A
faca, jeitosamente brandida, cortou a cabeça do cadáver. E a face horrenda
empastada de escaras e de sânie apareceu, ainda uma vez, ante aqueles
triunfadores...
Bocó
Quando o moço estava a catar caracóis e pedrinhas na beira do rio até duas horas da tarde, ali também Nhá Velina Cuê estava. A velha paraguaua de ver aquele moço a catar caracóis na beira do rio até duas horas da tarde, balançou a cabeça de um lado para o outro ao gesto de quem estivesse com pena do moço, e disse a palavra bocó. O moço ouviu a palavra bocó e foi para casa correndo a ver nos seus trinta e dois dicionários que coisa era bocó. Achou cerca de nove expressões que sugeriam símiles a tonto. E se riu de gostar. E separou para ele os nove símiles. Tais: Bocó é sempre alguém acrescentado de criança. Bocó é uma exceção de árvore. Bocó é um que gosta de conversar bobagens profundas com as águas. Bocó é aquele que fala sempre com sotaque das suas origens. É sempre alguém obscuro de mosca. É alguém que constrói sua casa com pouco cisco. É um que descobriu que as tardes fazem parte de haver beleza nos pássaros. Bocó é aquele que olhando para o chão enxerga um verme sendo-o. Bocó é uma espécie de sânie com alvoradas. Foi o que o moço colheu em seus trinta e dois dicionários. E ele se estimou.
(Memórias inventadas)
Quando o moço estava a catar caracóis e pedrinhas na beira do rio até duas horas da tarde, ali também Nhá Velina Cuê estava. A velha paraguaua de ver aquele moço a catar caracóis na beira do rio até duas horas da tarde, balançou a cabeça de um lado para o outro ao gesto de quem estivesse com pena do moço, e disse a palavra bocó. O moço ouviu a palavra bocó e foi para casa correndo a ver nos seus trinta e dois dicionários que coisa era bocó. Achou cerca de nove expressões que sugeriam símiles a tonto. E se riu de gostar. E separou para ele os nove símiles. Tais: Bocó é sempre alguém acrescentado de criança. Bocó é uma exceção de árvore. Bocó é um que gosta de conversar bobagens profundas com as águas. Bocó é aquele que fala sempre com sotaque das suas origens. É sempre alguém obscuro de mosca. É alguém que constrói sua casa com pouco cisco. É um que descobriu que as tardes fazem parte de haver beleza nos pássaros. Bocó é aquele que olhando para o chão enxerga um verme sendo-o. Bocó é uma espécie de sânie com alvoradas. Foi o que o moço colheu em seus trinta e dois dicionários. E ele se estimou.
(Memórias inventadas)
sodezporcento
Publicado em 7 de jan de 2010
INSCREVER-SE 103
Só Dez Por Cento é Mentira é um original mergulho
cinematográfico na biografia inventada e nos versos fantásticos do poeta
sulmatogrossense Manoel de Barros. ---------- Manoel de Barros em entrevista
para a Revista O Globo - Jornal O Globo - 3 de janeiro de 2010: Revista O
Globo: O senhor se sente representado de alguma forma no filme "Só Dez Por
Cento 'Mentira"? Manoel de Barros: Me sinto completo no filme. Eu sou
exposto sobre tudo através de minhas palavras. Acho que o diretor expôs a
palavra e a despalavra antes que meus cacoetes.
Espetáculo
infantil "tudo que não invento é falso"
Viagem
à Lua • Artemídia
Publicado em 20 de jun de 2012
Espetáculo "tudo que não invento é falso"
FICHA TÉCNICA Direção, coreografia e roteiro - Paula Maracajá Pesquisa de
movimento-- Danilo D'Alma, Patricia Riess, Paula Maracajá e Renata Versiani
Intérpretes -- Danilo D'Alma, Patricia Riess, Paula Maracajá e Renata Versiani
Assistência de direção -- Patricia Riess Direção de arte e Cenografia --
Gabriela Maciel Direção musical e Dramaturgia-- Dado Amaral Produção Musical --Rodrigo
Bartolo Composições e Execução-- Dado Amaral e Rodrigo Bartolo / Percussão --
Thomas Harres Participação especial - Duplexx Iluminação --Leandro Barreto
Figurino -- TicianaPassos Designer gráfico --Luiza Aché Assessoria de
imprensa-- Daniella Cavalcanti Assistência de assessoria de imprensa -- Bruna
Amorim Fotografia -- Dado Amaral Direção e Edição de vídeo - Kirk Russo [Viagem
à Lua] Operação de luz --Ananda Felippe Coordenação de produção -- Tárik
Puggina Assistente de Coordenação de Produção -- Carla de Torrez Direção de
produção -- Aline Carrocino Produção Executiva -- HeitorNóbrega Administração
financeira -- Amanda Cezarina Realização --NevaxcaProduções Idealização --Paula
Maracajá
Manoel
de Barros - Só Dez por Cento é Mentira
Letrasinverso
Publicado em 15 de fev de 2013
Só Dez Por Cento é Mentira é um original mergulho
cinematográfico na biografia inventada e nos versos fantásticos do poeta
sulmatogrossense Manoel de Barros. Alternando sequências de entrevistas
inéditas do escritor, versos de sua obra e depoimentos de "leitores
contagiados" por sua literatura o filme constrói um painel revelador da
linguagem do poeta, considerado o mais inovador em língua portuguesa. Site
oficial: http://www.sodez.com.br/ Direção e
Roteiro: Pedro Cezar. Produtora: Artezanato Eletrônico. Produção Executiva:
Pedro Cezar, Kátia Adler e Marcio Paes. Direção de Fotografia: Stefan Hess.
Montagem: Julio Adler e Pedro Cezar. Direção de Arte: Marcio Paes. Música:
Marcos Kuzka. Depoimentos: Manoel de Barros, Bianca Ramoneda, Joel Pizzini,
Abílio de Barros, Palmiro, Viviane Mosé, Danilinho, Fausto Wolff, Stella
Barros, Martha Barros, João de Barros, Elisa Lucinda, Adriana Falcão, Paulo
Gianini, Jaime Leibovicht e Salim Ramos Hassan
A
estrada e o violeiro
Sidney Miller
A
estrada e o violeiro - MPB4 e Quarteto e Cy
Sou violeiro caminhando só
Por uma estrada caminhando só
Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só
Parece um cordão sem ponta
Pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra,
A terra de lado a lado
Estrada de Sul a Norte,
Eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte,
De dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço,
De amor, de vida ou de morte
Eu que já corri o mundo
Cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo
E a visão maior que a sua
Muita coisa tenho visto
Nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto
Neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso
Pra contar o que eu assisto
Trago comigo uma viola só
Para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só,
Porque sozinho vou à pé e pó
Guarde sempre na lembrança
Que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança,
Mas a terra continua
Segue em frente, violeiro,
Que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro
Na procura da alegria
Pois quem anda noite e dia
Sempre encontra um companheiro
Minha estrada, meu caminho,
Me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho,
Quem vai lá na minha frente?
Tanta gente, tão ligeiro,
Que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro,
Fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra,
Vai na frente um povo inteiro
Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só,
Choro e meu pranto é pau, é pedra, é pó
Se esse rumo assim foi feito,
Sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito,
Desafio e desafino
Mudo a sorte do meu canto,
Mudo o Norte dessa estrada
Em meu povo não há santo,
Não há força, e não há forte
Não há morte, não há nada
Que me faça sofrer tanto
Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Queu também quero um dia poder levar
Tanta gente que virá
Caminhando, procurando
Na certeza de encontrar...
Composição: Sidney Miller
Referências
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHzTPhQ1GVIHCT_0M9kTAqk9FIL5sa8I5bd-lIbIjuZAT_npcrOIMExT4qlfUh-RRXpInE3xr_6u0noLEEQ5q0hr2qTFpyYcHPP_WN3G4n1kiUPdRmtuvGIQu1ueyYF-q3her0h3h5uZg/s640/verdades+082.jpg
http://luizdoberroverdades.blogspot.com.br/2012/04/
http://cadernocriativo.blogspot.com.br/2011/12/manoel-de-barros.html
http://cadernocriativo.blogspot.com.br/2011/12/manoel-de-barros.html
https://youtu.be/9_qm9AqLxcs
http://www.sodez.com.br/
https://www.youtube.com/watch?v=9_qm9AqLxcs&feature=youtu.be
https://youtu.be/J1W_243B5xE
https://www.youtube.com/watch?v=J1W_243B5xE
https://youtu.be/VG4P_mWWAI0
https://www.youtube.com/watch?v=VG4P_mWWAI0
https://youtu.be/rMzhevB_y-U
https://youtu.be/MsY0QsgTQyQ
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