Mortalidade,
Imortalidade e Salvação
Todo
homem é mortal.
Sócrates
é mortal.
Logo,
Sócrates é homem.
Todo
imortal é mito.
Lula
é mito.
Logo,
Lula é imortal.
Quem
acha vive se perdendo.
Dilma
vive se perdendo.
Logo,
Dilma acha.
Por
não se achar, Dilma não vive se perdendo.
Avatar é um ser supremo,
imortal.
CONCEITOS
Argumento
Proposições
de Cacá Diegues.
“Durante
todo esse processo, não vimos a
presidente cometer um só gesto ou dizer uma só palavra que
desconsiderasse ou ameaçasse nossa democracia.”
“Acima
disso tudo, se encontra a figura do
ex-presidente Lula. Vindo da arcaica miséria nordestina para a moderna
indústria paulista, da luta sindical à resistência democrática à ditadura, Lula tornou-se um Avatar
do povo
brasileiro.”
“Uma
das maiores emoções cívicas de minha vida se deu diante da televisão, vendo Lula tomar posse no início do
primeiro mandato.”
“Como
cidadão livre, ele tinha todo
o direito de gentrificar-se, ficar rico servindo às empreiteiras em troca de
palestras milionárias. Mas não era isso que seus eleitores (ou não eleitores)
esperavam.”
‘Essa
semana, no Piauí, o ex-presidente
disse que o PT não pode
permitir que ladrões chamem seus
militantes de ladrões. Ou seja, ladrão não pode chamar ladrão de ladrão. Um arranjo
esperto pois, como quase todo mundo é ladrão, nunca saberemos quem é ladrão. Lula não tem o direito de fazer isso com
sua imagem mítica, símbolo da luta por um país menos injusto e desigual,
dominado por oligarcas vorazes e sem princípios. Ele talvez devesse ouvir José Mujica, o ex-presidente
uruguaio: “Quem quiser ganhar dinheiro, que o faça, não é crime; mas longe da
política”.’
“Lula é uma luz para o povo
brasileiro, muito superior à mediocridade dos homens públicos convencionais,
não tem o direito de desistir disso em nome de caprichos, idiossincrasias
políticas e bem-estar pessoal. Manera um pouco, presidente, manera aí.”
------------
‘
“O teu coração, se tens algum, bate do outro lado”, cantava o angolano Luaty
Beirão, protestando contra o governo de seu país, quando foi preso em Luanda
com mais 14 companheiros.
(...) Devemos todos nos manifestar em defesa da
liberdade de expressão, mas seria oportuno que nosso governo se manifestasse
também, seus palácios estão repletos de militantes que lutaram contra a
ditadura militar e que foram tantas vezes objeto dessa mesma solidariedade
internacional.
É
o que devemos a Angola, nossa irmã africana, e à comunidade intercontinental de
origem lusitana.’
O
artigo original do cineasta brasileiro pode ser lido a seguir ou na fonte
original.
Cacá Diegues - Manera aí, presidente
• Lula não tem o direito de fazer
isso com sua imagem mítica, símbolo da luta por um país menos injusto e
desigual, dominado por oligarcas vorazes e sem princípios
- O Globo
Simpatizantes do governo têm usado os malfeitos do passado para justificar
os malfeitos do presente. Fernando Henrique comprou a reeleição, Fernando
Collor enriqueceu com a ajuda do PC, a filha do Sarney foi apanhada em
flagrante, etcetera e tal. Parecem nos dizer que a corrupção é uma
característica de nossa política, um costume nacional arraigado na alma de
nossos homens públicos. Não há nada a fazer, o Brasil é assim mesmo, deixa pra
lá e vamos em frente.
Já disse aqui que sou contra o impeachment da presidente Dilma por
julgá-lo injusto, improcedente e inconsequente. E fico feliz sempre que a vejo
proceder corretamente, mesmo sendo vítima de massacrante agonia. Durante todo
esse processo, não vimos a presidente cometer um só gesto ou dizer uma só
palavra que desconsiderasse ou ameaçasse nossa democracia.
Não sei se gosto do ministro Joaquim Levy. Às vezes, penso que o ajuste
fiscal aumenta a fome do povo; às vezes, lembro o dramático fracasso da Grécia
na luta contra o ajuste lá deles. Mas Dilma reagiu bem às arrogantes e
desastradas declarações do PT contra o ministro da Fazenda. Se sua política não
representa mais o partido que a elegeu, essa não é a reação mais correta dos
interessados.
Acima disso tudo, se encontra a figura do ex-presidente Lula. Vindo da
arcaica miséria nordestina para a moderna indústria paulista, da luta sindical
à resistência democrática à ditadura, Lula tornou-se um avatar do povo
brasileiro. Ostensivamente pobre, descabelado e barbudo, mal vestido como um
penitente, Lula ganhou a confiança de quem o sentia um igual. Além disso,
tornou-se o exemplo maior de uma mobilidade social que este país, dominado
secularmente pelas mesmas oligarquias autoritárias e devastadoras de sempre,
nunca conhecera.
Uma das maiores emoções cívicas de minha vida se deu diante da
televisão, vendo Lula tomar posse no início do primeiro mandato. Me senti
diante de um líder nacional bem-humorado, sereno e generoso, acima da
mesquinharia e da esperteza da política vulgar, com um projeto para seu povo.
Ele podia ser o nosso Gandhi ou o nosso Mandela, o amor de todos. Um herói
popular como Getúlio Vargas, sem o tenebroso passado do Estado Novo. Um guia
dos brasileiros que buscavam uma esperança, o espelho social e moral dessa
esperança.
Minha primeira decepção com Lula se deu quando o vi na televisão a
declarar que tinha preguiça de ler livros, que dormia quando tentava lê-los,
subestimando a importância da educação e da cultura de um povo que precisa
saber quem é. Logo o vimos repaginar-se de terno e gravata, menosprezando com
ironia, ainda na televisão, o macacão de operário que usara durante tantos
anos. Como cidadão livre, ele tinha todo o direito de gentrificar-se, ficar
rico servindo às empreteiras em troca de palestras milionárias. Mas não era
isso que seus eleitores (ou não eleitores) esperavam.
Essa semana, no Piauí, o ex-presidente disse que o PT não pode permitir
que ladrões chamem seus militantes de ladrões. Ou seja, ladrão não pode chamar
ladrão de ladrão. Um arranjo esperto pois, como quase todo mundo é ladrão,
nunca saberemos quem é ladrão. Lula não tem o direito de fazer isso com sua
imagem mítica, símbolo da luta por um país menos injusto e desigual, dominado
por oligarcas vorazes e sem princípios. Ele talvez devesse ouvir José Mujica, o
ex-presidente uruguaio: “Quem quiser ganhar dinheiro, que o faça, não é crime;
mas longe da política”.
O que Lula quer ser? Mais um chefe de clã político ou um indiscutível
mito popular a serviço do país? Dos primeiros, não precisamos de mais um, temos
muitos. Ele foi um presidente bem-sucedido, um líder que deu continuidade
inteligente ao que fizeram Itamar e FH, mantendo o Brasil na rota da
consolidação da democracia, do controle da inflação, crescimento econômico e
distribuição de renda. Lula é uma luz para o povo brasileiro, muito superior à
mediocridade dos homens públicos convencionais, não tem o direito de desistir
disso em nome de caprichos, idiossincrasias políticas e bem-estar pessoal.
Manera um pouco, presidente, manera aí.
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“O teu coração, se tens algum, bate do outro lado”, cantava o angolano
Luaty Beirão, protestando contra o governo de seu país, quando foi preso em
Luanda com mais 14 companheiros. Ele estudou Engenharia Eletrônica na
Inglaterra e Economia na França.
Quando voltou para Angola, tornou-se músico e ativista político, lutando
contra a ditadura de José Eduardo Santos, no poder desde 1979. Na cadeia, Luaty
faz greve de fome. Cineastas como Pedro Costa e Maria de Medeiros, e escritores
como José Eduardo Agualusa e Mia Couto, entre outros, estão mobilizando gente
do mundo inteiro pela libertação dos presos. Devemos todos nos manifestar em
defesa da liberdade de expressão, mas seria oportuno que nosso governo se
manifestasse também, seus palácios estão repletos de militantes que lutaram
contra a ditadura militar e que foram tantas vezes objeto dessa mesma
solidariedade internacional. É o que devemos a Angola, nossa irmã africana, e à
comunidade intercontinental de origem lusitana.
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Cacá
Diegues é cineasta
O que "gentrificar" quer dizer
‘O termo gentrification - deriva de "gentry", que
por sua vez deriva do Francês arcaico "genterise" que significa
"de origem gentil, nobre" –‘
‘Se a expressão
"enobrecimento" ou sua similar "aburguesamento" começam a
se disseminar, todo o conteúdo de classe envolvido nesse processo fica
absolutamente claro – como aliás, parece, era o objetivo de quem introduziu o
neologismo na língua inglesa. Se a expressão "gentrificação" torna-se
usual e costumeira, quem irá reconhecer-lhe o seu real significado?’
Feitio de Oração
Elizeth
Cardoso
Quem
acha vive se perdendo.
Por
isso agora eu vou me defendendo
da
dor tão cruel desta saudade
que
por infelicidade
meu
pobre peito invade.
Batuque
é um privilégio.
Ninguém
aprende samba no colégio.
Sambar
é chorar de alegria,
é
sorrir de nostalgia
dentro
da melodia.
Por
isso agora
lá
na Penha eu vou mandar
minha
morena prá cantar com satisfação
e
com harmonia esta triste melodia
que
é meu samba em feitio de oração.
O
samba na realidade
não
vem do morro nem lá da cidade.
E
quem suportar uma paixão
sentirá
que o samba, então,
nasce
do coração.
Composição:
Noel Rosa / Vadico
MARIA BETANIA -
FEITIO DE ORAÇÃO
Paulinho da Viola * Argumento * 1975
Tá
legal
Tá
legal, eu aceito o argumento
Mas
não me altere o samba tanto assim
Olha
que a rapaziada está sentindo a falta
De
um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim
Sem
preconceito ou mania de passado
Sem
querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça
como um velho marinheiro
Que
durante o nevoeiro
Leva o barco devagar
PAULINHO DA VIOLA == Argumento (ao vivo)
chico buarque
Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui tá fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor
No Tocantins
O chefe dos parintintins
Vidrou na minha calça Lee
Eu vi uns patins pra você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor
No Tabariz
O som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
Que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês trás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui tá quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de roça e sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor
Baby, bye bye
Abraços na mãe e no pai
Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar
Eu vou me mandar de trenó
Pra Rua do Sol, Maceió
Peguei uma doença em Ilhéus
Mas já tô quase bom
Em março vou pro Ceará
Com a benção do meu orixá
Eu acho bauxita por lá
Meu amor
Bye bye, Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
Eu só ando dentro da lei
Eu quero voltar, podes crer
Eu vi um Brasil na tevê
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação tá no fim
Tem um japonês trás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Tô a fim de encarar um siri
Com a benção de Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr
Bye Bye Brasil
(original)
Brejo da Cruz
A
novidade
Que
tem no Brejo da Cruz
É a
criançada
Se
alimentar de luz
Alucinados
Meninos
ficando azuis
E
desencarnando
Lá
no Brejo da Cruz
Eletrizados
Cruzam
os céus do Brasil
Na
rodoviária
Assumem
formas mil
Uns
vendem fumo
Tem
uns que viram Jesus
Muito
sanfoneiro
Cego
tocando blues
Uns
têm saudade
E
dançam maracatus
Uns
atiram pedra
Outros
passeiam nus
Mas
há milhões desses seres
Que
se disfarçam tão bem
Que
ninguém pergunta
De
onde essa gente vem
São
jardineiros
Guardas-noturnos,
casais
São
passageiros
Bombeiros
e babás
Já
nem se lembram
Que
existe um Brejo da Cruz
Que
eram crianças
E
que comiam luz
São
faxineiros
Balançam
nas construções
São
bilheteiras
Baleiros
e garçons
Já
nem se lembram
Que
existe um Brejo da Cruz
Que
eram crianças
E que comiam luz
Milton Nascimento- Brejo da
Cruz
Uma
Saga Americana (USA)
A história do pequeno retirante que chegou à Presidência
da República
“O Kotscho publicou um post no Balaio falando sobre o livro
“O Menino Lula” que Audálio Dantas acaba de publicar (Ediouro). Ele fala sobre
a trajetória de Lula e de Audálio, ambos migrantes e bem sucedidos nas suas
áreas.
Kotscho conta que ao ler o livro, relembrou as histórias que o próprio Lula gostava de contar aos amigos. Dez imagens que ele registrou na memória:
Kotscho conta que ao ler o livro, relembrou as histórias que o próprio Lula gostava de contar aos amigos. Dez imagens que ele registrou na memória:
1) Do espanto da jumenta que o agarrou com os dentes e não o queria soltar;
2) Da doença dos olhos que o irritava e só conseguiu curar recentemente, já em Brasília;
3) Do mulungu que continuava em pé quando fui a primeira vez com ele a Caetés, em 1989;
4) Do susto na irmã Maria e a volta repentina ao sertão do pai que havia sumido;
5) Da carta do irmão Jaime para a mãe e a partida da família toda para São Paulo;
6) De Lula e Ziza, o Frei Chico, se aliviando no mato, durante uma parada do caminhão, e quase perdendo o pau-de-arara;
7) Do primeiro carinho do pai quando Lula se machucou com um facão;
8) Do sonho de ser motorista do caminhão amarelo;
9) Da surra de mangueira do pai no irmão e da mãe decidindo o destino dos filhos com a mudança para São Paulo;
10) Da alegria de vestir o primeiro paletó.”
Lula
DO BRASIL
A HISTÓRIA REAL, DO
NORDESTE AO PLANALTO
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