Em Ação
Na política real contemporânea
Encontros e Desencontros de Dirceu
e Fernando Henrique Cardoso
Janeiro de 2016
Encontro em colaboração premiada
O
ex-ministro José Dirceu decidiu se defender abertamente das acusações contra
ele na Operação Lava-Jato, estratégia que poderá atingir o PT. Segundo sua
defesa, ele deverá confirmar ao juiz Sérgio Moro, em audiência marcada para
sexta-feira, que a indicação de Renato Duque para a Diretoria de Serviços da
Petrobras partiu do diretório estadual do PT de São Paulo, e não dele. Essa
versão, que compromete a cúpula petista, foi dada pelo lobista Fernando Moura
em depoimento a Moro semana passada.
Quem
teria articulado a nomeação de Duque teria sido o então secretário-geral do
partido, Sílvio Pereira. Em depoimento à Justiça na última sexta-feira, Moura
disse que Dirceu só foi chamado à reunião onde foram decididos os nomes que
comandariam a Petrobras para desempatar a disputa entre Duque e Irani Varella,
que já era diretor de Serviços da Petrobras no governo Fernando Henrique.
—
Ele não vai denunciar ninguém. Vai se defender e contestar. O que pode
acontecer é surgirem nomes. Milton Pascowitch mentiu. Ele usava o nome do Zé
(José Dirceu). Quem estava com milhões e teve de devolver foi ele. Com o Zé não
foi encontrado dinheiro nenhum. Se o Dirceu não tinha dinheiro, onde está o
dinheiro que dizem que foi para ele? Ele prestou serviços de consultoria e recebeu.
O resto foi ajuda dada pelo Milton, que nunca falou que era dinheiro de propina
— disse Odel Antun, advogado do ex-ministro.
Terça,
26 de Janeiro de 2016 - 22:00
O
ex-ministro José Dirceu decidiu se defender das acusações na Operação Lava Jato
atribuindo a indicação de Renato Duque à Petrobras ao diretório do PT em São
Paulo. A declaração será dada ao juiz Sergio Moro em audiência marcada para
esta sexta-feira (29). Segundo publicação de O Globo, quem teria articulado o
nome de Duque à diretoria de Serviços da estatal seria Silvio Pereira, então
secretário-geral do partido. Em depoimento à Justiça, o lobista Fernando Moura
disse que o ministro foi chamado na reunião onde foram decididos os nomes que
comandariam a Petrobras para um desempate entre Duque e Irani Varella - este
último já era diretor da pasta no governo FHC. O advogado de Dirceu, Odel
Antun, afirmou que há contradições nos depoimentos de alguns delatores e que a
estratégia da defesa é ressaltar o de Fernando Moura, que, segundo ele,
"mostra claramente que Dirceu não participou da indicação".
Questionado se Dirceu está disposto a denunciar outros nomes do partido, o
advogado de Dirceu negou. "Ele não vai denunciar ninguém. Vai se defender.
O que pode acontecer é surgir um nome. O Milton Pascowitch mentiu. Ele usava o
nome do Zé (José Dirceu). Quem estava com milhões e teve de devolver foi ele.
Com o Zé não foi encontrado dinheiro nenhum. Se o Dirceu não tinha dinheiro,
onde está o dinheiro que dizem que foi para ele? Ele prestou serviços de
consultoria e recebeu. O resto foi ajuda dada pelo Milton, que nunca falou que
era dinheiro de propina", declarou. A defesa de Dirceu disse ainda que não
há nada de "bombástico" para apresentar à Justiça e que não há
qualquer ideia de delação por parte do ex-ministro. O presidente do diretório
estadual do PT em São Paulo na época, Paulo Frateschi, nega ter participado da
escolha de Duque. "Nem conheço o Duque, nunca vi. Não fui eu, não
partcicipei de nada disso. Tinha Alguns cargos que eram do governo federal em
São Paulo. Nós fazíamos sugestões para esses cargos. Nunca passou por lá nada
disso [de indicação para a Petrobras]. Nossa direção tem certeza que não
[indicou], mas tem o Senado, a Cãmara", explicou Frateschi.
Biografias
Ex-presidente
do Brasil e sociólogo
Segunda,
25 de Janeiro de 2016 - 10:40
Foto:
Divulgação / PSDB
O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contrariou o próprio partido ao
criticar o pedido de extinção do PT, protocolado pelo PSDB na
Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE). "O PT representa parcelas da opinião
brasileira e, como tal, melhor que continue ativo, que se livre das mazelas que
o acometem e que o PSDB se prepare para vencer dele nas urnas", avaliou em
entrevista à Folha de S. Paulo, neste domingo (24). O ex-presidente disse que
não faz mais parte da "hierarquia formal de mando do PSDB" para estar
envolvido na decisão. Porém, diz que se fosse consultado "diria ser mais
apropriado deixar que os procuradores cuidem desse tema". "O PSDB já
fez o que lhe cabe: uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral sobre o uso de
recursos ilícitos na campanha de 2014. Da resposta afirmativa a essa
investigação pode até mesmo caber nulidade de registro partidário. Se a lei
assim dispuser, nada a fazer, senão cumpri-la”, ponderou. FHC criticou, ainda,
o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). "Em um Congresso
cujos chefes principais estão sob suspeita judiciária e que, eventualmente
tenham usado o impeachment como manobra de defesa de seus interesses e não por
sua legitimidade intrínseca, ficou difícil separar alhos de bugalhos",
apontou. Mesmo assim, ele acredita que as pedaladas fiscais e o uso de recursos
públicos para fins eleitorais são motivos suficientes para que a petista deixe
o Palácio do Planalto. "Engana-se a presidente ao imaginar que por estar
convencida de que não se beneficiou de malfeitos está imune a ações de
impeachment. Este abrange a responsabilidade político-administrativa, mesmo
quando não se trata de 'crime' praticado pessoalmente”, concluiu.
Roda Viva | Fernando Henrique
Cardoso | 26/10/2015
Publicado
em 27 de out de 2015
O
Roda Viva recebe o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Dentre vários
assuntos, ele fala de seu recém-lançado livro, Diários da Presidência, com
registros e revelações do período em que ocupou o cargo
1992
EX-LÍDER ESTUDANTIL, EX-MINISTRO,
POLÍTICO E ADVOGADO BRASILEIRO
16/03/1946,
Passa Quatro, Minas Gerais
José Dirceu
29/6/1992
Jorge
Escosteguy: Boa noite. A conexão PC Farias chegou até a cozinha da casa do
presidente da República. A revista Isto É desta semana publicou uma
reportagem denunciando que as contas da Casa da Dinda, a residência particular
do presidente Fernando Collor de Mello, eram pagas ou são pagas por uma empresa
do senhor Paulo César Farias. É uma denúncia com provas documentais que está na Isto
É desta semana. Com tudo isso, a bolsa caiu, o dólar subiu e a nação
espera ansiosa e nervosa uma resposta do presidente da República a essas
denúncias. O presidente Fernando Collor fará um pronunciamento à nação amanhã à
noite para explicar mais essa denúncia: o chamado caso PC Farias. No Roda Viva, que está
começando agora pela TV Cultura de São Paulo, nós vamos discutir o escândalo PC
Farias e a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] que investiga essas
denúncias. No centro do Roda Viva está sentado o deputado federal
pelo PT [Partido dos Trabalhadores] José Dirceu, membro da CPI [...] José
Dirceu é mineiro de Passa Quatro, onde nasceu há 46 anos. Faz política desde os
tempos de estudante, com Luís Travassos e Vladimir Palmeira, formou a
liderança do movimento estudantil da década de 1960. Foi preso em 1969, durante
o Congresso da União Nacional dos Estudantes, a UNE, em Ibiúna, e onze meses
depois, foi trocado, junto com outros presos políticos, pelo embaixador norte-americano
Charles Burke Elbrick, sequestrado por grupos armados. Exilado, viveu em Cuba
durante seis anos, voltou ao Brasil, filiou-se ao PT, partido pelo qual foi
eleito deputado estadual e deputado federal. José Dirceu, como dissemos, faz
parte da CPI que investiga o escândalo PC Farias. Para entrevistar José Dirceu
esta noite no Roda Viva, nós convidamos: Oliveiros Ferreira, cientista
político e jornalista do jornal O Estado de S. Paulo; Paulo Nogueira,
diretor adjunto da revista Exame; Milton Coelho da Graça, diretor de
jornalismo da TVE do Rio de Janeiro; Luiz Maklouf de Carvalho, repórter
especial do Jornal da Tarde; Ottoni Fernandes, jornalista da Gazeta
Mercantil; Lúcia Helena Gazzola, repórter do jornal O Globo; José Paulo
Kupfer, diretor de redação do Diário do Comércio e Indústria e Dácio
Nitrini diretor executivo do Telejornal Brasil, do SBT. Na platéia,
assiste ao programa, convidados da produção [...] Boa noite.
José
Dirceu: Boa noite
Jorge
Escosteguy: Recentemente, durante as denúncias das ligações do empresário
Paulo César Farias com um esquema de poder paralelo no governo e com o próprio
presidente da República, o presidente disse que estavam querendo realizar um
terceiro turno das eleições presidenciais de 1990. O que o senhor tem a dizer
sobre isso e se realmente esse terceiro turno vai ser desfavorável ao
presidente da República. Ou seja, é inevitável o impeachment ou a
renúncia do presidente?
José
Dirceu: O terceiro turno, nós tentamos fazer em 1990 e perdemos novamente,
essa é a verdade. O PT particularmente, se ele se referia a nós, insistiu em
derrotar-nos em 1990, nas eleições para o governo dos estados e para o
Congresso Nacional. Ele não a venceu, perdeu as eleições, mas nós também não a
vencemos. O que nós estamos vivendo no Brasil é, realmente, um terceiro turno,
mas não eleitoral, é uma volta à natureza de Collor de Mello. A forma como ele
se elegeu, o esquema de poder que ele organizou e as forças que o cercaram vão
levar o seu governo ao fim e não será necessário esperar 1994 e nem primeiro de
janeiro de 1995.
Oliveiros
S. Ferreira: Mas essa confiança decorre do quê, deputado?
POLÍTICA
Contra
Fernando Henrique Cardoso foram apresentados 14 pedidos de impeachment
29/09/2015
- 09h06
Ricardo
Noblat
Impeachment
não é golpe. É um direito assegurado pela Constituição a qualquer brasileiro ou
partido político. Contra Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, foram
apresentados 14 pedidos de impeachment, 13 dos quais no seu segundo mandato.
Dos
13, 10 foram assinados por deputados federais - um deles, José Genóino, então
líder do PT, mais recentemente julgado e condenado como mensaleiro.
Contra
Lula foram apresentados 34 pedidos, 33 assinados por cidadãos comuns, e um pelo
deputado Alberto Goldman (PSDB-SP).
No
primeiro mandato de Dilma, 10 pedidos foram protocolados na Câmara dos
Deputados, nove assinados por cidadãos comuns, um pelo senador Mário Couto
(PSDB-PA).
Todos
esses pedidos - no total 58 - foram arquivados.
Na
foto abaixo, o momento em que o PT e aliados entregaram a Michel Temer, então
presidente da Câmara, o pedido de impeachment contra Fernando Henrique.
Da
esquerda para a direita: Marina Silva (só o rosto, ao fundo); Temer; Agnelo
Queiroz (ao fundo, de bigode e barba); José Dirceu, Lula e Miguel Arraes, então
presidente do PSB.
“Maquiavélico”
versus “maquiaveliano” na língua e nos dicionários.
Sandra
Bagno
Resumo
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2008v2n22p129
Se
bem que se estejam multiplicando no Brasil as releituras da obra de Maquiavel
isentas de antigos preconceitos, e a palavra “maquiaveliano” se encontre, há
umas décadas, atestada com um específico significado denotativo – análogo
àquele com que, em geral, encontra-se “machia-velliano” na língua e nos
dicionários de italiano –, contudo, é somente como mero sinônimo de
“maquiavélico” que a palavra, há pouco, começou a aparecer registrada por uns
dicionários monolíngües brasileiros. Pelo contrário, o multiplicar-se das
atestações do adjetivo “maquiaveliano”, usado na acepção denotativa também como
antídoto semântico-cultural, impõe uma redefinição de toda a família de
palavras derivada do nome próprio ‘Maquiavel’ por parte dos dicionários
monolíngües. Ou seja, por parte das obras que, por definição, deveriam
representar, na sua inteireza e especificidade, o atual perfil da língua e da
cultura do Brasil.
Cadernos
de Tradução, ISSN 2175-7968, Florianópolis, Brasil.
Departamento
de Língua e Literatura Estrangeiras (DLLE)- UFSC
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