sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Bye, bye Impeachment

Mortalidade, Imortalidade e Salvação

Todo homem é mortal.
Sócrates é mortal.
Logo, Sócrates é homem.

Todo imortal é mito.
Lula é mito.
Logo, Lula é imortal.

Quem acha vive se perdendo.
Dilma vive se perdendo.

Logo, Dilma acha.


Por não se achar, Dilma não vive se perdendo.



Avatar é um ser supremo, imortal.

CONCEITOS


Argumento




Proposições de Cacá Diegues.


“Durante todo esse processo, não vimos a presidente cometer um só gesto ou dizer uma só palavra que desconsiderasse ou ameaçasse nossa democracia.”

“Acima disso tudo, se encontra a figura do ex-presidente Lula. Vindo da arcaica miséria nordestina para a moderna indústria paulista, da luta sindical à resistência democrática à ditadura, Lula tornou-se um Avatar do povo brasileiro.”

“Uma das maiores emoções cívicas de minha vida se deu diante da televisão, vendo Lula tomar posse no início do primeiro mandato.”

“Como cidadão livre, ele tinha todo o direito de gentrificar-se, ficar rico servindo às empreiteiras em troca de palestras milionárias. Mas não era isso que seus eleitores (ou não eleitores) esperavam.”




‘Essa semana, no Piauí, o ex-presidente disse que o PT não pode permitir que ladrões chamem seus militantes de ladrões. Ou seja, ladrão não pode chamar ladrão de ladrão. Um arranjo esperto pois, como quase todo mundo é ladrão, nunca saberemos quem é ladrão. Lula não tem o direito de fazer isso com sua imagem mítica, símbolo da luta por um país menos injusto e desigual, dominado por oligarcas vorazes e sem princípios. Ele talvez devesse ouvir José Mujica, o ex-presidente uruguaio: “Quem quiser ganhar dinheiro, que o faça, não é crime; mas longe da política”.’

Lula é uma luz para o povo brasileiro, muito superior à mediocridade dos homens públicos convencionais, não tem o direito de desistir disso em nome de caprichos, idiossincrasias políticas e bem-estar pessoal. Manera um pouco, presidente, manera aí.”

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‘ “O teu coração, se tens algum, bate do outro lado”, cantava o angolano Luaty Beirão, protestando contra o governo de seu país, quando foi preso em Luanda com mais 14 companheiros.

(...)  Devemos todos nos manifestar em defesa da liberdade de expressão, mas seria oportuno que nosso governo se manifestasse também, seus palácios estão repletos de militantes que lutaram contra a ditadura militar e que foram tantas vezes objeto dessa mesma solidariedade internacional.

É o que devemos a Angola, nossa irmã africana, e à comunidade intercontinental de origem lusitana.’


O artigo original do cineasta brasileiro pode ser lido a seguir ou na fonte original.


Cacá Diegues - Manera aí, presidente

• Lula não tem o direito de fazer isso com sua imagem mítica, símbolo da luta por um país menos injusto e desigual, dominado por oligarcas vorazes e sem princípios

- O Globo

Simpatizantes do governo têm usado os malfeitos do passado para justificar os malfeitos do presente. Fernando Henrique comprou a reeleição, Fernando Collor enriqueceu com a ajuda do PC, a filha do Sarney foi apanhada em flagrante, etcetera e tal. Parecem nos dizer que a corrupção é uma característica de nossa política, um costume nacional arraigado na alma de nossos homens públicos. Não há nada a fazer, o Brasil é assim mesmo, deixa pra lá e vamos em frente.

Já disse aqui que sou contra o impeachment da presidente Dilma por julgá-lo injusto, improcedente e inconsequente. E fico feliz sempre que a vejo proceder corretamente, mesmo sendo vítima de massacrante agonia. Durante todo esse processo, não vimos a presidente cometer um só gesto ou dizer uma só palavra que desconsiderasse ou ameaçasse nossa democracia.

Não sei se gosto do ministro Joaquim Levy. Às vezes, penso que o ajuste fiscal aumenta a fome do povo; às vezes, lembro o dramático fracasso da Grécia na luta contra o ajuste lá deles. Mas Dilma reagiu bem às arrogantes e desastradas declarações do PT contra o ministro da Fazenda. Se sua política não representa mais o partido que a elegeu, essa não é a reação mais correta dos interessados.

Acima disso tudo, se encontra a figura do ex-presidente Lula. Vindo da arcaica miséria nordestina para a moderna indústria paulista, da luta sindical à resistência democrática à ditadura, Lula tornou-se um avatar do povo brasileiro. Ostensivamente pobre, descabelado e barbudo, mal vestido como um penitente, Lula ganhou a confiança de quem o sentia um igual. Além disso, tornou-se o exemplo maior de uma mobilidade social que este país, dominado secularmente pelas mesmas oligarquias autoritárias e devastadoras de sempre, nunca conhecera.

Uma das maiores emoções cívicas de minha vida se deu diante da televisão, vendo Lula tomar posse no início do primeiro mandato. Me senti diante de um líder nacional bem-humorado, sereno e generoso, acima da mesquinharia e da esperteza da política vulgar, com um projeto para seu povo. Ele podia ser o nosso Gandhi ou o nosso Mandela, o amor de todos. Um herói popular como Getúlio Vargas, sem o tenebroso passado do Estado Novo. Um guia dos brasileiros que buscavam uma esperança, o espelho social e moral dessa esperança.

Minha primeira decepção com Lula se deu quando o vi na televisão a declarar que tinha preguiça de ler livros, que dormia quando tentava lê-los, subestimando a importância da educação e da cultura de um povo que precisa saber quem é. Logo o vimos repaginar-se de terno e gravata, menosprezando com ironia, ainda na televisão, o macacão de operário que usara durante tantos anos. Como cidadão livre, ele tinha todo o direito de gentrificar-se, ficar rico servindo às empreteiras em troca de palestras milionárias. Mas não era isso que seus eleitores (ou não eleitores) esperavam.
           
Essa semana, no Piauí, o ex-presidente disse que o PT não pode permitir que ladrões chamem seus militantes de ladrões. Ou seja, ladrão não pode chamar ladrão de ladrão. Um arranjo esperto pois, como quase todo mundo é ladrão, nunca saberemos quem é ladrão. Lula não tem o direito de fazer isso com sua imagem mítica, símbolo da luta por um país menos injusto e desigual, dominado por oligarcas vorazes e sem princípios. Ele talvez devesse ouvir José Mujica, o ex-presidente uruguaio: “Quem quiser ganhar dinheiro, que o faça, não é crime; mas longe da política”.

O que Lula quer ser? Mais um chefe de clã político ou um indiscutível mito popular a serviço do país? Dos primeiros, não precisamos de mais um, temos muitos. Ele foi um presidente bem-sucedido, um líder que deu continuidade inteligente ao que fizeram Itamar e FH, mantendo o Brasil na rota da consolidação da democracia, do controle da inflação, crescimento econômico e distribuição de renda. Lula é uma luz para o povo brasileiro, muito superior à mediocridade dos homens públicos convencionais, não tem o direito de desistir disso em nome de caprichos, idiossincrasias políticas e bem-estar pessoal. Manera um pouco, presidente, manera aí.

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“O teu coração, se tens algum, bate do outro lado”, cantava o angolano Luaty Beirão, protestando contra o governo de seu país, quando foi preso em Luanda com mais 14 companheiros. Ele estudou Engenharia Eletrônica na Inglaterra e Economia na França.
Quando voltou para Angola, tornou-se músico e ativista político, lutando contra a ditadura de José Eduardo Santos, no poder desde 1979. Na cadeia, Luaty faz greve de fome. Cineastas como Pedro Costa e Maria de Medeiros, e escritores como José Eduardo Agualusa e Mia Couto, entre outros, estão mobilizando gente do mundo inteiro pela libertação dos presos. Devemos todos nos manifestar em defesa da liberdade de expressão, mas seria oportuno que nosso governo se manifestasse também, seus palácios estão repletos de militantes que lutaram contra a ditadura militar e que foram tantas vezes objeto dessa mesma solidariedade internacional. É o que devemos a Angola, nossa irmã africana, e à comunidade intercontinental de origem lusitana.
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Cacá Diegues é cineasta


O que "gentrificar" quer dizer


‘O termo gentrification - deriva de "gentry", que por sua vez deriva do Francês arcaico "genterise" que significa "de origem gentil, nobre" –‘

 ‘Se a expressão "enobrecimento" ou sua similar "aburguesamento" começam a se disseminar, todo o conteúdo de classe envolvido nesse processo fica absolutamente claro – como aliás, parece, era o objetivo de quem introduziu o neologismo na língua inglesa. Se a expressão "gentrificação" torna-se usual e costumeira, quem irá reconhecer-lhe o seu real significado?’


Feitio de Oração
Elizeth Cardoso

Quem acha vive se perdendo.
Por isso agora eu vou me defendendo
da dor tão cruel desta saudade
que por infelicidade
meu pobre peito invade.

Batuque é um privilégio.
Ninguém aprende samba no colégio.
Sambar é chorar de alegria,
é sorrir de nostalgia
dentro da melodia.

Por isso agora
lá na Penha eu vou mandar
minha morena prá cantar com satisfação
e com harmonia esta triste melodia
que é meu samba em feitio de oração.

O samba na realidade
não vem do morro nem lá da cidade.
E quem suportar uma paixão
sentirá que o samba, então,
nasce do coração.
Composição: Noel Rosa / Vadico




MARIA BETANIA - FEITIO DE ORAÇÃO




Paulinho da Viola * Argumento * 1975 

Tá legal
Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim

Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar

Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar




PAULINHO DA VIOLA == Argumento (ao vivo)


chico buarque



Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui tá fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor

No Tocantins
O chefe dos parintintins
Vidrou na minha calça Lee
Eu vi uns patins pra você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor

No Tabariz
O som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
Que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês trás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui tá quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de roça e sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor

Baby, bye bye
Abraços na mãe e no pai
Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar
Eu vou me mandar de trenó
Pra Rua do Sol, Maceió
Peguei uma doença em Ilhéus
Mas já tô quase bom
Em março vou pro Ceará
Com a benção do meu orixá
Eu acho bauxita por lá
Meu amor

Bye bye, Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
Eu só ando dentro da lei
Eu quero voltar, podes crer
Eu vi um Brasil na tevê
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação tá no fim
Tem um japonês trás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Tô a fim de encarar um siri
Com a benção de Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr


Bye Bye Brasil (original)






Brejo da Cruz




A novidade
Que tem no Brejo da Cruz
É a criançada
Se alimentar de luz
Alucinados
Meninos ficando azuis
E desencarnando
Lá no Brejo da Cruz
Eletrizados
Cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária
Assumem formas mil
Uns vendem fumo
Tem uns que viram Jesus
Muito sanfoneiro
Cego tocando blues
Uns têm saudade
E dançam maracatus
Uns atiram pedra
Outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem
São jardineiros
Guardas-noturnos, casais
São passageiros
Bombeiros e babás
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
São faxineiros
Balançam nas construções
São bilheteiras
Baleiros e garçons
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz


Milton Nascimento- Brejo da Cruz




Uma Saga Americana (USA)





A história do pequeno retirante que chegou à Presidência da República



“O Kotscho publicou um post no Balaio falando sobre o livro “O Menino Lula” que Audálio Dantas acaba de publicar (Ediouro). Ele fala sobre a trajetória de Lula e de Audálio, ambos migrantes e bem sucedidos nas suas áreas.

Kotscho conta que ao ler o livro, relembrou as histórias que o próprio Lula gostava de contar aos amigos. Dez imagens que ele registrou na memória:

1) Do espanto da jumenta que o agarrou com os dentes e não o queria soltar;

2) Da doença dos olhos que o irritava e só conseguiu curar recentemente, já em Brasília;

3) Do mulungu que continuava em pé quando fui a primeira vez com ele a Caetés, em 1989;

4) Do susto na irmã Maria e a volta repentina ao sertão do pai que havia sumido;

5) Da carta do irmão Jaime para a mãe e a partida da família toda para São Paulo;

6) De Lula e Ziza, o Frei Chico, se aliviando no mato, durante uma parada do caminhão, e quase perdendo o pau-de-arara;

7) Do primeiro carinho do pai quando Lula se machucou com um facão;

8) Do sonho de ser motorista do caminhão amarelo;

9) Da surra de mangueira do pai no irmão e da mãe decidindo o destino dos filhos com a mudança para São Paulo;


10) Da alegria de vestir o primeiro paletó.”


Lula
DO BRASIL
A HISTÓRIA REAL, DO NORDESTE AO PLANALTO









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