Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 29 de março de 2025
O JOIO E O TRIGO
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Sábado, 29 de março de 2025
O caos e o golpe
Oito são os denunciados do chamado "Núcleo Crucial", agora transformados em réus na Ação Penal que tramita no Supremo Tribunal Federal. A tentativa de golpe de Estado, orquestrada por figuras centrais do bolsonarismo, buscava instalar um caos institucional sem precedentes, numa espécie de "saco de gatos" onde a desordem favoreceria a subversão das instituições democráticas.
A narrativa da extrema-direita se desdobra de maneira previsível: enquanto exigiam obediência cega às suas ordens arbitrárias, os golpistas ignoravam o devido processo legal, a presunção de inocência e os mecanismos fundamentais de um Estado Democrático de Direito. "Cosa, cosa!" – bradavam, no desespero de consolidar um projeto autoritário que nunca encontrou respaldo na soberania popular. A tentativa falhou, mas o estrago simbólico foi feito: o descrédito institucional passou a ser sua nova frente de batalha.
O julgamento que se inicia no STF não é apenas um acerto de contas com os responsáveis diretos pela intentona golpista, mas um marco histórico na reafirmação de que o Brasil não aceita aventuras autoritárias. Não se trata de perseguição política, mas de responsabilização penal baseada em provas robustas e inegáveis.
A extrema-direita, entretanto, não se resigna. A estratégia é clara: transformar seus líderes em mártires e lançar dúvidas sobre a lisura do processo judicial. Críticas ao STF são bem-vindas e necessárias dentro de um regime democrático. No entanto, há uma linha que separa o debate honesto da manipulação desonesta. O que se vê é uma tentativa coordenada de desqualificar por completo a atuação da Corte, criando um clima de instabilidade que serve apenas àqueles que tentaram rasgar a Constituição.
Moral da história: Queriam empurrar a democracia para dentro de um saco, mas esqueceram que saco rasga—e, quando rasga, o que estava escondido aparece para todos verem. Com direito a cheiro forte e consequências inevitáveis.
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Serrano diz Bolsonaro réu é "reconhecimento do crime de tentar golpe" e rebate Fux
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TV Fórum
Estreou há 10 horas
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sábado, 29 de março de 2025
O joio e o trigo - Pedro Serrano
O STF não está imune a críticas, mas o objetivo da extrema-direita é desqualificar por completo a atuação da Corte
O Supremo Tribunal Federal vem impulsionando as denúncias formuladas pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas pelos crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Por essas razões, intensificam-se as críticas aos atos de persecução penal e jurisdicionais da Corte Constitucional.
Críticas não são apenas aceitáveis, mas desejáveis em qualquer sistema democrático. A posição assumida pelo Judiciário para a vida em sociedade o coloca, invariavelmente, sob o crivo do questionamento. Ao Judiciário cabe, nas democracias contemporâneas, a última palavra em termos de interpretação da ordem jurídica. Em países como os latino-americanos, providos de Constituições analíticas, diversas decisões sobre da vida pública, em comunidade e dos comportamentos humanos são transferidas para o âmbito jurisdicional.
O escrutínio público a que se sujeita o Judiciário fica ainda mais latente quando estamos diante de um órgão de cúpula que, cotidianamente, é provocado a se manifestar sobre pautas sociais, conflitos entre poderes e federativos, entre outros temas. Com relação às competências exercidas pelo Supremo em matéria criminal, a grande maioria das críticas é descabida sob a perspectiva jurídica e, o que é mais grave, serve a propósitos escusos.
Rememoremos que o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, proliferou desinformações quanto ao processo eleitoral e às urnas eletrônicas. Além disso, o ex-presidente jamais reconheceu a vitória do presidente Lula nas eleições de 2022 e estimulou atos antidemocráticos em frente aos quartéis. Não podemos esquecer ainda da ruidosa atuação da Polícia Rodoviária Federal com o intuito de impedir o exercício do direito ao voto, dos atos de terrorismo no Aeroporto Internacional de Brasília em dezembro de 2022 e do fatídico dia 8 de janeiro de 2023, ocasião em que símbolos dos poderes constituídos da República brasileira foram, sem precedentes na nossa história, desafiados.
Se antes a palavra “golpe” pudesse significar, no âmbito das ciências humanas em geral, uma reprovabilidade do jargão político, agora é inequívoco que deve ser adotada para representar a prática de um crime contra as instituições democráticas: “golpe de Estado”, com todos os elementos do tipo constantes do artigo 359-M do Código Penal.
É a primeira vez na nossa história que militares, ministros, presidente da República e outros servidores públicos da alta administração do Estado são denunciados por tentativa de golpe de Estado. A finalidade da pretensão responsabilizatória não deve ser estritamente punir: precisamos deixar claro para as próximas gerações que a sociedade brasileira não aceita ataques violentos à Constituição e à democracia.
A gradual fragilização dos espaços e dos sentidos da democracia e da relação de pertencimento à sociedade ocorreu através de específicos artifícios enfraquecedores do pacto civilizatório e das instituições democráticas. O bolsonarismo foi muito além da mera estratégia política de reprodução e dissipação. As provas são claras, consistentes e revelam a gravidade dos crimes cometidos contra a nossa democracia. Esses atos atingiram diretamente o coração do Estado Democrático de Direito. Não estamos falando apenas de discursos golpistas, mas de ações concretas, como planos de sequestro e assassinato de autoridades, que colocaram em risco a própria democracia brasileira.
É nesse contexto que afirmamos, enfaticamente, que a defesa da nossa democracia constitucional pelo Supremo não está isenta de críticas. É preciso que se realize um incessante e comprometido escrutínio dos procedimentos e dos produtos da persecução do Estado. No entanto, determinadas disfuncionalidades não desqualificam, in totum, a atuação do Supremo.
Ao contrário de patologias do sistema, constatamos algumas disfunções que devem ser criticadas e corrigidas pelos específicos mecanismos recursais da processualística. É dentro desse campo que deve circunscrever a crítica. A confusão, além de equívoco epistêmico no âmbito jurídico, favorece, no âmbito político, aos propósitos da extrema-direita, sedenta na descredibilização dos lucus de resistência e na apropriação fraudulenta da verdade.
Publicado na edição n° 1355 de CartaCapital, em 02 de abril de 2025.
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Aqui está a transcrição do texto da imagem:
Parábola: o joio e o trigo
Mateus 13:24-30
Esta foi outra parábola que Jesus contou: "O reino dos céus é como um agricultor que semeou boas sementes em seu campo. Enquanto os servos dormiam, seu inimigo veio, semeou joio no meio do trigo e foi embora. Quando a plantação começou a crescer, o joio também cresceu. Os servos do agricultor vieram e disseram: 'O campo em que o senhor semeou as boas sementes está cheio de joio. De onde ele veio?'"
📖 @a.bibliafalada
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#97 - A Parábola do trigo e do joio
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A Vida em Foco - TV
8 de set. de 2015
No quadro Pérolas do Evangelho desta semana, Haroldo Dutra Dias nos presenteia com mais este enigma da Boa Nova, com todo o seu simbolismo e ensinamento ímpar.
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