Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 14 de março de 2025
SAMBA DE RODA
Navegar é preciso
Sambar não é preciso
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Análise: historiador analisa trajetória dos partidos em 40 anos de democracia
Os partidos políticos, organismos centrais da vida democrática, são incapazes de se abrirem para a dinâmica de transformações que ocorrem na vida social e econômica
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O historiador Alberto Aggio lança hoje, em Brasília, o livro A Construção da Democracia no Brasil, 1985-2025, no qual analisa a trajetória dos partidos políticos nos últimos 40 anos. Ele aponta a crise de legitimação democrática, o enfraquecimento programático dos partidos e a ausência de um projeto nacional.
Aggio examina a transição democrática desde as eleições de 1974 até o atual governo de Lula, destacando a modernização do país sob a ótica da "revolução passiva" e do "americanismo". Apesar da consolidação institucional da democracia, o sistema político presidencialista não impulsionou reformas significativas, gerando desconfiança na política. Mesmo assim, as instituições têm garantido a sobrevivência democrática, apesar dos riscos de retrocesso.
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O Navegante
MPB-4
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Quero um montão de tábuas
E um motor de pano
Pra passear meu corpo
E adormecer meu som
Na esburacada estrada do oceano
Aportarei meu barco apenas de ano em ano
E onde houver silêncio
Eu ficarei cantando
Pra não deixar morrer o gesto humano
Entenderei as águas e os peixes passando
E se me perguntarem pra onde vou e quando
Responderei
Apenas navegando
Apenas navegando
Embarcarei comigo o feminino encanto
Pra que não falte a vida quando for preciso
Uma razão mais forte que o espanto
Mais forte que o espanto
Semearei meu sangue,
Meu amor, meu rosto
Pra que depois de mim eu possa estar presente
Entre as canções que eu não houver composto
Naufragarei um dia
Em pleno mar sem dono
E submerso em lendas como um visitante
Entre os recifes dormirei meu sono
Quero um montão... do oceano
Composição: Sidney Miller.
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Zé Renato & Trinadus Navegante Sidney Miller
Heloisa Tapajós
"Obra-prima do Sidney Miller. A segunda gravação que conheço, desta vez com sotaque lusitano"
https://youtu.be/mBMxxdy2jmQ?si=ixOwhooIWr-Xsds6
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Veja a íntegra da posse de Gleisi Hoffmann na Secretaria das Relações Institucionais | CNN 360°
CNN Brasil
10 de mar. de 2025 #CNNBrasil
A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) assumiu oficialmente a Secretaria das Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha (PT-SP). "Devemos fazer política para somar", disse Gleisi em seu discurso de posse; Veja o pronunciamento na íntegra. #CNNBrasil
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"Gleisi Hoffmann toma posse na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Brasília, 10/03/25 - A deputada federal Gleisi Hoffmann tomou posse, nesta segunda-feira (10), como ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI-PR).há 3 dias"
A nomeação de Gleisi Hoffmann para a chefia da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI-PR) levanta a questão sobre sua correta titulação: ministra ou secretária?
1. Estrutura Administrativa do Governo Federal
O Governo Federal do Brasil é composto por Ministérios e outros órgãos diretamente ligados à Presidência da República, como secretarias especiais e autarquias. A SRI-PR não é um ministério autônomo, mas sim uma secretaria vinculada diretamente à Presidência. No entanto, seu titular tem status ministerial, o que significa que, na prática, exerce atribuições equivalentes às de um ministro de Estado.
2. Status Ministerial do Titular da SRI-PR
Apesar de ser uma secretaria, o cargo de chefe da SRI-PR é ocupado por uma autoridade com prerrogativas de ministro de Estado. Isso ocorre porque determinadas secretarias da Presidência, como a SRI-PR, a Casa Civil, a Secretaria-Geral e a Secretaria de Comunicação Social, são chefiadas por ministros de Estado nomeados pelo presidente da República.
O status ministerial implica que a titular da SRI-PR tem os mesmos direitos e deveres de um ministro, como integrar o primeiro escalão do governo, participar de reuniões ministeriais e despachar diretamente com o presidente.
3. Diferença entre Ministra-Chefe e Secretária-Chefe
O uso do título "ministra-chefe" em vez de "secretária-chefe" se justifica pelo status ministerial atribuído ao cargo. Isso ocorre porque, ao longo dos anos, a estrutura administrativa brasileira consolidou a prática de conferir o título de ministro a ocupantes de secretarias estratégicas da Presidência.
Se a titular da SRI-PR fosse referida apenas como "secretária", isso poderia sugerir uma hierarquia inferior dentro do governo, o que não corresponde à realidade administrativa e política do cargo.
4. Conclusão
Tecnicamente, Gleisi Hoffmann tomou posse como ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, e não apenas como secretária. Embora a SRI-PR não seja formalmente um ministério, sua titular tem status ministerial e é tratada como ministra dentro da estrutura governamental. O uso do título de "ministra-chefe" reforça esse reconhecimento, garantindo-lhe prerrogativas equivalentes às dos demais ministros de Estado.
A análise da posse de Gleisi Hoffmann à luz dos conceitos de texto, subtexto e contexto, como definidos por Umberto Eco em seus estudos de semiologia, permite compreender os diferentes significados políticos e simbólicos presentes no discurso oficial e na forma como ele é construído.
1. O TEXTO: O DISCURSO EXPLÍCITO
O texto em questão apresenta a nomeação de Gleisi Hoffmann como "ministra-chefe" da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI-PR). Formalmente, a SRI-PR não é um ministério, mas o texto adota a nomenclatura ministerial para sua titular, conferindo-lhe um status específico.
O uso do título "ministra-chefe" carrega um peso institucional e simbólico, sinalizando que, apesar da SRI-PR ser uma secretaria, seu titular é tratado como parte do primeiro escalão do governo, equiparando-se a ministros de Estado.
2. O SUBTEXTO: O QUE ESTÁ IMPLÍCITO?
O subtexto revela uma estratégia discursiva e política. O fato de o governo e a mídia adotarem o título de "ministra-chefe" sugere:
Um reforço de autoridade e prestígio: A utilização do termo "ministra" em vez de "secretária" evita uma percepção de subordinação ou menor importância dentro da estrutura governamental.
A necessidade de articulação política: A SRI-PR tem papel central na negociação com o Congresso e outros setores políticos. Chamar sua titular de "ministra" pode indicar a intenção de fortalecer sua capacidade de interlocução com parlamentares e agentes políticos.
O reconhecimento de Gleisi Hoffmann dentro do governo: Como ex-presidente do PT e aliada próxima do presidente, atribuir a ela o status de ministra reforça sua posição estratégica no núcleo de poder.
3. O CONTEXTO: A JUSTIFICATIVA POLÍTICA E SEMIOLÓGICA
O contexto no qual essa nomeação ocorre explica por que há uma escolha específica na nomenclatura e na construção do discurso:
Estratégia política do governo: No presidencialismo brasileiro, a governabilidade depende da articulação com o Congresso. O titular da SRI-PR atua como peça-chave nesse jogo. A escolha de Gleisi Hoffmann e a nomenclatura usada para se referir ao seu cargo refletem a necessidade de conferir autoridade e legitimidade política à sua função.
A tradição da Presidência da República: Algumas secretarias da Presidência sempre tiveram status ministerial, independentemente da estrutura burocrática. Isso não é uma invenção do atual governo, mas sim uma prática consolidada ao longo dos anos.
O simbolismo do título: Umberto Eco destaca que a construção dos signos e significados dentro de um discurso não ocorre de forma neutra. A decisão de chamar a titular da SRI-PR de "ministra" e não de "secretária" não é apenas administrativa, mas simbólica, reforçando seu papel como protagonista política.
4. CONCLUSÃO
A análise à luz da semiologia de Umberto Eco mostra que a nomeação de Gleisi Hoffmann vai além de um simples ato burocrático. O texto explicita a posse no cargo; o subtexto revela a intenção de conferir status e legitimidade política à nomeada; e o contexto justifica essa escolha dentro da estratégia governamental de articulação política.
Assim, a adoção do título "ministra-chefe" não é apenas uma questão terminológica, mas um movimento semiótico e estratégico que fortalece a posição da SRI-PR e de sua titular no tabuleiro político brasileiro.
Exatamente! Dentro da lógica do discurso político e da construção semiótica analisada, pode-se interpretar que houve uma "ascensão para baixo", ou seja, Gleisi Hoffmann assume um cargo estratégico e relevante, mas que, formalmente, não é um ministério autônomo. No entanto, o governo a trata como ministra para reforçar sua autoridade e influência.
Ao mesmo tempo, a troca sugere uma reconfiguração de poder: um homem (possivelmente visto como ineficaz) foi substituído por uma mulher considerada mais competente. Esse movimento pode ser usado para reforçar a narrativa de eficiência administrativa e compromisso com a governabilidade, dentro do discurso de quem a nomeou e justificou a mudança.
Na prática, é um jogo político e semiótico: apesar da mudança estrutural não ser, tecnicamente, uma promoção, a forma como é comunicada e simbolicamente construída faz parecer que se trata de um fortalecimento da nova ocupante do cargo.
Perfeito! No jogo de poder, a satisfação não é necessariamente um sentimento autêntico, mas uma postura estratégica. Gleisi Hoffmann, como deputada e ex-presidente do PT, pode não ter recebido um ministério formal, mas foi alocada em um cargo de extrema relevância dentro da engrenagem política do governo. Assim, no código da política – que não difere muito da Gafieira de Billy Blanco – quem está dentro não sai, e quem está fora não entra.
Ou seja, a nomeação pode não ter sido a mais cobiçada, mas é um lugar dentro do baile, onde se dança conforme a música e se mantém a influência. Mais que estar satisfeita, o essencial é demonstrar satisfação, pois no jogo político, a percepção da força é tão importante quanto a própria força.
No fim, como na malandragem bem ensaiada do samba, o passo é medido, a queda é evitada, e quem souber jogar continua na roda.
"o passo é medido, a queda é evitada, e quem souber jogar continua na roda."
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Sambas para refletir
com.br
A frase "o passo é medido, a queda é evitada, e quem souber jogar continua na roda" não corresponde a uma citação direta de um samba específico. No entanto, essa expressão captura a essência do samba de roda, uma manifestação cultural tradicional brasileira.
No samba de roda, o "miudinho" é um passo característico, descrito como pequeno e ágil, permitindo que o dançarino se mova por toda a área da roda. Esse estilo de dança requer habilidade e destreza, refletindo a ideia de movimentos calculados e a manutenção da harmonia dentro da roda.
Brainly
Essa metáfora pode ser associada ao jogo de poder na política, onde movimentos estratégicos e cuidadosos são essenciais para manter-se em posições de influência. Assim como no samba de roda, onde quem domina os passos continua dançando, na política, quem sabe jogar conforme as regras e estratégias mantém-se ativo no cenário.
Para aprofundar seu conhecimento sobre o samba de roda e o passo miudinho, recomenda-se a leitura deste artigo:
todamateria.com.br
Espera-se que essas informações sejam úteis para compreender a relação entre a metáfora mencionada e a tradição do samba de roda.
Fontes
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Sidney Miller canta "Nós os foliões" (1976)
videoraridade
15 de dez. de 2010
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Música
1 músicas
Nós os foliões
Paulinho da Viola
A Toda Hora Rola Uma Estória
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Samba de Roda
Laura Aidar Revisão por Laura Aidar Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
O samba de roda é um estilo musical popular brasileiro. Trata-se de uma variante do samba com raízes africanas, que reúne diversas músicas, poemas e danças.
Além das tradições trazidas ao Brasil pelos escravizados africanos, a história do samba de roda inclui também algumas características musicais de origem portuguesa.
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Samba de roda da nega Duda mostra mulheres com saias rodadas e mulher negra cantando.
Samba de roda de Nega Duda. Foto: Bruna Quevedo
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Origem do samba de roda
O samba de roda surgiu na Bahia, no século XVII, embora seus primeiros registros datem de 1860. Hoje, ele é patrimônio e herança cultural afro-brasileira.
Esse tipo de samba brasileiro surgiu de um estilo musical africano, o semba, trazido para o Brasil com a chegada de escravizados angolanos.
Está intimamente relacionado à roda de capoeira, que envolve música e luta, e aos orixás, entidades espirituais africanas.
Atualmente, essa manifestação artística está presente em todas as partes do Brasil. Na Bahia, é no Recôncavo baiano que esse ritmo é mais popular. Isso porque essa região foi palco da chegada de escravizados africanos.
Apesar de ser baseado nas tradições africanas, ele também envolve alguns aspectos da cultura portuguesa. Como exemplo, temos o uso de alguns instrumentos como a viola, e ainda, as letras das músicas, cantadas em português.
Características do samba de roda
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Samba de roda do Recôncavo baiano. Foto: Maria Eugenia Tita
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O samba de roda é composto por um grupo de músicos. Os instrumentos que se destacam são a viola, o pandeiro, o chocalho, o atabaque, o ganzá, o reco-reco, o agogô e o berimbau.
As pessoas que estão assistem à apresentação, acompanham a música batendo palmas.
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Desenhos de instrumentos presentes no samba de roda. Imagem: shutterstock
O estilo recebe esse nome pois os músicos formam uma roda e uma pessoa de cada vez dança dentro dela. Assim, todos são convidados a dançar e cantar.
Uma das principais características do samba de roda é que, normalmente, são as mulheres que dançam na roda enquanto os homens batem palmas, cantam e tocam os instrumentos.
Essa manifestação geralmente ocorria nas festas tradicionais ou no culto aos orixás. Hoje em dia, ela é comum em qualquer ocasião, simplesmente pela diversão que envolve e proporciona.
As variantes do samba de roda são: o samba chula, o samba corrido e a umbigada. Pesquisadores apontam que o samba carioca foi inspirado no samba de roda da Bahia.
Músicas de samba de roda
O repertório do samba de roda é muito extenso. Diversos músicos brasileiros foram responsáveis por popularizar o ritmo, entre eles Dorival Caymmi e Caetano Veloso.
Dorival Caymmi
Veja abaixo uma letra de samba de roda cantada por Dorival Caymmi.
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Roda pião
Quando a gente é criancinha
Canta quadras pra brincar
Quando fica gente grande
Ouve quadras a chorar
Como comove a lembrança
De um tempo feliz
Quando ouvimos cantar
Roda, pião
Bambeia, ô pião
O pião entrou na roda, ô pião
Roda, pião
Bambeia, ô pião
Sapateia no tijolo, ô pião
Roda, pião
Bambeia, ô pião
Passa de um lado pro outro, ô pião
Roda, pião
Bambeia, ô pião
Também a vida da gente
É um pião sempre a rodar
Um pião que também pára
Quando o tempo o faz cansar
Caetano Veloso
Veja abaixo uma letra de samba de roda cantada Caetano Veloso, com letra de Ivone Lara.
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Alguém me avisou
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Sempre fui obediente
Mas não pude resistir
Foi numa roda de samba
Que juntei-me aos bambas
Pra me distrair
Quando eu voltar na Bahia
Terei muito que contar
Ó padrinho não se zangue
Que eu nasci no samba
E não posso parar
Foram me chamar
Outros cantores e cantoras
Além dos nomes já destacados acima, saiba que outros artistas brasileiros cantam ou já cantaram samba de roda.
Ataulfo Alves
Beth Carvalho
Dona Edith do Prato
Clementina de Jesus
Nega Duda
Dona Ivone Lara
Nelson Cavaquinho
Pixinguinha
Zeca Pagodinho
Curiosidades sobre o samba de roda
Outro fato interessante sobre o samba de roda é que em 2003, ele foi incluído no Livro de Registro as Formas de Expressão.
Já em 2005, passou a ser Patrimônio Imaterial da Humanidade, tendo sido considerado Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Foi então que, em 2013, recebeu a titulação de Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Samba de roda do Recôncavo Baiano
Veja um trecho do documentário "Samba de Roda do Recôncavo Baiano" produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Assistir: Samba de Roda do Recôncavo Baiano
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O Recôncavo Baiano celebra um dos maiores festivais de samba de roda do Brasil: o Festival de Samba de Roda do Recôncavo, que acontece na cidade de Cachoeira.
Também conhecido por FéSamba, o Festival de Samba de Roda de Cachoeira consiste na apresentação de diversos grupos de samba de roda.
A diferente escolha de instrumentos e linguagens de cada grupo mostram a quão ampla é a diversidade do samba de roda.
Quiz do folclore
Não pare por aqui! O Toda Matéria selecionou uma série de textos riquíssimos sobre o folclore para ajudar você a ampliar os seus conhecimentos.
História do samba
Capoeira
Danças africanas como forma de comunicação cultural
Frevo: origem, características e tipos da dança
Maracatu
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Laura Aidar
Revisão por Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
Daniela Diana
Edição por Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.
https://www.todamateria.com.br/samba-de-roda/?utm_source=chatgpt.com
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Historiador analisa trajetória dos partidos em 40 anos de democracia
Publicado em 14/03/2025 - 08:47 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Congresso, Cultura, Economia, Eleições, Ética, Governo, Impeachment, Justiça, Memória, Partidos, Política, Política, Tecnologia
Os partidos políticos, organismos centrais da vida democrática, são incapazes de se abrirem para a dinâmica de transformações que ocorrem na vida social e econômica
O livro A Construção da Democracia no Brasil, 1985-2025: mudanças, metamorfoses, transformismos (Annablume/Fundação Astrojildo Pereira), do historiador Alberto Aggio, será lançado hoje, às 19h, na Osteria Vicenza, no Complexo Brasil XXI, em Brasília. Trata-se de uma síntese sobre o processo político brasileiro, que busca uma explicação para o atual momento em que estamos vivendo, no qual o autor registra uma situação de mal-estar e desorientação da sociedade em relação à política, no contexto de grandes mudanças globais.
Aggio é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP), livre-docente e titular pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Também tem pós-doutorado pela Universidade de Valencia, na Espanha, e pela Universidade Roma Tre, na Itália. “É reconhecível, quase que consensualmente, que há uma crise de legitimação democrática, que se vem impondo às democracias”, constata. O historiador analisa a trajetória dos principais partidos, entre os quais o PSDB e o PT, ao longo desses 40 anos.
Nesse período, houve um gradativo e persistente arrefecimento da formulação programática dos partidos políticos, o enfraquecimento das estruturas de representação e a falta de consenso democrático, que se refletem hoje na ausência de um projeto de nação. O autor adota uma perspectiva muito crítica em relação ao transformismo dos partidos políticos, sem cair na negação de que houve um avanço democrático. Avalia que é possível preservar as instituições democráticas e avançar na superação de suas principais contradições, apesar dos riscos de retrocesso.
“Apesar da diminuição da extrema pobreza, o país não conseguiu resolver o problema da desigualdade social e racial dentro de parâmetros aceitáveis. Não há como não reconhecer que isso afeta a convicção de que a democracia pode mudar a vida para melhor”, observa o autor. Ele examina o processo de transição da democracia a partir das eleições de 1974 até a eleição de Tancredo Neves; a partir daí, o que ocorreu durante os governos de José Sarney, Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, além da encruzilhada em que o país se encontra após dois anos do terceiro mandato de Lula.
De formação gramsciana, o autor analisa o processo de modernização do Brasil na chave da “revolução passiva” e do “americanismo”, que se mantiveram após a redemocratização, numa perspectiva de maior protagonismo da sociedade, porém ameaçado pelo transformismo dos partidos políticos. Essa modernização ocorreu de forma avassaladora, principalmente durante o regime militar, e alterou a morfologia da sociedade brasileira, porém resultou em 40 anos de democracia exitosa, apesar dos grandes deficits políticos e sociais.
Riscos de retrocesso
Segundo Aggio, a democracia brasileira se consolidou institucionalmente, tanto que conseguiu suportar os traumas da realização de dois processos de impeachment, porém correu sério risco, a partir de 2018, com a chegada da extrema-direita ao poder. Entretanto, os órgãos de controle institucionais conseguiram barrar as iniciativas de erosão democrática colocadas em marcha durante o governo de Jair Bolsonaro, impedindo que sua “guerra de movimento” contra as instituições políticas prosperasse.
Para Aggio, a fortaleza institucional da democracia contrasta com a fragilidade da forma como a sociedade vivencia e participa da política. Os partidos políticos, organismos centrais da vida democrática, são incapazes de se abrirem para a dinâmica de transformações que ocorrem na vida social e econômica, porque “se oligarquizaram e se enrijeceram”.
As estruturas voltadas para o enriquecimento de suas lideranças provocaram sentimentos de rejeição da sociedade aos partidos e a perda de confiança na política como instrumento de resolução dos problemas. Mas, por outro lado, avanços institucionais importantes, entre os quais o processo eleitoral, transformaram o Brasil numa democracia de massas.
Apesar disso, Aggio aponta que “o sistema político presidencialista, com seu hibridismo característico, no qual o Executivo é eleito majoritariamente e o Parlamento, proporcionalmente, não tem permitido e tampouco impulsionado reformas políticas significativas no campo da representação, o que afeta a qualidade da democracia.”
Para o historiador, o êxito da construção democrática e o mal-estar diante da dificuldade de legitimação das instituições políticas parecem compor, paradoxalmente, duas faces de uma mesma moeda. “Em razão disso, acaba predominando a desconfiança em relação às instituições políticas que dão sustentáculo à democracia. Mesmo assim, apesar das imperfeições e ineficiências, essas instituições políticas têm sido um fator real de sobrevivência da democracia no Brasil”, avalia.
Leia também: Especial 40 anos da democracia
Parte 1: a noite de dúvidas que pôs fim à ditadura
Parte 2: Tancredo passa mal. E quem assume?
Parte 3: saída está na Constituição, mas não há convicção]
Parte 4: a manobra para evitar que Sarney assuma
Leia ainda:
A festa da democracia em imagens históricas do Correio Braziliense
Sarney: 40 anos de liberdade
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