segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Identidades e política

O alinhamento entre voto e identidade produz mundos que não se comunicam ***
*** Imagem: “Monumento ao Multiculturalismo” *** https://lavrapalavra.com/2016/08/24/do-multiculturalismo-como-criacao-de-novos-targets-a-politica-de-identidades-e-a-inscricao-totalitaria-do-gozo/ *** - Marcus André Melo *** - Folha de S. Paulo *** É quase consenso entre analistas nos EUA que a polarização política no país é alimentada pela sobreposição entre identidades sociais e partidos políticos, em processo que se estendeu por pelo menos algumas décadas. Entre nós, há evidências que processo semelhante tenha começado a ocorrer. Nos EUA, segmentos sociais específicos que partilham da mesma identidade racial, religiosa ou sexual, por exemplo, escolhem o mesmo partido político. Trata-se de fenômeno novo e complexo. O inverso também tem ocorrido: a escolha da denominação religiosa é também moldada pela orientação política, ou seja, ela é "endógena", para usar o jargão. O que é contraintuitivo, porque assume-se que trata-se de escolha radical, irredutível às demais. Nos EUA, havia uma clivagem regional relevante que produzia relações cruzadas entre identidades e política. A população branca no sul, para utilizar um exemplo clássico, era fundamentalmente democrata. A população negra no resto do país também votava proporcionalmente muito mais no partido republicano. O quadro atual é de inédito alinhamento que produz dois mundos que não se comunicam. Há um certo consenso também que na América Latina, com algumas exceções, a sobreposição de identidades e preferências partidárias não ocorre. Raça e religião, por exemplo, tipicamente não determinam historicamente o padrão de voto, que é marcado por outras clivagens, de natureza socioeconômica ou territorial (c ampo-cidade). Mas há evidências de que nas eleições presidenciais de 2018 o nosso padrão pode ter mudado. Baseados em um painel original com cinco ondas de "surveys" em 2018/2019, Layton et al. encontraram claras clivagens no padrão de voto por gênero, raça e religião. Controlando por renda e nível educacional, dentre outros fatores, a probabilidade estimada de uma mulher votar em Bolsonaro é 6 % menor do que a de um homem; a de uma pessoa negra de 30% menor em relação a de uma branca; enquanto que para evangélicos ela se eleva em 36% em relação ao grupo de referência. O que importa sublinhar é que o fenômeno parece ser inédito. O baixo enraizamento social dos partidos e a hiperfragmentação faz com que não seja possível identificar bases partidárias claras, mas a clivagem pode ser observada grosso modo entre posições no espectro ideológico. Essas tendências estruturais no eleitorado não explicam resultados eleitorais porque a política não se reduz ao lado da demanda. Eleições são escolhas, ao fim e ao cabo, de natureza binária, entre alternativas que são moldadas pelo sistema partidário e regras eleitorais. Mas estas tendências importam, e suas consequências poderão ser críticas no futuro. *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/02/marcus-andre-melo-identidades-e-politica.html#more *** DOSSIÊ GOVERNO LULA *** Identidade política, desigualdade e partidos brasileiros *** Fábio Wanderley Reis *** RESUMO *** O artigo analisa o processo de institucionalização partidária no Brasil pós-redemocratização. A formação do Partido dos Trabalhadores, e seu repetido enfrentamento eleitoral com o PSDB, aponta para um processo em andamento mas ainda incompleto: a criação, em torno dos dois partidos, de identificações político-partidárias estáveis que podem eventualmente redundar num sistema partidário simplificado e consolidado, com, entre outras coisas, a neutralização do êxito até aqui obtido pela postura excessivamente clientelista e pragmática que orienta o fragmentário enraizamento regional do PMDB. Palavras-chave: Identidades político-partidárias; desigualdade; Partido dos Trabalhadores; Partido da Social-Democracia Brasileira. *** ABSTRACT *** The article discusses the process of institutionalization of political parties in Brazil in the post-redemocratization period. The advent of the Worker's Party (PT), and its electoral disputes with the Brazilian Social Democracy Party (PSDB) point to an ongoing yet unaccomplished process: the emergence, in the orbit of both parties, of stable political-partidary identifications that could lead to a simplified and consolidated party system and the neutralization of the success of the excessively clientelistic and pragmatic orientation that characterizes Brazilian Democratic Movement Party's (PMDB) feeble regional roots. Keywords: Political-partidary identities; inequality; Worker's Party; Brazilian Social Democracy Party. *** Dispon-ivel em: *** http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002010000200004 *** Acesso em: *** 01/02/2021 *** Do multiculturalismo como criação de novos targets: a política de identidades e a inscrição totalitária do gozo *** Por Conrado Ramos via A Peste *** LavraPalavra *** agosto 24, 2016 *** Pretende-se discutir o papel da propaganda na assimilação e transformação ideológica das políticas de identidade, conhecidas sob a égide do termo multiculturalismo, na esfera da sociedade de consumo. Propõe-se a uma análise do tema que se permite localizar na tensão entre sujeito e sociedade, e que, por isso, tem por bases a psicanálise de orientação lacaniana e a teoria crítica da sociedade. Compreende-se o multiculturalismo como um sintoma das políticas pós-modernas e neoliberais que fragmentam a sociedade de consumo e multiplicam targets massificados cuja adesão cumpre à propaganda convocar, em nome das diferenças. Conclui-se que a lógica multicultural, na sociedade de consumo, compõe um totalitarismo das escolhas, tendo em vista que parte do pressuposto de que todas as escolhas estão dadas ou são possíveis dentro do próprio sistema. A escolha realmente subversiva, neste contexto, seria aquela que rompe com a própria política de identidades. *** Disponível em: *** https://lavrapalavra.com/2016/08/24/do-multiculturalismo-como-criacao-de-novos-targets-a-politica-de-identidades-e-a-inscricao-totalitaria-do-gozo/ *** Acesso em: *** 01/02/2021 *** ***

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