sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O CORTIÇO, O PALACETE, A FAVELA, A MINHA CASA...

MINHA DÍVIDA

Falando de Pobreza


"A mídia nacional, no capítulo luxo, é completamente desorientada. Qualquer casa de dois pisos é mansão. Qualquer copeiro é mordomo. Igual novela de Gloria Magadan" Hildegard Angel


“Ninguém está condenado a ser bom ou a ser mau só porque nasceu na pobreza.”  Rachel Sheherazade

“A vagabundagem com cachaça tira o juízo do homem.” Dr. Gusmão In Favela Iluminada, J.L.R. Set 2017


“- Mas afinal de conta o que é essa tal de República, hein?

- A República deve ser o futuro.

- Futuro? A Deus pertence!” O Cortiço


Resenha "O Cortiço" - Aluísio de Azevedo
Sinopse: “conta a história do caminho que João Romão percorre para ficar rico. Para conseguir atingir esse objetivo, ele, que é o dono do cortiço, explora os seus empregados e até comete furtos. A sua amante, Bertoleza, trabalha continuamente, sem folgas ou descansos. Ao lado do cortiço mora Miranda, um comerciante bem sucedido, que entra em disputa com João Romão por uma braça de terra que quer comprar para aumentar o seu quintal. Como eles não entram em acordo, eles rompem relações. Movido por uma extrema inveja de Miranda, João passa a trabalhar arduamente para conseguir ficar mais rico do que o seu rival. Quando Miranda recebe o título de barão, aos poucos João percebe que não basta apenas ganhar dinheiro, mas também participar ativamente da vida burguesa, como ler livros e ir ao teatro, por exemplo. O relacionamento entre Miranda e João Romão melhora quando João passa a tentar imitar as conquistas do rival, tanto que o cortiço passa a ser um lugar mais organizado e agradável e passa a se chamar Vila João Romão. João começa uma amizade com Miranda e pede a mão de sua filha em casamento, mas tem Bertoleza atrapalhando os seus planos. Dessa forma, João a denuncia como escrava fugida, e em um ato de desespero, ela acaba cometendo o suicídio. Assim, ele fica livre para se casar e se encerra O Cortiço.”






O CORTIÇO, DE ALUÍSIO AZEVEDO (#20)



Zezé Motta - "Rita Baiana" (1978)



Rita Baiana
Zezé Motta
 
Olha meu nego quero te dizer
O que me faz viver
O que quase me mata de emoção
É uma coisa que me deixa louca
Que me enche a boca
Que me atormenta o coração
Quem sabe um bruxo
Me fez um despacho
Porque eu não posso sossegar o facho
É sempre assim
Ai essa coisa que me desatina
Me enlouquece, me domina
Me tortura e me alucina

Olha meu nego
Isso não dá sossego
E se não tem chamego
Eu me devoro toda de paixão
Acho que é o clima feiticeiro
O Rio de Janeiro que me incendeia
O coração
Eu nem consigo nem pensar direito
Com essa aflição dispara no meu peito
Ai essa coisa que me desatina
Me enlouquece, me domina
Me tortura e me alucina
E me dá
Uma vontade e uma gana dá
Uma saudade da cama dá
Quando a danada me chama
Maldita de Rita Baiana

Nu outro dia o português lá da quitanda
O Epitácio da Gamboa
Assim à toa se engraçou e disse:
"Oh Rita rapariga eu te daria 100 miréis por teu amor"
Eu disse:
Vê se te enxerga seu galego de uma figa
Se eu quisesse vida fácil
Punha casa no Estácio
Pra Barão e Senador
Mas não vendo o meu amor
Ah, ah, isso é que não!

Olha meu nego quero te dizer
Não sei o que fazer
Pra suportar a minha escravidão
Até parece que é literatura
Que é mentira pura
Essa paixão cruel de perdição
Mas não me diga que lá vem de novo
A sensação
Olha meu nego assim eu me comovo
Agora não
Ai essa coisa que me desatina
Me enlouquece, me domina
Me tortura e me alucina
E me dá
Uma vontade e uma gana dá
Uma saudade da cama dá
Quando a danada me chama
Maldita de Rita Baiana
Composição: Geraldo Carneiro / John Neschling


A República

- A República.
- A República.
- A República.
- A República.
- A República.
- A República.

- Que foi?

- Foi proclamada a República?

- E o que é essa República?

- Eu não sei não.

- Mas afinal de conta o que é essa tal de República, hein?

- A República deve ser o futuro.


- Futuro? A Deus pertence!



O Cortiço – Completo



República

- Viva a República!
- Viva a República!
- Viva a República!
- Viva a República!
- Viva a República!
- Viva a República!


Saudades Da República
Luiz Ayrão
 

República, república
Ai que saudades dos meus tempos de república (estribilho 2x)

Chegava de porre no quarto
Cantando chorinho e sambão
Acordava no meio da noite
Fazendo a maior confusão
A camisa que eu mais gostava
Enxugava o chão do corredor
E uma meia da mulher amada
Era lá na cozinha o melhor coador
Estribilho
Livro emprestado não vinha
E o que vinha não ia também
Tomava o dinheiro emprestado
Depois não pagava ninguém
Nota baixa tirava de letra
Na roda de samba e batida
E brigava sem ser carnaval
Se falasse mal da portela querida
Estribilho
Requeijão que mamãe me mandava
Sumia sem nêgo saber
A pelada era de madrugada
Com bola de não sei o quê
Esse tempo agora é passado
Foi um doce de felicidade
Pois agora a barriga burguesa
Atrás de uma mesa chora de saudade



“Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c'as ferramentas
O dono mandô derrubá”

“Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c'as ferramentas
O dono mandô derrubá”


Palacete



Saudosa Maloca
Adoniran Barbosa
 

Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contá
Que acá onde agora está
Esse adifício arto
Era uma casa véia
Um palacete assobradado

Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c'as ferramentas
O dono mandô derrubá

Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nós sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração

Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"

E hoje nós pega páia nas gramas do jardim
E prá esquecê, nós cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossas vidas
Composição: Adoniran Barbosa

"Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chão"


Favela



Adoniran Barbosa - Despejo Na Favela (Com Letra)

Despejo na Favela
Adoniran Barbosa
 

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E, contra seu desejo
Entregou pra seu narciso
Um aviso, uma ordem de despejo

— Assinada, seu doutor
Assim dizia a 'pedição'
"Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chão"

— É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior

— Não tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator

— Pra mim não tem 'probrema'
Em qualquer canto eu me arrumo
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás

...Mas essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Mas essa gente aí, hein?
Com'é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí
Como é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí, hein?!
Como é que faz?
Composição: Adoniran Barbosa


“Temos que inventar uma versão.” Hilde In Favela Iluminada, J.L.R. Set 2017


Favela Iluminada



PRAÇA ONZE - (OS DEMÔNIOS DA GAROA)

Vão acabar com a Praça Onze Não vai haver mais Escola de Samba, não vai Chora o tamborim Chora o morro inteiro Favela, Salgueiro Mangueira, Estação Primeira Guardai os vossos pandeiros, guardai Porque a Escola de Samba não sai

Adeus, minha Praça Onze, adeus Já sabemos que vais desaparecer Leva contigo a nossa recordação Mas ficarás eternamente em nosso coração E algum dia nova praça nós teremos E o teu passado cantaremos




Praça Onze
Herivelto Martins
 
Vão acabar com a Praça Onze
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim
Chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro
Mangueira, Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai
Porque a Escola de Samba não sai

Adeus, minha Praça Onze, adeus
Já sabemos que vais desaparecer
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração
E algum dia nova praça nós teremos
E o teu passado cantaremos
Composição: Grande Otelo / Herivelto Martin


“Há quanto tempo, ah, quanto custa hoje em dia?”



Pobreza



Falando de Pobreza
Luiz Melodia



“Falando de pobreza sem ser triste
Falando de tristeza sem ser pobre
Ah, há quanto tempo?
Ah, quanto custa hoje em dia?

Que não sei de nada
Quis saber de tudo
Nunca é tudo
Há quanto tempo, ah, quanto custa hoje em dia?

Que o amor é luto
Que o amor é tudo
Muito distante
Há quanto tempo, ah, quanto custa hoje em dia?”


Referência

http://criando.blogs.sapo.pt/resenha-o-cortico-aluisio-de-azevedo-22986

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