segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Palavras de vices


No calor da hora?

Mourão acusa o PT por atentado a Bolsonaro
Brasil 06.09.18 18:50

O vice na chapa de Jair Bolsonaro, o general Antonio Hamilton Mourão, falou a Crusoé e acusou diretamente o PT pelo atentado ao candidato em Juiz de Fora.
“Eu não acho, eu tenho certeza: o autor do atentado é do PT”, afirmou Mourão ao repórter Eduardo Barretto.
O general disse ainda: “Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”.



O candidato a vice-presidente de Lula, Fernando Haddad (PT-SP), comentou o atentado a Jair Bolsonaro (PSL-RJ) durante comício em Juiz de Fora.
Em sua conta no twitter, Haddad disse: “Repudio totalmente qualquer ato de violência e desejo pronto restabelecimento a Jair Bolsonaro”.


 
Míriam Leitão: As polêmicas dos vices
- O Globo

Não haverá um vice anódino: candidatos sabem o que querem e alguns admitem que almejam mais do que só substituir o presidente

O general Hamilton Mourão justifica as mortes de adversários políticos ocorridas dentro dos quartéis na ditadura, a senadora Kátia Abreu mantém sua posição contra a divulgação da lista suja do trabalho escravo e a relação de conflito com ambientalistas, a senadora Ana Amélia defende o PL dos agrotóxicos que foi condenado por instituições científicas. O ex-deputado Eduardo Jorge quer a redução do rebanho bovino e o ex-prefeito Fernando Haddad sustenta a política dos campeões nacionais.

Durante a semana, participei, junto com colegas, das entrevistas da Globonews com os candidatos a vice nas cinco principais campanhas e ficou claro que, de uma forma ou de outra, eles são polêmicos. Há duplas mais homogêneas, em que os dois têm os mesmos pensamentos. É o caso de Bolsonaro-Mourão e Marina-Jorge. Há bastante divergência entre Kátia e Ciro. O candidato do PDT se apresenta como de esquerda, e a sua vice é pessoa que se identifica com a direita. No caso de Alckmin e Ana Amélia há harmonia, mas ela o leva a defender a posição atual mais polêmica do agronegócio, que é o PL que amplia o uso de agrotóxicos no país. O candidato em situação mais inusitada é Fernando Haddad, que se prepara para assumir a cabeça de chapa, se vencer as brigas intestinas do PT, mas que no legado petista tem que tentar separar o que defender e o que reconhecer como erro. Uma coisa é certa, não haverá vices anódinos. Eles são, para o bem ou para o mal, pessoas que sabem o que querem e alguns admitem claramente que almejam mais poder do que o de substituir o presidente. Foi o que disse o general Mourão. Ana Amélia quer ser ministra da defesa.

Com voz serena, e depois de pregar a união nacional, o general Mourão disse coisas duríssimas. Não reconhece o erro de ter chamado os índios de indolentes e os negros de malandros. Ele tenta usar “teses sociológicas” e diz que temos que saber quem somos. Mourão admitiu que errou ao defender o golpe numa de suas entrevistas, mas a partir daí ele passou a reafirmar seu pensamento. Disse que as Forças Armadas têm a responsabilidade de intervir quando um dos poderes não está funcionando. Lembrado de que a Constituição só prevê a intervenção das Forças Armadas se os poderes constituídos convocarem, ele defendeu o direito de o comandante interpretar a letra da Constituição. Heraldo Pereira lembrou que quem interpreta é o Supremo Tribunal Federal. Ele insistiu na responsabilidade das Forças Armadas e, diante de uma pergunta de Merval Pereira, admitiu o autogolpe, caso em que um presidente convoca as Forças Armadas. Na pergunta que eu fiz sobre Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi no período em que 47 presos foram mortos, Mourão sustentou que ele é seu herói, e concluiu: “heróis matam.”

Eduardo Jorge tem várias identidades com Marina, como a defesa do ambientalismo, mas seu sonho é radical. Ele quer que em algum momento no futuro não haja a exploração de rebanhos bovinos. Seu forte é política de saúde. Ele é um dos autores do SUS, das políticas dos genéricos, mas nessa área há uma dissonância com Marina porque, como médico, ele defende o aborto, para evitar mortes de mulheres que hoje o fazem em condições precárias.

Kátia Abreu é tão aguerrida na defesa de suas ideias quanto Ciro, mas sua agenda é de direita. Defendeu que não se divulgue a lista dos que foram flagrados praticando trabalho escravo. Numa resposta a mim, ela garantiu que nunca desmatou e na verdade há um processo contra ela por desmatamento ilegal de 777 hectares na fazenda Ouro Verde, no Tocantins, como mostrou o Fato ou Fake. A data da infração foi 21 de junho de 2004.

Ana Amélia defendeu o projeto de lei que já recebeu notas públicas de condenação de entidades como SBPC, Fiocruz, Instituto Nacional do Câncer. E diz que o faz em nome da ciência. Só que a ciência está condenando o projeto. Mas ela o defende por ser a bandeira atual do agronegócio.

Haddad é um vice que pode não ser. Ele tenta ignorar a ruína econômica em que acabou o governo petista, por isso escolhe o que quer ressaltar e culpa a oposição pela recessão. Acabou defendendo a política de campeões nacionais como o caminho certo. Ficou claro que isso será repetido numa eventual volta do PT. Haddad avisou que o PT não vai escrever uma nova “carta ao mercado”. A carta de 2002 foi aos brasileiros.



Luiz Carlos Azedo: Nosso herói usou o bisturi
Correio Braziliense

Há outros exemplos de atentados que catalisaram grandes eventos políticos, como o da Rua Toneleiros, contra Carlos Lacerda, no qual foi morto o major Rubens Vaz, cujos desdobramentos resultaram no suicídio de Getúlio, em 1954. Felizmente, Adélio Bispo não logrou seu objetivo. No episódio, o grande herói usou um bisturi: o cirurgião vascular Paulo Gonçalves de Oliveira Júnior largou ao meio o almoço com a família e foi para Santa Casa socorrer Bolsonaro. Localizou o local da hemorragia e evitou a morte do ex-capitão. De acordo com a tabela do SUS, receberá R$ 367,06 pela operação; a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora será reembolsada em R$ 1.090,80, nos revelou a revista Piauí. Heróis salvam vidas!



São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de
2004 FOLHA DE S. PAULO brasil 


VARGAS - 50 ANOS

Dois novos livros afirmam que capangas do chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas não pretendiam matar Carlos Lacerda

"Crime da rua Tonelero" ainda gera dúvida
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Nos primeiros minutos de 5 de agosto de 1954, uma quinta-feira como hoje, foi assassinado o major-aviador Rubens Vaz em frente ao prédio onde morava o jornalista Carlos Lacerda, em Copacabana, no Rio. Após 19 dias de crise política, o presidente Getúlio Vargas se matou. Exatos 50 anos depois do assassinato, o "crime da rua Tonelero" continua despertando paixões, versões e dúvidas.
De acordo com o Inquérito Policial Militar realizado entre agosto e setembro de 1954, Gregório Fortunato, chefe da Guarda Pessoal de Vargas, foi o mandante de um atentado que tinha Lacerda como alvo. O jornalista, que fazia em seu jornal, a "Tribuna da Imprensa", campanha contra Vargas, foi ferido no pé. O oficial da Aeronáutica que o acompanhava levou dois tiros enquanto brigava com o pistoleiro Alcino João do Nascimento.
Essa é a versão oficial, confirmada em júri popular em 1956. Mas ela ainda é contestada por pessoas - em especial admiradores de Vargas - que apontam buracos no inquérito e procuram respostas para antigas perguntas.
Dois livros vêm agora renovar a lenha dessa fogueira histórica. "Vitória na Derrota" (Casa da Palavra), do sociólogo Ronaldo Conde Aguiar, e "Getúlio" (Record), do jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, têm muitas diferenças entre si, mas a convicção de que os enviados de Gregório Fortunato não tinham o objetivo de matar Lacerda.
Machado da Silva, cuja obra chega às livrarias em duas semanas, fez um romance histórico, repetindo a opção de Rubem Fonseca em "Agosto". Apesar dessa liberdade, passou três anos lendo tudo sobre o caso e entrevistando pessoas, incluindo o assassino de Vaz. O livro se inclina por ver Lutero Vargas, filho de Getúlio, por trás do que seria um "susto" ou uma "surra" em Lacerda, não um homicídio.
Para o escritor, o pistoleiro Alcino e Climério Euribes de Almeida, membro da Guarda Pessoal que também estava na Tonelero, não tinham condições de realizar o atentado. "Eles eram incompetentes, e a história montada era muito amadora", afirma.
O amadorismo a que se refere é o mesmo que leva Conde Aguiar a contestar a idéia de atentado: Alcino usou uma arma das Forças Armadas; Nélson Raimundo de Souza, o motorista de táxi que foi chamado por Climério para o serviço e retirou Alcino do local, fazia ponto em frente ao Palácio do Catete; e não havia plano de fuga para Climério e Alcino, que foram presos dias depois.
Ou seja, para um atentado contra aquele que era o mais ruidoso adversário de Vargas, havia pistas demais apontando para o Catete. Isso contribuiu para que Conde Aguiar acrescentasse em seu livro mais uma hipótese para o "crime da rua Tonelero".
"Havia um grupo seguindo Alcino e Climério. Um grupo que não queria matar Lacerda, mas o militar que estivesse com ele, para precipitar a crise política. Os reais mandante e pistoleiro não foram descobertos", diz ele.

Paixão
Versões como essa têm origem no tom passional que sempre cercou o crime. Getulista assumido, Conde Aguiar escreve em seu livro que, depois de morto, Getúlio "passou a viver na memória e no coração do povo brasileiro".
Por outro lado, o IPM da Aeronáutica tem várias expressões como "mentiroso depoimento", num tom anti-Vargas acalorado demais para um relatório.
Durante o inquérito, não foi feita reconstituição do crime ou acareação entre Lacerda e Alcino. O resultado é que até hoje não se sabe exatamente o que aconteceu na Tonelero.
Rubens Vaz Júnior, 55, um dos quatro filhos do major assassinado e estudioso do caso, confia no resultado do IPM e afirma que a justiça foi feita.
Para ele, Alcino já atravessou a rua atirando em Lacerda, acertando-o no pé. Quando Lacerda fugiu para a garagem com seu filho Sérgio, então com 15 anos, Vaz partiu, desarmado, em direção ao pistoleiro, dando uma chave-de-braço nele e aí tomando o primeiro tiro. Ao cair, tomou o segundo. Não teria havido outro, como dizem os que acreditam em pelo menos mais um homem na cena.
"Meu pai era um homem de vida simples, mas determinado. Ao decidir, juntamente com outros oficiais, acompanhar Lacerda, ele sabia que corria perigo, mas era consciente de que estava fazendo o melhor pelo país", afirma Vaz Júnior, lembrando que seu pai estava com Lacerda substituindo outro oficial, Gustavo Borges, que lhe pedira para trocar o turno.

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0508200408.htm

Governo Café Filho (1954-1955): Os 14 meses do vice de Vargas

Vitor Amorim de Angelo Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação 16/10/200712h31

Atualizado em 23/07/2013, às 13h17

João Fernandes Campos Café Filho, ou simplesmente Café Filho, como era mais conhecido no meio político, teve um curto mas agitado governo. Durante os pouco mais de 14 meses em que ocupou a Presidência da República, Café Filho teve que conciliar os problemas econômicos herdados do governo anterior com o acirramento político provocado pelo cenário aberto com a morte de Getúlio Vargas.

Café Filho nasceu em Natal (RN), no dia 3 de fevereiro de 1899. Sua primeira experiência política ocorreu em 1923, quando candidatou-se ao cargo de vereador, em Natal. Derrotado, candidatou-se novamente em 1928, quando mais uma vez perdeu a disputa, em meio a denúncias de fraude. Em 1934, já sob o governo constitucional de Getúlio Vargas, que assumira o poder em 1930, Café Filho foi eleito deputado federal, cargo que ocupou novamente em 1945, na primeira eleição realizada após o fim do Estado Novo.

A morte de Vargas

Em 1950, seu partido, o PSP, indicou-o como vice na chapa de Vargas à Presidência da República. O retorno de Getúlio ao Palácio do Catete significou, entre outras coisas, a retomada do programa de desenvolvimento nacional-estatista iniciado ainda nos anos 1930, no seu primeiro governo.

A intensa pressão política da oposição, inclusive no meio militar, somada às denúncias de corrupção e ao envolvimento de pessoas ligadas ao presidente na tentativa de assassinato do seu principal crítico, Carlos Lacerda, motivaram a opção de Vargas por uma saída radical, em 24 de agosto de 1954: com um único e certeiro tiro no peito, "o pai dos pobres", como passou a ser conhecido, "saiu da vida para entrar na história", como ele mesmo fez questão de registrar em sua carta-testamento.

Empossado como presidente da República no dia 3 de setembro em meio a um clima de grande comoção nacional, Café Filho montou uma equipe de governo composta basicamente por políticos, empresários e militares de oposição a Getúlio. Ficava, claro, portanto, que o novo presidente compartilhava das opiniões desses setores e afastava-se, assim, da política varguista.

A sucessão presidencial

Em 1955, durante a disputa presidencial, o PSD, partido que Vargas fundara uma década antes, lançou o nome de Juscelino Kubitscheck à Presidência da República. Na disputa para vice-presidente, que na época ocorria em separado da corrida presidencial, a chapa apresentou o ex-ministro do Trabalho do governo Vargas, João Goulart, do PTB, sigla pela qual o ex-presidente havia sido eleito em 1950.

Setores mais radicais da UDN, representados pelo jornalista Carlos Lacerda, receosas de que a vitória de Juscelino Kubitscheck e Jango pudesse significar um retorno da política varguista, passaram a pedir a impugnação da chapa. Lacerda chegou a declarar, na época, que "esse homem [Juscelino Kubitscheck] não pode se candidatar; se se candidatar não poderá ser eleito; se for eleito não poderá tomar posse; se tomar posse não poderá governar".

A pressão da UDN para que Café Filho impedisse a posse dos novos eleitos intensificou-se logo após a divulgação dos resultados oficiais, que davam a vitória à chapa PSD-PTB. De outro lado, entre os militares, também surgiam divergências quanto ao resultado das urnas. A principal delas ocorreu quando um coronel declarou-se contrário à posse de JK e Jango, numa clara insubordinação ao ministro da Guerra de Café Filho, marechal Henrique Lott, que havia se posicionado a favor do resultado.

Carlos Luz

A intenção de Lott em punir o coronel, entretanto, dependia de autorização do presidente da República, que em meio a tantas pressões foi internado às pressas num hospital do Rio de Janeiro. Afastado das atividades políticas, Café Filho foi substituído, no dia 08 de novembro de 1955, pelo primeiro nome na linha de sucessão, Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados.

Próximo à UDN, Carlos Luz decidiu não autorizar o marechal Lott a seguir em frente com a punição, o que provocou sua saída do Ministério da Guerra. A partir de então, Henrique Lott iniciou uma campanha contra o presidente em exercício, que terminou na sua deposição, com apenas três dias de governo.

Acompanhado de auxiliares civis e militares, Carlos Luz refugiou-se no prédio da Marinha e, em seguida, partiu para a cidade de Santos, no litoral paulista. Com a morte de Vargas, a internação de Café Filho e a deposição de Carlos Luz, o próximo na linha de sucessão seria o vice-presidente o Senado, Nereu Ramos, que assumiu a Presidência da República e reconduziu Lott ao cargo de ministro da Guerra.

Subitamente, Café Filho tentou reassumir o cargo, mas foi vetado por Henrique Lott e outros generais que o apoiavam. Café Filho era acusado de conspirar contra a posse de JK e Jango. No dia 22 de novembro, o Congresso Nacional aprovou o impedimento para que ele reassumisse a Presidência da República. Em seu lugar, permaneceu o senador Nereu Ramos, que transmitiu, sob Estado de Sítio, o governo ao presidente constitucionalmente eleito: Juscelino Kubitscheck, o "presidente bossa nova".

Vitor Amorim de Angelo é historiador, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. Atualmente, é professor de história da Universidade Federal de Uberlândia,

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-cafe-filho-1954-1955-os-14-meses-do-vice-de-vargas.htm

Referências

https://www.oantagonista.com/brasil/mourao-acusa-o-pt-por-atentado-bolsonaro/
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/haddad-sobre-atentado-a-bolsonaro-repudio-totalmente-qualquer-ato-de-violencia/
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/09/miriam-leitao-as-polemicas-dos-vices.html#more
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/09/luiz-carlos-azedo-nosso-heroi-usou-o.html#more
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0508200408.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-cafe-filho-1954-1955-os-14-meses-do-vice-de-vargas.htm

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