões de colarinho branco. Temos é que
aumentar o número de prisões para esses casos.
Estadão: Qual
a necessidade de se prender investigados, e por que a manutenção das prisões
por longos períodos?
Carlos
Fernando: A prisão se justifica segundos os requisitos de lei. Normalmente
temos feito prisão por necessidade da instrução, pela ordem pública. E,
enquanto presentes os requisitos, o juiz mantém a prisão.
As
prisões demoram muito menos que as prisões cautelares em outros crimes, porque
o juiz Sérgio Moro (dos processos da Lava Jato, em Curitiba) é extremamente
eficiente.
Estadão: Uma
crítica recorrente é que vocês, investigadores da Lava Jato, não respeitam os
direitos individuais dos investigados…
Carlos
Fernando: Não é uma crítica justa. Existem recursos e tribunais para se
resolver a questão. A interpretação excessiva desses direitos individuais é que
tem causado a impunidade no Brasil. Temos que fazer um balanço entre a
necessidade que a sociedade tem de punir esses crimes, com o direito das
pessoas. Perfeito. Mas quem decide esse balanço são os tribunais e, até o
momento, eles têm mantido as decisões.
Os
fatos (crimes) que temos levantados são bem graves, continuados e continuam até
hoje.
Enquanto houver necessidade de prisões cautelares e buscas, nós vamos manter as operações em andamento.
Enquanto houver necessidade de prisões cautelares e buscas, nós vamos manter as operações em andamento.
Estadão: Existe
uma associação da crise econômica com a Lava Jato. A operação tem
responsabilidade na recessão econômica do Brasil?
Carlos
Fernando: Não, é tentar culpar o remédio pelo problema da doença. Temos um
problema sério no Brasil que é um sistema político disfuncional, que se utiliza
da corrupção para se financiar. Não adianta os empresários virem bater nas
costas dos procuradores da Lava Jato e dizer: ‘olha, foi muito bom o que
fizeram até aqui, mas vamos deixar como está, para recuperarmos a economia’.
Não
adianta isso.
(A
crise) Vai se repetir, são ciclos econômicos bons, causados por fatores
externos. E, quando esses fatores externos acabam, nos revelamos incapazes. Somos
reféns, que vivem numa cela acreditando que estamos vivendo em um mundo
confortável e protegido. Mas todo dia, essa elite econômica vem e tira um pouco
do nosso sangue.
Estadão: Como
convencer o setor econômico que a Lava Jato faz bem ao Brasil?
Carlos
Fernando: A Lava Jato coloca para o País uma oportunidade.
Verificamos
que somente uma investigação como essa era insuficiente para o País, e
decidimos propor à população as 10 Medidas contra a Corrupção (pacote de leis
de iniciativa popular entregue ao Congresso), entendendo que o problema talvez
fossem de leis penais e processuais penais. No dia em que a Câmara dos
Deputados retaliou a proposta, percebemos que o sistema político também precisa
ser corrigido.
Precisamos
parar de ter um sistema que gera criminalidade, que precisa de dinheiro escuso
para sobreviver, para financiar as campanhas.
Há
uma corrida entre os partidos. Eu tenho governo federal, eu tenho o ministério
tal, o outro partido que não tem, precisa correr atrás dessas verbas escusas em
governos estaduais, ou em governos municipais. A corrupção gera uma corrida
entre os partidos para o financiamento ilegal. E financiamento ilegal, não é
caixa-2. É um toma lá, da cá. Quem paga exige algo desses grupos políticos. E
isso, verificamos na Lava Jato e temos que mudar.
Estadão: As
10 Medidas representaram um revés para a Lava Jato?
Carlos
Fernando: Foi uma retaliação impensada (do Congresso, que alterou boa
parte das propostas). Como procuradores apreendemos a ser resilientes e
pacientes. Nada se consegue do dia para a noite. Outras medidas virão, outras
campanhas virão, em outros momentos. Não se pode modificar o que já foi
revelado, ninguém mais discute os fatos, sabemos o que aconteceu. Mais cedo ou
mais tarde isso trará mudanças, pode não ser as 10 Medidas, pode ser uma
reforma política, agora ou daqui a pouco.
Estadão: A
mudança de governo, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, impactou na
Lava Jato?
Carlos
Fernando: Nós vemos na Lava Jato, e isso é uma coisa que incomoda, a
manipulação ideológica que é feita das investigações, tentando justificar as
investigações, que são uma obrigação nossa (Ministério Público), com ideias de
que há uma perseguição política de um grupo A ou B. Isso é natural dos
políticos.
A
corrupção está em todo sistema político brasileiro, seja partido A, partido B,
seja partido C. Seja o partido A no governo federal, com coligação ou não, seja
num partido B que está no governo estadual. Ela grassa em todos os governos.
Isso
vai ser revelado bem claramente quando os dados das colaborações e da leniência
da Odebrecht forem divulgados – e um dia serão, seja agora ou mais tarde. E vai
se perceber que o esquema sempre funciona da mesma forma. Ele é um grande caixa
geral de favores que políticos fazem através do governo e, em troca, recebem
financiamento para si ou para seus partidos e campanhas. Funciona em todos os
níveis, exatamente igual.
A
Lava Jato e o combate à corrupção não têm cunho ideológico. Pode ser um combate
à corrupção de um governo de esquerda ou de direita, pouco importa. Para nós é
indiferente a troca do governo, porque vamos continuar a fazer nosso trabalho.
Estadão: Mas
o senhor identificou mudança de discurso de grupos políticos em apoio à Lava
Jato?
Carlos
Fernando: Tem grupos que viam a Lava Jato apenas com interesse contra o
partido que estava no poder, o Partido dos Trabalhadores, e apoiavam. Para este
grupo, naturalmente, não interessa a continuidade das investigações e é natural
que façam esse movimento crítico agora. São grupos que nos apoiavam, defendiam
as prisões e agora fazem um discurso totalmente contra.
Não
importa, será feito da mesma maneira independente de partido que estiver no
poder. Vamos trabalhar e sabemos que os interesses políticos se aglutinam
contra a Lava Jato, como aconteceu no final do ano passado, quando tentaram um
blitz contra a operação no Congresso, tentando quase que semanalmente a
aprovação, na madrugada, de alguma medida extraordinária.
Este
ano parece que mudou um pouco e estão tentando um esvaziamento lento e gradual da
operação.
Mas
a Lava Jato tem força própria. Hoje tivemos operação do Supremo (Operação
Leviatã), tivemos no Rio de Janeiro, recentemente. Em Curitiba, pode diminuir a
importância e é natural, mas ela permitiu que outras forças-tarefas façam seu
trabalho. Espero que no Brasil existam uma série de sérgios moros e marcelos
bretas (juízes da Lava Jato, em Curitiba e no Rio). Espero que seja um novo
padrão do judiciário brasileiro.
Estadão: Com
a Lava Jato em fase crescente nos processos contra políticos, no Supremo, que
tem um ritmo mais lento, pode haver um reflexo negativo na imagem da operação ?
Carlos
Fernando: A percepção das pessoas fica bastante alterada, porque elas
estão vendo que o sistema de foro privilegiado ineficiente e algo que sempre
insurgimos contra. Se não fosse só injusto e anti republicano, é anti
eficiente.
Alguns
ministros se manifestaram, como o ministro (Luís Roberto) Barroso. Da maneira
que está, não é possível, é uma armadilha para o Supremo. Quanto mais chegam
investigações de Curitiba, de São Paulo, do Rio e agora de outros estados, eles
são cada vez mais incapazes de trabalhar com esse número de processos (da Lava
Jato). É preciso espalhar esses processos.
Precisamos
de uma democracia mais eficiente, com certeza, mas também um Judiciário que não
tenha contra ele a pecha de pouco confiável. Quando se cria o foro
privilegiado, a mensagem para a população é que o juiz de primeira instância
não é confiável. Se for assim, todos têm o direito de querer foro privilegiado.
Estadão: Com
a carga de processos contra políticos que virá com a delação da Odebrecht, o
Supremo vai conseguir julgar a Lava Jato?
Carlos
Fernando: Acho que vai ser uma armadilha. O mensalão, que era muito menor,
já foi um sacrifício das atividades normais dos ministros do Supremo para
julgá-lo. Imagine agora, que os fatos são múltiplos, porque (a corrupção)
acontecia na Eletronuclear, acontecia na Eletrobrás, na Caixa Econômica
Federal, na Petrobrás, nos fundos de pensão. E isso vai sendo revelado. Não é
um único processo, são dezenas de processos, contra centenas de pessoas.
Materialmente
é impossível o Supremo dar conta de julgar os processos todos que virão, sem
mudanças. Não sei como se sai dessa armadilha, talvez a solução seja a do
ministro Barroso, um entendimento mais restritivo de foro, ou uma emenda
constitucional.
O
que acho que vai acontecer, e espero que não aconteça, é que vai haver uma
sensação de frustração. É o risco da prescrição e da impunidade.
Estadão: O
senhor defende que a delação da Odebrecht tenha seu sigilo baixado?
Carlos
Fernando: É complexo, é uma ponderação: um lado ganha um ponto outro lado
perde um ponto. Temos de um lado a necessidade das investigações, então o
sigilo é importante, porque se pode perder provas, podem (os delatados)
combinar versões se souberem o que foi revelado. De outro lado, nós aqui da
Lava Jato estamos cansados de termos a imputação de vazamentos. Há centenas de pessoas
envolvidas em uma colaboração, e uma mão ou duas são procuradores. O restante
são funcionários públicos, membros de outros poderes e mais de uma centena de
advogados. Ficamos nesse ambiente de vazamentos só nos causa um prejuízo de
reputação, que não merecemos.
A
posição do PGR (Procuradoria-Geral da República) é a melhor, existem poucos
casos que manter o sigilo seja maior. Talvez a maior parte deva vir a público.
Estadão: A
força-tarefa detectou alguma mudança de narrativa em relação a Lava Jato?
Carlos
Fernando: Percebe-se uma mudança de narrativa, ou pelo menos uma
tentativa. Vejo a população, em geral, ainda muito positiva e apoiando. Mas se
percebe em formadores de opinião, uma lenta campanha, seja por interesses de
estabilidade econômica, ou seja por interesses inconfessáveis, de manutenção do
sistema como ele sempre funcionou. Um sentimento de ‘o partido já saiu do
poder, vamos resolver os problemas’. Isso acontece, essa tentativa de mudança
de narrativa.
Sabemos
que não vamos ter 100% do apoio em 100% do tempo. Mas não temos que buscar o
apoio da população, e sim trabalhar, independente do que digam a nosso
respeito.
Agora,
quem perde, se nada mudar, não é a força-tarefa, nem o Ministério Público, é a
sociedade como um todo. Se nós tivermos uma campanha de mudanças efetivas, e as
10 Medidas foi um primeiro momento disso, a população vai chegar à conclusão
que esse ciclo econômico de retorno, que acontece hoje, não vai se sustentar.
Porque não basta.
Estadão: Sem
o povo nas ruas, a Lava Jato pode perder força?
Carlos
Fernando: Essa é uma vinculação perigosa de se fazer. Nenhum movimento de
rua que aconteceu foi chamado ou teve causa na Lava Jato. Inclusive eles
começaram antes, o primeiro grande movimento foi em junho de 2013 (a Lava Jato
foi deflagrada em março de 2014). Não temos essa pretensão de colocar as
pessoas nas ruas. Mas a rua é um espaço democrático. Nós não vamos para a rua,
ninguém viu nenhum procurador da Lava Jato empunhando bandeira nas ruas, não
vamos fazer convocação para isso. Mas achamos que o combate à corrupção merece
que as pessoas se manifestem, seja onde for, no trabalho, na sua casa e até
mesmo nas ruas.
Acredito
que as pessoas estão alertas ainda, sabem o que está acontecendo e sobre as
movimentações.
A
classe política tem que perceber que a sobrevivência dela depende dela mudar
seus próprios atos.
Se
o sistema mudar, aqueles que vierem a sobreviver ao tsunami de revelações (da
delação da Odebrecht), quem sabe encaminhe o Brasil para um país melhor, mais
responsável.
Nós
mudamos a maneira como vemos a economia. Hoje o Brasil percebe as suas
responsabilidade econômicas, apesar das bobagens que fez nos últimos anos.
Entretanto, precisamos perceber que temos que parar de sustentar uma classe
política corrupta.
Estadão: A
Lava Jato caminha para reproduzir a Mãos Limpas, em relação ao seu final – na
Itália, o combate à corrupção na década de 1990 teve seus resultados remediados
por uma dura reação do sistema político e pela queda de apoio público?
Carlos
Fernando: O caminho é outro, por conhecermos a experiência das Mãos
Limpas, quais são as armadilhas que são colocadas no caminho de uma grande
investigação. Percebemos e reagimos sempre. Toda vez que (políticos) tentaram
uma modificação igual como foi a (lei) salva ladre (que concedia
anistia aos presos), na Itália, fomos abertamente à imprensa e falamos: olha
população, está acontecendo isso. Porque o político só entende a pressão da
população.
Agora
é impossível não dizer que não vai haver derrotas, como aconteceu como as 10
Medidas. Mas são apenas batalhas, temos que ver a questão a longo prazo. Temos
que ser resilientes e pacientes. Lutar sempre pela mudança, mostrar os fatos,
investigador tudo.
Por
incrível que pareça, eu sempre aprendi que a Mãos Limpas tinha sido um
investigação de sucesso. E ainda acredito que a investigação foi um sucesso.
Quem perdeu foi a sociedade italiana.
A
investigação revelou, processou e fez aquilo que podia e deveria fazer, na
obrigação do Ministério Público. A sociedade que perdeu ao deixar passar a
oportunidade.
A
Lava Jato é uma oportunidade, mas nós não somos a mudança. A mudança vem da
população, dela convencer uma classe política que essa maneira como ela
trabalhou até hoje não pode perdurar. Se perdurar nós corremos riscos de sermos
sempre vítimas de sucessivos fracassos econômicos.
É
o sistema político ineficiente e a burocracia que geram a corrupção.
Estadão: As
mudanças de ministro no Supremo – com a morte do relator da Lava Jato, Teori
Zavascki, em 19 de janeiro – e de ministro da Justiça podem influenciar ou até
prejudicar a Lava Jato?
Carlos
Fernando: Vejo menos gravidade nos fatos acontecidos até agora. Existe
muito um jogo político de apoiamentos que usa certos mecanismos de difamação em
relação a uma ou outra pessoa. Claro, existem pessoas que se manifestaram
contra a Lava Jato e acho extremamente bem qualificada, como o doutor (Cláudio)
Mariz. Ele manifestou-se contra, e por isso entendemos que há uma divergência
conosco. Mas não o desqualificamos como uma pessoa de bem e interessada no
desenvolvimento nacional e numa Justiça eficiente. Mas temos divergências.
Em
relação ao ministro Alexandre de Moraes, temos ele como um jurista capaz, ele
veio nos visitar logo no começo da gestão (na pasta da Justiça) mostrando comprometimento.
E durante o período no Ministério da Justiça não vi nenhum efetivo problema de
intervenção na Lava Jato. Então tenho por ele o maior respeito.
O
doutor Edison Fachin (que assumiu a relatoria da Lava Jato, no STF) é uma
pessoa extremamente bem conceituada. Então não temos problema.
Estadão: O
governo Michel Temer tem manobrado para frear a Lava Jato?
Carlos
Fernando: Nesse governo ainda não percebemos isso claramente. Mas não
temos dúvida que há um interesse da classe política de lentamente desconstruir
a operação, isso sabemos.
Estadão: Alguém
tem hoje o poder de enterrar a Lava Jato?
Carlos
Fernando: A Lava Jato já atingiu seus objetivos ao revelar os fatos à
população. Talvez o grande objetivo dela tenha sido revelar os fatos. Porque
sabemos das limitações do sistema judiciário e político nos impõem em termos de
punição efetiva, mas temos feito o nosso melhor, para que as pessoas sejam
processadas com justiça e, se condenadas, que vão para a cadeia. Nesse sentido
não há quem consiga apagar o legado da Lava Jato.
Agora,
efetivamente ao tentar se desconstruir a Lava Jato, ao tentarem nos convencer a
deixar agora a economia voltar a crescer, isso pode acontecer, com uma perda de
apoio que leve os políticos a passarem medidas como anistia.
Ontem
(quinta, 16) tentaram ampliar o foro. Os políticos estão diariamente buscando
esses tipos de solução. E o pior, eles têm a noite para trabalhar no Congresso,
quando ninguém está atento. Então não posso dizer que isso não vai acontecer.
A assustadora imagem de satélite
que mostra o potencial devastador do furacão Matthew
6
outubro 2016
Imagem do furacão Matthew durante
passagem pelo Haiti: a similaridade com um crânio humano assustou muita gente e
viralizou na internet
O furacão Matthew já é considerado
o mais poderoso do Atlântico em quase uma década.
Do olho do furacão
Crânios expostos
Carne queimada
- Vera
Magalhães
-
O Estado de S. Paulo
Quem for marcado com a cruz
escarlate da Lava Jato terá o destino traçado
Quem
tem mais de duas décadas cobrindo escândalos políticos de diferentes matizes
político-ideológicos e magnitudes sabe reconhecer aquele momento em que surge
um fato que torna impossível uma composição de interesses que permita abafar
tudo e seguir adiante sem nenhuma alteração no status quo vigente.
Atingindo Brasil e Peru
O furacão Odebrecht
-
Mario Vargas Llosa*
-
O Estado de S. Paulo
Casos de corrupção em países da
América Latina são chance para regenerar a democracia
Algum
dia teremos de erigir um monumento em homenagem à empresa brasileira Odebrecht,
porque nenhum governo, empresa ou partido político fez tanto quanto ela
desvelando a corrupção que corrói os países da América Latina, nem trabalhou
com tanto ânimo para fomentá-la.
A
história possui todos os ingredientes de um grande thriller. O empresário
brasileiro Marcelo Odebrecht, dirigente da companhia, condenado a 19 anos e 4
meses de prisão, com seus principais executivos, depois de passar algum tempo
entre as grades manifestou, para ter sua pena rebaixada, sua disposição em
relatar todas as safadezas que cometeu – no Brasil, chamam isso de delações
premiadas. (...)
(...)
É uma tragédia que, no momento em que a maioria dos latino-americanos começa a
se convencer de que a democracia liberal é o único sistema de governo que
garante um desenvolvimento civilizado, na convivência e na legalidade, o roubo
frenético cometido por governantes corruptos conspire contra essa tendência
positiva. Aproveitemos as delações premiadas da Odebrecht para puni-los e
demonstrar que a democracia é o único sistema capaz de regenerar-se a si mesmo. /
Tradução de Terezinha Martino
*É
Prêmio Nobel de Literatura
“O furacão enfrentado pela família
de Mitchel tem que ser tão frio e prosaico quanto possível. Sem qualquer
romantismo. Os golpes do destino com cassetetes, a derrocada, tudo é retratado
com palavras apenas, tão chãs e esvaziadas de sentido e tão despoetizadas
quanto moedas de ouro. E acima de tudo: catástrofes provocadas por dinheiro
precisam ser absolutamente dessemelhantes das ocasionadas pela paixão guerreira
ou pelo amor. Essas catástrofes ocorrem de modo muito mais inconsistente,
fechada e estéril. O que precisa ser mostrado é exatamente esse poder invisível
e destrutivo do dinheiro, que é tão assustador, particularmente quando falta
informação.[29] “Brecht e a questão do método Por Frederic Jameson
Brincando com Lava Vulcânica
Referência
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/odebrecht-provocara-tsunami-na-politica-diz-procurador-da-lava-jato/
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/odebrecht-provocara-tsunami-na-politica-diz-procurador-da-lava-jato/
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37572269
http://gilvanmelo.blogspot.com.br/2017/02/carne-queimada-vera-magalhaes.html
http://gilvanmelo.blogspot.com.br/2017/02/o-furacao-odebrecht-mario-vargas-llosa.html
https://books.google.com.br/books?id=OiFhAgAAQBAJ&pg=PT226&lpg=PT226&dq=Brecht+%2B+Furac%C3%A3o&source=bl&ots=h44EhZky0n&sig=96swy1xbRBVqIHSkeHArjvP4-ZQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiIgobd9pzSAhUIl5AKHbVCBqIQ6AEIJzAC#v=onepage&q=Brecht%20%2B%20Furac%C3%A3o&f=false
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