quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Maquiavélico versus Maquiaveliano

Em Ação

Na política real contemporânea

Encontros e Desencontros de Dirceu e Fernando Henrique Cardoso

Janeiro de 2016

Encontro em colaboração premiada


O ex-ministro José Dirceu decidiu se defender abertamente das acusações contra ele na Operação Lava-Jato, estratégia que poderá atingir o PT. Segundo sua defesa, ele deverá confirmar ao juiz Sérgio Moro, em audiência marcada para sexta-feira, que a indicação de Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras partiu do diretório estadual do PT de São Paulo, e não dele. Essa versão, que compromete a cúpula petista, foi dada pelo lobista Fernando Moura em depoimento a Moro semana passada.

Quem teria articulado a nomeação de Duque teria sido o então secretário-geral do partido, Sílvio Pereira. Em depoimento à Justiça na última sexta-feira, Moura disse que Dirceu só foi chamado à reunião onde foram decididos os nomes que comandariam a Petrobras para desempatar a disputa entre Duque e Irani Varella, que já era diretor de Serviços da Petrobras no governo Fernando Henrique.

— Ele não vai denunciar ninguém. Vai se defender e contestar. O que pode acontecer é surgirem nomes. Milton Pascowitch mentiu. Ele usava o nome do Zé (José Dirceu). Quem estava com milhões e teve de devolver foi ele. Com o Zé não foi encontrado dinheiro nenhum. Se o Dirceu não tinha dinheiro, onde está o dinheiro que dizem que foi para ele? Ele prestou serviços de consultoria e recebeu. O resto foi ajuda dada pelo Milton, que nunca falou que era dinheiro de propina — disse Odel Antun, advogado do ex-ministro.



Terça, 26 de Janeiro de 2016 - 22:00


O ex-ministro José Dirceu decidiu se defender das acusações na Operação Lava Jato atribuindo a indicação de Renato Duque à Petrobras ao diretório do PT em São Paulo. A declaração será dada ao juiz Sergio Moro em audiência marcada para esta sexta-feira (29). Segundo publicação de O Globo, quem teria articulado o nome de Duque à diretoria de Serviços da estatal seria Silvio Pereira, então secretário-geral do partido. Em depoimento à Justiça, o lobista Fernando Moura disse que o ministro foi chamado na reunião onde foram decididos os nomes que comandariam a Petrobras para um desempate entre Duque e Irani Varella - este último já era diretor da pasta no governo FHC. O advogado de Dirceu, Odel Antun, afirmou que há contradições nos depoimentos de alguns delatores e que a estratégia da defesa é ressaltar o de Fernando Moura, que, segundo ele, "mostra claramente que Dirceu não participou da indicação". Questionado se Dirceu está disposto a denunciar outros nomes do partido, o advogado de Dirceu negou. "Ele não vai denunciar ninguém. Vai se defender. O que pode acontecer é surgir um nome. O Milton Pascowitch mentiu. Ele usava o nome do Zé (José Dirceu). Quem estava com milhões e teve de devolver foi ele. Com o Zé não foi encontrado dinheiro nenhum. Se o Dirceu não tinha dinheiro, onde está o dinheiro que dizem que foi para ele? Ele prestou serviços de consultoria e recebeu. O resto foi ajuda dada pelo Milton, que nunca falou que era dinheiro de propina", declarou. A defesa de Dirceu disse ainda que não há nada de "bombástico" para apresentar à Justiça e que não há qualquer ideia de delação por parte do ex-ministro. O presidente do diretório estadual do PT em São Paulo na época, Paulo Frateschi, nega ter participado da escolha de Duque. "Nem conheço o Duque, nunca vi. Não fui eu, não partcicipei de nada disso. Tinha Alguns cargos que eram do governo federal em São Paulo. Nós fazíamos sugestões para esses cargos. Nunca passou por lá nada disso [de indicação para a Petrobras]. Nossa direção tem certeza que não [indicou], mas tem o Senado, a Cãmara", explicou Frateschi.



Biografias


Ex-presidente do Brasil e sociólogo



Segunda, 25 de Janeiro de 2016 - 10:40




Foto: Divulgação / PSDB

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contrariou o próprio partido ao criticar o pedido de extinção do PT, protocolado pelo PSDB na Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE). "O PT representa parcelas da opinião brasileira e, como tal, melhor que continue ativo, que se livre das mazelas que o acometem e que o PSDB se prepare para vencer dele nas urnas", avaliou em entrevista à Folha de S. Paulo, neste domingo (24). O ex-presidente disse que não faz mais parte da "hierarquia formal de mando do PSDB" para estar envolvido na decisão. Porém, diz que se fosse consultado "diria ser mais apropriado deixar que os procuradores cuidem desse tema". "O PSDB já fez o que lhe cabe: uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral sobre o uso de recursos ilícitos na campanha de 2014. Da resposta afirmativa a essa investigação pode até mesmo caber nulidade de registro partidário. Se a lei assim dispuser, nada a fazer, senão cumpri-la”, ponderou. FHC criticou, ainda, o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). "Em um Congresso cujos chefes principais estão sob suspeita judiciária e que, eventualmente tenham usado o impeachment como manobra de defesa de seus interesses e não por sua legitimidade intrínseca, ficou difícil separar alhos de bugalhos", apontou. Mesmo assim, ele acredita que as pedaladas fiscais e o uso de recursos públicos para fins eleitorais são motivos suficientes para que a petista deixe o Palácio do Planalto. "Engana-se a presidente ao imaginar que por estar convencida de que não se beneficiou de malfeitos está imune a ações de impeachment. Este abrange a responsabilidade político-administrativa, mesmo quando não se trata de 'crime' praticado pessoalmente”, concluiu.



Roda Viva | Fernando Henrique Cardoso | 26/10/2015

Publicado em 27 de out de 2015

O Roda Viva recebe o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Dentre vários assuntos, ele fala de seu recém-lançado livro, Diários da Presidência, com registros e revelações do período em que ocupou o cargo



1992

EX-LÍDER ESTUDANTIL, EX-MINISTRO, POLÍTICO E ADVOGADO BRASILEIRO


16/03/1946, Passa Quatro, Minas Gerais​



José Dirceu

29/6/1992





     
Jorge Escosteguy: Boa noite. A conexão PC Farias chegou até a cozinha da casa do presidente da República. A revista Isto É desta semana publicou uma reportagem denunciando que as contas da Casa da Dinda, a residência particular do presidente Fernando Collor de Mello, eram pagas ou são pagas por uma empresa do senhor Paulo César Farias. É uma denúncia com provas documentais que está na Isto É desta semana. Com tudo isso, a bolsa caiu, o dólar subiu e a nação espera ansiosa e nervosa uma resposta do presidente da República a essas denúncias. O presidente Fernando Collor fará um pronunciamento à nação amanhã à noite para explicar mais essa denúncia: o chamado caso PC Farias. No Roda Viva, que está começando agora pela TV Cultura de São Paulo, nós vamos discutir o escândalo PC Farias e a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] que investiga essas denúncias. No centro do Roda Viva está sentado o deputado federal pelo PT [Partido dos Trabalhadores] José Dirceu, membro da CPI [...] José Dirceu é mineiro de Passa Quatro, onde nasceu há 46 anos. Faz política desde os tempos de estudante, com Luís Travassos e Vladimir Palmeira, formou a liderança do movimento estudantil da década de 1960. Foi preso em 1969, durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes, a UNE, em Ibiúna, e onze meses depois, foi trocado, junto com outros presos políticos, pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado por grupos armados. Exilado, viveu em Cuba durante seis anos, voltou ao Brasil, filiou-se ao PT, partido pelo qual foi eleito deputado estadual e deputado federal. José Dirceu, como dissemos, faz parte da CPI que investiga o escândalo PC Farias. Para entrevistar José Dirceu esta noite no Roda Viva, nós convidamos: Oliveiros Ferreira, cientista político e jornalista do jornal O Estado de S. Paulo; Paulo Nogueira, diretor adjunto da revista Exame; Milton Coelho da Graça, diretor de jornalismo da TVE do Rio de Janeiro; Luiz Maklouf de Carvalho, repórter especial do Jornal da Tarde; Ottoni Fernandes, jornalista da Gazeta Mercantil; Lúcia Helena Gazzola, repórter do jornal O Globo; José Paulo Kupfer, diretor de redação do Diário do Comércio e Indústria e Dácio Nitrini diretor executivo do Telejornal Brasil, do SBT. Na platéia, assiste ao programa, convidados da produção [...] Boa noite.

José Dirceu: Boa noite

Jorge Escosteguy: Recentemente, durante as denúncias das ligações do empresário Paulo César Farias com um esquema de poder paralelo no governo e com o próprio presidente da República, o presidente disse que estavam querendo realizar um terceiro turno das eleições presidenciais de 1990. O que o senhor tem a dizer sobre isso e se realmente esse terceiro turno vai ser desfavorável ao presidente da República. Ou seja, é inevitável o impeachment ou a renúncia do presidente?

José Dirceu: O terceiro turno, nós tentamos fazer em 1990 e perdemos novamente, essa é a verdade. O PT particularmente, se ele se referia a nós, insistiu em derrotar-nos em 1990, nas eleições para o governo dos estados e para o Congresso Nacional. Ele não a venceu, perdeu as eleições, mas nós também não a vencemos. O que nós estamos vivendo no Brasil é, realmente, um terceiro turno, mas não eleitoral, é uma volta à natureza de Collor de Mello. A forma como ele se elegeu, o esquema de poder que ele organizou e as forças que o cercaram vão levar o seu governo ao fim e não será necessário esperar 1994 e nem primeiro de janeiro de 1995.

Oliveiros S. Ferreira: Mas essa confiança decorre do quê, deputado?



POLÍTICA


Contra Fernando Henrique Cardoso foram apresentados 14 pedidos de impeachment

29/09/2015 - 09h06

Ricardo Noblat

Impeachment não é golpe. É um direito assegurado pela Constituição a qualquer brasileiro ou partido político. Contra Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, foram apresentados 14 pedidos de impeachment, 13 dos quais no seu segundo mandato.

Dos 13, 10 foram assinados por deputados federais - um deles, José Genóino, então líder do PT, mais recentemente julgado e condenado como mensaleiro.

Contra Lula foram apresentados 34 pedidos, 33 assinados por cidadãos comuns, e um pelo deputado Alberto Goldman (PSDB-SP).

No primeiro mandato de Dilma, 10 pedidos foram protocolados na Câmara dos Deputados, nove assinados por cidadãos comuns, um pelo senador Mário Couto (PSDB-PA).

Todos esses pedidos - no total 58 - foram arquivados.

Na foto abaixo, o momento em que o PT e aliados entregaram a Michel Temer, então presidente da Câmara, o pedido de impeachment contra Fernando Henrique.

Da esquerda para a direita: Marina Silva (só o rosto, ao fundo); Temer; Agnelo Queiroz (ao fundo, de bigode e barba); José Dirceu, Lula e Miguel Arraes, então presidente do PSB.





 “Maquiavélico” versus “maquiaveliano” na língua e nos dicionários.


Sandra Bagno

Resumo

http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2008v2n22p129
Se bem que se estejam multiplicando no Brasil as releituras da obra de Maquiavel isentas de antigos preconceitos, e a palavra “maquiaveliano” se encontre, há umas décadas, atestada com um específico significado denotativo – análogo àquele com que, em geral, encontra-se “machia-velliano” na língua e nos dicionários de italiano –, contudo, é somente como mero sinônimo de “maquiavélico” que a palavra, há pouco, começou a aparecer registrada por uns dicionários monolíngües brasileiros. Pelo contrário, o multiplicar-se das atestações do adjetivo “maquiaveliano”, usado na acepção denotativa também como antídoto semântico-cultural, impõe uma redefinição de toda a família de palavras derivada do nome próprio ‘Maquiavel’ por parte dos dicionários monolíngües. Ou seja, por parte das obras que, por definição, deveriam representar, na sua inteireza e especificidade, o atual perfil da língua e da cultura do Brasil.



Cadernos de Tradução, ISSN 2175-7968, Florianópolis, Brasil.

Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras (DLLE)- UFSC

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