segunda-feira, 7 de novembro de 2022

EM TERRA FIRME

"Errou no cochicho como nas falas." *** "Leiam com calma, sorvendo todas as palavras. E não esqueçam de aplaudir." *** *** "Errou na dose, errou no amor, Joana errou de João" *** "A dor da gente não sai no jornal"! Perfeito! *** Elizeth Cardoso - NOTÍCIA DE JORNAL - Haroldo Barbosa - Luiz Reis - Copacabana 6.254 - 05-06-1961 luciano hortencio 237 mil inscritos Compartilhar 6.380 visualizações 10 de mar. de 2017 Elizeth Cardoso - NOTÍCIA DE JORNAL - Haroldo Barbosa - Luiz Reis. Disco Copacabana 6.254. 05-06-1961. Disco constante do Arquivo Nirez. Coisas que o tempo levou. Tentou contra a existência num humilde barracão Joana de tal, por causa de um tal João Depois de medicada, retirou-se pro seu lar Aí a notícia carece de exatidão O lar não mais existe, ninguém volta ao que acabou Joana é mais uma mulata triste que errou Errou na dose, errou no amor, Joana errou de João Ninguém notou, ninguém morou na dor que era o seu mal A dor da gente não sai no jornal O lar não mais existe, ninguém volta ao que acabou Joana é mais uma mulata triste que errou Errou na dose, errou no amor, Joana errou de João Ninguém notou, ninguém morou na dor que era o seu mal A dor da gente não sai no jornal Compositores: Haroldo Barbosa / Luiz Abdenago Dos Reis https://www.youtube.com/watch?v=ytCukqe6C5Y *********************************************** *** Feliz do país que tem uma Jornalista do quilate de @dorritharazim , a quem agradeço por mais esse facho de luz intensa. Marcelo Lins @MarceloLins68 *********************************
*** Tweet Ver novos Tweets Conversa Sérgio Augusto @SergiusAugustus 12:57 PM · 6 de nov de 2022 ·Twitter for iPad ***
*** Dorrit Harazim Jornalista e documentarista *** País está de novo em terra firme A eleição de Lula devolve o Brasil ao convívio global e nos brinda com vozes públicas que falam em linguagem adulta 06/11/2022 00h05 Atualizado há um dia ***
*** Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva encontra apoiadores em São Paulo, após ter vitória decretadaPresidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva encontra apoiadores em São Paulo, após ter vitória decretada Caio Guatelli/AFP *** Aportamos. E o Brasil tem pressa — ao contrário do julgamento da História, que não concorre com o tempo para digerir e significar a vitória transformadora de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro. Com o final da férvida contagem de votos do domingo passado, e a despeito das barricadas golpistas que tentaram reverter o resultado pela força, o horizonte nacional e o ar que respiramos adquiriram leveza. A leveza da normalidade. Voltamos a pisar em terra bastante firme para poder aperfeiçoar a defesa do Estado Democrático, o que inclui conter uma das heranças mais malditas da era bolsonarista: os grupos radicalizados da extrema direita. Daqui para a frente deverão passar a operar de forma mais clandestina, mas sem desviar do manual de aliciamento via redes sociais copiado dos operadores golpistas de Donald Trump. Aposentadorias: saiba quanto Bolsonaro pode receber fora da Presidência O presidente derrotado quebrou seu silêncio negacionista de 44 horas após o anúncio oficial do resultado com um cochicho ao ouvido do seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira: Acervo: veja como foram outras transições de governo —Vão sentir falta da gente. Referia-se à mídia convocada ao Palácio do Alvorada para registrar a oblíqua admissão de que perdera — “injustamente”. Dois dias depois, fez uma segunda aparição pública pós-derrota, mais tíbia ainda. Vestia uma camiseta sombria que combinava com o ambiente bunker da transmissão. —Desobstruam as rodovias e não pensem mal de mim — disse, em voz mansa, meio perdidão, enquanto a criminosa obstrução das estradas nacionais continuava full gas. Errou no cochicho como nas falas. A mídia independente e profissional por certo não sentirá sua falta. E seus seguidores mais transtornados com a derrota — somados à ala miliciana da Polícia Rodoviária Federal que permitiu os bloqueios — haverão, sim, de “pensar mal” do líder encruado. Difícil não sentir orfandade súbita depois de anos ouvindo profecias sobre os três únicos cenários possíveis para o “mito” e mártir Jair Bolsonaro: ser preso, morto ou reeleito. — Só Deus me tira da cadeira presidencial — garantira ele. Não calculou que Deus poderia estar na força do voto popular e na confiabilidade das urnas eletrônicas, cuja velocidade de apuração foi crucial para impedir conspirações maiores. O capital político do capitão, turbinado ilegalmente a toque de caixa e com verba pública, revelou eficácia eleitoral: 58,2 milhões de brasileiros (49,1% do total) votaram nele, contra os 60,3 milhões (50,9%) que elegeram Lula. Pelas mesmas razões, entre o primeiro e o segundo turno, Bolsonaro conseguiu encurtar de 6,2 milhões de votos para 2,1 milhões a distância que o separou do vencedor. Fosse o capitão um ser menos corroído pela amoralidade, menos incivil e menos destrutivo, talvez conseguisse pensar no que fazer com esse capital desgarrado. De imediato, à sua espera, cresce a penca de questionamentos jurídicos, inquéritos no Supremo, TSE, Tribunal do Trabalho e tribunais de primeira instância que passarão a rondar sua estreia como cidadão brasileiro qualquer, sem o guarda-chuva da impunidade legal reservada a parlamentares e presidentes. Será uma assombração vitalícia, pois, como chefe da nação, aviltou todos os poderes a seu alcance — o eleitoral e o político, o econômico e o financeiro, o religioso e o institucional. Roubou o futuro de várias gerações de brasileiros. Fez do país um laboratório particular de autoritarismo primitivo e voraz, que se expandiria num sonhado segundo mandato. Acabou. A eleição de Lula devolve o Brasil ao convívio global e brinda o país com vozes públicas que falam em linguagem adulta e interessada. A normalização da política democrática parece um bálsamo. Mas Lula —o metalúrgico que inventou de querer ser presidente — quer mais. Sabe ser o único derrotado nas três primeiras tentativas, antes de vencer e se reeleger banhado em popularidade; o único que, ao longo de 580 dias de prisão inconstitucional, conseguiu manter vivo e pulsante o maior partido de esquerda das Américas; o único a reconquistar sua liberdade na Justiça. Agora, aos 77 anos, volta ao poder para um inédito terceiro mandato. Tem torcida mundial para começar a arrancar o país de seu racismo estrutural e de castas excludentes. Tem a chance de liderar a transição de uma sociedade e economia retrógradas para o mundo atual , de emergências gritantes. —O mundo estava com saudades do Brasil — disse em sua primeira fala como presidente eleito. Também o Brasil estava com saudades do Brasil que ainda está por existir. Talvez já esteja a caminho. Na quinta-feira, a estrelada ginasta brasileira Rebeca Andrade tirou nota máxima e sagrou-se campeã individual no Mundial 2022 em Liverpool. Na prova de solo, voltou a enfeitiçar juízes e espectadores apresentando-se ao som do funk paulista “Baile de favela”. —É para mostrar ao mundo do que o preto é capaz —explicava já na Olimpíada de Tóquio. — A música é a minha cara, não tem como negar. Vou representar todo mundo, preto, branco, pardo, todas as cores, verde, azul e amarelo. 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*** segunda-feira, 7 de novembro de 2022 Entrevista | Jairo Nicolau: ‘Olhando para hoje, nós viramos os Estados Unidos’ Por Rodrigo Carro / Valor Econômico Perfil não polarizador de Lula deverá auxiliar na distensão política, diz cientista político Jairo Nicolau O Brasil vive um momento de máxima semelhança com os Estados Unidos em termos de polarização política, mas - ao contrário da escalada de hostilidades entre democratas e republicanos - a tendência por aqui é de uma distensão ao longo dos próximos meses e anos do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A distensão pode se dar na medida em que Lula seja capaz de atrair o apoio de partidos fora do campo da centro-esquerda, inclusive aqueles que estiveram ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha eleitoral deste ano. O cenário - traçado pelo cientista político Jairo Nicolau, professor titular do FGV CPDOC - está sujeito à influência de uma miríade de fatores, como por exemplo o papel político que Bolsonaro assumirá após deixar o Palácio do Planalto, em janeiro. Nicolau destaca que não se confirmou o pior cenário possível previsto por analistas em caso de uma derrota de Bolsonaro por pequena margem. Não houve insurreição das polícias militares nem apoio das Forças Armadas a atos antidemocráticos, mas a direita brasileira saiu extremamente fortalecida das eleições de 2022. Mesmo assim, faltaria combustível para impulsionar a radicalização política, uma vez que partidos e governadores que apoiaram Bolsonaro - como Cláudio Castro, no Rio de Janeiro - já demonstraram disposição para negociar com o futuro governo. “Provavelmente não caminharemos para uma polarização à esquerda", sustenta Nicolau, numa referência ao que ocorreu nos Estados Unidos, onde os democratas elevaram o tom para se contrapor ao extremismo de Donald Trump e seus partidários. A seguir os principais pontos da entrevista ao Valor: Valor: Estas eleições tiveram alguma característica particular na comparação com as anteriores? Jairo Nicolau: Há, claro, diferenças porque há uma dimensão que acho que é mais importante que é a disputa no Sudeste. De todas as eleições, essa foi a que o Sudeste foi mais disputado. Vai deixar um empate do ponto de vista estatístico em Minas [Gerais], apesar de o Lula ter vencido por casas decimais. E foi uma eleição muito disputada em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa é uma característica dessa eleição: uma disputa pelo Sudeste, que tem quase metade do eleitorado brasileiro. E uma disputa nas cidades, pelo [eleitor] urbano. É coisa que não aconteceu em 2018, quando Bolsonaro foi hegemônico nas grandes cidades do Sudeste. Essa é uma característica importante em 2022, que distingue este ano de 2018. Sem contar outras dimensões que aprofundaram essa segmentação do voto. Valor: Quais? Nicolau: Por exemplo, Bolsonaro ganhou entre os pobres em 2018. Ele ganhou entre as pessoas de renda média, de renda alta. Ele ganhou entre os homens, entre as mulheres. [...] Agora, ele perdeu entre as mulheres, os pretos, os pobres. Ou seja, foi uma eleição também sociologicamente mais dividida. O Brasil se dividiu, eu acho, como em nenhuma outra eleição anteriormente. Matematicamente na urna, socialmente, territorialmente. É uma eleição que mostra uma fratura que se dá em diversas dimensões: sociológica, ideológica e territorial. Valor: Essa eleição foi a mais apertada desde a redemocratização do país. A polarização tende a produzir efeitos duradouros no comportamento do eleitor? Nicolau: Essa divisão que nós observamos não é de agora. É claro que as eleições assumiram um caráter diferente. [Temos] uma disputa de segundo turno que vem acontecendo regularmente há 20 anos. De 2002 para cá são cinco eleições, 20 anos, em que nós tivemos um pleito decidido em dez voltas [etapas] porque tivemos primeiro e segundo turno em todas as disputas. As primeiras disputas entre PSDB e PT e as últimas duas nas quais PSL e PL enfrentaram o PT. Mudaram os atores que disputam contra o PT mas também a natureza do voto de quem estava do outro lado [como antagonista] do PT foi mudando ao longo do tempo. Não temos uma constância no “voto azul”. Valor: O “voto azul”, em contraponto àquele no PT, mudou irremediavelmente? Nicolau: Para ser justo, devíamos trocar a cor. Talvez seja mais justo com o que aconteceu ao longo do tempo entender que o conflito com o PSDB era um conflito entre vermelhos e azuis e, agora, entre vermelhos e marrons [cor usada inicialmente por milícias nazistas], ou pretos [cor da ultradireita europeia]. É outra cor. O PSDB recebia o voto conservador e eventualmente até da direita, por inércia, por ela não ter candidatos nesse campo disputando voto, mas ele não era a expressão acabada da ultradireita, nem desse conservadorismo. [... ] O PSDB, como era uma bancada grande, tinha forças políticas mais progressistas e forças políticas mais conservadoras. A gente faz a continuidade no tempo porque era o adversário do PT, mas há uma diferença que não é de grau, é de gênero. Valor: A direita saiu fortalecida das eleições de 2022? Nicolau: A eleição mostra que uma parte do Brasil, metade do país, fez uma opção pela direita. E que uma parte dessa direita se mobiliza pelas redes, pelas ruas. Isso me parece, ainda que eu não goste de falar muito do futuro, que, se você colocar numa equação, é quase impossível pensar a política brasileira sem entender que o Congresso é dominado pela direita, que existe uma direita que perdeu na eleição presidencial, mas ganhou nas eleições legislativas no âmbito estadual, no Senado e em boa parte dos Estados importantes do Brasil, sobretudo no Rio, em São Paulo e em Minas. Isso mostra uma força de um campo político: domínio no Congresso. O tamanho da bancada do PP, do Republicanos e do PL, que chega aí a 36%. O tamanho dos partidos que apoiaram Bolsonaro, desse trio, tem mais de um terço da representação da Câmara. É uma potência, uma força. Isso porque estou ignorando esses outros partidos da direita não bolsonarista. [...] É incontornável hoje pensarmos o Brasil desconsiderando o tamanho da direita, do conservadorismo, com suas várias facetas. Essa faceta mais messiânica, que apareceu nessas manifestações, passando pelo lado do agronegócio, a expressão cultural deste mundo, a adesão dos sertanejos ao Bolsonaro. Valor: O futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá pela frente um mandato mais difícil que os anteriores? Nicolau: Tem um Brasil que é culturalmente e politicamente de direita e vai lidar de um jeito que não sabemos muito bem [qual é] com o Lula. Mas eu imagino que o Lula não vai ter a moleza que teve no primeiro governo, quando a oposição era o PSDB e o PFL, partidos com bancadas expressivas mas com uma forma de atuar da velha política, uma atuação basicamente parlamentar, de adiar uma votação, de fazer crítica no parlamento. Essa [a nova] é uma direita extraparlamentar e ainda há essa incógnita que é saber como Bolsonaro vai atuar politicamente. Ele, como pessoa física, o que faz? Tem capacidade de mobilização nas redes mas tem também capacidade de mobilização nas ruas. Ele leva as pessoas aonde vai, seja para andar de motocicleta, seja para acompanhá-lo em comícios. Ela vai querer continuar mantendo esse público ativado? Você não sabe, é uma incógnita. Valor: O senhor vê alguma semelhança entre a situação atual e a dos Estados Unidos, onde a derrota de Donald Trump em 2020 aprofundou a divisão entre democratas e republicanos e, também, na sociedade? Nicolau: Nesse momento talvez estejamos no ápice da similitude com o modelo americano. São dois campos, com uma divisão muito equilibrada. A disputa presidencial nos aproxima dos Estados Unidos, quando olhamos essa divisão. Mas há dimensões no sistema político brasileiro que nos afastam. Valor: Quais são essas dimensões? Nicolau: O Brasil é um país com poderes muito mais desconcentrados. Temos um número de partidos muito grande, o que desconcentra o poder. Temos o poder das eleições locais que são muito mais vibrantes que as eleições locais americanas. O papel do Supremo [Tribunal Federal] no processo político é mais contendente aqui do que nos Estados Unidos como um contrapoder, nem sempre indo na direção certa. Mas o Supremo esteve presente em várias das crises antes [das eleições]. [...] O Tribunal Superior Eleitoral teve uma boa presença no domingo (30) com a história das tentativas de bloqueio da Polícia Rodoviária Federal. E, depois, numa atitude firme e rápida no reconhecimento do Lula [como vencedor]. Temos uma estrutura política diferente da americana que eu acho que ajuda a distensionar. Mas, se olhamos hoje, estamos no ápice. Valor: Os partidos tendem a se rearranjar no próximo governo? Nicolau: A discussão dos próximos quatro anos, durante o governo Lula, é saber como que o sistema político lateral, ou seja, quem não é PT e nem bolsonarista, vai se reorganizar. [...] Não se trata só de olhar para o Bolsonaro, o bolsonarismo e para o PT. O sistema político brasileiro está em processo de mudança com as novas regras. Temos um Congresso muito mais compactado em termos partidários. A tendência é que isso se aprofunde ainda mais com fusões, com mudanças do quadro partidário nos próximos meses. E [é preciso] ver como esses partidos da direita não-bolsonarista e do centro vão se comportar em relação ao Governo Lula. Tudo indica que uma parte grande deve apoiar o Lula, o que ajuda a distensionar também. A direita brasileira não é só bolsonarista, ainda que uma parte tenha apoiado o Bolsonaro. Isso pode distensionar. Valor: De que forma isso pode se dar? Nicolau: O Lula, como figura pública, ajuda nisso porque ele não é um polarizador. Ele não se comporta como o Bolsonaro da esquerda, aprofundando a radicalização. Ele é o contrário. Faz todo o esforço para diminuir a radicalização, para diminuir a tensão. Essa característica do estilo do presidente provavelmente vai contribuir para um distensionamento desse cenário que nós vimos. Agora, olhando para hoje, nós viramos os Estados Unidos. Estamos no ápice dessa comparação com a América, com os Estados Unidos quebrado. Mas a minha impressão é de que isso tende a distensionar à medida que uma parte desses partidos que é da base bolsonarista [apoie Lula]. Nós sabemos como funciona o sistema, o processo decisório na Câmara, no Senado. Alguns deputados vão aderir, vão negociar, porque têm que levar dinheiro para os Estados. [...] Isso tende a ficar menos radicalizado, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos. Quando o Trump perde [em 2020], leva o Partido Republicano mais para a direita, vai para a eleição de mid-term [para o Congresso] com uma agenda aprofundando esta posição. E, do outro lado, os liberais também. Os democratas não fazem um movimento para o centro. Eles vão radicalizando na pauta. E lá a divisão tem um componente que nós não temos aqui, que é o urbano, o cosmopolita contra o interior, a pequena cidade. A divisão no Brasil não tem esse caráter. Tem outras [divisões], mas essa, não. Valor: Em qual horizonte de tempo pode ocorrer o distensionamento? Seria um movimento de médio prazo? Nicolau: Temos um Brasil partido, mas hoje, nesse momento, é a minha opinião... É só “feeling”. [...] O meu sentimento, conhecendo um pouco o sistema político brasileiro, as negociações em curso, a natureza de comando do Lula, é que provavelmente nós não caminharemos para uma polarização à esquerda em contraponto à direita. Pelo contrário, devemos ter um distensionamento, uma desamericanização, nos próximos meses, anos. Não estou dizendo que a ultradireita não vai continuar tocando o seu realejo. Que [ela] toque, é assim [mesmo]. Não há o que fazer com isso ou com o que o Bolsonaro vai fazer. Não sei o que ele vai fazer. Agora, acredito que de uma direita democrática para lá, a tendência é voltar o jogo parlamentar, o jogo eleitoral anterior a 2015, que imperou até o último e o penúltimo ano da Dilma. Ninguém aguenta mais, está todo mundo exausto. Não dá para continuar nesse grau de mobilização. Valor: Por quê? Nicolau: Não é a forma dominante de fazer política no Brasil. O Brasil não é um país cujo processo decisório se dê por radicalização. Não foi assim na Constituinte, não foi assim nos governos do Fernando Henrique, nem do Lula e nem numa parte significativa do governo Dilma. Mas isso foi acirrado a partir dos conflitos de 2015 [os protestos pelo impeachment da presidente] para cá. [...] [Esse modus operandi] vai quebrar, vai ser interrompido [com a migração] para um território de maior moderação independentemente dos derrotados de domingo. Valor: A inconformidade de parte do eleitorado que votou em Bolsonaro e se engajou em atos antidemocráticos não tende alimentar a polarização no médio prazo? Nicolau: O que eu vejo sobre o presente é que realmente há dimensões de ativação de um eleitorado bolsonarista que ficaram muito evidentes. Por exemplo, o mundo religioso, basicamente de corte evangélico, tem sua justificativa [para a derrota]. Tenho lido algumas mensagens de pastores muito indignados... Não vou dizer indignados com Deus, porque eles sempre encontram uma passagem bíblica [para justificar o ocorrido]. E a que eu vi é que Deus está testando, como em passagens bíblica do Antigo Testamento em que Deus testa os povos, testa a paciência de Jó. Deus estaria testando a paciência do povo ao trazer Lula de volta. Há passagens bíblicas circulando nessa direção, mas eu vejo uma ativação no mundo religioso, nesses movimentos, que mostra que uma parte do Brasil de direita, não vou dizer indignada, não está aceitando. No fim das contas, se somarmos todo mundo que foi nessas manifestações dá um número mínimo. Nós superestimamos porque ela [a movimentação] existe, [porque] alguém continue na rua, pedindo intervenção mesmo depois de uma derrota. Ou inventando histórias incríveis, teorias da conspiração, para explicar a derrota. Isso é o que menos preocupa para mim. Mas há uma ativação política. Há um Brasil de direita que não existia, que perdeu a eleição por pouco, e que mostra uma capacidade de mobilização, nesses dias, grande. Não imagino que isso persista no tempo. Até porque não faz sentido você ficar meses, quando Bolsonaro já tiver saído do poder, daqui a algumas semanas, [...] você continuar dizendo que não aceita o resultado. Isso daí tem uma durabilidade. Valor: Os protestos motivados pelo resultado do segundo turno não podem se desdobrar em novos atos antidemocráticos? Nicolau: Tenho muita dificuldade, cada vez mais, de falar sobre o futuro no Brasil. Porque todo mundo que falou sobre futuro, quando ele chegou, errou muito. Para dar um exemplo da eleição propriamente dita: havia uma visão catastrofista sobre o que aconteceria caso a eleição fosse ganha por uma pequena margem. Se você perguntasse em maio deste ano, todo mundo faria um prognóstico sobre o futuro que seria assim: se o Bolsonaro perder, ele não vai reconhecer o resultado, vai dizer que o resultado foi roubado. Ele disse em 2018, quando ganhou, por que não iria repetir em 2022? Ele falava das urnas. Parou de falar recentemente. O Congresso votou e rejeitou a aprovação do voto impresso. Ele fez em muitas “lives”, em muitos discursos uma campanha [contra a urna eletrônica] e chegou a dizer que não reconheceria o resultado. Havia uma outra versão que dizia que dificilmente as polícias, as milícias, os setores armados que apoiam Bolsonaro aceitariam a derrota e teríamos motins, rebeliões no domingo, logo após a derrota. [...] A versão que efetivamente aconteceu foi muito diferente disso. Ou seja, Bolsonaro perdeu, não reagiu imediatamente, não houve reação nenhuma das forças militares. Apareceram evidências de protestos, alguns pacíficos, alguns revelando uma extrema-direita no Brasil, outros com contorno quase religioso, apareceram tentativas de protestar fechando estradas Mas isso não era o que se imaginava. O que se imaginava era um cenário muito mais negativo. Então, tenho muita prudência de falar do futuro porque a probabilidade de errarmos é muito grande. O que Bolsonaro vai fazer da vida? Não sabemos. Vai para o Rio? Vai morar em São Paulo? Vai correr o Brasil? Vai ativar as bases [políticas]? Vai fazer “lives”, motociatas? Os partidos bolsonaristas, uma parte deles vai aderir ao Lula? A gente entra num grau de especulação gigantesco sobre o futuro. Então eu prefiro falar sobre o presente. ************************************************************
*** Eliane Cantanhêde – Das bravatas à normalidade O Estado de S. Paulo O Brasil vai voltando ao normal, só falta os golpistas entenderem que fazem papel de bobos ***
*** “…Uma berinjela a preço justo e troco certo para quem for capaz, e puder, vazar quem vazou a vaza jato…”Comentário ao Comentário do artigo em tela 📺! https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/11/eliane-cantanhede-das-bravatas.html *********************************************************************************
*** Elio Gaspari - Cenas de uma crise natimorta O Globo https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/11/elio-gaspari-cenas-de-uma-crise.html ****************************************************************************** *** Delfim Netto fala de Guedes, Bolsonaro, situação econômica e Lula | UOL Entrevista (28/09/2021) UOL Compartilhar 75.018 visualizações Transmitido ao vivo em 28 de set. de 2021 O UOL Entrevista desta terça-feira (28) recebe o economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto para falar sobre a situação da economia no governo Bolsonaro e mais sobre a política nacional. A entrevista será conduzida por Fabíola Cidral, apresentadora do UOL https://www.youtube.com/watch?v=rekh1roBp3E ************************************************

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