...e fim da linha
Pá de Cal PT
Do dízimo e venda de estrelinhas
por militantes, aparelhamento de associações e entidades sindicais, influência
em entidades católicas de todo o mundo e doações de simpatizantes na oposição
ao regime civil-militar autoritário, para remunerar militantes do PT, em sua
gênese; ao aparelhamento do estado por políticos profissionais do partido no
poder; e seu ocaso e decadência no fim de linha e da linha.
05/03/2016
11h57 - Atualizado em 05/03/2016 12h36
Juiz
divulgou nota neste sábado e manifestou repúdio a atos de violência.
Lula
disse que se sentiu 'prisioneiro' ao ter sido levado para depor.
Camila
Bomfim Da TV Globo, em Brasília
Nota oficial da 13ª Vara Federal de
Curitiba
A
pedido do Ministério Público Federal, este juiz autorizou a realização de
buscas e apreensões e condução coercitiva do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para prestar depoimento. Como consignado na decisão, essas medidas
investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam
antecipação de culpa do ex-Presidente. Cuidados foram tomados para preservar,
durante a diligência, a imagem do ex-Presidente. Lamenta-se que as diligências
tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com
agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar. Repudia este
julgador, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política,
atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação
à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a
investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer
pessoa. A democracia em uma sociedade livre reclama tolerância em relação a
opiniões divergentes, respeito à lei e às instituições constituídas e
compreensão em relação ao outro.
Curitiba,
05 de março de 2016.
Sergio
Fernando Moro
Juiz
Federal
Após
a deflagração da 24ª fase da Operação Lava Jato na última quinta-feira, 3 de
março de 2016, instalou-se falsa controvérsia sobre a natureza e as
circunstâncias da condução coercitiva do senhor Luiz Inácio Lula da Silva.
Após
a deflagração da 24ª fase da Operação Lava Jato na última quinta-feira, dia 3
de março de 2016, instalou-se falsa controvérsia sobre a natureza e
circunstâncias da condução coercitiva do senhor Luiz Inácio Lula da Silva,
motivo pelo qual a força-tarefa da Procuradoria da República em Curitiba vem
esclarecer:
1.
Houve, no âmbito das 24 fases da operação Lava Jato (desde, portanto, março de
2014), cerca de 117 mandados de condução coercitiva determinados pelo Juízo da
13ª Vara Federal de Curitiba.
2.
Apenas nesta última fase e em relação a apenas uma das conduções coercitivas
determinadas, a do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, houve a manifestação de
algumas opiniões contrárias à legalidade e constitucionalidade dessa medida,
bem como de sua conveniência e oportunidade.
3. Considerando que em outros 116 mandados de condução coercitiva não houve tal clamor, conclui-se que esses críticos insurgem-se não contra o instituto da condução coercitiva em si, mas sim pela condução coercitiva de um ex-presidente da República.
4.
Assim, apesar de todo respeito que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva merece,
esse respeito é-lhe devido na exata medida do respeito que se deve a qualquer
outro cidadão brasileiro, pois hoje não é ele titular de nenhuma prerrogativa
que o torne imune a ser investigado na operação Lava Jato.
5.
No que tange à suposta crítica doutrinária, o instituto da condução coercitiva
baseia-se na lei processual penal (cf. Código de Processo Penal, arts. 218,
201, 260 e 278 respectivamente e especialmente o poder geral de cautela do
magistrado) e sua prática tem sido endossada pelos tribunais pátrios.
6.
Nesse sentido, a própria Suprema Corte brasileira já reconheceu a regularidade
da condução coercitiva em investigações policiais (HC 107644) e tem entendido
que é obrigatório o comparecimento de testemunhas e investigados perante
Comissões Parlamentares de Inquérito, uma vez garantido o seu direito ao
silêncio (HC 96.981).
7.
Trata-se de medida cautelar muito menos gravosa que a prisão temporária e visa
atender diversas finalidades úteis para a investigação, como garantir a
segurança do investigado e da sociedade, evitar a dissipação de provas ou o
tumulto na sua colheita, além de propiciar uma oportunidade segura para um
possível depoimento, dentre outras.
8.
Superadas essas questões, há que se afirmar a necessidade e conveniência da
medida.
9.
É notório que, desde o início deste ano, houve incremento na polarização política
que vive o país, com indicativos de que grupos organizados, com tendências
políticas diversas, articulavam manifestações em favor de seu viés ideológico,
especialmente se alguma medida jurídica fosse tomada contra o senhor Luiz
Inácio Lula da Silva.
10.
Esse fato tornou-se evidente durante o episódio da intimação do senhor Luiz
Inácio Lula da Silva para ser ouvido pelo Ministério Público de São Paulo em
investigação sobre desvios ocorridos na Bancoop.
11.
Após ser intimado e ter tentado diversas medidas para protelar esse depoimento,
incluindo inclusive um habeas corpus perante o TJSP, o senhor Luiz Inácio Lula
da Silva manifestou sua recusa em comparecer.
12.
Nesse mesmo HC, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva informa que o agendamento da
oitiva do ex-presidente poderia gerar um "grande risco de manifestações e
confrontos".
13.
Assim, para a segurança pública, para a segurança das próprias equipes de
agentes públicos e, especialmente, para a segurança do próprio senhor Luiz
Inácio Lula da Silva, além da necessidade de serem realizadas as oitivas
simultaneamente, a fim de evitar a coordenação de versões, é que foi
determinada sua condução coercitiva.
14.
Nesse sentir, apesar de lamentarmos os incidentes ocorridos, poucos,
felizmente, mas que, por si só, confirmam a necessidade da cautela, há que se
consignar o sucesso da 24ª fase, não só pela quantidade de documentos
apreendidos, mas também por, em menos de cinco horas, realizar com a segurança
possível todos os seus objetivos.
15.
Por fim, tal discussão nada mais é que uma cortina de fumaça sobre os fatos
investigados.
16.
É preciso, isto sim, que sejam investigados os fatos indicativos de
enriquecimento do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, por despesas pessoais e
vantagens patrimoniais de grande vulto pagas pelas mesmas empreiteiras que
foram beneficiadas com o esquema de formação de cartel e corrupção na
Petrobras, durante os governos presididos por ele e por seu partido, conforme
provas exaustivamente indicadas na representação do Ministério Público Federal.
17.
O Ministério Público Federal reafirma seu compromisso com a democracia e com a
República, princípios orientadores de sua atuação institucional.
Assessoria
de Comunicação – Ascom
Procuradoria
da República no Estado do Paraná
BRASIL
EXCLUSIVO
|
N° Edição: 2413 | 03. Mar.16 - 09:43 | Atualizado em
03.Mar.16 - 23:36
Revelações
do senador à força-tarefa da Lava Jato, obtidas por ISTOÉ, complicam de vez a
situação da presidente Dilma e comprometem Lula
Débora
Bergamasco, de Curitiba
Cardozo comenta suposta delação
premiada de senador
Publicado
em 3 de mar de 2016
ATIVIDADES
DO GOVERNO – 03.03.16: O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, concedeu
entrevista coletiva, nesta quinta-feira (3), sobre uma reportagem divulgada
pela imprensa a respeito de suposta delação premiada do senador Delcídio do
Amaral. Cardozo respondeu às alegações citadas na reportagem e afirmou que, no
material publicado, há um conjunto de mentiras que não param em pé.
Licença
Íntegra do Despacho/Decisão
Publicado 4
de Março, 2016
PETIÇÃO
Nº 5007401-06.2016.4.04.7000/PR
REQUERENTE:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
REQUERIDO:
MARISA LETICIA LULA DA SILVA
REQUERIDO:
LUIZ INACIO LULA DA SILVA
DESPACHO/DECISÃO
Autorizei
buscas e apreensões pela decisão de 24/02 (evento 4) no processo
5006617-29.2016.4.04.7000 a pedido do MPF.
As
buscas estão associadas ao ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Pleiteia
o MPF em separado a condução coercitiva do ex-Presidente e de sua esposa para
prestarem depoimento à Polícia Federal na data das buscas.
Argumenta
que a medida é necessária pois, em depoimentos anteriormente designados para
sua oitiva, teria havido tumulto provocado por militantes políticos, como o
ocorrido no dia 17/02/2016, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. No
confronto entre polícia e manifestantes contrários ou favoráreis ao
ex-Presidente, “pessoas ficaram feridas”.
Receia
que tumultos equivalentes se repitam, com o que a oitiva deles, na mesma data
das buscas e apreensões, reduziriam, pela surpresa, as chances de ocorrência de
eventos equivalentes.
Decido.
A
condução coercitiva para tomada de depoimento é medida de cunho investigatório.
Medida
da espécie não implica cerceamento real da liberdade de locomoção, visto que
dirigida apenas a tomada de depoimento.
Mesmo
ainda com a condução coercitiva, mantém-se o direito ao silêncio dos
investigados.
+JOTA: Força
Tarefa investiga se Lula comandou esquema da Lava Jato; ex-presidente
desqualifica suspeitas
Medida
da espécie ainda encontra apoio na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
como destacado pelo MPF:
“HABEAS
CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CONDUÇÃO DO INVESTIGADO À AUTORIDADE
POLICIAL PARA ESCLARECIMENTOS. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 144, § 4º,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART. 6º DO CPP. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE
PRISÃO OU DE ESTADO DE FLAGRÂNCIA. DESNECESSIDADE DE INVOCAÇÃO DA TEORIA OU
DOUTRINA DOS PODERES IMPLÍCITOS. PRISÃO CAUTELAR DECRETADA POR DECISÃO
JUDICIAL, APÓS A CONFISSÃO INFORMAL E O INTERROGATÓRIO DO INDICIADO.
LEGITIMIDADE. OBSERVÂNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO.
USO DE ALGEMAS DEVIDAMENTE JUSTIFICADO. CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVAS IDÔNEAS E
SUFICIENTES. NULIDADE PROCESSUAIS NÃO VERIFICADAS. LEGITIMIDADE DOS FUNDAMENTOS
DA PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO
CRIMINAL. ORDEM DENEGADA.
I
– A própria Constituição Federal assegura, em seu art. 144, § 4º, às polícias
civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais.
II
– O art. 6º do Código de Processo Penal, por sua vez, estabelece as
providências que devem ser tomadas pela autoridade policial quando tiver
conhecimento da ocorrência de um delito, todas dispostas nos incisos II a VI.
III
– Legitimidade dos agentes policiais, sob o comando da autoridade policial
competente (art. 4º do CPP), para tomar todas as providências necessárias à
elucidação de um delito, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar
esclarecimentos, resguardadas as garantias legais e constitucionais dos
conduzidos.
IV
– Desnecessidade de invocação da chamada teoria ou doutrina dos poderes
implícitos, construída pela Suprema Corte norte-americana e incorporada ao
nosso ordenamento jurídico, uma vez que há previsão expressa, na Constituição e
no Código de Processo Penal, que dá poderes à polícia civil para investigar a
prática de eventuais infrações penais, bem como para exercer as funções de
polícia judiciária.
(…)”
(HC
107644, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma do STF – por maioria, j.
06/09/2011, DJe-200, de 18/10/2011).
Embora
o ex-Presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que
ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa
que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto, conforme
exposto pelo MPF e conforme longamente fundamentado na decisão de 24/02/2016
(evento 4) no processo 5006617-29.2016.4.04.7000.
Por
outro lado, nesse caso, apontado motivo circusntancial relevante para
justificar a diligência, qual seja evitar possíveis tumultos como o havido
recentemente perante o Fórum Criminal de Barra Funda, em São Paulo, quando
houve confronto entre manifestantes políticos favoráveis e desfavoráreis ao
ex-Presidente e que reclamou a intervenção da Polícia Militar.
Colhendo
o depoimento mediante condução coercitiva, são menores as probabilidades de que
algo semelhante ocorra, já que essas manifestações não aparentam ser totalmente
espontâneas.
Com
a medida, sem embargo do direito de manifestação política, previnem-se
incidentes que podem envolver lesão a inocentes.
Por
outro lado, cumpre esclarecer que a tomada do depoimento, mesmo sob condução
coercitiva, não envolve qualquer juízo de antecipação de responsabilidade
criminal, nem tem por objetivo cercear direitos do ex-Presidente ou colocá-lo
em situação vexatória.
Prestar
depoimento em investigação policial é algo a que qualquer pessoa, como
investigado ou testemunha, está sujeita e serve unicamente para esclarecer
fatos ou propiciar oportunidade para esclarecimento de fatos.
Com
essas observações, usualmente desnecessárias, mas aqui relevantes, defiro
parcialmente o requerido pelo MPF para a expedição de mandado de
condução coercitiva para colheita do depoimento do ex-Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Evidentemente,
a utilização do mandado só será necessária caso o ex-Presidente convidado a
acompanhar a autoridade policial para prestar depoimento na data das buscas e
apreensões, não aceite o convite.
Expeça-se quanto
a ele mandado de condução coercitiva, consignando o número deste feito,
a qualificação e o respectivo endereço extraído da representação.
Consigne-se
no mandado que NÃO deve ser utilizada algema e NÃO deve, em hipótese
alguma, ser filmado ou, tanto quanto possível, permitida a filmagem do
deslocamento do ex-Presidente para a colheita do depoimento.
Na
colheita do depoimento, deve ser, desnecessário dizer, garantido o direito ao
silêncio e a presença do respectivo defensor.
O
mandado SÓ DEVE SER UTILIZADO E CUMPRIDO, caso o ex-Presidente, convidado
a acompanhar a autoridade policial para depoimento, recuse-se a fazê-lo.
Em
relação ao pedido de condução coercitiva de Marisa Letícia Lula da Silva,
indefiro. Em relação a ela, viável o posterior agendamento do depoimento com a
autoridade policial, sem que isto implique maior risco à ordem pública ou a
terceiros.
Ciência
ao MPF e à autoridade policial.
Curitiba,
29 de fevereiro de 2016.
Documento
eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal
24.ª Fase Lava Jato - Aletheia -
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Publicado 4
de Março, 2016
Por
Redação JOTABrasília
A
pedido do MPF, a 13ª Vara de Curitiba determinou buscas e conduções, que estão
sendo executadas pela PF, para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem
de dinheiro do esquema Petrobras praticados pelo ex-Presidente Lula e
associados.
Estão
sendo cumpridos, nesta data, mandados de busca e apreensão e de condução
coercitiva para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e
lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de
pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS
e Odebrecht ao ex-Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e pessoas
associadas. Há evidências de que o ex-Presidente Lula recebeu valores oriundos
do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex
e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da
armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao
ex-Presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de
supostas doações e palestras.
Ao
longo das 23 fases anteriores da Lava Jato, avolumaram-se evidências muito
consistentes de que o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras beneficiava
empresas, que enriqueciam às custas dos cofres da estatal, funcionários da
Petrobras, que vendiam favores, lavadores de dinheiro profissional, os quais
providenciavam a entrega da propina, e os políticos e partidos que proviam
sustentação aos funcionários da Petrobras e em troca recebiam a maior parte da
propina, a qual os enriquecia e financiava campanhas. Esse grande esquema era
coordenado a partir das cúpulas e lideranças dos partidos políticos que
compunham a base do governo federal, especialmente o Partido dos Trabalhadores,
o Partido Progressista e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
O
ex-Presidente Lula, além de líder partidário, era o responsável final pela
decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais
beneficiários dos delitos. De fato, surgiram evidências de que os crimes o
enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação
política. Mais recentemente, ainda, surgiram, na investigação, referências ao
nome do ex-Presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o
sucesso da atividade criminosa, tanto no tocante à quitação do empréstimo
obtido pelo Partido dos Trabalhadores junto ao Banco Schahin, por meio do direcionamento
ilícito de contrato da Petrobras ao grupo Schahin, a pedido de José Carlos
Bumlai, como para que um negócio entre OSX e Sete Brasil se efetivasse. No
último caso, há notícia de pagamento de propina que seria destinada, segundo
Bumlai teria informado, para parente do ex-Presidente.
O
avanço das investigações revelou, também, evidências de que o ex-Presidente
recebeu, em 2014, pelo menos R$ 1 milhão sem aparente justificativa econômica
lícita da OAS, por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento
tipo triplex, número 164-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá. Embora o
ex-Presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da
empreiteira, várias provas dizem o contrário, como depoimentos de zelador,
porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da
empresa contratada para a reforma, os quais apontam o envolvimento de seu
núcleo familiar em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento.
Há
evidências de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o imóvel (mais de
R$ 750 mil), arcou com móveis de luxo para cozinha e dormitórios (cerca de R$
320 mil), bem como de que tudo isso aconteceu de modo não usual (foi o único
apartamento que sofreu tal intervenção) e com o envolvimento do próprio
presidente da OAS, Léo Pinheiro. A suspeita é de que a reforma e os móveis
constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da OAS no esquema da
Petrobras, empresa essa cujos executivos já foram condenados por corrupção e
lavagem na Lava Jato. Além disso, há fortes evidências de que outros líderes e
integrantes do Partido dos Trabalhadores foram agraciados com propinas
decorrentes de contratos da Petrobras, inclusive por meio de reformas e após
deixarem o cargo público, como no caso de José Dirceu, o que já ensejou
acusação criminal formal contra este.
As
apurações apontam também para o fato de que o ex-Presidente Lula, em 2010,
adquiriu dois sítios em Atibaia mediante interpostas pessoas, pelo valor de R$
1.539.200,00, havendo ainda fortes indícios de que, entre 2010 e 2014, recebeu
pelo menos R$ 770 mil sem justificativa econômica lícita de José Carlos Bumlai
e das empresas Odebrecht e OAS, todos beneficiados pela corrupção no esquema
Petrobras. De fato, dois sítios contíguos, um colocado em nome de Jonas
Suassuna e outro em nome de Fernando Bittar, foram adquiridos na mesma data, em
29/10/2010. Tanto Jonas como Fernando são sócios de Fábio Luís Lula da Silva
como foram representados na compra por Roberto Teixeira, notoriamente vinculado
ao ex-Presidente Lula e responsável por minutar as escrituras e recolher as
assinaturas. Encontrou-se, ainda, mensagem eletrônica que aponta o uso dos
adquirentes nominais como interpostas pessoas. Ademais, o ex-Presidente
determinou que parte de sua própria mudança, quando do fim do exercício da
presidência, fosse entregue na sede dos sítios, para onde foi, com expressiva
frequência, ao longo dos últimos anos.
Para
além da suspeita sobre a ocultação de propriedade em nome de terceiros, há
fortes indícios, consistentes na palavra de diversas testemunhas e notas
fiscais de compras de produtos, de que reformas e móveis no valor de pelo menos
R$ 770 mil foram pagos, sem razão econômica lícita, por Bumlai e pelas
empreiteiras Odebrecht e OAS, todos favorecidos no esquema Petrobras. Bumlai e
a Odebrecht se encarregaram da reforma. A OAS adquiriu móveis no valor de
aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha, comprada no mesmo estabelecimento em
que aquela empresa adquiriu móveis para o triplex 164-A, o que também indica
que o imóvel pertencia ao ex-Presidente. Foram encontradas mensagens, ainda, no
celular de Léo Pinhero, indicando que os beneficiários da cozinha eram o
ex-Presidente e sua esposa, ex-Primeira-Dama. A suspeita, aqui novamente, é que
os valores com que o ex-Presidente foi agraciado constituem propinas pagas a
título de contraprestação pelos favores ilícitos obtidos no esquema Petrobras.
Surgiram,
ainda, fortes indícios de pagamentos dissimulados de aproximadamente R$ 1,3
milhão pela empresa OAS em favor do ex-Presidente, de 01/01/2011 a 01/2016,
para a armazenagem de itens retirados do Palácio do Planalto quando do fim do
mandato. Apesar de a negociação do armazenamento ter sido feita por Paulo
Okamotto, que foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, presidente do
Instituto Lula desde o fim de 2011 e sócio do ex-Presidente na LILS Palestras
desde sua constituição em março de 2011, o contrato foi feito entre a OAS e a
empresa armazenadora. Nesse contrato, seu real objeto foi escondido,
falsificando-se o documento para dele constar que se tratava de “armazenagem de
materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora
OAS Ltda.” Paulo Okamotto assinou ainda, em 12 de janeiro de 2016, procuração
autorizando a retirada dos bens.
Por
fim, investigam-se pagamentos vultosos feitos por construtoras beneficiadas no
esquema Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras, em razão de
suspeitas levantadas pelos ingressos e saídas dos valores. De fato, a maior
parte do dinheiro que ingressou em ambas as empresas, ao longo de 2011 a 2014,
proveio de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht,
Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. No Instituto Lula, foram 20,7 dentre
35 milhões que ingressaram. Na LILS, foram 10 dentre 21 milhões. Quanto às
saídas de recursos, além de beneficiarem pessoas vinculadas ao Partido dos
Trabalhadores – cumprindo recordar que o esquema da Petrobras era partidário -,
elas beneficiaram parentes próximos do ex-Presidente, por meio de pagamentos a
empresas de que são sócios. Além de tudo isso, a própria presidência do
Instituto foi ocupada, em dado momento, por ex-tesoureiro de sua campanha que é
apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram
aproximadamente R$ 3 milhões, decorrentes de contratos com a Petrobras, o que,
mais uma vez, mostra o vínculo de pessoas muito próximas ao ex-Presidente com
os crimes e indica possível ligação das próprias empresas ao esquema ilícito e
partidário que vitimou a Petrobras.
Todos
esses fatos estão sendo investigados no âmbito da Lava Jato porque eles se
relacionam com o destino de verbas desviadas da Petrobras por empresas e
pessoas participantes do megaesquema criminoso. Os fatos são de competência
federal não só por se relacionarem com crimes financeiros e de lavagem de
dinheiro transnacional, mas também por haver fatos praticados quando o
ex-Presidente estava no exercício de mandato no âmbito da União Federal, onde
possivelmente sua influência foi usada, antes e depois do mandato – o que é
objeto de investigação –, para que o esquema existisse e se perpetuasse.
Ressalta
a Força Tarefa do Ministério Público Federal que a investigação sobre o
ex-Presidente não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o
significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de investigação
sobre fatos e atos determinados, que estão sob suspeita. Dentro de uma
república, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao
escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa, a
qual se apoia, neste caso, em dezenas de depoimentos e ampla prova documental.
Conforme colocou a decisão judicial, “embora o ex-Presidente mereça todo o
respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito
devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já
que presentes justificativas para tanto.”
Lula fala a militantes do PT após
depoimento à Polícia Federal
Publicado
em 4 de mar de 2016
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1
DE FEVEREIRO DE 2016 EDITORA CONTEXTO
O
sociólogo que viu a ascensão de Lula de perto diz que o partido nunca foi de
esquerda e que sua origem eclesiástica explica a dificuldade de seus dirigentes
e militantes em aceitar a divergência política
Leonardo
Coutinho – Página Amarela da Revista Veja – Fev 2016
O
sociólogo José de Souza Martins,
de 77 anos, é considerado a maior autoridade no estudo dos conflitos fundiários
no Brasil. Na década de 70, ele foi pioneiro nas pesquisas sobre as frentes de
colonização na Amazônia. Seus trabalhos atraíram a atenção da Igreja Católica,
que apresentou suas pesquisas aos movimentos sociais. Como professor dos cursos
promovidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele formou
lideranças e as viu fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, e o
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), quatro anos depois. Apesar
da convivência com os dirigentes, Martins jamais fez parte dessas organizações.
“Sou visceralmente contra esse negócio de intelectual militante. Ou é uma
coisa ou outra. Se alguém quer fazer militância partidária, é melhor
aposentar-se como intelectual, como fez Florestan Fernandes”, diz o sociólogo.
Na semana passada, chegou às livrarias o seu 45° título: Do PT das Lutas Sociais ao PT do Poder (Editora
Contexto), uma coletânea de textos produzidos nos últimos catorze anos, nos
quais ele observa e analisa o desempenho e as transformações do partido.
Professor aposentado da Universidade de São Paulo, Martins ocupou a Cátedra
Simón Bolívar da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, pela qual passaram
Celso Furtado e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Por
que o senhor afirma em seu livro que o PT é um partido conservador? O
Partido dos Trabalhadores surgiu no ABC paulista como uma alternativa ao
comunismo. Não que fosse ideologicamente contra os comunistas, mas nunca chegou
a ser um partido de esquerda. Tratava-se, do ponto de vista formal, de um
partido católico. O PT foi gestado desde os anos 50 pelo primeiro bispo de
Santo André, Dom Jorge Marques de Oliveira, corno uma espécie de mediação
conservadora para a luta operária. Dom Jorge me disse que os trabalhadores do
ABC ficavam no Centro Operário Católico jogando pingue-pongue. Ele os
incentivava a ir para a porta de fábrica. Dom Jorge inventou Lula, antes que
Lula soubesse disso, ao criar as bases para o surgimento do PT.
Se
o PT não é de esquerda, por que tende a demonizar tudo o que é divergente como
sendo de direita? A explicação está, mais uma vez, na influência da
Igreja. Isso vem do dualismo Deus e diabo, o bem e o mal. Como aprenderam a
pensar a política em termos dicotômicos, os petistas têm, em grande parte,
dificuldade para lidar com a diversidade. Para eles, se o PT é de esquerda e a
esquerda é o PT, qualquer coisa que difira disso é direita. É uma bobagem
quando falam que o PSDB é direita, por exemplo. O PSDB é tão social-democrata
quanto o PT. A direita de que falam os petistas é urna invenção. Nós não temos
direita e esquerda no Brasil. A maioria da população nem sabe o que é isso.
Embora Lula seja mais aberto a ideias de fora, o partido é totalmente
intolerante a qualquer ponto de vista que não seja o dele. Essa é a
característica do PT.
O
ex-presidente Lula, porém, é quem mais se vale do discurso do “eles contra
nós”… Existem dois Lulas. Existe o Lula de extração popular, que tem uma
compreensão da realidade do país muito maior do que a da maioria dos outros
líderes políticos. E existe o Lula do poder. Este se utiliza dessa linguagem
polarizada e dicotômica que considera fundamental para a ação política. Aliás,
essa é a linguagem instrumental do PT no poder. Para Lula, a política é uma
performance, um teatro. O discurso dicotômico é parte de sua forma de fazer
política.
Os
petistas dividiram o país? Lula e o PT acham que falam na perspectiva da
luta de classes. Mas, para haver luta de classes, as classes teriam de existir.
No mundo inteiro, elas estão submersas. As classes sociais não existem mais, de
certo modo. No Brasil, a classe operária almeja o consumo, a educação. Não está
lutando por bandeiras de classe social. As próprias elites, para recorrer a um
termo muito usado pelo PT, estão divididas. O capital financeiro diz uma coisa.
O capital industrial diz outra. Eles estão preocupados com sua existência
imediata. Os operários, também. Não há urna estrutura de classes que sustente o
discurso petista.
“O
PT jamais deveria ter aspirado ao poder. Deveria ter se mantido na missão de
fiscalizar, investigar e apontar falcatruas de toda ordem”
Qual
é a consequência dessa tentativa de dividir a sociedade? Da política
maniqueísta do PT surgem dois Brasis antagônicos. Os petistas construíram a
ideia de que o povo brasileiro é separado por ricos e poderosos que desde
sempre exploram o povo, de um lado, e por uma massa de pobres e oprimidos, de
outro. Os opressores são todos aqueles que não são petistas. Trata-se de uma
visão simplista do país. Prova disso é que muitos integrantes da elite, alguns
dos quais estão entre os mais ricos do Brasil, são visceralmente ligados ao PT,
como ficou comprovado nas investigações de corrupção na Petrobras.
Por
que o PT insiste nessa estratégia? Existem no mínimo três PTs, e não me
refiro às suas facções organizadas internas. Existe o PT operário, que é o do
Lula, o PT dos intelectuais, que vem de uma certa crítica ao Partido Comunista,
e o PT popular, ligado às pastorais católicas. Quando Lula se tornou
presidente, os grupos mais populares dentro do partido e também fora dele viram
a sua vitória como um profetismo católico. Dom Tomás Balduíno, que foi fundador
e presidente da Comissão Pastoral da Terra, dizia que o governo Fernando
Henrique Cardoso não fazia a reforma agrária por falta de vontade política. Mas
quando o PT chegou ao poder, em 2003, com a suposta vontade política, nada
aconteceu.
O
grande partido dos setores progressistas da Igreja não fez o esperado. A
reforma agrária do PT é inferior até à que foi realizada no governo de José
Sarney, em termos de quantidade e intensidade. Quero dizer com isso que não se
trata de vontade política, mas de questões práticas. Embora a agricultura
familiar seja responsável pela produção de grande parte dos produtos que
alimentam o Brasil, como o feijão, quem traz dividendos para o país é o
agronegócio.
Qual
foi o erro mais grave de estratégia cometido pelo PT? Antes de o PT chegar
ao Planalto, havia uma expectativa de que seria o partido do povo no poder.
Essa era uma utopia muito forte nos movimentos de base. Para ser um partido do
povo, porém, o PT jamais deveria ter aspirado ao poder. Deveria ter se mantido
na missão de fiscalizar, investigar e apontar falcatruas de toda ordem. Antes
de conquistar os postos do Executivo, o PT definia que todo poder era corrupto.
Só que ninguém chega ao poder fazendo de conta que não está no poder. Lula era
mestre nisso. Descia o sarrafo no poder como se não tivesse nada a ver com ele.
Por
que, apesar de todos os escândalos, ainda há quem se iluda com o PT utópico dos
anos 80? Os protestos a favor do governo, ou contra quem o crítica,
expressam o fato de que nenhuma outra legenda se organizou em padrões tão
corporativos quanto o PT. A mentalidade corporativa dos petistas dá ao partido
muita força de mobilização. Trata-se de uma lealdade quase religiosa. Está
ruim, mas é o PT. Está ruim, mas sou corintiano. Está ruim, mas sou católico.
Como
o senhor observou o mergulho do PT no lamaçal da corrupção? Muita gente
dentro dos movimentos sociais e do PT cultivava a ideia de que era possível
associar-se ao capitalismo para expropriá-lo. A intenção era unir-se a ele para
comê-lo por dentro. Deu tudo errado. Acreditava-se na possibilidade de uma
corrupção altruísta, a ideia de que práticas arraigadas como a propina dos 10%
para ganhar uma concorrência estavam liberadas desde que o dinheiro voltasse
para o partido. Mas era corrupção do mesmo jeito, e, corno já comprovou a
Justiça, os desvios foram muito além do pretenso altruísmo.
Alguns
dos principais dirigentes do partido foram presos por corrupção. Como Lula
passou Incólume pelo escândalo do mensalão? Lula, por ser muito
inteligente e hábil, sempre agiu de maneira a não parecer o responsável por
aquilo que corria paralelamente ao gabinete presidencial. Certamente é o que
acontece, em níveis distintos, em todos os governos. O presidente da República
não tem controle total sobre o que fazem seus ministros. Essa estratégia ficou
clara no caso do mensalão. Lula manteve-se à margem do escândalo. Observei algo
semelhante nas pesquisas que realizei sobre a ocupação da Amazônia nos anos 70.
Havia uma escala do mal.
As
pessoas achavam que o primeiro responsável pela violência era o pistoleiro. Em
segundo, vinha o administrador da fazenda, depois o dono. O governo era o
último a ser responsabilizado. Lula foi beneficiado por essa mentalidade. Os
brasileiros acreditavam que os outros políticos estavam abusando da confiança
do presidente.
“Cultivava-se
a ideia de que era possível associar-se ao capitalismo para expropriá-lo. A
intenção era unir-se a ele para comê-lo por dentro. Deu tudo errado”
Como
ex-presidente, Lula terá a mesma capacidade de manter-se imune aos casos de
corrupção que estão sendo descobertos em sua órbita? Longe do poder, ele
perdeu essas barreiras de proteção. Mas ainda se beneficia de seu imenso
carisma junto à população.
Qual
sua opinião sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff? Também
existiu a possibilidade objetiva do impedimento de Lula em 2005. Ficou bastante
claro que ele tinha medo de que isso ocorresse. Lula chegou a ficar
politicamente paralisado durante vários dias. Ele estava convencido de que seu
mandato havia terminado. Agora, estamos novamente discutindo a possibilidade de
impedimento da presidente. O que vou dizer não significa que sou contra ou a
favor do impeachment. Penso nas consequências históricas do processo. Se
levarmos em conta que o sucessor de Dilma seria o Michel Temer, que também tem
problemas, e que a sucessão de ambos passa por Eduardo Cunha, cujas pendengas
com a Justiça são ainda maiores do que as dos outros dois, não vejo urna saída
saudável para o Brasil.
Se
todos tiverem de ser removidos até a convocação de um novo pleito, levaria
tanto tempo que seria melhor esperar pelas eleições de 2018. A sociedade e os
políticos lúcidos têm de mostrar que são capazes de administrar o país até a
próxima eleição. Não devem pairar dúvidas em um processo tão sério como esse.
A
oposição defende a cassação do registro do PT. Qual será o futuro do
partido? O Brasil não sairá ganhando se conseguirem destruir o PT. Mas o
país também não será beneficiado com a permanência deste PT aparelhável e
instrumentalizável no poder. O PT tem de amadurecer e virar um partido moderno,
o que não conseguiu ser até hoje. Não adianta dizer que o que aconteceu com o
PT nos últimos anos é culpa da direita. É tudo culpa do próprio PT. Isso é o
mais surpreendente. Não há inimigos atuando nos bastidores. Quem está
destruindo o PT são os amigos do PT.
SINOPSE
O
PT se apresentava como um partido que lutava nas ruas e nas portas das
fábricas, nas igrejas e nas universidades pregando ética e justiça social. No
que ele se transformou após mais de uma década de exercício contínuo de poder?
O livro vai desvendando o PT por meio de textos que acompanham a trajetória do
partido, do início aos dias de hoje.
Vinicius
Sassine
O
Globo
Um
órgão quase oculto no sistema de transparência do governo federal virou reduto
de um grupo que atuou na campanha à reeleição de Dilma Rousseff e conquistou
emprego com salários turbinados e pagamento de altas diárias em viagens
internacionais — uma realidade paralela ao cenário de crise, cortes e ajuste
fiscal empreendido pelo Executivo a partir de 2015. A Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), passou a abrigar esses militantes que
trocaram cargos no governo por funções na agência com remunerações equivalentes
ao dobro do que recebiam. Salários, vantagens, diárias e resoluções internas da
ABDI são mantidos sob sigilo, diferentemente da transparência a que estão
obrigados os ministérios e demais órgãos do Executivo.
O
presidente da ABDI, Alessandro Golombiewski Teixeira, foi nomeado por Dilma
para o cargo em fevereiro de 2015. Militante do PT do Rio Grande do Sul,
Teixeira coordenou o programa de governo na campanha à reeleição. Ao assumir o
comando da ABDI, com salário de R$ 39,3 mil, o petista abrigou no órgão mais
três militantes da campanha, ocupantes de cargos de assessoramento especial da
diretoria cujas remunerações variam de R$ 19,4 mil a R$ 25,9 mil. É mais do que
o dobro do valor pago a esses assessores quando eles ocupavam cargos
comissionados no Palácio do Planalto ou no Ministério do Planejamento.
Teixeira
já exerceu a função de assessor especial do gabinete de Dilma,
secretário-executivo do MDIC e presidente da Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex). Em junho do ano passado, o presidente da
ABDI e demais diretores decidiram editar uma resolução — mantida sob sigilo e
sem publicidade no site da agência — reajustando o valor das diárias para
viagens internacionais da diretoria executiva. No continente americano, o valor
saltou de US$ 400 para US$ 700. Fora da América, as diárias saltaram de € 320
para € 700. Ministros de Estado, por exemplo, recebem entre 220 e 460 de
diária, podendo optar por dólar ou euro e com variação de valor conforme o
destino da viagem.
MUITAS
MORDOMIAS
Na
ABDI, presidente e diretores podem viajar em classe executiva — assessores que
os acompanham também têm direito ao benefício. Teixeira tem ainda duas secretárias,
que ocupam cargos de assessoramento especial e recebem cada uma salário de R$
19,4 mil.
Em
meio a uma crise econômica e a um ajuste fiscal em curso, Dilma anunciou no ano
passado o fim da primeira classe para ministros, cortes de diárias e passagens,
reduções de salários da própria presidente, do vice e dos ministros — de R$
30,9 mil para R$ 27,8 mil — e redução de ministérios. O pacote de medidas
incluiu a própria ABDI. A proposta da presidente prevê a fusão da agência com a
Apex, o que ainda não ocorreu. Fontes da ABDI relatam que, até agora, não houve
movimentação do governo nesse sentido.
O
chefe de gabinete de Teixeira, Charles Capella de Abreu, atuou tanto na
campanha de Dilma de 2010 quanto em 2014. Na disputa pela reeleição, Capella cuidou
do escritório da candidata em Brasília. Já a partir de 1º de janeiro de 2015,
ele foi exonerado do cargo de chefe de gabinete do ministro da Secretaria da
Micro e Pequena Empresa da Presidência, cargo pelo qual recebia R$ 11,2 mil. A
secretaria hoje está extinta. Na ABDI, o chefe de gabinete tem salário de R$
24,9 mil.
NA
LAVA JATO
No
mês passado, Capella participou de acareação com dois personagens centrais da
Operação Lava-Jato, promovida pela Polícia Federal (PF). Um inquérito em
Curitiba investiga suposto repasse irregular de R$ 2 milhões à campanha de
Dilma em 2010 — o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci é um dos
investigados. Capella, que foi assessor de Palocci, participou de acareação com
o doleiro Alberto Youssef e com o lobista Fernando Baiano. Youssef, em sua
delação, negou ter recebido qualquer pedido de doação à campanha, mas afirmou
ter entregue uma quantia de dinheiro similar. No encontro com Capella, não o
reconheceu como destinatário do dinheiro. Baiano sustenta ter ocorrido reunião
em Brasília para discutir o repasse.
—
Não exerci nenhuma atividade de arrecadação na campanha e não conversava com
Palocci sobre o tema. Nunca estive, troquei mensagem nem conversei com Paulo
Roberto Costa, Youssef e Baiano. Sempre estive tranquilo com o processo e saí
de lá ainda mais tranquilo. Não tenho nada a ver com essa história — diz
Charles Capella.
MAIS
“CONTRATAÇÕES”
O
movimento feito do Palácio do Planalto para a ABDI envolve mais duas
servidoras. Em março, Leonita de Carvalho deixou cargo de assessora da
Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência, onde ganhava R$
8,5 mil, para ser assessora parlamentar da ABDI, com salário de R$ 19,4 mil.
Isabelle Agner Brito deixou a função de assessora especial da Subchefia de Assuntos
Parlamentares da extinta Secretaria de Relações Institucionais da Presidência
(salário de R$ 11,2 mil) para ser gerente de Gestão da ABDI (R$ 25,9 mil de
remuneração). Isabelle não aparece na prestação de contas ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) como tendo atuado na campanha em 2014. Nelson Martins Júnior
deixou um cargo de assessor no Ministério do Planejamento para ser assessor da
gerência de Gestão da agência. O salário aumentou de R$ 8,5 mil para R$ 19,4
mil. Ele atuou na campanha à reeleição de Dilma.
A
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, apesar de ser fiscalizada por
órgãos de controle, contar com recursos públicos e ser controlada pelo
Executivo, não informa salários, pagamentos de diárias e atos adotados pela
diretoria executiva. Criada para executar políticas de desenvolvimento
industrial, a agência surgiu na forma de Serviço Social Autônomo — uma entidade
privada sem fins lucrativos.
Um
espectro ronda a casa 787 da Rua José Bonifácio, numa esquina do centro de São
Bernardo do Campo, em São Paulo - o espectro do empreguismo. De longe, vê-se
apenas uma casa amarela, simples e estreita como as demais da região. De perto,
subitamente, tudo o que é sólido se desmancha no ar e - buuu! - sobram somente
os fantasmas.
Naquele
endereço, na cidade paulista onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
mora e fez sua carreira, funciona o "escritório de representação", em
São Paulo, do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria, o SESI. A casa
amarela mal-assombrada fica a 40 metros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
em que Lula se projetou como um dos maiores líderes políticos do Brasil. O
sindicato mais famoso do país continua sob o comando de Lula e seus aliados. A
casa amarela foi criada por esses aliados no governo de Lula. Quem a banca são
as indústrias do país. Todo ano, elas são obrigadas a financiar as atividades
do SESI, cuja principal finalidade é qualificar os trabalhadores das
indústrias. A casa amarela é um dos melhores lugares do Brasil para (não) trabalhar.
O escritório é modesto, mas os salários são inimagináveis - e as jornadas de
trabalho, imaginárias. Difícil é entrar. É preciso ser amigo de petistas
poderosos.
Na
manhã da última quarta-feira, ÉPOCA reuniu coragem para bater à porta da casa
amarela. Estava em busca de Marlene Araújo Lula da Silva, uma das noras do
ex-presidente Lula. No papel e na conta bancária, ela trabalha ali. A
reportagem encontrou apenas dois sindicalistas, além da copeira Maria e da
secretária Silvana. Dona Maria parece ser a mais produtiva do lugar. Faz um
ótimo café. Talvez por medo, não fala sobre as aparições. Assim que ÉPOCA
perguntou pela nora de Lula, a secretária Silvana tratou de alertá-la por
telefone. Cerca de 45 minutos depois, Marlene finalmente estacionava seu Hyundai
Tucson preto na garagem.
Casada
com o quarto filho de Lula, Sandro Luís Lula da Silva, Marlene raramente
aparece no serviço, apesar de ter um salário de R$ 13.500 mensais. Diz ser
"formada em eventos". Questionada sobre o que faz no SESI, onde está
empregada desde 2007, Marlene foi vaga. Disse trabalhar em programas do SESI na
capital paulista e na região do ABC. "Trabalho com relações
institucionais. Fico muito tempo fora do escritório. Tenho uma jornada
flexível. Quem me contratou foi o Jair Meneguelli", afirmou. Meneguelli é
o presidente do SESI. Sindicalista e amigo de Lula, ocupa o cargo desde que o
PT chegou ao Planalto, em 2003. "Mas por que está fazendo essas perguntas?
Se você está me procurando, deve ser pela ligação que tenho de sobrenome",
disse.
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Marlene
é apenas um dos fantasmas vermelhos que, segundo descobriu a
Controladoria-Geral da União, a CGU, habitam a casa amarela. No começo do ano,
funcionários do SESI procuraram a CGU para denunciar a existência de fantasmas
nos quadros da entidade. Todos indicados por Lula e outros próceres do PT. Os
auditores da CGU, como caça-fantasmas, foram a campo. Encontraram apenas
ectoplasmas. Estiveram na casa amarela e jamais flagraram a nora de Lula
trabalhando. Experimentaram ligar em horários alternados, na tentativa de
achá-la na labuta. Nenhum vestígio. Por fim, decidiram perguntar ao SESI que
atividades Marlene exercera nos últimos tempos. A resposta foi evasiva. Agora,
a CGU trabalha num relatório sobre a caça aos fantasmas.
A
rotina tranquila permitiu que Marlene se lançasse ao mundo corporativo. Em
2009, ela se tornou sócia do marido e de um cunhado, Marcos Luís, numa empresa
de tecnologia que se diz especializada na produção de software, a FlexBr. Até
hoje a empresa não tem site. Antes escanteada num imóvel da família do advogado
Roberto Teixeira, compadre de Lula, em São Bernardo do Campo, a FlexBr mudou-se
para um belo prédio no bairro dos Jardins, em São Paulo. ÉPOCA também esteve lá
na semana passada. As atendentes do prédio disseram que a empresa não funciona
mais lá há pelo menos um ano. Nunca viram Marlene ali.
Por
que o emprego de Marlene no SESI nunca veio à tona? Um servidor do SESI afirmou
que se deve à dificuldade de associar o nome de solteira de Marlene ao
sobrenome Lula da Silva. Na relação de funcionários do SESI, o nome dela é
Marlene de Araújo. Sobram fantasmas na família Lula. Em 2005, o jornal Folha de
S. Paulo revelou que Sandro Luís, o marido de Marlene, tinha sido registrado
como funcionário do PT paulista, com salário de R$ 1.500. Sandro nem sequer
aparecia no partido.
O
assessor Rogério Aurélio Pimentel deveria ser colega de Marlene na casa
amarela. Até há pouco, estava lá apenas em espírito. Aurélio foi contratado no
começo de 2011, para ser gerente de serviços sociais. Ganha R$ 10 mil por mês.
O emprego no SESI foi arranjado depois que a presidente Dilma Rousseff chegou
ao Planalto e o dispensou. Aurélio, amigo de Lula, trabalhou no gabinete
pessoal dele nos oito anos de mandato. No Planalto, dividia sala com Freud
Godoy, ex-segurança de Lula. Godoy e Aurélio eram conhecidos no Planalto como
"dupla dinâmica". Freud se consagrou com o escândalo dos Aloprados,
na campanha de Lula em 2006. Foi acusado de usar dinheiro sujo para comprar um
dossiê fajuto com denúncias contra o tucano José Serra. ÉPOCA encontrou Aurélio
na casa amarela. Ele disse não ter sido indicado por Lula. "Trabalho com
Marlene assessorando projetos e também ajudo aqui no escritório", disse.
Não quis dar mais explicações. Desde as visitas dos caça-fantasmas da CGU,
Aurélio passou a se apresentar no escritório do SESI com mais regularidade.
Na
sede do SESI, em Brasília, os caça fantasmas entrevistaram funcionários (de
verdade) e vasculharam os computadores dos fantasmas em busca de vestígios de
que trabalhavam. Nada. Uma das que não entravam no próprio computador chama-se
Márcia Regina Cunha. Ela é casada com o ex-deputado João Paulo Cunha, do PT de
São Paulo, condenado no processo do mensalão. Foi Márcia quem buscou os R$ 50
mil, em dinheiro vivo, que João Paulo recebeu de Marcos Valério - ele dizia que
ela fora ao banco pagar a conta de TV a cabo. No SESI, Márcia está empregada
como gerente de marketing desde 2003. Recebe R$ 22 mil por mês.
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Na
tarde da mesma quarta-feira em que procurou Marlene na casinha amarela, ÉPOCA
flagrou Márcia a 1.000 quilômetros da sede do SESI em Brasília, onde ela
deveria estar. Márcia estava em sua casa, na cidade de Osasco, região
metropolitana de São Paulo. A casa de Márcia e do ex-deputado João Paulo Cunha
está em reforma. Márcia parecia acompanhar as obras. ÉPOCA quis saber por que
ela não estava em Brasília. "Sou gerente de marketing. Trabalho lá (Brasília)
e aqui em São Paulo. Tem uma unidade do SESI aqui", disse - e logo
desapareceu.
Os
caça-fantasmas tiveram dificuldade para encontrar também o advogado e
jornalista Douglas Martins de Souza no SESI em Brasília. Contratado para ser
consultor jurídico, ganha R$ 36 mil. Filiado ao PT desde 2000, foi secretário
adjunto da Secretaria de Igualdade Racial no início do governo Lula. Marlene
disse que Douglas "fica entre Brasília e São Paulo".
Além
de atender a pedido de amigos, Meneguelli, o presidente do SESI, também emprega
os seus. Um deles é o petista Osvaldo Bargas. No período em que Meneguelli
presidiu a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, Bargas era seu
número dois. No SESI, recebe salário de R$ 33 mil. A sindicalista Sandra Cabral,
amiga do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, também conseguiu emprego lá.
Recebe R$ 36 mil por mês.
Se
alguém ganha bem no SESI, é o próprio Meneguelli. Há meses em que ganha quase
R$ 60 mil - somando ao salário uma "verba de representação". Hoje,
ocupa uma sala espaçosa num dos prédios mais luxuosos da capital federal.
Meneguelli desfila num impecável Ford Fusion preto, modelo 2014, com motorista.
Para não ficar a pé no ABC paulista, deu ordens para que um Toyota Corolla
zerinho fosse transportado de Brasília a São Bernardo do Campo. Fica a sua
disposição, com motorista. As despesas com esses e outros três bólidos do SESI
somam mais de R$ 150 mil por ano.
Meneguelli
tem uma mania incorrigível de confundir o patrimônio do SESI com o dele. Todos
os finais de semana, recebia passagens pagas pelo SESI para ir a sua casa em
São Caetano do Sul, em São Paulo. Isso acabou quando uma auditoria do Tribunal
de Contas da União, o TCU, vetou o procedimento. Outra auditoria da CGU também
achou estranho que Meneguelli tenha criado uma representação do SESI em São
Bernardo do Campo - e não na capital paulista. Silvana Aguiar, secretária de
Meneguelli em São Bernardo, disse que a casa amarela, antes de ser o escritório
do SESI, já abrigava o escritório político de seu patrão.
Por
meio de sua assessoria, Meneguelli afirmou que Marlene, Márcia, Aurélio, Sandra
e Douglas cumprem suas jornadas de trabalho normalmente, que os cargos são de
livre provimento e que os carros usados por ele são compatíveis com
"padrão executivo, adotado pela instituição desde antes da atual gestão, e
a despeito de quem seja gestor". Afirmou não enxergar conflito de
interesses na contratação do amigo Bargas. Lula não quis comentar.
Murilo
Ramos
Época
Fim da Linha
Sinto
tudo calmo, o escuro já não faz sentido.
Se
o silêncio me acalmava hoje dói meus ouvidos.
Já
não aguento acordar, olhar e estar contigo
Tudo
igual há tanto tempo / Erros repetidos.
Hoje
se eu puder me conter com a minha presença
Talvez
seja melhor, não faça diferença.
(Quando
sair daí)
Sigo
tranquilo a cada dia na rotina letal
Que
me corroe a paciência queira bem ou mal.
Olho
pra fora da janela pra sentir o ar que bate lá de fora
Com
a esperança de um dia ser um de vocês.
Hoje
é a minha vez
De
chutar o que eu não aguento mais.
(Quando
sair daí)
Tempo
sem construir
O
que possa durar.
Vendo
a vida seguir
Sem
a luz que dá fé.
Todo
o tempo a esperar
O
fim da linha.
Talvez
hoje eu possa gritar.
Livre
como o sol, o mar.
Simplesmente
agora encontrar
um
motivo pro final.
Diferente
de você já não posso esperar.
Ando
pelos cantos a procura do que foi perdido.
Conscientizando
a ignorância dos que não percebem mais
E
correndo sobre a corda que se rompe quando a verdade se destaca
apenas
às suas vontades.
Talvez
o fim da linha trará o que eu quero
E
minha paz.
(Quando
sair daí)
Hoje
estou contente ao entender que você sabe a razão
Dos
meus problemas.
E
que sua mente tão pequena já te fez fugir de mim
Correr
pra longe e abrir as pernas.
Ao
invés do que tu pensa
Nunca
estive tão feliz.
(Como
estou aqui)
Livre
como o sol, o mar.
Simplesmente
agora encontrar
um
motivo pro final.
Diferente
de você já não posso esperar...
Fim de Linha #3 Final
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