Arena Conta Zumbi
Dina Sfat (Prêmio Governador do
Estado - atriz revelação)
Arena Conta Zumbi (1964)
Peça de Augusto Boal e Gianfrancesco
Guarnieri Música de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri Direção: Augusto Boal
Elenco: Lima Duarte, Gianfrancesco Guarnieri, Dina Sfat, Marília Medalha,
Suzana de Moraes, David José, Vânia Santana, Chant Dessian, Isaías Almada
Regência e violão: Carlos Castilho - Nenê: Flauta - Bateria e Percussão geral:
Anunciação Iluminação: Orion de Carvalho Produção: Míriam Muniz
Dina Sfat
Teatro
Data de nascimento deDina Sfat:28-10-1938 Local
de nascimento:(Brasil / São Paulo / São Paulo) | Data de morte23-03-1989 Local de
morte:(Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro)
Atualizado em: 09-06-2017
Dina Sfat - O Rei da Vela , 1967 , Fredi
Kleemann
Biografia
Dina Kutner de Souza (São Paulo, São
Paulo, 1938 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1989). Atriz. Inquieta, profunda,
dona de uma presença física singularmente sedutora e de uma aguda inteligência
interpretativa, Dina Sfat distingue-se, na sua carreira teatral, pela exigência
e coerência com que seleciona os seus compromissos profissionais. É uma das
artistas de proa que verbalizam e expressam as reivindicações nacionais contra
a injustiça e a opressão durante o período da ditadura.
Filha de judeus poloneses, começa a
trabalhar aos 16 anos em um laboratório de análises clínicas. Em 1962 faz uma
ponta em Antígone América, de Carlos Henrique Escobar, montagem de Antônio
Abujamra para Ruth
Escobar. Volta ao amadorismo, como integrante de um grupo estudantil do
centro acadêmico de engenharia da Universidade Mackenzie. Dessa experiência
nasce seu contato com o Teatro
de Arena, onde estréia profissionalmente substituindo a atriz que
interpretava Manuela, a filha em Os Fuzis da Senhora Carrar,
texto de Bertolt Brecht, dirigido por José
Renato, em 1962. Adota, então, o nome artístico de Dina Sfat,
homenageando a cidade natal de sua mãe.
Integra os elencos de O Melhor
Juiz, o Rei, de Lope de Vega, 1963; Tartufo, de Molière, 1964; e
ganha o Prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz em Arena
Conta Zumbi, 1965, musical de Gianfrancesco
Guarnieri e Augusto
Boal, todas com direção de Augusto Boal. Em 1967, participa de Arena
Conta Tiradentes, novamente autoria de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto
Boal, no mesmo teatro.
No final desse ano aceita um desafio:
substituir às pressas Ítala
Nandi no papel de Heloisa de Lesbos de O Rei
da Vela, texto de Oswald de Andrade (1890 - 1954) encenado por José
Celso Martinez Corrêa para o Teatro
Oficina, conquistando as atenções do Rio de Janeiro.
Filma Corpos Ardentes, de Walter
Hugo Kouri, com expressivos resultados; o que a conduz ao desempenho da
guerrilheira Cy, de Macunaíma, filme de Joaquim Pedro de Andrade realizado
em 1969, onde brilha ao lado de Paulo
José, o protagonista. Eles se conhecem desde o Teatro de Arena, mas é a
partir daí que passam a assumir uma relação marital estável.
Dissolvidos os dois grandes conjuntos
teatrais dos anos 1960, Dina passa a aceitar contratos com produções
independentes, alternando sua vida artística entre a televisão e o cinema. Seu
currículo teatral registra expressivos desempenhos em Dorotéia Vai à
Guerra, de Carlos Alberto Ratton, 1973; A Mandrágora, de Maquiavel, 1975;
ambos direção de Paulo José. Participa da montagem de O Santo Inquérito,
de Dias Gomes (1923 - 1999), 1976, dirigida por Flávio
Rangel. Está em Seis Personagens à Procura de uma Autor, de Luigi
Pirandello, mais uma direção de Paulo José, em 1977. Integra o elenco em Murro
em Ponta de Faca, de Augusto Boal, 1979, primeira peça abordando a problemática
dos exilados políticos a chegar aos palcos.
Torna-se produtora dos espetáculos que
protagoniza, em As Criadas, de Jean Genet, 1981, e Hedda Gabler, de
Henrik Ibsen, 1982. Esse último espetáculo alcança grande adesão de público não
só no Rio de Janeiro, onde estréia, mas também numa longa tournée por vários
Estados. Sua despedida dos palcos ocorre com A Irresistível Aventura,
quatro peças em um ato dirigidas por Domingos
Oliveira, 1984.
Na televisão, protagoniza novelas de
grande projeção, tornando-se atriz de larga empatia e reconhecimento popular.
Entre outras, destaca-se em Selva de Pedra, em 1972; Os Ossos do
Barão, 1973; Saramandaia, 1976; O Astro, 1977; Bebê a
Bordo, 1988; além das minisséries Avenida Paulista, em 1982, e Rabo
de Saia, em 1984.
No cinema firma sua personalidade
sempre densa, dramática e cheia de sutilezas em algumas películas de
repercussão, lastreando seu prestígio. Como Jardim de Guerra, 1970; Tati,
a Garota, 1973; Álbum de Família e Eros, o Deus do Amor, ambos
em 1981; Das Tripas Coração, Tensão no Rio e O Homem do Pau
Brasil, todos em 1982, sendo que neste último interpreta a pintora Tarsila do
Amaral; deixa inacabado O Judeu, só concluído em 1995.
Não é possível desligar sua vida
artística de sua ativa participação na vida cultural e política do país, seja
integrando movimentos em prol da democracia ou da liberdade de expressão. Sua
forte liderança neste campo é tão grande que, numa aula da Escola Superior de
Guerra, um general a define como "líder feminista vinculada à estratégia
de poder da extrema-esquerda". Ela, de fato, noticiou que sairia candidata
ao cargo de vice-presidente do país pela sigla do Partido Comunista do Brasil
- PCB, em 1984, mas jamais integra algum partido ou filia-se a
qualquer facção política. Seu inconformismo e legítimo sentido de liberdade
ancoram-se em generosa visão da vida e do mundo, sem sectarismos.
Ao descobrir-se com câncer, luta
durante três anos contra a doença. Viaja para a Rússia, em tratamento,
aproveitando para fazer um documentário para a TV, no momento em que a perestróika dava
seus primeiros passos, levantando muita curiosidade sobre o assunto.
De seu casamento com Paulo José nascem
três filhas. Ana e Bel Kutner tornam-se, igualmente, atrizes.
Pouco antes de morrer lança uma
autobiografia, Dina Sfat - Palmas pra que Te Quero, escrita em parceria
com a jornalista Mara Caballero.
Analisando a trajetória da intérprete,
comenta o crítico Alberto
Guzik: "Apaixonada e coerente, não poucas vezes Dina viu declarações
suas transformadas em berços de polêmica. Mas sempre teve a coragem de
sustentar suas idéias francamente e nunca se fechou ao diálogo. Quanto a seu
trabalho em cena, embora fosse uma intérprete de bons recursos cênicos, voz
trabalhada e evidente perícia na composição de caracteres, o que a destacava
era a paixão. A vibração de sua presença, a imperiosa honestidade com que
desenhava suas atuações, valeram-lhe uma posição de destaque, que a atriz
manteve sempre com enorme dignidade".1
Notas
1. GUZIK, Alberto. Dina: a paixão
como profissão. Jornal da Tarde, São Paulo, p. 19, 23 mar. 1989.
Capitão do mato
Por Ana Luíza Mello Santiago de
Andrade
Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)
Atribuiu-se a função de capitães-do-mato ou capitão-da-entrada-e-do-assalto aos
homens pobres e livres que viviam para resgatar escravizados em fuga. O posto
foi disseminado por toda a América Portuguesa, especialmente a partir do século
XVII, tendo em vista o crescimento dos quilombos em todo território.
A função principal dessa milícia especializada era a caça e a recaptura de
escravos fugidos e a destruição dos Quilombos. A função, portanto, fazia parte
da estrutura da sociedade escravocrata.
Capitão do mato, pintura do artista
alemão Johann Moritz Rugendas.
Os capitães-do-mato eram em sua
maioria homens livres e pobres. A função existe antes mesmo do século XVII e
consistia em algumas atividades temporárias e sem uma periodicidade certa. De
maneira geral era exercida principalmente pelo feitor nas fazendas, a fim de
reprimir e punir esse tipo de aglomeração conjunta.
É somente a partir de meados do século
XVII – com a potência do Quilombo dos
Palmares e sua fama de espalhando pela América Portuguesa – que a
figura do capitão-do-mato passa a ser imprescindível para sustentação
do regime escravocrata. A partir desse momento o cargo ganha regras definidas
com o objetivo principal de evitar fugas. O cargo, portanto, não existe sem
a escravidão e
sua ocorrência esteve cada vez mais atrelada à experiência do trabalho
compulsório e da resistência em quilombos. Inicialmente reprimiam alguns
delitos no campo, mas, após o século XVII a prática foi espalhada por toda
colônia como milícia especializada.
Homens livres, de cor ou não,
prontificavam-se a exercer a função de capitão-do-mato em troca de prêmios ou
para seu sustento. O posto era um dos mais baixos do aparato estatal e
consequentemente, o de menor prestígio. Alguns libertos participaram dessa
repressão institucionalizada e eram estratégicos pois conheciam a região e as
táticas de fuga. Há um senso comum que atribui o exercício da tarefa aos
libertos mas, pode-se afirmar que a função era exercida majoritariamente por
homens pobres e livres, não sendo a escravização característica única desses
homens. Havia, portanto, uma diversidade étnica na ocupação dos cargos, que não
eram restritos apenas aos negros libertos. Certamente homens libertos geravam
mais desconfiança às autoridades.
Uma das principais formas de exercer a
função se dava pela via do Estado e de seu aparato burocrático. Para nomeação
era necessário que o candidato enviasse uma carta de recomendação, garantindo sua
confiabilidade. Assim, os “homens bons” recomendavam às autoridades aqueles que
poderiam exercer tal ofício. Além disso, regras e limites da autoridade de suas
funções regulavam as atividades dos capitães-do-mato. Para tais funções estes
homens recebiam armamento, dinheiro, homens e demais recursos, principalmente
em momentos de grande combate, como as perseguições ao Quilombo dos Palmares.
Mas a atuação dos capitães se dava em
um curto período de tempo: um ano, aproximadamente. Isso porque havia muita desconfiança
de homens pobres e livres, armados e a serviço da ordem escravista. A
preocupação, portanto, era constante. Estes homens foram vigiados de perto
pelas autoridades regionais e por toda a sociedade.
Desta forma os senhores viviam em
estado de tensão a todo tempo: dependiam das ações dos capitães-do-mato para a
assegurar a continuidade do regime escravocrata, mas, ao mesmo tempo, tinham
medo da proximidade com esses homens e também que eles pudessem contribuir com
os quilombolas.
A função de capitão-do-mato garantia
não só a sobrevivência de homens pobres como também certo prestígio e distinção
social. Assim, a posição colocava esses homens mais próximos dos senhores de
engenho que dos escravizados e assim, garantiam poder e uma vivência
comunitária.
Essas figuras foram tão importantes
para a manutenção do sistema escravista que até a Santo Antônio de Pádua, um
dos santos mais venerados tanto na Coroa quanto na colônia, é atribuída a
patente de Capitão-do-Mato.
Referências bibliográficas:
SCHWARCZ, Lilia & STARLING,
Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Arquivado em: Brasil Colônia
Referências
https://youtu.be/52y7Kyd1Ewc
https://www.infoescola.com/historia/capitao-do-mato/
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa349566/dina-sfat
https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2017/02/Capitao-mato.jpg
https://www.infoescola.com/historia/capitao-do-mato/
Nenhum comentário:
Postar um comentário