domingo, 7 de dezembro de 2025

Do primeiro ao último: deixando os entretantos e indo diretamente aos finalmentes.

Um olhar calmo sobre o que se revela apenas a quem sabe ouvir o silêncio entre as cenas. Acervo EBC: Fernanda Montenegro fala sobre a importância do teatro na sociedade TV Brasil Em 2006, a atriz Fernanda Montenegro foi entrevistada no programa “Sem Censura”. Ela enfatizou a importância do teatro para a construção do que conhecemos da sociedade. ”Tudo o que nós somos, representamos no ocidente, nasceu no teatro grego”, afirmou ela. #SemCensura40anos "Na Itália, o senador Carlo Calenda, de centro-esquerda, afirmou que o documento demonmstra que Trump é um "inimigo da Europa" da Europa e da democracia." O NYT e AP "Pede perdão Pela omissão Um tanto forçada" Samba de Orly Composição: Chico Buarque / Toquinho / Vinícius de Moraes. Samba de Orly Toquinho Vai, meu irmão Pega esse avião Você tem razão De correr assim Desse frio Mas veja O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mão Pede perdão Pela duração Dessa temporada Mas não diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que eu vou levando Vê como é que anda Aquela vida à toa E se puder me manda Uma notícia boa Pede perdão Pela omissão Um tanto forçada Mas não diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que eu vou levando E vê como é que anda Aquela vida à toa E se puder me manda Uma notícia boa Composição: Chico Buarque / Toquinho / Vinícius de Moraes.
Estadão: "Em nova estratégia de segurança, Trump retoma a Doutrina Monroe". Presidente americano pretende reorientar presença militar para restabelecer a América Latina como zona de influência dos EUA, combater imigração e narcotráfico". Estão ligar um Ford velho dev1960. Vai? WASHINGTON
A Política Externa dos Estados Unidos História A política externa dos EUA de olho no revólver Doutrina vs. corolário "O Corolário Trump à Doutrina Monroe é uma restauração sensat e eficaz do poder e das prioridades americanas."
A guerra dos populistas contra a democracia - Fareed Zakaria Desvalorizar experiência é um ótimo pretexto para consolidar o poder entre os mais ricos O ESTADO DE S. PAULO INTERNACIONAL A19 "Devem ser tomadas medidas, concluiu ele, para impedir que tal sistema surja nos EUA." O pedido de Lula a Trump e a escalada da tensão entre EUA e Venezuela | Fora da Ordem #29 CNN Brasil Transmitido ao vivo em 5 de dez. de 2025 FORA DA ORDEM | 1ª TEMPORADA 🌏 A CNN Brasil estreou o videocast semanal #ForadaOrdem e você pode assistir aqui o episódio de hoje! O programa explica as transformações e tensões da política internacional. Neste episódio, você vai entender o que Lula pediu a Trump na mais recente conversa por telefone entre os dois presidentes. O brasileiro está em busca de uma parceria estratégica, e nós vamos explicar o que isso significa. Também vamos trazer as últimas informações sobre a escalada da tensão entre Estados Unidos e Venezuela e a situação do acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Assista ao vivo, toda sexta-feira, a partir das 13h (horário de Brasília) com apresentação de analista de Internacional Lourival Sant’Anna, o analista sênior de Internacional Américo Martins, direto de Londres, e a correspondente Priscila Yazbek, de Nova York. JORNAL DA CULTURA | 06/12/2025 Último parágrafo: "Precisa ter um presidente de verdade." É inconstitucional, ministro! | Ponto de Partida Meio Estreou em 5 de dez. de 2025 #democracia #politica #esquerda A liminar do ministro Gilmar Mendes, que visa blindar a Corte de processos de impeachment, desafia o equilíbrio dos Três Poderes. Tanto a classe política quanto os mais variados juristas têm dificuldade de entender e defender a decisão de Mendes. No Ponto de Partida React desta sexta-feira (5), Yasmim Restum e Pedro Doria conversam sobre as caracterísicas da liminar e Pedro explica como ela pode ser interpretada como inconstitucional. O papo também atravessa a pesquisa Brasil no Espelho, da Quaest com o Grupo Globo, sobre quem somos e no que acreditamos. Yasmim Restum e Pedro Doria te guiam nessa jornada com uma seleção dos comentários que vocês enviam nas redes sociais e canais do Meio. Para participar, comente nos vídeos do Ponto de Partida de segunda ou quarta. Assista em vídeo no Youtube, e acompanhe em áudio no seu tocador de podcasts preferido. ___ PRIMEIRO PARÁGRAFO Parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” “Pede perdão pela omissão um tanto forçada – pede perdão pela duração dessa temporada.” 1. Introdução O presente texto reúne, organiza e interpreta os dispositivos fundamentais contidos no Artigo 1º da Constituição Brasileira de 1946 e da Constituição Federal de 1988, contextualizando cada uma dentro de seus respectivos períodos históricos. Ao articular essas duas formulações constitucionais, evidencia-se a continuidade — e também a transformação — dos princípios democráticos, federativos e representativos que estruturam o Estado brasileiro. 2. O Artigo 1º da Constituição de 1946 Promulgada após o fim do Estado Novo (1937–1945), a Constituição de 1946 representou a redemocratização do país. Seu Artigo Primeiro declara: “Os Estados Unidos do Brasil mantêm, sob o regime representativo, a Federação e a República. Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. § 1º – A União compreende, além dos Estados, o Distrito Federal e os Territórios.” 2.1 Contexto e Significado Histórico Restauração Democrática: marcava o retorno das liberdades políticas e do pluripartidarismo após a ditadura varguista. Soberania Popular: reafirmava o princípio de que o poder político tem origem no povo, exercido por meio de representantes. Federalismo: consolidava a estrutura federativa com Estados, Distrito Federal e Territórios. Direitos Políticos: ampliava garantias como o voto secreto e o direito de greve, ainda que com restrições — por exemplo, a exclusão de analfabetos e soldados do direito ao voto. A Constituição de 1946 inaugura, portanto, um período democrático, embora ainda limitado, que perduraria até o golpe de 1964. 3. O Artigo 1º da Constituição de 1988 A Constituição de 1988, promulgada ao final da ditadura militar, estabelece os fundamentos do Estado Democrático de Direito no Brasil. Seu Artigo Primeiro declara: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:” 3.1 Fundamentos (Incisos I a V) I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. 3.2 O Parágrafo Único “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” 3.3 Significado Político e Jurídico Federação Ampliada: a inclusão dos municípios como entes federativos, ausente em 1946. Estado Democrático de Direito: princípio estruturante que combina legalidade, direitos fundamentais e participação popular. Dignidade da Pessoa Humana: fundamento central de toda a ordem constitucional. Pluralismo Político: base do sistema democrático contemporâneo, garantindo liberdade partidária e diversidade ideológica. Dupla Forma de Soberania Popular: indireta: via representantes eleitos; direta: plebiscito, referendo, iniciativa popular, entre outros mecanismos. 4. Comparação Síntese entre 1946 e 1988 Elemento Constituição de 1946 Constituição de 1988 Contexto histórico Fim do Estado Novo, começo de redemocratização Fim da ditadura militar, transição democrática Estrutura da Federação Estados, DF e Territórios Estados, Municípios, DF Modelo político Regime representativo Estado Democrático de Direito Direitos políticos Avanços com limitações (ex.: analfabetos não votavam) Direitos amplos, voto universal e direto Participação popular Predominantemente indireta Direta + indireta Fundamentos explícitos Não listados Cinco fundamentos constitucionais 5. Conclusão A leitura conjunta do Artigo 1º das Constituições de 1946 e 1988 revela duas etapas decisivas da história constitucional brasileira. Em 1946, o país reencontrava a democracia após um regime autoritário; em 1988, refundou-se como Estado Democrático de Direito, ampliando a participação popular, fortalecendo direitos fundamentais e redefinindo os pilares éticos, sociais e políticos da República. Ambos os textos, embora situados em contextos distintos, compartilham a mesma afirmação essencial: o poder pertence ao povo.
Últimno parágrafo: não temos desfile, temos um bloco de sujos institucional, onde cada ator toca seu instrumento no volume que lhe convém. PRIMEIRO PARÁGRAFO Parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” “Pede perdão pela omissão um tanto forçada – pede perdão pela duração dessa temporada.” 1. Introdução A relação entre o povo, o Estado e seus Poderes — tão claramente afirmada no Artigo 1º das Constituições de 1946 e 1988 — serve como alicerce para compreender a conjuntura política brasileira contemporânea. Se a Constituição define princípios, a realidade os testa; se a lei exige harmonia, o tempo revela dissonâncias. A imagem das tampinhas organizadas em três blocos de cores distintas funciona aqui como metáfora do que o sistema político deveria ser: conjuntos autônomos, mas coordenados, formando um todo coerente. Na prática, porém, o Brasil vive momento em que o arranjo previsto não se traduz em harmonia institucional. 2. Os Fundamentos Constitucionais 2.1. Artigo 1º da Constituição de 1946 Promulgada após o Estado Novo, a Carta de 1946 recolocou o país na rota democrática: “Os Estados Unidos do Brasil mantêm, sob o regime representativo, a Federação e a República. Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. § 1º – A União compreende, além dos Estados, o Distrito Federal e os Territórios.” Ela marcou: Redemocratização, reafirmação da soberania popular, retomada do federalismo, restauração das liberdades políticas — ainda que com restrições ao voto. 2.2. Artigo 1º da Constituição de 1988 A Constituição Cidadã estabeleceu bases mais amplas: “A República Federativa do Brasil (…) constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:” I – soberania II – cidadania III – dignidade da pessoa humana IV – valores sociais do trabalho e da livre iniciativa V – pluralismo político E reafirmou: “Todo o poder emana do povo (…)” Essa combinação — democracia, pluralismo e direitos fundamentais — deveria formar o que a teoria constitucional chama de equilíbrio institucional, elemento essencial para qualquer república. 3. Conjuntura Política e Harmonia dos Poderes A análise contemporânea revela que o ideal constitucional de equilíbrio, cooperação e coordenação encontra-se tensionado. O artigo jornalístico estudado ilumina esse cenário usando a linguagem simbólica do carnaval. 3.1. A metáfora do “diretor de harmonia” Assim como uma escola de samba depende do diretor de harmonia para evitar buracos, atrasos e ruídos, a política depende de: diálogo, previsibilidade, cooperação entre os Poderes. Hoje, porém: STF, Senado e Executivo travam choques sucessivos; o sistema de pesos e contrapesos se encontra dessincronizado; decisões deixam de ser complementares e passam a ser oposicionais. A Constituição prevê independência, e não isolamento; controle mútuo, e não retaliação. 4. A Política como Desfile Desalinhado 4.1. A narrativa sobre Lula e o risco do personalismo O enredo da Acadêmicos de Niterói celebrando a vida de Lula não seria problemático — se 2026 não fosse ano eleitoral. Nas democracias, culto à personalidade fragiliza instituições e desloca o foco do coletivo para o individual. 4.2. O conflito institucional O STF, ao limitar pedidos de impeachment contra ministros, reage a um ambiente de radicalização. O Senado contra-ataca propondo mandatos fixos e mudanças no quórum de julgamentos. O Executivo perde capacidade de articulação e enfrenta insatisfações internas e externas. Em vez de evolução institucional, produz-se uma espiral de ruídos. 5. A Oposição e o “Bloco de Sujos” 5.1. O “dedazo” e a fragmentação da direita A imposição de Flávio Bolsonaro como candidato do PL, anunciada na própria Polícia Federal durante a prisão de Jair Bolsonaro, caracteriza o “dedazo” — escolha unilateral do herdeiro político. Isso: preserva o capital simbólico do bolsonarismo, mas implode a articulação entre governadores e líderes oposicionistas. 5.2. A esfinge Tarcísio de Freitas Tarcísio mantém sua própria margem de jogo: se for candidato, desestabiliza o clã Bolsonaro; se não for, preserva 2030; sua mera presença reorganiza toda a oposição. 5.3. Dispersão, não sinfonia O resultado geral é o contrário da coordenação carnavalesca: A direita desfila como alas desconexas, cada qual marcando seu próprio ritmo. 6. A Imagem das Tampinhas: Metáfora Visual A fotografia enviada pelo leitor — tampinhas verdes, brancas e azuis, separadas em blocos — funciona como recurso pedagógico: cada cor representa um Poder ou um conjunto político; cada bloco é coerente internamente, mas não compõe uma figura única; falta integração entre os três grupos, tal como na conjuntura nacional. A mesa branca, vazia ao centro, simboliza o espaço da coordenação que não está sendo preenchido. Assim como as tampinhas isoladas não formam composição harmônica, os Poderes isolados não formam uma República funcional. 7. Conclusão: Entre Constituição e Conjuntura Unindo os fundamentos das Constituições de 1946 e 1988 ao cenário atual, o diagnóstico é claro: a soberania popular existe, mas sua mediação institucional está em crise; o equilíbrio entre Poderes é previsto, mas não está sendo praticado; o pluralismo político é garantido, mas vem sendo encoberto pelo personalismo; o sistema exige harmonia, mas o país opera sem seu “diretor de harmonia”. O Brasil vive momento em que: o Executivo disputa com o Legislativo, o Legislativo rebate o Judiciário, o Judiciário se blinda do Legislativo, o campo político se fragmenta, e o povo — verdadeiro titular do poder — observa um desfile que perdeu o compasso. A metáfora final do artigo é precisa: não temos desfile, temos um bloco de sujos institucional, onde cada ator toca seu instrumento no volume que lhe convém.
domingo, 7 de dezembro de 2025 Lula na Sapucaí, o “dedazo” de Bolsonaro e o desfile do “bloco de sujos”, por Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense Na política, um sistema de pesos e contrapesos preserva a cooperação institucional. A independência entre os Poderes parece ter perdido esse equilíbrio silencioso. Falta harmonia. Não é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mereça um enredo de escola de samba, pois sua vida romanesca serve até para a teledramaturgia. Mas a estreia da Acadêmicos de Niterói no Grupo Especial em 2026, conduzindo pela Sapucaí um enredo que celebra sua trajetória pessoal, é um caso típico de culto à personalidade, que só não é comparável ao estilo norte-coreano porque lá a sociedade foi militarizada e, aqui, é carnaval. Não seria nada mais justo se 2026 não fosse um ano eleitoral. A avenida transforma líderes em alegorias, memórias em canto coletivo e contradições nacionais em poesia. O processo político não é um desfile na Sapucaí, porém, as escolas de samba nos dão um ensinamento precioso para a política, que nos faz muita falta nesse momento de estresse entre os Poderes. Toda grande escola, para desfilar na avenida, precisa de um diretor de harmonia, alguém capaz de garantir que o conjunto avance sem “atravessar” o samba e abrir grandes espaços na pista. O enredo sobre Lula — o menino do agreste que subia no pé de mulungu para enxergar esperança — ilumina a dimensão simbólica de sua biografia. A escola rememora a seca, o pau de arara, o sindicalismo sob a ditadura, a viuvez, a ascensão política e o pacto social que moldou sua liderança. Tudo embalado pela fantasia coletiva que faz do desfile uma narrativa. Na política real, porém, Lula está acossado por uma conjuntura menos lírica: tensão aberta com o Senado, ruídos com o Judiciário e um Legislativo em crescente rebeldia. Falta harmonia. O diretor de harmonia, figura central no carnaval, não rege a bateria — isso cabe ao mestre. Ele rege algo mais complexo: o espírito da escola. Acompanha alas, controla o fluxo, mantém o canto vivo, evita buracos no desfile e corrige desalinhamentos antes que virem tragédia. Sua missão é assegurar concordância entre partes diversas e evitar que pequenos conflitos entre suas alas comprometam a escola inteira. Na política, um sistema de pesos e contrapesos preserva a cooperação institucional, porém em harmonia. A independência entre os Poderes parece ter perdido esse equilíbrio silencioso e não tem um líder que o restabeleça. Ao impor barreiras inéditas à abertura de processos de impeachment contra seus ministros, o Supremo Tribunal Federal age para se blindar da pressão externa provocada pela radicalização política e pelo uso abusivo desses pedidos como instrumento de chantagem. O Senado, por sua vez, reage e dobra a aposta ao discutir mandatos fixos para ministros, mudanças no quórum para abertura de processos e uma reforma profunda da Lei do Impeachment. Executivo, Legislativo e Judiciário, menos de um ano antes das eleições, perdem pontos nos quesitos equilíbrio, previsibilidade e respeito recíproco. Em vez de desfile, temos uma marcha para o caos. As cacofonias Se de um lado falta harmonia entre os Poderes, sobra cacofonia no campo da oposição. A prisão preventiva de Jair Bolsonaro não destruiu sua influência, mas reduziu sua “sombra de futuro”. Mesmo inelegível e encarcerado, determina movimentos, arbitra candidaturas e condiciona estratégias. A escolha de Flávio Bolsonaro (RJ) como “candidato do PL” para 2026, anunciada na própria Superintendência da Polícia Federal, é o típico “dedazo” latino-americano, no qual o líder indica, sem consulta interna, seu herdeiro político. O gesto preserva seu espólio eleitoral na figura do seu primogênito, mas desarticula a direita do país. Os governadores Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Junior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS) mantêm suas pré-candidaturas e não aceitam a imposição familiar. Michelle Bolsonaro (PL), ao apoiar Flávio, tenta manter a unidade simbólica do clã Bolsonaro. Valdemar Costa Neto, preocupado com a sobrevivência do capital eleitoral do bolsonarismo, preferiria Michelle, mas já oficializou a candidatura de Flávio, para conter a evasão de parlamentares para outras legendas. A prisão de Bolsonaro encurtou o horizonte da cooperação entre os pré-candidatos. Governadores e parlamentares já se perguntavam se valia a pena manter a espera pela bênção do líder encarcerado. O establishment da direita começava a compor seus próprios enredos. O “viver e deixar viver” que mantinha o equilíbrio entre os oposicionistas acabou. Tarcísio de Freitas é a grande esfinge desse tabuleiro. Sua própria “sombra de futuro” ameaçava o frágil pacto da oposição: se for candidato, pode frustrar o projeto da família Bolsonaro por uma década; se não for, nada arrisca, mantém-se como governante forte de São Paulo, mirando 2030. Flávio não tem a obsessão do pai, cumpre uma tarefa; Tarcísio é mais ambicioso. Somente quando terminar o prazo para desincompatibilização dos cargos públicos saberemos se a candidatura do primogênito de Bolsonaro é para valer ou apenas uma cortina de fumaça para tirar Tarcísio do sereno e transformá-lo em “tertius” da oposição. Lula enfrenta seu próprio teste de harmonia. O PT não consegue ou não quer ampliar suas alianças; o governo mantém uma queda de braços com Alcolumbre e perde capacidade de articulação na Câmara; também vê o STF tomar decisões que moldam o ambiente institucional; e ainda precisa administrar uma oposição que, mesmo dividida, carrega ainda o peso simbólico do bolsonarismo. Não há, na conjuntura política brasileira, quem faça o papel do diretor de harmonia. Poderes, partidos, governadores, base e oposição carnavalizam a política e se movimentam como se fossem o “bloco de sujos” da elite política do país. Primeiro Amor Primeiro (Visualizer) - Carlinhos Brown & Simone Carlinhos Brown e Simone 5 de dez. de 2025 Ouça "Primeiro Amor Primeiro" em todas plataformas: https://ingrv.es/PrimeiroAmorPrimeiro Ficha Técnica Visualizer Imagens: Dodô Villar e Fernando Cotrim Edição: Luan Ribeiro Direção: Dodô Villar Ficha Técnica Canção PRIMEIRO AMOR PRIMEIRO (Carlinhos Brown) Ed. Candyall Music (Warner Chappell) ISRC: BR CA6 25 00068 03:49 Intérpretes – Carlinhos Brown e Simone Baixo – Alex Ferreira Bateria – Miguel Freitas Guitarras – Jaguar Andrade Percussão – Carlinhos Brown Sax Tenor – Marcelus Leone Teclados e Programação – Thiago Pugas Trombone – Gilmar Chaves Trompete – Rudney Machado Viola – Laís Guimarães Violino – Felipe Vital e Mário Soares Violoncelo – Nilton Belmonte Vocais – Artemísia Carvalho, Dai Carvalho, Eddie Marocci e Tito Baiense Arranjos: Carlinhos Brown com colaboração dos músicos participantes. Arranjo de Cordas: Jaques Morelenbaum Produção Musical: Carlinhos Brown e Thiago Pugas Gravado no Estúdio Ilha Dos Sapos (Salvador / BA) em outubro de 2025. Assistente de Estúdio: Leninho e Rivas Engenheiro de gravação, Mixagem e Masterização: Thiago Pugas Foto e Capa – Dodô Villar Produção Executiva: Érica Medrado e Amanda Aguiar Coordenação Executiva: Flávio Dultra Música 1 músicas
domingo, 7 de dezembro de 2025 Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Grande política – pequena política) “Grande política (alta política) — pequena política (política do dia a dia, política parlamentar, de corredor, de intrigas). A grande política compreende as questões ligadas à fundação de novos Estados, à luta pela destruição, pela defesa, pela conservação de determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais. A pequena política compreende as questões parciais e cotidianas que se apresentam no interior de uma estrutura já estabelecida em decorrência de lutas pela predominância entre as diversas frações de uma mesma classe política. Portanto, é grande política tentar excluir a grande política do âmbito interno da vida estatal e reduzir tudo a pequena política (Giolitti, baixando o nível das lutas internas, fazia grande política; mas seus súcubos, objeto de grande política, faziam pequena política). Ao contrário, é coisa de diletantes pôr as questões de modo tal que cada elemento de pequena política deva necessariamente tornar-se questão de grande política, de reorganização radical do Estado. Os mesmos termos se apresentam na política internacional: 1) a grande política nas questões relacionadas com a estatura relativa de cada Estado nos confrontos recíprocos; 2) a pequena política nas questões diplomáticas que surgem no interior de um equilíbrio já constituído e que não tentam superar aquele equilíbrio para criar novas relações.” *Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do Cárcere, v.3. p.21. Civilização Brasileira, 2007.
Perfis do governo Lula são usados para pressionar o Congresso e atacar rivais Especialistas veem uso da publicidade oficial para mobilização política e não para informar; Secom diz cumprir Constituição e nega ataques ou críticas a adversários nas publicações BIANCA GOMES O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 7 DE DEZEMBRO DE 2025

sábado, 6 de dezembro de 2025

Literatura Brasileira – Cães, Gatos e Memória Familiar

📰 Reportagem – O Estado de S. Paulo
📄 Resumo da Reportagem “Latidos e Miados que Moram em Livros” A matéria publicada em O Estado de S. Paulo apresenta o trabalho de Rogério Ramos (1955–2024), pesquisador, editor e amante de literatura e animais. Filho de Ricardo Ramos e neto de Graciliano Ramos, Rogério cresceu cercado por livros, cães e gatos — paixões que o acompanharam por toda a vida. Durante décadas, ele reuniu contos, crônicas e trechos de obras brasileiras que retratam cães e gatos, resultando em duas antologias: Histórias de Cães da Literatura Brasileira Histórias de Gatos da Literatura Brasileira Essas coletâneas trazem textos de autores como Machado de Assis, Clarice Lispector, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles e, naturalmente, Graciliano Ramos, cujo capítulo “A Baleia”, de Vidas Secas, permanece um dos momentos mais marcantes de nossa literatura. A reportagem destaca que Rogério trabalhou nessas obras até seus últimos dias, transformando-as em um legado afetivo e cultural que une amor, memória familiar e literatura brasileira. 💌 Texto Para Enviar aos Filhos Junto com os Livros Queridos filhos, Compartilho com vocês esta bela reportagem que homenageia Rogério Ramos, um editor que dedicou sua vida a unir duas paixões profundas: os animais e a literatura brasileira. Filho de Ricardo Ramos e neto de Graciliano Ramos, Rogério reuniu, ao longo de muitos anos, histórias de cães e gatos presentes em textos de alguns dos maiores autores do país. Envio a vocês as duas antologias organizadas por ele: Histórias de Cães da Literatura Brasileira Histórias de Gatos da Literatura Brasileira Cada conto, crônica ou fragmento celebra a presença afetiva dos animais no imaginário dos escritores brasileiros. Estas obras também representam a continuidade de uma herança literária que marcou nossa cultura — especialmente simbolizada pela emocionante história da cadela Baleia, no clássico Vidas Secas. Que esses livros tragam a vocês a mesma combinação de ternura, sensibilidade e força que marcaram a vida e o trabalho de Rogério. Com carinho, (assine aqui, se desejar) 🐾 Complemento – O Capítulo “A Baleia”, de Vidas Secas Para enriquecer ainda mais a leitura, deixo também um conteúdo especial sobre um dos capítulos mais marcantes de Graciliano Ramos: “A Baleia”. Nesse trecho, a cachorra Baleia se torna símbolo de humanidade, afeição e resistência em meio à dureza da seca e da vida no sertão. Este capítulo é lembrado pela crítica como uma das mais fortes representações de empatia na literatura brasileira. 🎥 Vídeo Indicado – Análise do Capítulo “A Baleia” A Baleia – Vidas Secas: Análise Emocionante do Capítulo 📺 YouTube: https://youtu.be/FCRExEGPEVM O vídeo apresenta uma leitura sensível e aprofundada da cena final de Baleia, destacando sua importância estética, emocional e histórica dentro da obra de Graciliano Ramos. S

Adeus, Maria Candelária

Adeus, Maria Candelária “Falou tá falado! Como assim você não conhece o pedreiro Valdemar? Ou será que confunde com a imbatível Maria Candelária? — coisas do Brasil profundo, diria Wilson Batista.” 🎵 Maria Candelária — Blecaute Letra completa “No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos” O Judiciário mais forte do mundo Thaís Oyama — O Globo Sábado, 6 de dezembro de 2025
Alexandre de Moraes afirmou que “não há no mundo Poder Judiciário tão forte quanto o do Brasil”. A declaração, feita durante um evento recente, foi usada para justificar ataques sofridos pela instituição. Segundo ele, quanto mais forte o Judiciário, maiores os inimigos. Thaís Oyama discute o peso do adjetivo “forte”, historicamente associado a Estados centralizadores ou líderes autoritários, como Putin, Erdogan ou Orbán. Ela lembra que: O Judiciário brasileiro se tornou protagonista, muitas vezes ultrapassando limites de autocontenção. Moraes abriu precedentes: inquéritos de ofício, censura, prisões preventivas longas e decisões monocráticas expansivas. Gilmar Mendes reforça essa tendência ao restringir pedidos de impeachment de ministros. A justificativa recorrente — “defender a democracia” — normalizou excessos em nome de uma emergência que já passou. Oyama conclui: fingir surpresa agora é hipocrisia.
Roberto DaMatta — “No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos” O Estado de S. Paulo — 2 de dezembro de 2025 DaMatta analisa a dualidade cultural brasileira entre: Universalismo da lei Personalismo das relações Segundo ele, embora defendamos a “lei para todos”, aplicamo-la de forma desigual. O sistema jurídico: é complexo e repleto de tribunais e corregedorias; convive com o “jeitinho” e o particularismo; permite que juízes ajustem leis aos costumes das “casas-grandes e pequenas”; convive com corrupção e desperdício, apesar de altos salários e estrutura robusta. Resumo do argumento: O Brasil abraça a ideia de lei universal apenas pela metade, mantendo práticas sociais que contradizem a igualdade jurídica.
Moacyr Scliar Scliar relembra a marchinha Maria Candelária, de Blecaute, que caricaturava a funcionária pública preguiçosa que “trabalha de fazer dó”. O autor usa a música para discutir: estereótipos do funcionalismo público; a tênue fronteira entre público e privado no Brasil; os “cargos de confiança” e o paradoxo que criam; a injustiça de colocar todos os servidores sob o mesmo rótulo; o esforço real de trabalhadores da saúde pública. Ele defende: profissionalização do serviço público, carreira estruturada seleção transparente. E conclui com humor: Maria Candelária pode ir ao dentista e à modista — desde que financiada por um marido rico, não pelo serviço público. Cultura e Política: Genro, Assis Brasil e gestão cultural Scliar registra também: “Que Tarso Genro é um expoente da cultura brasileira e gaúcha, todo mundo sabia. Agora, ele confirma isso indicando Luiz Antonio de Assis Brasil como Secretário de Cultura.” Zero Hora — 26/10/2010
A Secretaria-Geral da Presidência: papel, história e ocupantes A Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR) possui status de ministério e presta assistência direta ao Presidente da República. Entre suas funções: Papel institucional Articulação com sociedade civil e movimentos sociais. Gestão administrativa, patrimonial e de pessoal da Presidência. Coordenação estratégica e publicações oficiais (Imprensa Nacional). Apoio na elaboração de mensagens ao Congresso e vetos presidenciais. Histórico Já foi fundida, desmembrada e reorganizada diversas vezes. Entre 2015 e 2016 integrou a Secretaria de Governo. No período Temer, foi recriada como pasta independente. Ocupantes Atual (2025): Guilherme Boulos, nomeado em outubro. Substituiu Márcio Macêdo. Listas completas podem ser consultadas em registros oficiais. De Bebianno a Boulos: dois momentos, dois governos Gustavo Bebianno — o “defenestrado” Ministro da Secretaria-Geral de Bolsonaro. Caiu em menos de dois meses. Envolvido no caso das “candidaturas-laranja” do PSL. Conflito direto com Carlos Bolsonaro precipitou sua saída. Guilherme Boulos — o articulado Líder social, deputado federal e figura central da esquerda. Nomeação estratégica de Lula para 2026. Visa fortalecer: movimentos sociais, articulação do governo, sua pré-candidatura à prefeitura de SP. Diferentemente de Bebianno, chega ao cargo sem crise. Interlúdio musical e cultural “Falou tá falado!” — Chico Buarque? “Não, Candelária, você não conhece o pedreiro Valdemar?” “Maria Candelária?” — Wilson Batista! Pedreiro Waldemar — Wilson Batista / Roberto Martins Você conhece o pedreiro Waldemar? De madrugada toma o trem da Circular. Faz tanta casa — e não tem casa pra morar. Constroi edifício que depois não pode entrar… Maria Candelária — Blecaute Maria Candelária, É alta funcionária, Saltou de paraquedas, Caiu na letra Ó. Começa ao meio dia… Às quatro assina o ponto e dá no pé. Que grande vigarista que ela é! Adeus, Maria Candelária Maria candelária "No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos"
sábado, 6 de dezembro de 2025 O Judiciário mais forte do mundo, por Thaís Oyama O Globo Faz tempo que ‘forte’ deixou de ser adjetivo inocente. Passou a servir de aposto a políticos como Trump, Putin, Orbán, Erdogan Alexandre de Moraes disse que “não há no mundo Poder Judiciário tão forte quanto o do Brasil”. O devaneio napoleônico do ministro do STF foi proclamado em evento nesta semana para explicar à plateia por que motivo o Judiciário sofre ataques contínuos de seus “inimigos”. É, segundo Moraes, uma reação proporcional à grandeza da instituição — que ele poderia ter enaltecido como “atuante", “independente”, “inquebrantável” ou outra dezena de adjetivos de que seu vasto vocabulário de juiz certamente dispõe. Preferiu dizer que é porque o Judiciário brasileiro é “forte” — segundo ele, o mais forte das galáxias. Faz tempo que “forte” deixou de ser um adjetivo inocente. Na tradição da ciência política que fala em “Estados fortes” e “Estados fracos”, os Estados Unidos da Guerra Fria eram o modelo de Estado fraco, por ser descentralizado e baseado no sistema de freios e contrapesos. O Estado forte por excelência era a União Soviética: centralizado, opaco, autoritário. Mais recentemente, o mesmo adjetivo passou a servir de aposto a políticos como Donald Trump, Vladimir Putin, Viktor Orbán e Recep Erdogan, salvadores da pátria dados a ostentação de virilidade, concentração de poder e variados graus de desdém pelas instituições — integrantes da casta dos “strongmen”, ou “homens fortes”. Como o Estado comunista e os líderes de inclinação iliberal, o Judiciário brasileiro é forte. Não fosse assim, o decano da Corte e aliado de Moraes, Gilmar Mendes, não se sentiria à vontade para usar de uma prerrogativa do Legislativo e tomar a decisão monocrática que dificulta o impeachment de ministros do STF, entre outras medidas, reduzindo a um único indivíduo o total de autorizados a pedir a abertura do processo — sendo esse único indivíduo o procurador-geral da República, hoje seu amigo e ex-sócio Paulo Gonet. Tão acintosa foi a decisão do decano que fez erguer um coro inaudito de protestos — acordou até os mortos. Mas, se acintosa, de inédita não teve nada. Foi Moraes quem abriu a picada — e não com um único golpe de facão. Quando, em 2019, passou a presidir um inquérito aberto de ofício — que criou a bizarra figura do ministro investigador, julgador e vítima potencial —, muita gente se calou porque os alvos eram os desprezíveis bolsonaristas, e o inquérito era um “instrumento excepcional de autodefesa da democracia”, segundo o então ministro Luís Roberto Barroso. Quando, no mesmo ano, Moraes censurou os sites da revista Crusoé e O Antagonista, por causa de uma menção ao colega Dias Toffoli feita pelo delator Marcelo Odebrecht, pouca gente protestou porque os atingidos eram veículos identificados com o lavajatismo e o antipetismo. Condescendência semelhante recepcionou diversas outras decisões de Moraes que se convencionou chamar de “controversas”, como mandados de busca e apreensão contra empresários por conversas — privadas — no WhatsApp; detenções em massa; longas prisões preventivas; e penas desproporcionais para os réus do 8 de Janeiro. A lista é longa, e a justificativa para ignorá-la era sempre a mesma: é preciso defender a democracia da ameaça bolsonarista. Passado o período excepcional, o STF deverá exercitar a tal “autocontenção”. Pois o período excepcional passou, Bolsonaro et caterva estão presos, e o decano do Supremo desafia o Legislativo à luz do dia a fim de blindar a si e a colegas da ameaça de impeachment — mais uma “excepcionalidade” com que o plenário da Corte deverá assentir no dia 12. — Nossa, estou chocado. Tem jogo nesse lugar! — disse o Capitão Renault, no filme “Casablanca”, ao simular perplexidade diante da “descoberta” de que havia jogatina no estabelecimento de que ele próprio era habitué. Sim, não é de hoje que tem algo de errado nesse lugar, e esse lugar é agora o Judiciário “mais forte do mundo”, segundo Moraes. Fingir surpresa, a esta altura, é hipocrisia.
Em resumo, DaMatta aponta uma falha estrutural na justiça brasileira, onde a lei universal não é aplicada de forma isonômica para todos, refletindo a persistência de um sistema desigual. According to Roberto DaMatta in the Estadão, the article "No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos" published on December 2, 2025, summarizes the Brazilian cultural duality between the universalism of law and the personalism of social relations. You can read the full article at Estadão.
Moacyr Scliar Numa época, fez grande sucesso no Brasil a marchinha carnavalesca, do compositor Blecaute, que falava de uma certa Maria Candelária. Quem era? “É alta funcionária”, informava a letra, acrescentando que Maria Candelária tinha entrado no serviço público “de paraquedas”, ou seja, por algum favor político. A seguir, entrava em detalhes sobre a atividade da Maria Candelária, que “trabalhava de fazer dó”. O expediente começava ao meio-dia; à uma da tarde Maria Candelária ia ao dentista, às duas, ia ao café, às três à modista; às quatro assinava o ponto e dava no pé. Concluía Blecaute: “Que grande vigarista que ela é”. A popularidade da música é explicável: corresponde à imagem que, desde há muito tempo, os brasileiros têm do funcionalismo público, uma imagem que vale a pena lembrar às vésperas do 28 de outubro, Dia do Funcionário Público, uma data instituída em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas. A imagem é exatamente esta: de uma pessoa que conseguiu uma boquinha, que é bem paga com dinheiro público, mas que não faz nada. Um estereótipo, que, como todos os estereótipos, é uma mistura de observação da realidade com preconceito puro e simples. Não há dúvida de que no Brasil a fronteira entre público e privado sempre foi tênue, algo que nos lembra as capitanias hereditárias. Não são poucos os políticos que tratam a administração como se fosse propriedade deles. A desculpa para isso está sintetizada na famosa expressão cargos de confiança, vagas que são preenchidas pela simples indicação do titular de uma pasta ou de alguém a ele ligado. É claro que, muitas vezes, esta é a solução para a falta de pessoal que é crônica no serviço público brasileiro; não são poucos os técnicos experientes que, à falta de um dispositivo melhor, foram recrutados dessa maneira. Mas vejam o paradoxo da própria expressão: se existem cargos de confiança, o que são os outros? Cargos de desconfiança? Desta maneira, introduz-se uma cisão na esfera pública, entre as lampeiras Marias Candelárias e o resto. Que, aos olhos de muitos, acabam sendo incluídos no rótulo geral da vagabundagem. Tremenda injustiça. Ao menos na área em que por muitos anos trabalhei, a saúde pública, isso não era verdade. Vi gente labutando arduamente em postos de saúde, em hospitais, em campanhas de vacinação, ganhando salários ínfimos, lutando contra a falta de recursos. Era gente que acreditava no que fazia, que transformava a saúde da população em uma verdadeira causa. Alguns dirão que se trata de casos excepcionais, que trabalho de verdade só na área privada. De novo, isso não corresponde à realidade. Temos empresas públicas que, sob qualquer critério de mercado, são bem-sucedidas e que atraem inclusive investidores estrangeiros. Esta discussão é importante, porque estamos às vésperas de uma troca de governo. A nova administração certamente manterá o rumo geral da economia, mas terá de fazer reformas diversas: a tributária e outras. Seria muito importante que a reforma do serviço público fosse incluída nesse rol. A palavra-chave aí é profissionalização. E profissionalização se consegue mediante um processo de seleção transparente e rigoroso e mediante uma carreira que envolva estímulos para o aperfeiçoamento pessoal. Quanto à Maria Candelária, ela pode continuar indo ao dentista (saúde oral é coisa importante), ao café, à modista, mas de preferência financiada por um marido rico. No Brasil que os brasileiros querem, não há lugar para Marias Candelárias no serviço público. Que Tarso Genro é um expoente da cultura brasileira e gaúcha, todo mundo sabia. Agora, ele acaba de confirmá-lo,com a indicação de Luiz Antonio de Assis Brasil para Secretário de Cultura. Grande nome, antecipando uma grande gestão. Zero Hora (RS), 26/10/2010
A frase "No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos" é o título de um artigo do antropólogo Roberto DaMatta publicado no jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) em 2 de dezembro de 2025, na coluna "Cultura", onde ele critica a aplicação desigual da justiça no Brasil, destacando como o sistema jurídico muitas vezes cede a preferências relacionais e "jeitinhos", criando um carnaval de instituições que tentam, mas falham, em garantir a igualdade universal perante a lei, apesar da existência de muitos tribunais. Pontos-chave do artigo: Ideal vs. Realidade: O Brasil tem o ideal da lei para todos, mas na prática a abraça "pela metade", com um sistema complexo que permite ajustes e exceções. Sistema Jurídico Complexo: A profusão de tribunais e corregedores (vigilantes dos vigilantes) demonstra a resistência em aplicar a igualdade de forma plena e universal. "Jeitinho" e Particularismo: Juízes, com apoio político, ajustam as leis aos costumes das "casas-grandes e pequenas", priorizando o particular sobre o universal. Persistência de Problemas: A corrupção e o desperdício persistem porque o Judiciário, mesmo com altos salários, permite a neutralização das normas legais em favor de interesses específicos. Roberto DaMatta No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos O campo político oscila entre dois projetos: o de programar o País e o de garantir o seu comando permanente Roberto DaMatta No Brasil, abraçamos pela metade o ideal da lei para todos O campo político oscila entre dois projetos: o de programar o País e o de garantir o seu comando permanente SECRETARIA GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PAPEL INSTITUCIONAL, HISTÓRICO E OCUPANTES DO POSTO A Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR) é um órgão com status de ministério que assiste diretamente o Presidente da República em suas funções, atuando como o principal canal de interlocução do governo federal com a sociedade civil e os movimentos sociais. Papel Institucional e Funcional O papel institucional da Secretaria-Geral evoluiu ao longo dos anos, mas suas competências centrais geralmente envolvem: Articulação Social e Participação Popular: É responsável por coordenar as relações políticas entre o Governo Federal e os diversos segmentos da sociedade civil, promovendo a participação popular na elaboração de políticas públicas e monitorando instrumentos de consulta. Gestão Interna da Presidência: Supervisiona e coordena atividades administrativas, gestão de pessoas, patrimonial e de suprimentos de bens e serviços no âmbito da Presidência da República, além de ser responsável pela Imprensa Nacional e pela publicação e preservação dos atos oficiais. Apoio ao Presidente: Funciona como um órgão de apoio direto ao chefe do Poder Executivo, auxiliando na gestão estratégica e administrativa da Presidência, embora suas atribuições específicas possam ser ajustadas por decretos a cada governo. Evolução Histórica Historicamente, a SGPR teve suas atribuições alteradas e, por vezes, foi fundida ou desmembrada de outras pastas. Em 2015, por exemplo, a Secretaria-Geral foi incorporada à recém-criada Secretaria de Governo (SeGov), que também absorveu a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), a Secretaria da Micro e Pequena Empresa e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Durante o Governo Temer, a SGPR e o GSI foram recriados como pastas independentes. No atual governo, a estrutura da Presidência conta novamente com a Secretaria-Geral e a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) como ministérios separados, cabendo à SRI a articulação política com o Congresso Nacional, partidos e entes federativos, e à SGPR a interlocução com a sociedade civil. Ocupantes do Posto A lista de ministros que ocuparam o cargo de Secretário-Geral da Presidência da República é extensa e variou com as mudanças na estrutura ministerial. O atual ocupante do cargo de Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República é Guilherme Boulos, que tomou posse em outubro de 2025, substituindo Márcio Macêdo. O histórico completo dos ocupantes pode ser encontrado em fontes oficiais e acadêmicas sobre a estrutura do governo brasileiro. Para mais informações institucionais, você pode consultar o portal oficial da Secretaria-Geral na internet. A Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR) é um órgão com status de ministério que assiste diretamente o Presidente da República em suas funções, tendo seu papel e estrutura alterados significativamente ao longo da história. Papel Institucional e Competências O papel principal da SGPR é assistir o Presidente da República em funções cruciais de gestão e articulação. Suas competências incluem: Articulação política e relacionamento com a sociedade civil. Coordenação de políticas de governo e, em certos momentos históricos, o relacionamento com o Congresso Nacional e partidos políticos (embora essa função esteja mais frequentemente ligada à Secretaria de Relações Institucionais). Gestão administrativa interna da Presidência da República, incluindo planejamento estratégico institucional, gestão de pessoas e administração patrimonial. Coordenação de atividades de relações públicas e comunicação estratégica da Presidência (em coordenação com a Secretaria de Comunicação Social - Secom). Auxílio na elaboração de mensagens do Poder Executivo ao Congresso Nacional e proposições de vetos presidenciais. Contexto Histórico A estrutura e as atribuições da SGPR sofreram diversas modificações ao longo dos anos. O órgão já foi transformado em Secretaria de Governo da Presidência da República e depois recriado, o que demonstra a flexibilidade de suas funções em diferentes gestões presidenciais. Historicamente, o órgão serve como um pilar de apoio administrativo e de coordenação interna e externa para o funcionamento eficiente do Poder Executivo Federal. Ocupantes do Posto (Ministros-Chefes) O titular da Secretaria-Geral da Presidência da República tem o cargo de Ministro de Estado. Atual ocupante: O atual Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República é Guilherme Castro Boulos, que assumiu o cargo em outubro de 2025. Ocupantes anteriores recentes (Governo Lula): Antes de Boulos, o posto foi ocupado por Márcio Macêdo, que deixou o cargo em outubro de 2025. Para uma lista completa e detalhada de todos os ministros que ocuparam o posto ao longo da história, você pode consultar a Biblioteca da Presidência da República ou páginas oficiais que mantêm o histórico de gestão. DE BEBIANO DEFENESTRADO EM MENOS DE 2 MESES NO POSTO DE JAIR BOLSONARO A BOULOS ADESTRADO EM MENOS DE NÃO SE SABE QUANTOS MESES A PERMANECER NO POSTO DE LUIZ INÁCIO A comparação entre a rápida saída de Gustavo Bebianno do governo de Jair Bolsonaro e a nomeação de Guilherme Boulos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva reflete dinâmicas políticas e estruturas de poder distintas. Gustavo Bebianno: O "Defenestrado" de Bolsonaro Gustavo Bebianno foi um dos primeiros ministros anunciados por Jair Bolsonaro e uma figura central na campanha presidencial de 2018, atuando como coordenador e presidente interino do PSL. Ele assumiu a Secretaria-Geral da Presidência em 1º de janeiro de 2019. Sua "defenestração" (expressão popular para demissão sumária e em desgraça) ocorreu em menos de dois meses no cargo, em fevereiro de 2019, sendo o pivô da primeira grande crise do governo. A crise foi motivada por suspeitas de uso de candidaturas "laranja" pelo PSL durante as eleições, mas a situação escalou após desentendimentos públicos e troca de acusações com Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que o chamou de "mentiroso". A exoneração foi oficializada em 18 de fevereiro, em meio a um "festival de plantações na mídia" e acusações mútuas, evidenciando a influência direta da família do presidente nas decisões ministeriais. Guilherme Boulos: O Ministro de Lula Guilherme Boulos, por sua vez, é uma figura proeminente da esquerda brasileira, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), deputado federal pelo PSOL-SP e pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Ele foi anunciado por Lula em outubro de 2025 para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, substituindo Márcio Macêdo. Diferente do caso de Bebianno, a nomeação de Boulos faz parte de um movimento político deliberado: Articulação Política: A ida de Boulos para o ministério é vista como uma forma de fortalecer os laços do governo com os movimentos sociais e a base da esquerda, além de lhe conferir maior visibilidade e estrutura para sua campanha à prefeitura de São Paulo em 2026, com o apoio explícito do presidente Lula. Ausência de Crise Imediata: A posse de Boulos não ocorreu em meio a um escândalo ou desconfiança interna, mas sim como um rearranjo estratégico e planejado pelo governo. Perfil Diferente: Enquanto Bebianno era um advogado e figura de bastidor que ascendeu rapidamente a um posto de poder antes de cair em desgraça por conflitos internos, Boulos é um líder social e político com uma trajetória pública consolidada e uma base de apoio própria, que agora se integra formalmente ao núcleo do governo. Portanto, as duas situações são distintas. A saída de Bebianno foi abrupta e marcada por conflitos pessoais e suspeitas, enquanto a entrada de Boulos é um movimento calculado de articulação política e fortalecimento da base governista. - FALOU TÁ FALADO! - CHICO BUARQUE DE HOLANDA? - NÃO CANDELÁRIA, VOCÊ NÃO CONHECE O PEDREIRO VALDEMAR? - NÃO SERIA MARIA CANDELÁRIA? - WILSON BATISTA, OH XENTE! Pedreiro Waldemar Wilson Batista Voce conhece o pedreiro Waldemar? Não conhece? Mas eu vou lhe apresentar De madrugada toma o trem da Circular Faz tanta casa e não tem casa pra morar Leva marmita embrulhada no jornal Se tem almoço, nem sempre tem jantar O Waldemar que é mestre no oficio Constroi um edificio E depois não pode entrar Voce conhece o pedreiro Waldemar? Não conhece mas eu vou lhe apresentar De madrugada toma o trem da Circular Faz tanta casa e não tem casa pra morar Composição: Roberto Martins / Wilson Batista. Maria Candelaria Blecaute Maria candelaria É alta funcionaria Saltou de paraquedas Caiu na letra ó,ó,ó Começa aomeio dia Coitada da Maria Trabalha,trablha Trabalha de fazer dó Á uma vai ao dentista Ás duas vai ao café Ás tres vai a modista Ás quatro assina o ponto e da no pé Que grande vigarista que ela é

Trabalhemos também

Trabalhemos Também Vídeo Saigon Then & Now “Eu julgara que permaneceria apenas uma semana ausente de Saigon, mas decorreram quase três semanas antes que eu voltasse.” Dresden – Memória e Ruína
Dresden destruída
Dresden, vista parcial do centro destruído após a guerra, do outro lado do Rio Elba até o bairro de Neustadt. No centro, a praça Neumarkt e as ruínas da Frauenkirche. Fonte: Bundesarchiv.
“E dizendo: — Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões.” — (ATOS, 14.15) Em resumo, a frase expressa humildade e a distinção fundamental entre Criador e criatura. Reflexões de Emmanuel (Texto da 1ª edição – Capítulo 33) 1. O grito de Paulo e Barnabé ainda repercute entre os aprendizes fiéis. 2. A família cristã, muitas vezes, desejou perpetuar a ilusão dos habitantes de Listra. 3. Os missionários da Revelação não possuem privilégios perante o espírito de testemunho pessoal no serviço. 4. As realizações que julgamos “graça” ou “prerrogativa especial” exprimem apenas o esforço próprio para aprender e aplicar com Jesus. 5. O Cristo não fundou um sistema de deuses e devotos; criou um organismo vivo de transformação espiritual destinado a todos os corações sedentos de luz. 6. No Evangelho, vemos Madalena em enganos, Paulo perseguindo, Pedro negando, Marcos hesitando — e todos eles se transformando. 7. O Cristianismo é fonte bendita de restauração da alma para Deus. 8. Muitos aprendizes caem na idolatria dos expoentes da fé, esquecendo que o Pai oferece a todos a energia necessária à vitória. 9. Devemos amor e respeito aos grandes vultos, mas não esquecer que evoluíram das fraquezas humanas para os dons celestiais. Emmanuel Pão Nosso – Capítulo 33: Trabalhemos Também Pão Nosso #033 – Trabalhemos Também NEPE Paulo de Tarso – Estudo com Artur Valadares. Transmitido em 14/06/2022.
Eurípedes – O Homem e a Missão O livro Eurípedes, o Homem e a Missão narra sua trajetória espiritual. O panfleto “Accordo e Synthese da polemica religiosa catholico-espirita” é um documento histórico de sua defesa pública da fé espírita. Caridade Material e Caridade Moral 9. — Irmã Rosália (Paris, 1860) Trecho clássico sobre a caridade: A caridade moral é “suportarem-se as criaturas umas às outras”. Calar-se diante do tolo, ser surdo ao sarcasmo, não ver o desdém — isso é caridade. Ajudar sem repelir, sem humilhar. “Quando repelirdes um pobre, talvez afasteis um espírito querido que agora se encontra em posição inferior.” 10. — Um Espírito Protetor (Lião, 1860) A caridade se faz por pensamentos, palavras e ações. Uma prece sincera, um conselho, uma palavra às crianças — tudo é caridade. Deus nos vê como vemos os grãos de areia de uma montanha. “Amai-vos uns aos outros”: eis a bandeira do Cristo.
“Um gato que deseja se tornar um leão deve perder o apetite por ratos.” — Provérbio Africano A força interior bem usada é progresso certo. Renúncia e Grandeza – Reflexão Se um gato deseja tornar-se leão, não pode continuar buscando ratos. Grandes conquistas exigem abandonar velhos hábitos, medos e zonas de conforto. O leão não desperdiça energia em pequenas presas; ele sabe para o que nasceu. Assim também nós: para alcançar nossos sonhos, precisamos renunciar ao que nos mantém pequenos.
Aspectos Espirituais da Recusa ao Diálogo A atitude de rejeitar qualquer ponderação que não confirme crenças pessoais pode ser entendida como: Fanatismo religioso Ortodoxia rígida Arrogância espiritual Coração endurecido Miopia espiritual Falta de discernimento A espiritualidade saudável exige: humildade, mente aberta e compaixão. Saigon – Emílio Santiago Letra completa da canção “Saigon”, composta por Carlão, Paulo César Feital e Claudio Cartier. (Mantida integralmente conforme original.) Composição Carlão / Paulo César Feital / Claudio Cartier S Trabalhemos também Saigon Then & Now "Eu julgara que permaneceria apenas uma semana ausente de Saigon, mas decorreram quase três semanas antes que eu voltasse."
Dresden, vista parcial do centro da cidade destruído, do outro lado do Rio Elba, até o bairro de Neustadt. No centro da imagem, estão a praça Neumarkt e as ruínas da Frauenkirche – Fonte – Bundesarchiv.
“E dizendo: — Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões.” — (ATOS, 14.15) Em resumo, a frase expressa humildade e a ênfase na distinção fundamental entre o Criador e a criatura. 1 O grito de Paulo e Barnabé ainda repercute entre os aprendizes fiéis. 2 A família cristã muita vez há desejado perpetuar a ilusão dos habitantes de Listra. 3 Os missionários da Revelação não possuem privilégios ante o espírito de testemunho pessoal no serviço. 4 As realizações que poderíamos apontar por graça ou prerrogativa especial, nada mais exprimem senão o profundo esforço deles mesmos, no sentido de aprender e aplicar com Jesus. 5 O Cristo não fundou com a sua doutrina um sistema de deuses e devotos, separados entre si; criou vigoroso organismo de transformação espiritual para o bem supremo, destinado a todos os corações sedentos de luz, amor e verdade. 6 No Evangelho, vemos Madalena arrastando dolorosos enganos, Paulo perseguindo ideais salvadores, Pedro negando o Divino Amigo, Marcos em luta com as próprias hesitações; entretanto, ainda aí, contemplamos a filha de Magdala, renovada no caminho redentor, o grande perseguidor convertido em arauto da Boa Nova, o discípulo frágil conduzido à glória espiritual e o companheiro vacilante transformado em evangelista da Humanidade inteira. 7 O Cristianismo é fonte bendita de restauração da alma para Deus. 8 O mal de muitos aprendizes procede da idolatria a que se entregam, em derredor dos valorosos expoentes da fé viva, que aceitam no sacrifício a verdadeira fórmula de elevação; imaginam-nos em tronos de fantasia e rojam-se-lhes aos pés, sentindo-se confundidos, inaptos e miseráveis, esquecendo que o Pai concede a todos os filhos as energias necessárias à vitória. 9 Naturalmente, todos devemos amor e respeito aos grandes vultos do caminho cristão; todavia, por isto mesmo, não podemos olvidar que Paulo e Pedro, como tantos outros, saíram das fraquezas humanas para os dons celestiais e que o Planeta Terreno é uma escola de iluminação, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa missão. Emmanuel Texto extraído da 1ª edição desse livro. 33 Trabalhemos também Pão Nosso #033 - Trabalhemos também NEPE Paulo de Tarso | Evangelho e Espiritismo Transmitido ao vivo em 14 de jun. de 2022 Série de estudos, com Artur Valadares, da obra "Pão Nosso", de Emmanuel/Chico Xavier. Transcrição
"Eurípedes, o Homem e a Missão" é a biografia que narra a trajetória e o cumprimento de seus deveres, enquanto "Accordo e Synthese" é um documento específico que reflete um momento crucial dessa missão: a defesa pública de suas crenças e práticas. Você pode encontrar mais informações sobre a biografia na Estante Virtual. O Panfleto "Accordo e Synthese" Os termos "Accordo" e "Synthese" (grafia da época) referem-se especificamente a um panfleto intitulado "Accordo e Synthese da polemica religiosa catholico-espirita". Existem diferenças em importância da caridade moral e material? Jorge Elarrat A caridade material e a caridade moral 9. “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles.” Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava. Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso. Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!... Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos! Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se. A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de outrem é caridade moral. Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxílio. Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai. – Irmã Rosália. (Paris, 1860.) 10. Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho? Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia. Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos, dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome do Altíssimo: “Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora, sou feliz.” Aos velhos que vos disserem: “É inútil; estou no fim da minha jornada; morrerei como vivi”, dizei: “Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-vos dos obreiros da última hora.” Às crianças já viciadas pelas companhias de que se cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: “Deus vos vê, meus caros pequenos”, e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens. Também isso é caridade. Dizem, outros dentre vós: “Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos pode ver a todos.” Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. Às vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a e com freqüência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido. Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por divisa esta máxima do Cristo: “Amai-vos uns aos outros.” Observai esse preceito, reuni-vos todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação. – Um Espírito protetor. (Lião, 1860.)
Um gato que deseja se tornar um leão deve perder o apetite por ratos. Significado: Para alcançar grandeza, você deve abandonar velhos hábitos que impedem o seu progresso. — Provérbio Africano A força interior bem usada é progresso na certa. Tem um provérbio africano que diz? Se um gato deseja se tornar um leão, ele precisa abandonar o apetite por ratos. Esse provérbio africano nos ensina que a grandeza exige renúncia. Não se pode alcançar algo grandioso enquanto se está preso a hábitos pequenos. Muitas vezes, nos apegamos a velhos costumes, a comodidades que nos dão conforto momentâneo, mas que nos impedem de crescer. O leão não desperdiça sua força em pequenas presas, pois sabe que nasceu para algo maior. Se queremos conquistar nossos sonhos, precisamos abrir mão do que nos limita. O medo, a dúvida e a zona de conforto são os ratos que nos mantêm pequenos. Para sermos leões, devemos aprender a desejar algo maior, com coragem e visão.
ESPIRITUALMENTE A nível espiritual ou religioso, a atitude de recusar deliberadamente a ouvir ou enxergar ponderações que não validem as próprias crenças pode ser vista de várias maneiras, dependendo da tradição ou do sistema de crenças em questão. Algumas classificações espirituais ou conceituais incluem: Fanatismo Religioso: Talvez a classificação mais direta. O fanatismo é uma devoção cega, fervorosa e, muitas vezes, intolerante a uma causa ou crença religiosa. O fanático rejeita qualquer interpretação alternativa, crítica ou diálogo inter-religioso. Dogma e Ortodoxia Rígida: Em muitas religiões, existe uma "ortodoxia" (a crença correta) e "dogmas" (princípios inquestionáveis). Quando essa adesão se torna a recusa de qualquer iluminação ou revelação contínua, ou a recusa do amor e da compaixão em favor da "lei" ou da "doutrina", isso pode ser visto como uma falha espiritual. Arrogância Espiritual: Algumas tradições consideram essa atitude um tipo de orgulho espiritual ou arrogância. A pessoa acredita que detém a verdade absoluta e completa, fechando-se à humildade necessária para reconhecer que o conhecimento ou a compreensão da divindade/verdade pode ser limitado ou multifacetado. Coração Endurecido: Na tradição judaico-cristã, a expressão "coração endurecido" é frequentemente usada para descrever a recusa obstinada em responder à vontade de Deus, aos sinais ou à sabedoria, preferindo seguir o próprio caminho ou entendimento limitado. Miopia Espiritual: Uma incapacidade de ver além da própria experiência ou interpretação imediata, resultando em uma visão estreita da realidade espiritual ou da natureza da existência. Falta de Discernimento (em algumas correntes): Pode ser interpretado como a incapacidade de discernir a verdade ou a sabedoria que pode vir de fontes inesperadas ou diferentes daquelas que a pessoa já aceita. Em muitas filosofias espirituais ou religiosas, a humildade, a mente aberta e a compaixão (incluindo a compaixão pelo ponto de vista alheio, mesmo discordando dele) são vistas como virtudes essenciais. A atitude descrita seria, portanto, vista como um obstáculo ao crescimento espiritual, à iluminação ou à verdadeira comunhão com o próximo e com o divino. Saigon Emílio Santiago Tantas palavras, meias-palavras Nosso apartamento, um pedaço de Saigon Me disse adeus no espelho com baton Vai, minha estrela iluminando Toda essa cidade como um céu de luz néon Seu brilho silencia todo som As vezes você anda por ai Brinca de se entregar, sonha pra não dormir E quase sempre eu penso em te deixar E é só você chegar pra eu esquecer de mim Anoiteceu Olho pro céu e vejo como é bom Ter as estrelas na escuridão Espero você voltar pra Saigon Anoiteceu Olho pro céu e vejo como é bom Ter as estrelas na escuridão Espero você voltar pra Saigon Tantas palavras, meias-palavras Nosso apartamento, um pedaço de Saigon Me disse adeus no espelho com baton Vai, minha estrela iluminando Toda essa cidade como um céu de luz néon Seu brilho silencia todo som As vezes você anda por ai Brinca de se entregar, sonha pra não dormir E quase sempre eu penso em te deixar E é só você chegar pra eu esquecer de mim Anoiteceu Olho pro céu e vejo como é bom Ter as estrelas na escuridão Espero você voltar pra Saigon Anoiteceu Olho pro céu e vejo como é bom Ter as estrelas na escuridão Espero você voltar pra Saigon Composição: Carlão / Paulo César Feital / Claudio Cartier.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

No fim, o rio não muda; quem muda é quem o atravessa.

VERSÃO FORMATADA PARA PUBLICAÇÃO

O pensamento crítico emerge do deserto antes de alcançar a praça

Peter Hudleston propôs um sistema de classificação visual de dobras (Fig. 11.3).

Aspectos geométricos das dobras
Figura 1 — Aspectos geométricos das dobras (classificação visual de Hudleston).

Em rochas compostas por múltiplas camadas, as dobras podem repetir-se com forma similar na direção do traço axial (Fig. 11.2A-C). Essas dobras são denominadas harmônicas. Se as dobras diferirem em comprimento de onda ou forma ao longo do traço axial, ou se desaparecerem nessa direção, elas são consideradas dobras desarmônicas.

Dobra kink
Figura 2 — Exemplo de dobra kink, deformação abrupta em camadas rígidas.

Dobras de Classe

Há frases que funcionam como pequenas máquinas de desmontar mundos. O fragmento que me serve de ponto de partida — “Soçobrou. Só, sobrou. Consciência. Só, com, ciência. Mediando. Medi, ando. Trabalho com capital. Com capital trabalho.” — condensa, em poucas sílabas, a passagem de uma existência inteira.

Em “soçobrou”, vemos o naufrágio; em “só, sobrou”, vemos o sobrevivente. A consciência que aí desponta nasce, antes de tudo, no isolamento. O texto sabe disso, e por isso dobra a palavra: só, com, ciência. É a ciência que ilumina, mas também separa.

A seguir, surge a figura do mediador — mediando, medi, ando. Quem mede, anda; quem anda, perde o centro. A mediação é sempre um deslocamento: aproxima duas margens enquanto suspende o mediador no vão.

A dobra final é a mais contundente: trabalho com capital / com capital trabalho. A inversão sintática representa a inversão de classe. O antigo líder de trabalhadores, que outrora media para defender o labor frente ao capital, termina mediando do lado oposto, agora investido de um capital que o distancia de sua origem. Já não é trabalhador: é figura usada pelo que foi, adaptada ao que passou a ser.

Essa metamorfose — mais estrutural que moral — revela que a biografia política não se escreve em linha reta, mas em torções sucessivas. A linguagem expõe o destino: as palavras se dobram, o sujeito também. No fim, o rio não muda; quem muda é quem o atravessa.

E é justamente na economia extrema desse texto que se inscreve sua força: cada vírgula é uma fronteira, cada inversão uma biografia. Porque, no mundo contemporâneo, a vida com o capital já não é apenas condição de trabalho — é condição de classe, condição de linguagem, condição de travessia.

Vídeo — Reflexão visual sobre deformações, resistência e travessia.

Rochedo — Beth Carvalho

Letra completa disponível aqui

Está mais pra chorar do que sorrir
Está mais pra perder do que ganhar
Está mais pra sofrer que se alegrar
Está mais para lá do que pra cá

Amigo, esta vida não tá boa
O sufoco vem à proa
Desse barco que é a vida

E nessa briga da maré contra o rochedo
Sou marisco e tenho medo
De não ter uma saída

Composição de Noca da Portela / Zé do Maranhão

S O pensamento crítico emerge do deserto antes de alcançar a praça. Peter Hudleston propôs um sistema de classificação visual de dobras (Fig. 11.3).
Em rochas compostas por múltiplas camadas, as dobras podem repetir-se com forma similar na direção do traço axial (Fig. 11.2A-C). Essas dobras são denominadas harmônicas. Se as dobras diferirem em comprimento de onda ou forma ao longo do traço axial, ou se desaparecerem nessa direção, elas são consideradas dobras desarmônicas.
Dobras de Classe Há frases que funcionam como pequenas máquinas de desmontar mundos. O fragmento que me serve de ponto de partida — “Soçobrou. Só, sobrou. Consciência. Só, com, ciência. Mediando. Medi, ando. Trabalho com capital. Com capital trabalho.” — condensa, em poucas sílabas, a passagem de uma existência inteira. Em “soçobrou”, vemos o naufrágio; em “só, sobrou”, vemos o sobrevivente. A consciência que aí desponta nasce, antes de tudo, no isolamento. O texto sabe disso, e por isso dobra a palavra: só, com, ciência. É a ciência que ilumina, mas também separa. A seguir, surge a figura do mediador — mediando, medi, ando. Quem mede, anda; quem anda, perde o centro. A mediação é sempre um deslocamento: aproxima duas margens enquanto suspende o mediador no vão. A dobra final é a mais contundente: trabalho com capital / com capital trabalho. A inversão sintática representa a inversão de classe. O antigo líder de trabalhadores, que outrora media para defender o labor frente ao capital, termina mediando do lado oposto, agora investido de um capital que o distancia de sua origem. Já não é trabalhador: é figura usada pelo que foi, adaptada ao que passou a ser. Essa metamorfose — mais estrutural que moral — revela que a biografia política não se escreve em linha reta, mas em torções sucessivas. A linguagem expõe o destino: as palavras se dobram, o sujeito também. No fim, o rio não muda; quem muda é quem o atravessa. E é justamente na economia extrema desse texto que se inscreve sua força: cada vírgula é uma fronteira, cada inversão uma biografia. Porque, no mundo contemporâneo, a vida com o capital já não é apenas condição de trabalho — é condição de classe, condição de linguagem, condição de travessia. Rochedo Beth Carvalho Está mais pra chorar do que sorrir Está mais pra perder do que ganhar Está mais pra sofrer que se alegrar Está mais para lá do que pra cá Amigo, esta vida não tá boa O sufoco vem à proa Desse barco que é a vida E nessa briga da maré contra o rochedo Sou marisco e tenho medo De não ter uma saída Composição de Noca da Portela / Zé Do Maranhão

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Vai saber na contemporaneidade do tempo

"Requisitos necessários e suficientes para um juiz atender a um pedido liminar em uma ação de ADPF, em substituição à ADI, para cessar a recepção de leis elaboradas por outra constituição anterior à constituição em vigor." Três Apitos Aracy de Almeida Quando o apito da fábrica de tecidos Vem ferir os meus ouvidos Eu me lembro de você Mas você anda Sem dúvida bem zangada Ou está interessada Em fingir que não me vê Você que atende ao apito de uma chaminé de barro Porque não atende ao grito Tão aflito Da buzina do meu carro Você no inverno Sem meias vai pro trabalho Não faz fé no agasalho Nem no frio você crê Mas você é mesmo artigo que não se imita Quando a fábrica apita Faz reclame de você Nos meus olhos você lê Que eu sofro cruelmente Com ciúmes do gerente Impertinente Que dá ordens a você Sou do sereno poeta muito soturno Vou virar guarda-noturno E você sabe porque Mas você não sabe Que enquanto você faz pano Faço junto ao piano Estes versos pra você Composição: Noel Rosa.
A VOZ DA CENTRAL DO BRASIL Edição Especial – Por Zé do Trem, o maquinista, DJ e editor da SuperVia Preço: um tostão — o valor do coração O APITO QUE ECOOU DO TREM PRO BRASIL TODO Alô, minha gente trabalhadora, passageiro cansado, vendedor ambulante, quem tá correndo pro trabalho e quem tá voltando pra casa. Aqui quem fala é Zé do Trem, direto da plataforma — no bufar das máquinas, no chacoalhar dos trilhos, entre um embarque e outro. Presta atenção, que o apito hoje não é só de partida: é aviso. 1. LÁ DO SUPREMO VEIO UM APITO FORTE — E O SENADO SE ESTREMEU Enquanto você pega o trem lotado, lá na Praça dos Três Poderes teve confusão. Um ministro do Supremo deu uma decisão importante: agora, pra investigar ou tentar tirar um ministro de lá, só pode se alguém muito poderoso pedir — nada de cidadão comum. E, no Senado, a coisa ficou ainda mais difícil: só com apoio de quase todo mundo pra um processo andar. Resumo do maquinista: o Supremo apertou o freio e deixou mais difícil alguém mexer com ministro de toga. 2. AÍ O SENADO APITOU DE VOLTA O barulho lá ficou igual à barulheira da Central às seis da tarde. Senador não gostou. Político bufou. Futuro ministro gritou do outro lado: “Ei! Esse apito aí tá forte demais!” E assim começou o bate-volta — igual trem indo e vindo entre Central e Santa Cruz — um Poder apitando pro outro. 3. NO FUNDO, É BRIGA DE QUEM MEXE MAIS NO DESTINO DO PAÍS Você sabe como funciona: – no trem, quem manda é o maquinista; – na linha, é a sinalização; – na estação, é o agente; – e no país, deveria ser cada Poder no seu devido trilho. Mas parece que agora: o Supremo meteu locomotiva onde antes era trilho do Senado, o Senado reclamou do barulho, e a política virou estação lotada na hora do rush. 4. E A ADPF? — OU, COMO O PESSOAL DA LEI CHAMA O PROBLEMA Tem um instrumento lá na Justiça chamado ADPF. É pra dizer se uma lei antiga — antes da Constituição — ainda vale ou não vale. Quando é urgente, dá pra pedir liminar, tipo “para tudo que isso tá errado”. Pra dar essa liminar, o ministro olha duas coisas: Se o pedido faz sentido (fumus, palavra bonita pra “tem fumaça de razão”). Se deixar pra depois dá ruim (periculum, que é “perigo na demora”, igual perder o trem quando tá atrasado). Só que agora esse tipo de decisão virou coisa grande: tá mexendo com o destino do próprio Supremo. 5. O TRENZINHO CAIPIRAL SUPREMO E O PLANALTO DESCENDO A RAMPA Pensa na cena: O trenzinho caipiral supremo desce chiado, vertical, lá do alto do Judiciário. Lá embaixo, na planície horizontal da política, o pessoal escuta o apito e se assusta. O eco vai e volta: Ministro apitou. Futuro ministro reagiu. E a praça dos Poderes virou estação da Central às 18h10 — barulho, empurra-empurra e todo mundo querendo saber pra onde o trem vai. 6. E NÓS, PASSAGEIROS DO BRASIL, FICAMOS COMO? A verdade é simples, minha gente: Quem sobe no trem todo dia sabe que se cada peça não fizer seu papel, tudo descarrila. O mesmo vale pro país: – Se o Supremo apita demais, perde o tom. – Se o Senado quer empurrar o trem na mão, atrapalha o trilho. – Se ninguém conversa, o Brasil fica parado na sinalização com pane geral. E quem paga o preço? Nós. O povo. O passageiro. O que acorda cedo e chega tarde. 7. POR ISSO, O ZÉ DO TREM APITA JUNTO: Ô BRASIL, VAMOS ALINHAR ESSES TRILHOS! PODER NOSSO NÃO PODE VIRAR VAGÃO DESGOVERNADO! A gente merece um país que anda pra frente — e não um que fica patinando de estação em estação. 8. E ANTES DO TREM PARTIR… Fica o recado: Da plataforma da Central ao Planalto Central, do apito do maquinista ao apito do ministro, o que importa é manter o trem da democracia nos trilhos. Quem fala é Zé do Trem. E o apito tá dado.
Melodia Sentimental Heitor Villa-Lobos “Quando o apito da fábrica — ou do trem — bate no ouvido, é o Brasil que embarca na estação da memória.” Quem Sabe Paulinho da Viola Intro: B7/9 E7 C#m7 F#m7 B7/9 Dm6/9 A7+ E7 A7+ F#m7 D#o Sem nada E5+ A7+ F#m7 D#o Nem no peito qualquer mágoa E5+ Em7 A7 Em7 Sem rancor e sem saudade A7 D6 Venho agora te dizer adeus D#o E7 Quem sabe C#m7 A7 D7+ Não encontro pela madrugada Bm7 Uma esperança vaga C#m7 Nos olhos de alguém D7+ Que também despertou E7 A7+ A7 De um sonho igual ao meu D#m7/5- E7 Quem sabe C#m7 A7 D Retomando a velha estrada Bm7 Eu encontro em outros braços C#m7 B7 Aquela ternura que um dia perdi E7 A7+ Dentro dos olhos teus Bm7 E7 A7+ Toda ilusão se desfaz em mágoas Dm7 Mas eu não chorei G7 C7+ Quando nosso romance acabou F7/13 E7 Am É tão difícil a felicidade C F7/13 Mas eu me sinto à vontade Dm7/9 Bm7/9 E7/5+ Pra recomeçar no caminho do amor Composição: Paulinho da Viola. Requisitos para Liminar em ADPF Aproveitando o contexto jurídico do trecho, a concessão de medida liminar (cautelar) em ADPF exige a presença cumulativa de dois requisitos, conforme a Lei nº 9.882/1999 e a jurisprudência do STF: Fumus boni iuris (Fumaça do bom direito): Relevância do fundamento da controvérsia constitucional. Periculum in mora (Perigo na demora): Risco de dano irreparável ou de difícil reparação que a manutenção do ato impugnado possa causar até o julgamento final da ação. A ADPF é cabível inclusive para questionar leis ou atos normativos federais, estaduais ou municipais anteriores à Constituição de 1988 (o chamado controle de constitucionalidade de normas pré-constitucionais), desde que não haja outro meio eficaz de sanar a lesividade (princípio da subsidiariedade).
O que você vai encontrar neste conteúdo: A liminar é uma decisão provisória concedida por um juiz em situações de urgência, antes do julgamento final do mérito. Esse tipo de decisão visa proteger direitos que podem ser irreparavelmente prejudicados se não forem resguardados de imediato. A liminar pode ser concedida em diversas áreas do direito, como cível, trabalhista e administrativo. A parte que obtém a liminar deve comprovar a probabilidade do direito e o risco de dano irreparável ou de difícil reparação.
Requisitos necessários e suficientes: Para a concessão de uma medida liminar (cautelar) em uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que vise a não recepção de leis anteriores à Constituição em vigor, o juiz (ministro do STF) deve verificar a presença de dois requisitos essenciais, conforme a Lei nº 9.882/99 e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: Requisitos Necessários e Suficientes Os requisitos para a liminar na ADPF são os clássicos do direito processual, adaptados ao controle concentrado de constitucionalidade: Fumus boni iuris (Fumaça do bom direito): Trata-se da plausibilidade jurídica da tese de que a lei anterior não foi recepcionada pela nova Constituição. O requerente deve demonstrar, por meio de argumentação sólida e provas pré-constituídas, a alta probabilidade de que o ato normativo questionado é incompatível com os preceitos fundamentais da Constituição atual. A lei anterior não é declarada inconstitucional (pois era válida na sua época), mas sim considerada revogada ou inaplicável por incompatibilidade material com a ordem constitucional superveniente. Periculum in mora (Perigo na demora): Deve ser demonstrado o risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, que a manutenção da eficácia da lei antiga possa causar até o julgamento final da ADPF. Esse perigo justifica a necessidade de uma intervenção judicial imediata (medida cautelar) para evitar prejuízos irreparáveis aos preceitos fundamentais ou à segurança jurídica. Peculiaridades do Caso (ADPF em Substituição à ADI e Leis Anteriores) A escolha da ADPF para questionar leis anteriores à Constituição de 1988 é o caminho processual correto, pois o STF consolidou o entendimento de que a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) não é cabível para normas pré-constitucionais. Cabimento da ADPF: A Lei nº 9.882/99 estabelece que a ADPF é cabível para questionar a "controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição". Relevância da Matéria: Além do fumus e do periculum, a lei exige a "relevância do fundamento da controvérsia constitucional", o que reforça a necessidade de uma argumentação jurídica robusta que demonstre o conflito entre a lei antiga e a nova ordem constitucional. Em resumo, para o juiz conceder a liminar, ele precisa estar convencido da plausibilidade da não recepção da lei antiga e da urgência em suspender sua aplicação para evitar danos concretos e significativos.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025 O golpe do Supremo, por Malu Gaspar O Globo O Supremo Tribunal Federal resolveu dar dois mimos de fim de ano aos brasileiros. No primeiro, o ministro Gilmar Mendes suspendeu numa canetada a possibilidade de qualquer cidadão apresentar denúncia contra os ministros por crime de responsabilidade. O decano do STF decidiu ainda que só o procurador-geral da República pode fazer isso, e a votação mínima no Senado apenas para deixar o caso seguir passa a ser de dois terços, e não mais maioria simples. Na prática, o Supremo produziu sua própria PEC da blindagem, parecida com a que a Câmara tentou aprovar em setembro, rechaçada pelas ruas. Assim como os deputados tentando garantir que qualquer investigação sobre eles só pudesse ser aberta com aval da Câmara ou do Senado, Gilmar está com medo. As eleições de 2026 renovarão dois terços do Senado, e parte do STF anda assombrada com o esforço da direita para eleger o maior número de senadores e ter força para “impichá-los”. Ele mesmo escreveu, ao justificar sua liminar, que visa a proteger os ministros de “impeachments abusivos”, do risco de “processos baseados em discordâncias políticas” e da “propagação do arbítrio pela intimidação e retaliação política”. Noutra canetada, o ministro Dias Toffoli avocou para si todas as decisões relativas ao Banco Master, de Daniel Vorcaro, que já tinha sido solto no fim de semana. A partir de agora, nenhuma diligência pode ser feita sem autorização dele. Toffoli aceitou a alegação da defesa de que o Supremo é o foro competente para as investigações, já que a PF apreendeu a minuta de um contrato imobiliário entre Vorcaro e o deputado do PL João Carlos Bacelar, que tem foro privilegiado. O negócio não foi realizado e nada tem a ver com a falsificação de créditos que levou ao pagamento de R$ 12,2 bilhões ao Master pelo BRB, mas bastou para Toffoli tirar o processo da Justiça Federal e colocar a papelada em alto grau de sigilo. Na prática, a decisão fere de morte a apuração das responsabilidades sobre uma das maiores fraudes do sistema financeiro nacional, que lesou ao menos 1 milhão de investidores. Blinda Vorcaro e sua turma, mas também um pelotão de poderosos da política e do Judiciário com quem o banqueiro se gabava de manter relações próximas e bastante lucrativas — como o próprio Toffoli, no ano passado convidado VIP de um evento realizado em Londres com patrocínio do Master. Gilmar também estava lá com Alexandre de Moraes, cuja mulher, Viviane, é advogada do Master. Até hoje não se sabe quem pagou as despesas de nenhum deles. O texto constitucional diz que é prerrogativa do Senado julgar e processar os ministros do STF, mas para Gilmar isso representa intervenção de um Poder no outro. A Constituição também diz que é o Supremo quem investiga os parlamentares, mas contra esse dispositivo nunca vimos o ministro se insurgir. De acordo com nossa lei maior, não cabe ao tribunal legislar, mas foi exatamente o que ele fez ao derrubar artigos da Lei do Impeachment e ao criar outros sem passar pelo Congresso. A decisão de Gilmar completa um “liberou geral” iniciado há dois anos, quando os ministros se autoconcederam a permissão para julgar processos de escritórios em que seus parentes atuam. Ele e sua turma fingem ignorar que o fato de “legalizarem” uma imoralidade não a torna menos imoral. Há alguns anos, Gilmar mandou soltar um empresário cuja filha foi sua afilhada de casamento — Jacob Barata, preso por envolvimento com o cartel dos ônibus do Rio de Janeiro. No ano passado, concedeu um habeas corpus ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol, que tinha contrato de R$ 9,2 milhões com a faculdade administrada por seu filho. Toffoli, por sua vez, se manteve firme na esdrúxula decisão de suspender as multas do acordo de leniência da JBS, apesar de sua mulher ter advogado para a empresa naquele mesmo processo. E foi rápido ao tirar Vorcaro do aperto sem justificativa plausível. Ao justificar sua PEC da blindagem particular, Gilmar diz que o “impeachment infundado” de um ministro enfraquece o Estado de Direito, porque “mina a confiança pública nas próprias instituições que garantem a separação de Poderes e a limitação do Poder”. A limitação de poder é um pilar da democracia, e o que mina a confiança nas instituições é o escárnio com que elas tratam os cidadãos. Com suas decisões, Gilmar e Toffoli deixam claro que se consideram intocáveis e querem fazer crer que qualquer questionamento sobre suas condutas configura perseguição política. Um bolsonarista diria o mesmo sobre seu Mito. Mas isso, sabemos, é golpismo.
Duas perguntas sobre o protagonismo de Gilmar, por Maria Cristina Fernandes Valor Econômico Ministro corre o risco de devolver discurso a extremistas que rumavam para ficar sem assunto Duas perguntas sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes que restringe ao PGR a proposição de impeachment no Supremo Tribunal Federal e eleva o quórum de maioria simples para dois terços atravessaram o dia sem respostas: Por que agora? Por que em liminar? A ação foi impetrada pelo Solidariedade, partido presidido pelo deputado Paulinho da Força (SP). Um dos parlamentares com mais franco acesso ao decano do STF, Paulinho poderia ter apresentado esta ação ao longo de todo seu mandato, mas escolheu o 19 de setembro para fazê-lo. Onze dias depois, a ação era enviada para despacho do procurador-geral da República, que se manifestou há exatamente um mês. Incluído na pauta de julgamento na última terça-feira, ganhou liminar no dia seguinte. CONTINUAR LEITURA
Gilmar Mendes blinda ministros do Supremo e provoca forte reação do Congresso, por Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense O excesso de poder judicial tende a se intensificar e alimentar a insatisfação de setores do Congresso que veem no STF não apenas um árbitro, mas um protagonista político A decisão monocrática de Gilmar Mendes, que restringe à Procuradoria-Geral da República a legitimidade para apresentar denúncias por crimes de responsabilidade contra ministros do Supremo Tribunal Federal, não é um episódio isolado. Ela se inscreve numa longa trajetória de expansão da autoridade judicial sobre o sistema político. Esse fenômeno foi analisado pelo falecido sociólogo Luiz Werneck Vianna, que identificou, desde os anos 1990, a formação de um novo canal de organização política da sociedade no qual o Direito não apenas regula conflitos, mas ocupa, historicamente, funções que em outros países caberiam aos partidos, ao parlamento e à sociedade civil organizada. Em Corpo e alma da magistratura brasileira (1997) e A judicialização da política e das relações sociais no Brasil (1999), Werneck demonstrou que a Constituição de 1988 ampliou competências do Judiciário, criou direitos e estabeleceu mecanismos de controle que transferiram para as cortes superiores uma porção crescente da vida pública. O STF deixou de ser um intérprete final da Constituição para se tornar um ator político estruturante, responsável por arbitrar desde políticas públicas até conflitos federativos, temas morais e impasses institucionais. A decisão de Gilmar Mendes de ontem reforça essa tendência, que se aprofundou nas últimas décadas: o Judiciário decide sobre os limites de sua própria responsabilização e condiciona o funcionamento dos demais Poderes. O ministro atendeu ao pedido do procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, para quem a abertura indiscriminada de pedidos de impeachment contra ministros poderia se transformar em mecanismo de intimidação, gerar insegurança jurídica e constranger a independência dos juízes. Ou seja, monopolizou os pedidos. Sim, há uma preocupação real com a crescente hostilidade dirigida ao STF por grupos organizados, em especial após 2013, a Lava Jato e os episódios golpistas de 2022, que agora reverbera no Congresso. É anabolizada por deputados e senadores de oposição. Do ponto de vista institucional, porém, se a decisão reafirma a autoridade do Supremo como guardião da ordem constitucional, por outro lado, reinterpreta normas existentes e restringe mecanismos de accountability. A expressão em inglês, conceitualmente, vai além da responsabilidade, abrange a obrigação de prestar contas, agir com transparência e ser corresponsável por resultados. É por isso que a reação do Congresso foi imediata. Seu presidente, senador Davi Alcolumbre (União-AP), classificou a decisão como tentativa de “usurpar prerrogativas do Legislativo”, em colisão com o princípio da separação dos poderes. Senadores como Eduardo Braga (MDB-AM), aliado do governo, e Rogério Marinho (PL-RJ), líder de oposição, ampliaram as críticas e alertaram para o risco de crise institucional. A lei que permitia aos cidadãos e parlamentares denunciarem ministros é de 1950; por isso, a nova interpretação provocou o incômodo do Parlamento diante da reconfiguração do equilíbrio entre os Poderes, com decisões judiciais que se sobrepõem ao processo legislativo. Duas éticas Werneck Vianna antecipou esse tipo de conflito ao analisar a “despolitização da política”: o esvaziamento das instâncias tradicionais de deliberação e a migração contínua de demandas sociais para o campo judicial. Quanto mais frágil o sistema partidário e mais incapaz o Legislativo de formular consensos duráveis, maior o espaço aberto para o Judiciário assumir funções decisórias. Essa sobrecarga funcional gera, inevitavelmente, tensões. O que vemos agora é o Legislativo tentando recuperar um território que, na prática, cedeu ao Judiciário ao longo de mais de três décadas, por omissão em relação à legislação complementar à Constituição de 1988. O caso atual envolve o próprio STF. Ao exigir que apenas o procurador-geral da República possa denunciar ministros e ao elevar para dois terços o quórum de abertura de processo, a Corte endurece as barreiras contra iniciativas politicamente motivadas — mas também reforça a percepção de que age em defesa de si mesma. A legitimidade do Judiciário repousa, em boa medida, na sua capacidade de preservar o caráter republicano de suas decisões. Quando juízes parecem reinterpretar a lei para autoproteção, acabam por tensionar sua própria autoridade democrática. É o que estamos vendo. Na verdade, esse processo é ambivalente: a judicialização tem aspectos positivos, como a defesa de direitos e o controle de abusos, porém, produz assimetrias políticas que podem fragilizar a representação popular. No contexto de muitas decisões polêmicas, como a de impor sigilo absoluto ao caso do Banco Master, o que já era visto como excesso de poder judicial tende a se intensificar e alimentar a insatisfação de setores do Congresso que veem no STF não apenas um árbitro, mas um protagonista político, capaz de redefinir as regras do jogo político sem negociação interinstitucional. Polarização, impeachments, prisões de ex-presidentes e mobilizações antidemocráticas, a tensão entre os poderes é um caldeirão efervescente. Desnuda o conflito permanente entre as dimensões republicana (regras, controles, impessoalidade) e democrática (participação, representação) na política brasileira, entre a ética da responsabilidade e a ética das convicções, fricção permanente da democracia. CONTINUAR LEITURA
Gilmar Mendes impõe freio a impeachment de ministros e abre crise com Congresso</b> Por Vinicius Doria / Correio Braziliense Decano do STF concede liminar que torna mais difícil o impedimento de magistrados da Corte O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, decidiu de forma monocrática (individual) considerar inconstitucionais alguns pontos da Lei do Impeachment, de 1950, que regulamenta o afastamento de autoridades, incluindo ministros da Corte. No ponto mais polêmico, o magistrado considerou que apenas a Procuradoria-Geral da União (PGR) tem poder constitucional para apresentar denúncia contra ministros do STF por crime de responsabilidade. Um dos artigos da lei prevê que esse tipo de denúncia pode ser feito por "qualquer cidadão". A determinação de Gilmar Mendes também altera o quórum mínimo necessário para que o Senado — Casa responsável pelo julgamento de pedidos de impeachment — abra processo de afastamento de ministros. Pela decisão, que vale até o plenário do Supremo julgar o mérito da questão, o processo de impeachment de ministros, para ser aberto, precisa ser apreciado em sessão plenária com quórum mínimo de dois terços (54 dos 81 senadores), em vez de 50% mais um voto (41 senadores). No caso da abertura de processo, Gilmar também entende que — ao contrário de processo semelhante contra o presidente da República — ministros do STF não podem ser afastados do cargo enquanto a ação estiver em curso. De acordo com parecer da PGR, seguido por Gilmar, como os magistrados não têm substitutos, a ausência de um deles pode prejudicar a rotina de julgamentos da Corte. CONTINUAR LEITURA
Caminho sem volta, por William Waack O Estado de S. Paulo O Supremo Tribunal Federal está a caminho de capturar de vez a esfera da política Depois de se tornar mais uma instância política, o STF quer ser a única com a qual ninguém e nenhum Poder se mete. A Corte está chegando lá, com a liminar do ministro Gilmar Mendes alterando profundamente as regras de impeachment (portanto, controle) de ministros do Supremo – e o próprio equilíbrio entre os Poderes. O pano de fundo para essa decisão monocrática é uma visão pessimista da política e de seus participantes como algo tenebroso. Mesmo antes de Bolsonaro, os “iluminados” do STF já enxergavam o Legislativo como um covil de espertalhões (para dizer o mínimo) de todo tipo, com motivos nada republicanos atrás de cada demanda disfarçada de projeto político. Ainda mais no circo para apreciar uma escolha do presidente para uma vaga aberta na Corte. CONTINUAR LEITURA
O Supremo se blinda, por Carolina Brígido O Estado de S. Paulo O sistema de freios e contrapesos estabelece independência e autonomia para cada um dos Poderes atuar, mas com capacidade mútua de limitar eventuais excessos. Esse equilíbrio entrou em colapso ontem, quando Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reduziu a capacidade do Senado de abrir processo de impeachment contra ele mesmo e seus colegas. Um exemplo de como esse equilíbrio funciona: o STF vota a constitucionalidade de normas aprovadas pelo governo e pelo Congresso, podendo derrubá-las. Em contrapartida, os parlamentares detêm o poder de abrir processo de impeachment do presidente da República ou ministros da Corte. Na decisão, Mendes considerou que há trechos na Lei de Impeachment incompatíveis com a Constituição Federal. O ministro aumentou o quórum no Senado para a abertura de processo, declarou que apenas o procurador-geral da República pode entrar com a denúncia e estabeleceu que o mérito de decisões judiciais não pode ser considerado crime de responsabilidade. CONTINUAR LEITURA O Trenzinho do Caipira (Versão de Ferreira Gullar) Heitor Villa-Lobos Lá vai o trem com o menino Lá vai a vida a rodar Lá vai ciranda e destino Cidade e noite a girar Lá vai o trem sem destino Pro dia novo encontrar Correndo vai pela terra Vai pela serra, vai pelo mar Cantando pela serra, o luar Correndo entre as estrelas, a voar No ar No ar Lá vai o trem com o menino Lá vai a vida a rodar Lá vai ciranda e destino Cidade e noite a girar Lá vai o trem sem destino Pro dia novo encontrar Correndo vai pela terra Vai pela serra, vai pelo mar Cantando pela serra, o luar Correndo entre as estrelas, a voar No ar No ar No ar No ar No ar No ar Composição: Heitor Villa-Lobos / Ferreira Gullar.