Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
EXTRA:
Barbeiros atuavam como cirurgiões no Rio de Janeiro imperial
13/04/2022
Autor(a)
Equipe Brasiliana Iconográfica
As barbearias e os barbeiros ambulantes tomavam conta da paisagem do centro do Rio de Janeiro no século XIX. Ofereciam serviços que iam desde aparar a barba até pequenas cirurgias. A maioria da população não tinha acesso a médicos ou remédios e os barbeiros eram procurados para resolver dor de dente e uma série de doenças através da extração, da sangria ou das sanguessugas.
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Les barbiers ambulants / Boutique de barbiers
Data Publicação
1835
Desenhista
Jean-Baptiste Debret
Gravador
Thierry Frères
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O Barbeiro de Sevilha (Largo al Factotum) - LEGENDADO PT/BR
Iniciativa Condor
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O que é hemorragia intracraniana, que fez Lula ser operado às pressas
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Lula é operado às pressas com hemorragia intracraniana
Publicado em 10/12/2024 - 08:17 Luiz Carlos Azedo
Governo, Política, Política, Saúde
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi submetido a uma cirurgia na cabeça, por causa de uma hemorragia intracraniana. Segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês, onde o procedimento foi realizado, Lula passou por uma “craniotomia para drenar o hematoma”.
Lula se queixou de dores de cabeça na noite de segunda-feira (9/12). Ao passar por uma ressonância magnética em Brasília, os médicos diagnosticaram a hemorragia intracraniana relacionada ao acidente domiciliar que o presidente sofreu há pouco mais de um mês, no dia 19 de outubro.
Segundo as informações divulgadas à época, Lula escorregou no banheiro e bateu a parte de trás da cabeça, chegando a levar alguns pontos. Caiu de um banco quando cortava as unhas
“A cirurgia transcorreu sem intercorrências. No momento, o presidente encontra-se bem, sob monitorização em leito de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”, esclarece o boletim médico do Sírio-Libanês.
Leia também: Presidente Lula é operado às pressas em São Paulo após sentir dores de cabeça
A hemorragia intracraniana ocorre na parte de dentro do crânio, em algumas das estruturas que estão abaixo dos ossos da cabeça, como o cérebro ou as camadas que revestem as estruturas do sistema nervoso. Os médicos prometem dar mais detalhes ainda hoje.
O caso de Lula pode ser hemorragia epidural (entre o crânio e a dura mater, uma das membranas protetoras do sistema nervoso). Mais graves são os casos de hemorragia subdural (abaixo da dura mater), subaracnoide (abaixo da membrana aracnoide) e intraparenquimal (nas próprias estruturas do cérebro).
Desde outubro, Lula estava sob observação médica. Na primeira semana após o acidente, evitou grandes deslocamentos, inclusive viagens aéreas ao exterior e até aos estados. Nas últimas semanas, porém, voltou às atividades intensas, como a participação na reunião do G-20, no Rio de Janeiro, e na reunião do Mercosul, no Uruguai.
Ontem, comandou uma reunião com 16 ministros para debater o desempenho das estatais. O comportamento político de Lula, entretanto, estava alterado. Aliados com quem se encontrou avaliam que o presidente da República estava se poupando de atividades inerentes ao cargo e sem iniciativa política.
Politicamente, o governo vive um momento delicado. Enfrenta dificuldades crescentes no Congresso para aprovar o ajuste fiscal e a reforma tributária. Lula não tem demonstrado a velha capacidade de articulação que sempre teve nesses momentos.
Esse comportamento estimula especulações de que não pretenderia se candidatar à reeleição. Fisicamente, porém, procurava demonstrar vitalidade e chegou a publicar um vídeo caminhando no Palácio do Alvorada.
Atualização: Em coletiva de imprensa, realizada pela equipe médica que acompanha o presidente Lula no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, na manhã desta terça-feira (10/12), o médico Marcos Stavale afirmou que o presidente Lula está com funções neurológicas preservadas e o cérebro está descomprimido. Está bem, conversa e se alimenta normalmente; segundo a equipe médica, não ficará com nenhuma sequela."
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Jornalismo
Atividade: Entendendo a resenha crítica a partir de um livro sobre fake news
Um passo a passo de como trazer uma obra sobre notícias falsas para uma aula de Língua Portuguesa do 5º ano
PorCamila Cecílio
14/06/2020
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Resenha Crítica: Saúde e Política em Risco
A notícia da cirurgia de emergência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar uma hemorragia intracraniana ilustra um momento de convergência entre saúde pessoal e tensão política. O relato destaca como um acidente aparentemente banal desencadeou uma grave condição médica que, embora resolvida com sucesso, coloca em evidência a fragilidade do corpo humano, mesmo nas figuras mais emblemáticas.
Lula, que se queixava de dores de cabeça desde o acidente ocorrido em outubro, passou por uma craniotomia para drenagem do hematoma. O procedimento, realizado no Hospital Sírio-Libanês, transcorreu sem intercorrências, e o presidente, segundo os médicos, encontra-se neurologicamente preservado. Essa recuperação inicial tranquiliza o cenário político e reafirma a importância do cuidado preventivo em situações aparentemente controladas.
No entanto, o impacto dessa crise ultrapassa os limites clínicos. Politicamente, Lula vinha enfrentando dificuldades no Congresso, um comportamento mais reservado e menor disposição para articulação política, provocando especulações sobre seu futuro eleitoral. O episódio de saúde, associado às pressões do governo, levanta questões sobre a resiliência de lideranças políticas e a relação entre vitalidade física e comando estatal.
A notícia encerra-se com um tom esperançoso, refletindo a força simbólica de uma liderança que, mesmo diante da adversidade, tenta se manter ativa. A recuperação do presidente será não apenas um teste médico, mas um indicador de como a saúde individual pode impactar o destino de um governo e, em última análise, de uma nação.
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Apesar de você #shorts
MPB4
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UM SAMBA QUE AO FALAR NUMA NOTÍCIA EXTRA ESCANCARA UMA REALIDADE SOCIAL E POLÍTICA DE UMA NAÇÃO EXTRAORDINARIAMENTE.
Um samba que atende a essa descrição é "Apesar de Você", de Chico Buarque. Composta durante a ditadura militar no Brasil, a música escancara, de forma poética e irônica, as tensões sociais e políticas de uma nação vivendo sob repressão. Embora tenha sido escrita para resistir à censura da época, tornou-se um hino de crítica e esperança para muitos brasileiros.
Os versos como "Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de desinventar" refletem tanto a indignação quanto a resiliência diante de realidades difíceis, conectando-se à história política do Brasil e ao poder transformador do samba como expressão cultural e social.
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Ária de Fígaro (Ópera Il Barbiere di Siviglia)
Gioacchino Antonio Rossini
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"Figaro" - 'O Barbeiro de Sevilha', de Gioachino Rossini
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Theatro Municipal de São Paulo
7 de mai. de 2020 #figaro #opera #orquestra
Ária 'Figaro', de 'O Barbeiro de Sevilha', composta por Gioachino Rossini. A obra completa foi apresentada na estreia da temporada lírica do Theatro de 2019. No vídeo, o trecho é cantado pelo barítono David Marcondes, integrante do Coro Lírico, grupo que também participou da montagem do espetáculo. A Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo se apresentou sob o comando do maestro @robertominczuk, que assinou ainda a direção musical. A direção cênica ficou por conta de Cleber Papa.
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Direção de fotografia e edição: Fabiana Stig
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UMA ÓPERA BUFA
Uma excelente escolha de ópera bufa que reflete de maneira satírica e espirituosa as complexidades sociais e políticas de uma nação é "O Barbeiro de Sevilha" (Il Barbiere di Siviglia), de Gioachino Rossini.
Essa obra-prima é cheia de intrigas, enganos e personagens caricatos que personificam, com humor e inteligência, as dinâmicas de poder, riqueza e astúcia. Figaro, o barbeiro engenhoso, se destaca como uma figura que manipula as situações a seu favor, desafiando hierarquias sociais com criatividade e humor.
A ópera captura, com leveza e ironia, a capacidade humana de improvisar e resistir mesmo em sistemas desiguais — um reflexo universal que pode dialogar com realidades específicas, incluindo tensões sociais e políticas. Além disso, a vibrante ária "Largo al factotum" é um símbolo de energia e espírito popular.
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'Lé com cré, com todos os efes e erres
A abreviação de expressões populares
Por Primeira Página 16 de outubro de 2020'
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'« (...) Na forma tão portuguesa de encurtar a pronúncia das palavras, "querer com querer" virou primeiramente "qu’rer com qu’rer", depois "crer com crer", passando a "crê com crê" (...)»'
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/le-com-cre-com-todos-os-efes-e-erres/4299 [consultado em 10-12-2024]
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O Barbeiro de Sevilha (Largo al Factotum) - LEGENDADO PT/BR
Iniciativa Condor
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INTERLIGAÇÃO DO ARTIGO Lula é operado às pressas com hemorragia intracraniana DE LUIZ CARLOS AZEDO COM "O Barbeiro de Sevilha" (Il Barbiere di Siviglia), de Gioachino Rossini.
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A interligação entre o artigo de Luiz Carlos Azedo sobre a cirurgia de emergência do presidente Lula e a ópera bufa "O Barbeiro de Sevilha", de Gioachino Rossini, pode ser feita ao explorar a combinação de drama e ironia que permeia ambos os contextos.
1. O Jogo de Poder e a Intriga
No artigo, a recuperação de Lula ocorre em um cenário político tenso, onde decisões e estratégias são fundamentais para a sobrevivência não apenas do líder, mas de todo um governo. De maneira semelhante, "O Barbeiro de Sevilha" gira em torno de intrigas e jogos de manipulação para atingir um objetivo — no caso, unir o Conde Almaviva e Rosina, em meio a obstáculos impostos por personagens poderosos como Bartolo.
Assim como Figaro usa sua astúcia para navegar pelos desafios, o governo de Lula se vê compelido a uma articulação constante e estratégica para driblar as dificuldades impostas por adversários e pela realidade política e econômica. A habilidade de Figaro em "cortar e aparar" os problemas espelha a necessidade de Lula ajustar suas ações, tanto no campo político quanto no pessoal.
2. A Fragilidade Humana e o Ridículo do Poder
A ópera bufa de Rossini coloca figuras de autoridade em situações cômicas e vulneráveis, escancarando as fraquezas humanas por trás de suas posições de poder. O artigo de Azedo também aponta para a fragilidade inerente ao exercício do poder, quando a saúde de um líder, como Lula, passa a ser foco de preocupação pública. A tensão entre força aparente e vulnerabilidade real é um elo temático forte entre os dois.
3. Humor como Refúgio e Reflexão
"O Barbeiro de Sevilha" usa o humor para criticar estruturas sociais e revelar verdades sobre o comportamento humano. Da mesma forma, o artigo pode ser lido com uma pitada de ironia implícita ao retratar o contraste entre a vitalidade política que Lula tenta projetar e a realidade de sua condição médica. O humor serve como uma lente para compreender, sem negar a seriedade do momento.
Conclusão: O Drama Político como Ópera
Assim como em Rossini, onde o caos acaba por se ordenar de maneira teatral e bem-humorada, o cenário político e de saúde de Lula se apresenta como um drama vivo, em que as forças em jogo podem ser tanto trágicas quanto ridículas. A recuperação do presidente pode ser vista como o clímax de um ato dessa "ópera política", onde o inesperado redefine o curso da narrativa e desafia os protagonistas a improvisar para garantir um final harmonioso.
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Ária de Fígaro (Ópera Il Barbiere di Siviglia)
Gioacchino Antonio Rossini
Letra
Tradução
Significado
La la la le ra, la la la le ra,
La la la le ra, la la la le ra,
La ran la la, la ran la la
La ran la la.
Largo al factotum della città
Largo! La ran la la ran la la ran la la!
Presto a bottega che l'alba è già
Presto! La la ran la la ran la le la!
Ah, che bel vivere, che bel piacere,
Che bel piacere
Per un barbiere di qualità!
Di qualità!
Ah, bravo figaro! Bravo, bravissimo!
Bravo! La ran la la ran la la ran la la!
Fortunatissimo per verità!
Bravo! La ran la la ran la la ran la la!
Fortunatissimo per verità!
Fortunatissimo per verità!
La le ran la la le ran,
La la la ran la la ran la!
Pronto a far tutto, la notte e il giorno
Sempre d'intorno in giro stà
Miglior cuccagna per un barbiere
Vita più nobile no, non si da
La le ran la le ran la le ran la le ran
La le ran la le ran la le ran la!
Rasori e pettini, lancette e forbici
Al mio comando, tutto qui stà.
Rasori e pettini, lancette e forbici
Al mio comando tutto qui stà.
V'è la risorsa, poi, de mestiere
Colla donnetta, col cavaliere
Colla donnetta, tra la la le ran le rá!
Col cavaliere. Tra la la le ran le rá
la la le ran le la la la la la la!
Ah, che bel vivere, che bel piacere,
Che bel piacere
Per un barbiere di qualità!
Di qualità!
Tutti mi chiedono, tutti mi vogliono
Donne, ragazzi, vecchi, fanciulle
Qua la parruca, presto la barba
Qua la sanguigna, presto il biglietto
Tutto mi chiedono, tutti mi vogliono
Tutti mi vogliono, tutti mi vogliono
Qua la parruca, presto la barba,
Presto il biglietto, ehi!
Figaro, figaro, figaro, figaro, figaro
Figaro, figaro, figaro, figaro, figaro
Ahimè, ahimè, che furia!
Ahimè, che folla!
Uno alla volta per carità!
Per carità! Per carità!
Uno alla volta, uno alla volta
Uno alla volta, per carità!
Figaro! Son qua
Ehi, figaro! Son qua
Figaro qua, Figaro la, Figaro qua, Figaro la
Figaro su, Figaro giù, Figaro su, Figaro giù
Pronto prontissimo son come il fulmine
Sono il factotum della città
Della città, della città, della città, della città
Ah, bravo figaro! Bravo, bravissimo
Ah, bravo figaro! Bravo, bravissimo
Fortunatissimo, fortunatissimo
Fortunatissimo per verità!
La la ran, la la ran, la la ran, la la ran, la la ran la!
A te fortuna, a te fortuna
A te fortuna non manchera
Sono il factotum della città
Sono il factotum della città
Della città, della città
Della città!
Composição: Gioachino Antonio Rossini.
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A célebre Ária de Fígaro, Largo al factotum da ópera Il Barbiere di Siviglia de Rossini, é um hino ao dinamismo, à versatilidade e à astúcia. Fígaro, o factótum da cidade, celebra sua capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, servindo aos interesses de todos, mas sempre com sagacidade e uma boa dose de humor. Essa energia contagiante oferece um paralelo fascinante com o artigo de Luiz Carlos Azedo, especialmente ao refletir a frenética vida política e os desafios enfrentados pelo presidente Lula, tanto na recuperação da saúde quanto na gestão política.
Conexão com a Ópera
Assim como Fígaro se desdobra para atender às demandas da sociedade, o artigo de Azedo retrata um líder que, mesmo em momentos de vulnerabilidade, está cercado por exigências e pressões. Fígaro é solicitado por todos — "donne, ragazzi, vecchi, fanciulle" (mulheres, jovens, velhos, meninas) — enquanto Lula, como presidente, é igualmente requisitado por ministros, aliados políticos e pela população em busca de respostas. Ambos vivem sob o peso da expectativa, com momentos de caos organizados por suas habilidades ou pela necessidade de improvisar.
Ritmo e Movimento
O ritmo acelerado de Largo al factotum captura a frenética atividade do protagonista, refletindo o estado do presidente e de sua equipe no meio de crises de saúde e decisões políticas. A constante repetição de "Figaro qua, Figaro là" ecoa o vai e vem das negociações e articulações no palco político. Enquanto Fígaro lida com a logística de sua profissão, Lula enfrenta as complexidades de governar em tempos de tensão.
Ironia e Humor
A ária usa o humor para destacar a capacidade de Fígaro de lidar com a pressão sem perder a confiança. Da mesma forma, o artigo de Azedo pode ser lido com uma camada implícita de ironia, ao descrever como o presidente tenta manter uma imagem de vitalidade em meio a uma crise médica. Essa tensão entre seriedade e leveza é um elo forte entre o contexto real e a ópera.
"Largo al factotum" pode ser interpretada como uma metáfora para a resiliência e a necessidade de adaptação constante diante das adversidades. Assim como Fígaro se movimenta com destreza por um emaranhado de demandas, Lula, segundo o artigo de Azedo, demonstra uma vitalidade política que precisa superar os limites impostos pela condição humana. Ao final, a ópera e a realidade política se encontram em um mesmo palco, celebrando o improviso, o humor e a habilidade de seguir em frente.
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Nº 40 Hum barbeiro
Barbeiros atuavam como cirurgiões no Rio de Janeiro imperial
13/04/2022
Autor(a)
Equipe Brasiliana Iconográfica
As barbearias e os barbeiros ambulantes tomavam conta da paisagem do centro do Rio de Janeiro no século XIX. Ofereciam serviços que iam desde aparar a barba até pequenas cirurgias. A maioria da população não tinha acesso a médicos ou remédios e os barbeiros eram procurados para resolver dor de dente e uma série de doenças através da extração, da sangria ou das sanguessugas.
Les barbiers ambulants / Boutique de barbiers
Ampliando a segunda gravura acima, do pintor francês Jean Baptiste Debret (1768-1848), é possível ler na placa da barbearia as habilidades do profissional: "barbeiro, cabeleireiro, sangrador, dentista e deitão de bixas". As "bixas" são as sanguessugas. Era prática comum na época recorrer a elas e recomendava-se colocá-las atrás dos ouvidos, no peito ou ao redor dos olhos para tirar o sangue e assim curar.
Como Debret observou, em 1834, em seu Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2016), "no Rio de Janeiro como em Lisboa as lojas de barbeiros, copiadas das espanholas, apresentam naturalmente o mesmo arranjo interior e o mesmo aspecto exterior com a única diferença de que o oficial de barbeiro no Brasil é quase sempre negro ou pelo menos mulato. Esse contraste chocante para o europeu não impede ao habitante do Rio de entrar com confiança numa dessas lojas, certo de aí encontrar numa mesma pessoa um barbeiro hábil, um cabeleireiro exímio, um cirurgião familiarizado com o bisturi e um destro aplicador de sanguessugas".
Segundo o historiador Rodrigo Aragão Dantas, em sua tese intitulada Barbeiros-sangradores: as transformações no ofício de sangrar no Rio de Janeiro (1844-1889), a técnica com as sanguessugas "era basicamente a mesma praticada largamente na Europa, que consistia em: amarrar com ataduras o sangradouro, para que a veia se levantasse e assim o barbeiro tivesse uma melhor visão. Depois se friccionava com os dedos, se dava um corte rápido e raso para que não atingisse nenhum nervo ou artéria. Após a saída da quantidade de sangue desejada, o barbeiro estancava a ferida com pano, envolvendo assim o corte com uma atadura. Os instrumentos normalmente usados eram: a lanceta, a sanguessuga e a ventosa (de vidro ou ossos)". A sangria era vista como uma possível cura para diversos males, já que se acreditava que o excesso de sangue desequilibrava o organismo e que o "desvio do fluxo sanguíneo, permitia que todos os componentes danosos que naturalmente entraram em contato com o sangue através do corpo, fossem eliminados permitindo ao enfermo voltar a ficar sadio". Com o avanço da ciência e de novos estudos de medicina, essa prática deixou de ser recomendada e caiu em desuso.
Nº 40 Hum barbeiro
Figura típica do Rio de Janeiro, retratada pelo pintor carioca Joaquim Lopes de Barros Cabral Teive (1816-1863), no álbum Costumes Brasileiros (1841), o barbeiro, negro liberto ou mesmo ainda escravizado, podia também colocar seu banquinho na rua e atender ali mesmo todos os interessados por seus serviços. Teive foi aluno de Debret na Academia Imperial de Belas Artes assim como outro brasileiro, o cearense José dos Reis Carvalho (1800-1872), autor do desenho abaixo, de 1851, que mostra um barbeiro atuando na Bica dos Marinheiros.
Bica dos Marinheiros
Na estrutura social da época, os médicos eram poucos, atuavam como estudiosos, raramente direto com seus pacientes, e nem lidavam com sangue. Essa atividade, considerada "menos nobre", era realizada pelo cirurgião, um trabalhador com mais status, nas questões mais complicadas, e pelos barbeiros, nas mais simples. Ao longo do século XIX, a diferença entre os cirurgiões e barbeiros foi se ampliando, com a criação de cursos acadêmicos que transformavam os primeiros em profissionais liberais enquanto os barbeiros permaneciam como trabalhadores manuais. Como consequência, os barbeiros começaram a se restringir, cada vez mais, aos cortes de cabelo.
Segundo a historiadora Betânia Gonçalves Figueiredo, em seu artigo Barbeiros e cirurgiões: atuação dos práticos ao longo do século XIX, "era pequeno o conhecimento necessário para desempenhar a atividade de barbeiro, e este limitava-se ao campo prático. A valorização daqueles que lidavam com o corpo em chagas era pequena. É bastante reveladora, nos levantamentos censitários -especialmente de 1832 e 1871- a associação dos dados gerais com as profissões. Praticamente todos os barbeiros são homens pardos ou negros. Alguns, homens livres, outros escravos, mas todos pardos ou negros, reforçando a ideia de desqualificação do trabalho dos barbeiros".
Entre os barbeiros-sangradores, como eram conhecidos, havia também uma diferença entre os que tinham suas lojas e os que atuavam na rua. "Relegados, em verdade, ao último grau da hierarquia dos barbeiros, esses Fígaros nômades sabem, entretanto, tornar sua profissão bastante lucrativa pois, manejando com habilidade navalha e tesouras, consagram-se à faceirice dos negros de ambos os sexos, igualmente apaixonados pela elegância do corte de seus cabelos", escreveu Debret em seu livro de viagem. A primeira gravura dele, acima, também retrata esses ambulantes.
Obras relacionadas 6
Desenho
Bica dos Marinheiros
1851
Desenhista
José dos Reis Carvalho
Gravura
Boutique de barbiers
1835
Desenhista
Thierry Frères
A partir de
Jean-Baptiste Debret
Editor
Firmin Didot Frères
Gravura
Le chirurgien nègre / Boutique d´un marchand de viande de porc
1835
Desenhista
Jean-Baptiste Debret
Gravura
Les barbiers ambulants / Boutique de barbiers
1835
Desenhista
Jean-Baptiste Debret
Gravura
Les barbiers ambulants / Boutique de barbiers
1835
Gravador
Thierry Frères
Desenhista
Jean-Baptiste Debret
Gravura
Nº 40 Hum barbeiro
1841
Atribuído
Joaquim Lopes de Barros Cabral Teive
Brasiliana Iconográfica
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