Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 8 de dezembro de 2024
"A Hora Pirandelliana: Entre Máscaras e Realidades no Palco do Poder, 1929-2024"
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Henrique IV | 05/05/22
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Metrópolis
5 de mai. de 2022
Renata Simões acompanhou os ensaios da peça Henrique IV, do italiano Luigi Pirandello, uma montagem dirigida por Gabriel Villela
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Música | Teresa Cristina - Positivismo (Noel Rosa)
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Aqui está a imagem pictórica representando a sala de baile surrealista descrita. Ela evoca a dualidade entre aparência e realidade, destacando a manipulação de narrativas em um cenário de máscaras e espelhos fragmentados.
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HORA PIRANDELLIANA
O Governo, mandando veicular as inverdades notórias, que ele cria e divulga, está apenas entrando na logica das peças de Pirandello, em cuja galeria lhe está reservado um lugar de eleição. A principal característica do teatro do grande escritor italiano decorre de que as suas personagens participam de uma dupla feição — vivem de uma realidade interior que não corresponde ao que se passa objetivamente. Não sei se a Câmara conhece aquela jóia literária, que é "Henrique IV", do notável artista peninsular. Num baile de máscara um sujeito se fantasiou de Henrique IV, com toda a sua corte, com as suas damas, os seus fidalgos e os seus pagens. No meio da festa, o herói enlouqueceu e a sua demência o conduziu a supor-se, daí em diante, como sendo verdadeiramente o grande rei. A família e os amigos, querendo criar-lhe um ambiente favorável à marcha da paranóia, resolveram manter a mesma encenação da côrte, e lá continuaram, no terra-à-terra de todos os dias, as damas, os pagens e os fidalgos cercando de reverência e homenagem o espantoso alucinado. Um dia, porém, o doente recuperou subitamente a razão, mas, ao se ver cercado de tao luzida companhia, julgou de melhor aviso continuar a farsa, evitando desta sorte o desconsolado epílogo ao agradável subjetivismo e opondo barreiras à dolorosa realidade, que bruscamente o privava do trono, aos cortesãos, da felicidade. Atravessa a política brasileira a sua hora pirandelliana . (De um discurso na Câmara dos Deputados, em 13 de novembro de 1929)
JOÃO NEVES DA FONTOURA POEIRA DAS PALAVRAS
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O artigo de Maria Cristina Fernandes, publicado no Valor Econômico, aborda um momento crítico da segurança pública no Brasil, marcado por tensões políticas e um cenário de violência policial alarmante. A autora analisa como a extrema-direita, especialmente representada por figuras da "bancada da bala", está reagindo de forma exacerbada ao que considera um cerco político e social contra suas pautas.
Contexto e Temas Centrais:
Barbárie Policial e Discurso Extremista:
Episódios de violência policial, como o caso do entregador jogado de uma ponte e de um jovem alvejado com 11 tiros por furto, são explorados como exemplos da radicalização na abordagem da segurança pública.
Discursos como os do deputado Gilson Fahur, que justificam essas ações como necessárias e criticam qualquer responsabilização policial, refletem o tom de um segmento da extrema-direita.
Reação da Extrema-Direita:
A autora identifica um aumento no tom inflamado desses grupos, que interpretam críticas e investigações como ameaças à sua sobrevivência política.
Exemplos incluem a postura do deputado Marcel Van Hatten, que atacou publicamente figuras da Polícia Federal durante uma audiência.
Proposta de Avanço Civilizatório:
O governo federal considera que o momento é propício para avançar com a PEC da Segurança Pública, que inclui a criação de um Sistema Único de Segurança Pública (Susp). A PEC é vista como uma forma de centralizar e melhorar a eficiência das forças policiais, reduzindo sua autonomia que, em alguns casos, facilita desvios e abusos.
A ampliação das atribuições da PRF, proposta na PEC, encontra até mesmo certo apoio entre membros da bancada da bala.
Crise em São Paulo:
A explosão da letalidade policial no estado, especialmente sob a gestão de Tarcísio de Freitas, é citada como símbolo do descontrole. A resistência do governador em demitir o secretário de Segurança Pública, mesmo diante de casos de corrupção e violência, é atribuída ao medo de perder apoio da base bolsonarista.
Contexto Político e Oportunidade:
A pressão sobre a extrema-direita, aliada a crises locais como a de São Paulo, abre caminho para discussões mais amplas sobre o papel das polícias no Brasil.
A autora sugere que a PEC do Susp pode ser uma oportunidade para enfrentar a "milicianização" das polícias e promover um avanço civilizatório na segurança pública.
Reflexão Final:
O texto coloca em evidência a polarização no debate sobre segurança pública no Brasil, destacando o embate entre forças que defendem práticas autoritárias e aquelas que buscam maior controle e responsabilidade institucional. A PEC do Susp é apresentada como uma possível solução para mitigar a violência e o descontrole policial, mas enfrenta desafios significativos no campo político.
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
Acuada, extrema-direita abre flanco ao Susp - Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico
Animosidade da bancada da bala não é aposta em dobro, mas esperneio ao cerco. Quanto mais pressionada, mais exaltada a extrema-direita fica. Por isso, o momento parece oportuno para a PEC da Segurança Pública
“Um policial jogou um cabra de uma ponte. Por quê? Porque o cara chega à conclusão de que não vai adiantar merda nenhuma levar aquele cara para a delegacia”. Gilson Cardoso Fahur tem 61 anos, é sargento reformado da Polícia Militar e deputado federal pelo PSD do Paraná, filiado, portanto, às hostes do presidente do partido, Gilberto Kassab, do governador do Estado, Ratinho Jr., e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG).
Tinha diante de si o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, convocado para uma audiência pública na Câmara dos Deputados na tarde de terça-feira. Fahur não se limitou a justificar o ato de barbárie da PM paulista, que jogou de uma ponte um entregador de aplicativo, sem passagem pela polícia, que estava numa moto e não obedeceu a uma ordem policial para parar. Comentou ainda a morte de Gabriel Renan Soares, de 26 anos, atingido pelas costas.
“Outro noia vai roubar um mercado, furta três pacotes de sabão, já tinha furtado bolachas de manhã, infernizando o comerciante, porque não é só um (...) são vários, furtando dia e noite, cagando e mijando em frente da casa dos outros, do comércio dos outros. O policial está no local fazendo compras, vê o ladrão, todo espalhafatoso, escorregando e dá onze tirinhos nele [sim, usou o diminutivo]. Depois é responsabilizado e afastado. Vão acabar com a polícia no Brasil se afastarem os policiais, pelo amor de Deus”.
Fahur está no segundo mandato como deputado federal. No primeiro, foi o mais votado de seu Estado, com 314 mil votos. Do seu discurso de estreia na tribuna da Câmara, destacou um trecho para fixar como o cartão de visitas de seu perfil no X: “Não tem que investigar nada não. Tem que arquivar e acabou (...) bandido bom é bandido morto. Preso só dá despesa, solto, só da prejuízo pra sociedade”.
Na recondução à Câmara, em 2022, Fahur teve pouco mais da metade dos votos, sendo o sétimo da bancada paranaense, perdendo para Gleisi Hoffmann (PT). O discurso de Fahur não é um ponto fora da curva na extrema-direita. A sucessão de barbaridades da PM paulista é concomitante à conclusão do relatório da Polícia Federal mostrando a violência bolsonarista contra a democracia.
Tome-se outro parlamentar da comissão, Marcel Van Hatten (Novo-SP), que foi indiciado pela PF por ter chamado Fabio Shor, delegado que atua nos inquéritos bolsonaristas e foi fartamente ameaçado de morte, de “bandido”. Na audiência, Van Hatten chamou o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que acompanhava Lewandowski, de “prevaricador”.
O grau de animosidade da sessão da Comissão de Segurança da Câmara não é aposta em dobro, mas esperneio ao cerco. Quanto mais pressionada, mais exaltada a extrema-direita fica. Por isso, o momento parece oportuno para o governo emplacar a PEC da Segurança Pública. Os próprios parlamentares da bancada da bala já o reconhecem. O deputado Marcos Pollon (PL-MS), fundador do Pro-Armas, reconheceu que uma das principais ideias da PEC, a transformação da PRF numa Polícia Ostensiva Federal que, além das rodovias, atue em portos, aeroportos e ferrovias, é bandeira que sempre defendeu como professor de processo civil: “Dou o braço a torcer”.
A crise da segurança pública em São Paulo, um dos principais polos de resistência à PEC, é outro indício de que o momento é de avanço civilizatório sobre uma agenda que lastreia a extrema-direita no país. A proposta que cria o Sistema Único de Segurança Pública estancou na Casa Civil da Presidência.
O entregador jogado da ponte e os 11 “tirinhos” pelas costas num ladrão de sabão são apenas os últimos eventos de uma barbaridade autorizada pelo governador Tarcísio de Freitas, quando disse não estar “nem aí” para a denúncia no Conselho de Direitos Humanos da ONU contra a explosão da letalidade policial na Baixada Santista.
Continua a fazê-lo ao se recusar a demitir o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que acumula extensa folha corrida no descontrole sobre as polícias. A suspeição sobre o PCC, no atentado que levou à morte de Vinícius Gritzbach, no aeroporto de Guarulhos, em novembro, passou a ter um “C” sobrando desde que vieram à tona as imagens de policiais civis usando relógios do empresário.
O sumiço dos relógios havia sido denunciado por Gritzbach à corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. A resposta padrão da corporação tem sido a de que as investigações “prosseguem” sem que a segurança paulista recue de suas políticas mais extremadas como a autonomia dos policiais sobre o acionamento das câmeras corporais. Com isso, a letalidade policial cresceu 20% no primeiro ano do governo Tarcísio e ruma para fechar com indicadores muito mais alarmantes em 2024.
O governador de São Paulo não demite Derrite porque teme perder a base bolsonarista no Estado. Por outro lado, teme-se que o foco do PCC no tráfico internacional, que abriu a disputa pelos pontos de venda de drogas domésticos, faça desandar os indicadores que têm sido mantidos sob controle, em grande parte, pelo monopólio exercido pela gigante paulista do crime organizado.
O momento, portanto, é de insegurança, tanto em relação ao domínio da pauta quanto em relação ao discurso para sua base eleitoral. O espaço para o avanço de um Susp, capaz de quebrar a “milicianização” das polícias locais, não poderia ser mais evidente.
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anais da ultraviolência
O rastro de sangue de Guilherme Derrite
O secretário de Segurança de São Paulo, que lida com uma crise após uma série de casos de brutalidade policial, já foi investigado por ao menos dezesseis homicídios
João Batista Jr., de São Paulo
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04 dez 2024_14h43
No dia 3 de novembro, um policial militar matou a tiros, pelas costas, um homem que tentava furtar pacotes de sabão líquido no bairro Jardim Prudência, em São Paulo. No dia 6, uma criança de 4 anos e um adolescente de 17 morreram baleados durante uma troca de tiros envolvendo policiais no Morro São Bento, em Santos. No dia 20, um estudante de medicina foi morto com um tiro à queima roupa durante uma abordagem policial na Vila Mariana. No dia 2 de dezembro, um policial jogou um homem de uma ponte na Vila Clara.
Esses episódios de violência, revelados em um intervalo de poucos dias, resultaram em uma nova crise de segurança pública. Surpreendem pela brutalidade, mas não pela recorrência. Desde que assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em janeiro de 2023, o ex-policial militar Guilherme Derrite deu sinais de que pretendia afrouxar os controles internos da PM. Já deu entrevista criticando colegas de farda que mataram menos de três pessoas em cinco anos de serviço. “É vergonhoso”, disse. Para ele, é pouco.
Antes de completar um mês no cargo, Derrite defendeu a ação de uma patrulha da Rota, a tropa de elite da PM, que disparou 28 vezes contra um Honda Fit, sob a justificativa de que seus três ocupantes iriam praticar um assalto na região central de São Paulo. Comprovou-se mais tarde, por meio de uma gravação em vídeo, que na operação um policial plantou uma arma ao lado de um cadáver para simular que houve confronto. No segundo mês à frente da Secretaria, Derrite cancelou a punição contra quinze agentes da Rota que tinham alto índice de letalidade. Em fevereiro deste ano, perdoou cerca de cinquenta PMs que estavam afastados do serviço de rua também por terem matado demais. Os anistiados trabalham em diferentes cidades. Derrite colocou todos de volta às ruas.
A piauí publicou, em maio, uma reportagem sobre a trajetória do secretário – o primeiro policial militar tão jovem e com patente tão baixa a assumir o cargo. A reportagem levantou arquivos com investigações sobre diligências e supostos confrontos com a participação de Derrite que resultaram em mortes, entrevistou parentes de vítimas e outras pessoas ligadas aos casos. O texto traz o depoimento de um matador que diz ter atuado em um grupo de extermínio em Osasco sob o comando de Derrite. Revela também que o secretário, em seu tempo na polícia, foi investigado por dezesseis homicídios. Isso não significa que ele tenha matado dezesseis pessoas, mas que participou de ações que resultaram nesse saldo de mortes. Derrite foi investigado em sete inquéritos, mas nunca foi denunciado.
Um dos inquéritos diz respeito a uma operação realizada, em 2012. Na época, policiais da Rota receberam a informação de que integrantes do PCC se reuniriam no estacionamento de uma casa noturna em São Paulo. Derrite pediu para comandar a operação. Foi uma catástrofe. Seis pessoas morreram e três policiais foram presos, sob a suspeita de torturar e matar um homem que, escondido sob um caminhão, viu e ouviu tudo o que aconteceu. O episódio entrou para a crônica policial como exemplo de um completo fracasso, do ponto de vista militar e dos direitos humanos, e ajudou a encerrar a carreira de Derrite. Ele foi afastado do patrulhamento e, menos de dois meses depois, foi convidado a deixar a Rota. Seus superiores entenderam que sua letalidade era alta demais.
O secretário permaneceu quase doze anos na PM, entrou para a reserva como capitão, elegeu-se e reelegeu-se deputado federal e foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara. Hoje é uma das figuras mais proeminentes do entorno de Tarcísio de Freitas. Nesta quarta-feira (4), pressionado pelos acontecimentos recentes, o governador disse que não pretende exonerá-lo. Afirmou, em vez disso, que Derrite “está fazendo um bom trabalho”.
Exposição Castelo Ra-Tim-Bum
A reportagem O homem e seu passado, que conta a história de Derrite e como ele chegou ao cargo de secretário, está disponível na íntegra para assinantes da piauí. Leia aqui.
https://piaui.folha.uol.com.br/o-rastro-de-sangue-de-guilherme-derrite/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification
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Jorge Mautner e Nelson Jacobina — Positivismo
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Choro e Poesia
11 de dez. de 2016
Parceria entre Noel Rosa e Orestes Barbosa, "Positivismo" é apresentada aqui por Jorge Mautner (voz e violino) e Nelson Jacobina (violão), em gravação de 1988. Sobre este samba, cuja gravação original coube ao próprio Noel, com arranjo de Pixinguinha, conta-nos João Máximo:
"Orestes, por exemplo, (...) em quatro quadras (...) misturava amor, dinheiro, frases e filosofia. Pouco importa se a frase sobre a verdade atribuída a Pôncio Pilatos não esteja na Bíblia; ou se Guillotin não tenha morrido na guilhotina por ele mesma inventada e sim um xará seu. Pouco importa até se o poeta toma liberdades com as ideias de Augusto Comte sobre ordem e progresso. O que interessa é que Orestes Barbosa gostou da letra que fez e a entregou para Noel Rosa musicá-la.
Por algum motivo passaram-se dias, semanas, meses e as quatro quadras ficaram esquecidas entre a papelada de Noel. Orestes não gostou e se queixou com Antônio Nássara, grande amigo dos dois.
À mesa do Nice [Café Nice], entre um cafezinho e outro, Orestes estendeu sua queixa a mais gente. Não era homem de falar pouco. Teria Noel jogado seus versos fora? Pior: Teria se apropriado deles? Nem uma coisa nem outra. Mas Noel acabou sabendo do veneno que o parceiro andava espalhando contra ele e não perdeu tempo. Musicou as quadras de Orestes e foi gravá-las no estúdio da antiga Columbia. Não sem antes pedir a Pixinguinha que escrevesse longa passagem de orquestra ao fim do último verso depois do que Noel volta com uma quadra de sua autoria: sutil recado musical ao venenoso parceiro."
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Luigi Pirandello – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Luigi Pirandello (Agrigento, 28 de junho de 1867 — Roma, 10 de dezembro de 1936) foi um dramaturgo, poeta e romancista italiano.
Wikipedia
https://pt.wikipedia.org › wiki › Luigi_Pirandello
LUIGI PIRANDELLO de pt.wikipedia.org
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Este excerto é uma reflexão crítica e literária do político João Neves da Fontoura, em discurso na Câmara dos Deputados do Brasil em 1929, empregando a obra de Luigi Pirandello como metáfora para a realidade política brasileira da época. Aqui está uma análise:
Contexto da Alegoria Pirandelliana
Luigi Pirandello e o Teatro do Paradoxo: Pirandello, dramaturgo italiano e ganhador do Nobel de Literatura em 1934, era conhecido por explorar a relatividade da verdade e a dualidade entre a realidade subjetiva e objetiva. Suas peças frequentemente tratavam de personagens que vivem em mundos de ilusões ou interpretações fragmentadas da realidade.
A Peça "Henrique IV": Esta obra de Pirandello é sobre um homem que, após um incidente em um baile de máscaras, acredita ser o rei Henrique IV. A sociedade ao seu redor opta por sustentar essa ilusão, criando uma realidade artificial que corresponde à percepção do "louco". No entanto, a reviravolta ocorre quando ele recobra a sanidade, mas escolhe continuar a farsa para evitar enfrentar a dura realidade.
A Metáfora para a Política Brasileira
Neves da Fontoura usa a obra de Pirandello como uma analogia para criticar o governo brasileiro em 1929, sugerindo que ele vive em uma espécie de teatro político no qual as "inverdades notórias" são disseminadas como forma de sustentar uma ilusão conveniente. A "hora pirandelliana" da política brasileira seria um momento em que:
A realidade política é manipulada, transformando-se em um espetáculo que sustenta ilusões.
Há uma discrepância entre a verdade objetiva (os fatos) e a "realidade interior" (a narrativa propagada pelo governo).
Assim como no caso de Henrique IV, a manutenção da farsa é preferida ao enfrentamento de uma realidade mais dolorosa ou desafiadora.
Mensagem Crítica
O discurso sugere que o governo de 1929 estava deliberadamente criando uma realidade paralela, onde suas ações e narrativas eram sustentadas artificialmente. Neves da Fontoura parece alertar para os perigos dessa abordagem, que privilegia o subjetivismo político sobre a verdade e a transparência.
Pertinência Histórica
O ano de 1929 foi tumultuado no Brasil e no mundo, marcado pela crise econômica global (a Grande Depressão) e pela instabilidade política que precedeu a Revolução de 1930 no Brasil. As palavras de Neves da Fontoura podem ser vistas como um reflexo das tensões crescentes entre o governo federal e as oposições regionais e políticas, que culminariam na ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
A metáfora pirandelliana permanece relevante para refletir sobre situações em que governos ou instituições criam narrativas para mascarar a realidade, algo que pode ser aplicado a diversos contextos históricos e contemporâneos.
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