Conjugando o passado de ir
Eu
fu Tu fu Ele fu Nois fumu Vois foru Eles furu
JF&
J&F
Eu fu fu Tu fu Ele fu Nós fumo Vós vai Eles furam
As
que existem e sobrevivem no papel
Ventania
Reflexos
Aterrissage
Biografia
Biografia
Antologia
Ventania
O vento veio maluco lá do alto do Bonfim e veio chorando da tristura do cemitério. Zuniu na praça do mercado assuviou as mulatas avenida do comércio e mexeu na saia delas. Arrancou folha das árvores poeira sungou do chão depois virou soprou correu danou e entrou feito uma carga na avenida Afonso Pena, O obelisco cortou ele pelo meio mas ele foi avuando e os fios da C.E.V.U. como cordas de viola vibraram dum som longo que cobriu Belo Horizonte feito um lamento. O vento passou desmandado no Cruzeiro saiu pro campo dobrou a mata mas de repente sua disparada pára na parede Serra do Curral e o bicho stopa mas sapeca no morro um sopapo que estrala que nem ginipapo que mão raivosa chispasse num muro curo.. Co-nhe-ceu papudo? 1926 |
||
In:
Revista Verde, Cataguases, ano 1, n.3
Reflexos
Poça
Pedra Tibloung blong A água espelho rachado salpica pingos que são pedras preciosas que são vidro são aço são água Pingo pingou a floculação de bolhas subiu a superfície espelho estalou bolas borbulhando CONCÊNTRICOS anel os anéis mais anéis amassando alongando uma paisagem que se desloca centrífuga tremida sa-cu-di-da Brilhos prata coriscos riscos prismas Telhados moles aplastam-se misturando-se às janelas molambos em oscilações tombos b a m b o s rolando no reflexo imprevisto Onda margem schlapp plap plaff O círculo abre afasta-se fecha vai vem com preguiça mo - le - men - te Os telhados bêbados tentaculisam cumieiras as chaminés virguladas são serpentes que se imobilizam devagar devagar O polvo de ouro recolhe os braços desemaranha-os e como uma pasta resume-se bola SOL Janelas parando parando paradas pregadas no espelho achatado das águas pesadas.
Aterrissage
Um risco nos íngremes e queda vertical de reticência de sóis. Brilhos mica, facetas duras, multiplicando a paisagem como os olhos simultâneos de um inseto Tropicão, trambolhão salto pulo rodopio e a bola, espirala, resvala, rebola, encarola, desenrola e de novo reta como uma bola, rola... ROLA e voa e vai varando vertiginosa o vácuo vago e assoviiiia fino no espaço oco... UMA PEDRA ROLOU PELA ENCOSTA DA MONTANHA. In: Pasta 72: Arquivo de Mário de Andrade. Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP
Biografia
Natural
de Juiz de Fora. Nasceu em 5 de Junho de 1903. Fez os estudos secundários no
Internato do Colégio Pedro II, e em seguida cursou a Faculdade de Medicina,
colando grau em 1927. Como Joaquim Cardoso, sempre manifestou gosto e talento
para a pintura e para a poesia, mas só em raras ocasiões publicou, em
revistas literárias, algumas de suas produções. Fez parte do grupo mineiro
que, em 1924, lançou, em Belo Horizonte A Revista, primeiro órgão do
movimento modernista no Estado de Minas Gerais. Faleceu no Rio de Janeiro, em
13 de Maio de 1984.
|
A
cidade que existe e sobrevive no papel
Nos seis livros que escreveu como memorialista,
Pedro Nava deixou marcado no papel um amplo painel da sociedade brasileira e
também a ligação com sua terra natal, Juiz de Fora, a partir de suas
experiências e das histórias que ouviu nas primeiras décadas de vida. Tantos
são os relatos que é possível, através deles, traçar […]
Por Carime
Elmor
04/06/2017 às 07:00hs - Atualizada 03/06/2017 às
15:09hs
Ilma
Salgado uniu trechos de Nava a textos seus para traçar a história de Juiz de
Fora em obra para presentear a cidade em seu aniversário (Foto: Fernando
Priamo)
Nos seis livros que escreveu como memorialista,
Pedro Nava deixou marcado no papel um amplo painel da sociedade brasileira e
também a ligação com sua terra natal, Juiz de Fora, a partir de suas
experiências e das histórias que ouviu nas primeiras décadas de vida. Tantos
são os relatos que é possível, através deles, traçar um panorama histórico,
político, urbanístico, cultural, social, religioso e de costumes. É o que fez a
escritora, professora e pesquisadora Ilma Salgado. Com outros cinco livros
dedicados ao escritor morto em 1984, aos 80 anos, Ilma lança “Juiz de Fora
apresentada por Pedro Nava”, em que reúne trechos de obras do próprio Nava,
além de citações a outros autores locais, para recriar uma cidade que não
existe mais, mas que foi tão próxima do escritor, que completaria 114 anos do
seu nascimento nesta segunda-feira (5).
De acordo com Ilma, o livro pode ser considerado
“uma edição ampliada e melhorada” do trabalho que lançou de forma independente
em 2003, por ocasião do centenário de nascimento de Pedro Nava. Na ocasião,
foram apenas cem exemplares impressos. “Fui amadurecendo durante os anos a
ideia de fazer uma edição maior, incluindo alguns aspectos e tirando outros.
Retomei o projeto em 2012 e modifiquei o que era preciso até conseguir a
aprovação pela Lei Murilo Mendes no ano passado”, explica Ilma, destacando que
isso facilitou para que a publicação saísse de forma tão rápida. “É também um
presente que quis dar para Juiz de Fora em seu aniversário.”
Ilma pinçou histórias e memórias de três livros de
Nava: “Baú de Ossos” (1972), “Balão Cativo” (1973) e “Galo-das-Trevas” (1981),
entremeadas por textos da própria escritora, ajudando a reforçar o contexto
histórico-político-social-econômico da prosa de Pedro Nava, além de citações
aos trabalhos de pesquisadores como Riolando Azzi, Vanda Arantes do Vale (que
também escreve a orelha do livro), Luiz Antonio Valle Arantes, entre outros.
“O próprio Nava dizia que o memorialista é o híbrido
anfíbio de historiador e ficcionista. A partir dessa afirmação, adicionei aos
textos dele informações da historiografia tradicional de notórios historiadores
da cidade. O Pedro atuava como espectador e ator dessa história, muito do que
ele apresenta são histórias de varanda que ouvia da família”, diz Ilma Salgado,
que adiciona ao trabalho fotos antigas da cidade, em especial de lugares onde
Pedro Nava morou e frequentou ou que cita em suas memórias.
Pelas
curvas do tempo
Ao misturar a memória histórica, afetiva e os
registros oficiais, Ilma preferiu não seguir uma linha cronológica rígida,
ainda que os escritos de Nava consigam abranger um período que vai de 1840 a 1940.
“Juiz de Fora apresentada por Pedro Nava” é dividida por tópicos, entre eles
“Saúde”, “Os primórdios”, “Henrique Halfeld”, “As elites e a política”,
misturando história e ficção em passagens tanto pitorescas quanto reveladoras.
Em “Os primórdios”, por exemplo, fala-se do Caminho
Novo, da polêmica sobre o verdadeiro fundador da cidade e da importância de
Henrique Halfeld, que ganha um capítulo só para si – afinal, ele foi casado com
a avó de Pedro Nava, que após ficar viúva casou-se com aquele que se tornou o
avô do escritor. “O Pedro, inclusive, foi quem salvou os documentos do Henrique
Halfeld, que seriam jogados no lixo. Ele dizia que sem essa papelada não
haveria o ‘Baú de Ossos'”, destaca.
O
conteúdo continua após o anúncio
Outro tópico, “As etnias”, ajuda a explicar as
diferenças socioeconômicas que temos até hoje e mostra o quanto o racismo e o
ranço escravocrata continuam entranhados em nossa cultura. Além de falar da
imigração alemã e italiana, Pedro Nava selecionou trechos de suas memórias em que
retrata o tratamento cruel que sua avó, Inhá Luísa, dispensava às empregadas
negras, semelhante ao do período da escravidão. Quanto às religiões, ele cita a
forte influência que Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana, tinha sobre
Juiz de Fora quando a cidade pertencia à sua diocese.
A
mágoa que ficou e a cidade ‘barulhenta’
Nem todas as lembranças, porém, são positivas. Em
seu livro, Ilma resgata a mágoa velada que Pedro Nava – já utilizando em seus
livros o heterônimo Egon Barros da Cunha – nutria por não ter conseguido
emprego como médico na Santa Casa. “Nessa época, a cidade já tinha sua diocese,
e ele descobriu que precisaria ter as graças da Igreja para ser contratado.
Mesmo sendo integrante da Sociedade de Medicina e Cirurgia e filho de médico
(José Pedro da Silva Nava, que teve atuação destacada na cidade), ele voltou
para Belo Horizonte.”
Também merecem destaque no livro os logradouros,
talvez a parte física-visual que mais se modificou com o passar dos anos. Ilma
reúne histórias e observações feitas por Pedro Nava a respeito de diversas
vias, entre as quais a Rua Direita (atual Avenida Barão do Rio Branco), local
em que nasceu e que antigamente tinha início no Largo do Riachuelo. Um exemplo
das observações feitas por ele é em relação à Rua Halfeld (antiga Rua
Califórnia, projetada em 1856). “Para ele, a Halfeld era a linha divisória da
cidade. Do lado esquerdo ficava a população mais liberal, enquanto o outro lado
era marcado pelos conservadores.” História pitoresca, se pensarmos nas
diferenças entre a agitação do Centro nos dias atuais e a JF pacata do século
XIX, é a que Pedro Nava relata a respeito da decisão de sua avó de deixar a Rua
Direita devido à instalação de duas linhas de bondes puxadas por tração animal,
que a incomodavam devido à “barulhada”. A solução? Mudar-se para a esquina da
Rua Imperatriz (atual Marechal Deodoro) com a Santo Antônio.
Cadeira
e máquina de escrever de Pedro Nava estão na Biblioteca Comunitária Pedro Nava
(Foto: Marcelo Ribeiro)
Para Ilma Salgado, o livro consegue mostrar a
admiração que Pedro Nava tinha por sua terra natal, apesar da mágoa
aparentemente jamais curada por não ter conseguido o emprego na Santa Casa. “Há
no final do livro uma entrevista concedida por ele em 1980 que é possível ver o
amor que tinha por Juiz de Fora, mas nada meloso, romântico. Falava das
qualidades, mas reconhecia seus defeitos”, aponta. “Acredito que ele sempre teve
essa capacidade de mostrar a trajetória de sua terra com uma visão
histórico-literária, e é preciso que as pessoas saibam que havia uma pessoa
preocupada com nossa história”, acrescenta Ilma, que já doou o livro para mais
de cem escolas da cidade.
Memorabilia
A famosa “cadeira fantasma” e a máquina de escrever
que pertenceram a Pedro Nava aguardam o final das reformas da Biblioteca
Comunitária Pedro Nava, no Monte Castelo, para voltarem à visitação pública.
Segundo o presidente da Associação de Moradores do Monte Castelo, Marcelo
Oliveira Palomino, isso deve acontecer em agosto. “Vamos realizar alguns
eventos para arrecadar fundos para terminas as obras, e aí todos poderão
visitar o memorial que construímos para o Pedro Nava”, diz Marcelo.
http://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/04-06-2017/a-cidade-que-existe-e-sobrevive-no-papel.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário