“Nascer,
viver e no STF morrer é um privilégio que nem todos podem ter.”
Parodiando
o Hino do Santos F.C.
“no
dar pie con bola”
Nascer,
viver e no STF morrer é um privilégio que nem todos podem ter | Marco Antonio
Villa
Hino
do Santos (Letra) - Himno de Santos F.C (Letra)
HINO
NÃO OFICIAL DO SANTOS MAS É O MAIS CONHECIDO
“Agora quem dá bola é o Santos.”
HINO
DO SANTOS-SP
Os
privilégios do STF
Com a informatização, como justificar 29
funcionários cuidando da encadernação? Encadernam o quê?
O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição
(artigo 102). Diz a ministra Cármen Lúcia, no relatório de atividades de 2016,
que buscou “racionalizar o gasto de dinheiro público.” Será? Dinheiro não
faltou. Em 2016, a Corte recebeu R$ 554.750.410,00. E achou pouco. O pedido
inicial era de R$ 624.841.007,00. Desta fortuna, R$ 206.311.277,11 foram
reservados ao pagamento do pessoal ativo. E mais R$ 131.300.522,83 para os
aposentados e pensionistas. São 1.216 funcionários ativos (554 com função
gratificada), 306 estagiários e 959 terceirizados. Há variações nos dados mas o
total geral não é inferior a 2.450, o que dá a média de 222 funcionários por
ministro. Fica a preocupação de que todos os funcionários não podem comparecer
aos locais de trabalho sob pena de colocar em risco as estruturas dos prédios.
Somente entre os funcionários terceirizados (gasto
total de R$ 5.761.684,88) é possível encontrar incríveis distorções. É de
conhecimento público que algumas sessões são tensas, mas como explicar a
existência de 25 bombeiros civis? E as 85 secretárias, média de oito por
ministro? Vivemos uma crise de segurança, mas não é exagero a existência de 293
vigilantes? Somos um país cordial mas lá foi levado ao extremo. São necessárias
194 recepcionistas? Divulgar as ações é importante, mas são precisos 19 jornalistas?
Com a informatização, como justificar 29 funcionários cuidando da encadernação?
Encadernam o quê? Limpar os prédios é importante. Mas será que o TOC também
atingiu o STF? É a única conclusão possível tendo em vista constar na folha de
pagamentos 116 serventes de limpeza. A boa etiqueta manda receber bem os
convidados, mas pagar a 24 copeiros e 27 garçons não é um pouco demais? Para
que oito auxiliares em saúde bucal? É um tribunal ou um consultório
odontológico? Preocupar-se com a infância é meritório, mas como justificar 12
auxiliares de desenvolvimento infantil? E os 58 motoristas (ao custo anual de
R$ 3.853.543,36)? Sem esquecer os sete jardineiros, seis marceneiros e os dez
carregadores de bens — bens? Quais? A imagem da Corte anda arranhada. Esta deve
ser a razão para pagar a cinco publicitários. Estes são apenas alguns exemplos
entre os milhares de funcionários terceirizados ou concursados que nós pagamos
todo santo mês.
A casta trabalhadora é muito bem tratada. O programa
Viva Bem patrocinou cursos de ioga, massagem laboral e oficina de respiração.
Somente com assistência médica e odontológica foram gastos R$ 15.780.404,89. Ao
auxílio-moradia, uma espécie de Minha Casa Minha Vida da Corte, foram
reservados R$ 1.502.037,00. Para ajuda de custo (ajuda de custo?) R$
1.040.920,00. Preocupado com a educação pré-escolar, a Suprema Corte destinou
R$ 2.162.483,00. Mas, como ninguém é feliz de barriga vazia, não foi esquecida
a alimentação: R$ 12.237.874,00. Preocupados com a vida eterna e com o futuro,
suas excelências alocaram R$ 204.117,00 para auxílio-funeral e
auxílio-natalidade. Com tantas benesses, dá para entender por que o programa
“educação para aposentados” teve apenas dois participantes.
Pesquisando no relatório, alguns gastos de manutenção
chamam a atenção, como a rubrica no valor de R$ 1.852.355,49 destinada às
reformas e manutenção. O transporte não foi esquecido. São 87 veículos (dos
quais três caminhões) que representam um custo de manutenção de R$ 5.420.519,10
(só de lavagem foram gastos R$ 109.642,48). Transparência é um dever
constitucional, mas reservar R$ 32.236.498,26 para este fim não é um exagero?
Em ações de informática foram torrados R$ 10.512.950,00. Em segurança
institucional — a expressão é do relatório — foram alocados R$ 40.354.846,00.
Nesta rubrica é possível concluir que a senhora ministra quis adotar o pleno
emprego: “a meta física prevista era a manutenção de 487 postos de trabalho.
Devido às restrições orçamentárias em 2016, houve necessidade de redução de
postos de trabalho vinculados a vários contratos, sendo mantidos 404 postos.”
Sim, apenas 404 pessoas para cuidar da “segurança institucional”. Poucos?
Mas, devemos reconhecer, o STF tem seu lado ONG. O
setor de “responsabilidade social” organizou a exposição “Eu catador”. Segundo
o tribunal, a “mostra de fotos produzidas por catadores de lixo que trabalham
no aterro da Cidade Estrutural aconteceu no período de 18 a 25 de novembro de
2016 e pretendeu incentivar a reflexão crítica e sensibilizar a toda a
Comunidade do Supremo Tribunal quanto ao impacto do lixo que produzimos.”
Parabéns! Em tempo: o relatório informa também que a Corte vem reduzindo o
consumo de água.
Nota-se também o excesso de viagens dos senhores
ministros. Alguns se ausentaram do trabalho por duas semanas consecutivas. Isto
pode explicar que somente 3.373 decisões tenham sido tomadas no plenário contra
102.900 monocráticas. Cabe indagar se o STF é formado por 11 ministros ou temos
11 tribunais federados em um mesmo local? Cada magistrado julga, em média,
10.675 processos. Se subtrairmos as férias forenses, os finais de semana, os
feriados prolongados, as viagens nacionais e internacionais, é provável que
suas excelências tenham realizado, com louvor, cursos de leitura dinâmica.
Porém, o relatório trouxe três boas notícias. Por
falta de recursos orçamentários foram adiadas as construções do centro de
treinamento e capacitação de servidores, de mais um anexo e da ampliação da
garagem do Anexo II. Tudo orçado — inicialmente — em R$ 1.338.640,00. Resta parodiar
o belo hino do Santos Futebol Clube: “nascer, viver e no STF morrer, é um
privilégio que nem todos podem ter.”
Marco
Antonio Villa é historiador
Hino Oficial Do Santos Futebol Clube
Hinos de Futebol
Sou alvinegro da Vila Belmiro
O Santos vive no meu coração
É o motivo de todo o meu riso
De minhas lágrimas e emoção
Sua bandeira no mastro é a história
De um passado e um presente só de glórias
Nascer,
viver e no Santos morrer
É
um orgulho que nem todos podem ter
No Santos pratica-se o esporte
Com dignidade e com fervor
Seja qual for a sua sorte
De vencido ou vencedor
Com técnica e disciplina
Dando o sangue com amor
Pela bandeira que ensina
Lutar com fé e com ardor
FALSOS
BRILHANTES
“no dar pie con bola”
“não falar ou fazer nada certo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário