quarta-feira, 15 de maio de 2024

A PARTIDA

"O mal deve ser feito de uma só vez, abruptamente; o bem distribuído aos pouco e lentamente. O PRÍNCIPE - MACHIAVEL" ---------
-----------
---------- "Cedo, na manhã seguinte, empregados da prefeitura vieram limpar a calçada dessa feia mácula, e quando começaram a raspar do muro o palavrão, aos poucos se foi formando diante deles um grupo de curiosos. Aconteceu passar por ali nessa hora um modesto funcionário público que levava para a escola, pela mão, o seu filho de sete anos. O menino parou, olhou para o muro e perguntou: __ Que é que está escrito ali, pai? __ Nada. Vamos andando, que já estamos atrasados... O pequeno, entretanto, para mostrar aos circunstantes que já sabia ler, olhou para a palavra de piche e começou a soletrá-la em voz alta: "Li-ber...". __ Cala a boca, bobalhão __ Exclamou o pai, quase em pânico. E, puxando com força a mão do filho, levou-o, quase de arrasto, rua abaixo." _________________________________________________________________________________________________________ -----------
------------- O que a obra Incidente em Antares fala? Incidente em Antares - Erico Verissimo - Grupo Companhia das ... Em Incidente em Antares, Erico Verissimo faz uma sátira política contundente e hilariante que, mesmo lançada em 1971, em plena ditadura militar, não teve receio de abordar temas como tortura, corrupção e mandonismo. ------------ -----------
------------ _________________________________________________________________________________________________________ A crônica "Nas entrelinhas: O tempo e o vento, a saga gaúcha continua" destaca não apenas a obra literária de Erico Verissimo, mas também a resiliência e a força do povo gaúcho diante das adversidades, representadas tanto na ficção quanto na realidade. A referência ao épico "O Tempo e o Vento" serve não apenas para contextualizar a história do Rio Grande do Sul ao longo dos séculos, mas também para ilustrar a luta e a determinação que permeiam a cultura e a identidade gaúchas. Ao abordar os personagens e eventos da trilogia, o autor nos leva a refletir sobre as semelhanças entre a ficção e a história real, destacando como figuras como Ana Terra, Capitão Rodrigo e Bibiana se tornaram arquétipos que moldaram o imaginário coletivo em relação aos gaúchos. Essas figuras, embora fictícias, representam valores e características que ressoam profundamente na cultura e na identidade do povo do Rio Grande do Sul. Além disso, a crônica faz uma conexão interessante entre a história ficcional e os eventos atuais, particularmente em relação à catástrofe climática enfrentada pela região. Ao mencionar as medidas tomadas pelo governo para enfrentar essa crise, o autor destaca não apenas a importância da solidariedade nacional, mas também a resiliência e a capacidade de superação do povo gaúcho, que enfrenta desafios tanto na ficção quanto na vida real. Assim, a crônica nos convida a refletir sobre a intersecção entre a literatura, a história e a realidade, destacando como obras como "O Tempo e o Vento" continuam a moldar nossa compreensão do mundo e a inspirar-nos a enfrentar os desafios com coragem e determinação, seguindo o exemplo dos heróis e heroínas que povoam não apenas as páginas dos livros, mas também os corações e mentes do povo gaúcho. _________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------ Nas entrelinhas: O tempo e o vento, a saga gaúcha continua Publicado em 15/05/2024 - 10:58 Luiz Carlos Azedo Brasília, Cidades, Cinema, Comunicação, Congresso, Cultura, Governo, Guerra, Literatura, Memória, Política, Política, Rio Grande do Sul O mais importante, em meio à catástrofe física, é o drama humano e a resiliência dos gaúchos diante das adversidades. O épico O Tempo e o Vento, obra do escritor gaúcho Erico Verissimo (1905-1975), foi publicado em três volumes: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962). A trilogia conta a história do Rio Grande do Sul ao longo de 200 anos, tendo forjado a identidade do povo gaúcho e, ao mesmo tempo, a empatia nacional com o estado. É um dos grandes romances de interpretação do Brasil. Muitos nem de longe ouviram falar no romance, mas sabem quem foram a destemida Ana Terra e um certo capitão Rodrigo Cambará, seja pelo cinema, seja pela teledramaturgia. Obra de ficção baseada em fatos, teceu o arquétipo dos nossos gaúchos, que são brasileiros por opção, porque também há gaúchos nos pampas do Uruguai e da Argentina, com os mesmos costumes tradicionais. A família Terra Cambará, cuja trajetória protagoniza os três volumes do romance, tece na literatura a história geográfica, cultural e política do Rio Grande do Sul. Quando o presidente Lula destaca a presença dos políticos gaúchos na história republicana, tem toda a razão. Foram seis presidentes da República — Hermes da Fonseca, Getúlio Vargas, João Goulart, Costa e Silva, Garrastazu Médici e Ernesto Geisel —, e alguns que não chegaram lá, mas deixaram seu nome na história: Bento Gonçalves, Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Luiz Carlos Prestes e Leonel Brizola, por exemplo. Os personagens de Verissimo moldaram o nosso imaginário em relação aos gaúchos. Tudo começou em Sete Povos das Missões, em meio às disputas territoriais entre Portugal e Espanha e ao genocídio dos povos guaranis. Filho de uma indígena que morreu no parto, Pedro Missioneiro, criado por um padre espanhol, conhece Ana Terra, filha de uma família paulista estabelecida nas terras ao sul. Do relacionamento proibido nasce Pedro Terra. O ciclo de violência e mortes faz com que Ana e seu filho rumem para Santa Fé, cidade que abriga os protagonistas de O Tempo e o Vento. Filha de Pedro Terra, Bibiana se apaixona pelo capitão Rodrigo Cambará, forasteiro mulherengo e destemido. Rodrigo sobrevive a um tiro desferido à traição por um de seus inimigos, Bento Amaral, rival na disputa pelo coração de Bibiana. Rodrigo e Bibiana se casam e têm três filhos, entre eles Bolívar, outro protagonista da saga, assim como seus descendentes, o filho Licurgo e o neto Rodrigo. Santa Fé é uma alegoria da política gaúcha, com suas oligarquias e guerras civis, honra e traição, que atravessaram a Guerra dos Farrapos (1835-1845), a Guerra do Paraguai (1864-1870) e a Revolução Federalista (1893-1895), até a transição do campo para a cidade e a Revolução de 1930. A formação do patriarcado gaúcho é marcada pela presença de mulheres fortes. “Elas eram o chão firme que os heróis pisavam. A casa que os abrigava quando eles voltavam da guerra. O fogo que os aquecia. As mãos que lhe davam de comer e de beber. Elas eram o elemento vertical e permanente da raça”, afirma Verissimo, cuja obra foi consagrada no cinema e na televisão. O drama humano Walter George Durst e Cassiano Gabus Mendes dirigiram o longa-metragem O Sobrado, em 1956, a primeira adaptação audiovisual de O Tempo e o Vento. Mostra a luta de Licurgo (Fernando Baleroni) para proteger o casarão dos Terra Cambará do cerco das tropas comandadas pela inimiga família Amaral durante a Revolução Federalista. Na antiga TV Excelsior, O Tempo e o Vento teve 210 capítulos, com Geórgia Gomide (Ana Terra), Carlos Zara (Capitão Rodrigo) e Maria Estela (Bibiana) no elenco. Um Certo Capitão Rodrigo (1971) foi dirigido por Anselmo Duarte, com Francisco di Franco vivendo o personagem, e Elza de Castro como Bibiana. Ana Terra (1972), de Durval Garcia, foi estrelado por Rossana Ghessa. A minissérie O Tempo e o Vento (Globo,1985), com direção de Paulo José e trilha sonora de Tom Jobim, teve 25 capítulos dedicados a Ana Terra (Glória Pires), Um Certo Capitão Rodrigo (Tarcísio Meira), Bibiana (Louise Cardoso), Teiniaguá, com Lilian Lemmertz e Carla Camuratti no papel de Bibiana e Luzia, e O Sobrado, no qual Lélia Abramo reluz como Bibiana já idosa. A última adaptação de O Tempo e o Vento é de Jayme Monjardim. Estreou como longa-metragem, em 2013, e ganhou versão ampliada na minissérie da Globo, em 2014. Abarca os 150 anos narrados em O Continente, com Cleo Pires (Ana Terra) e Thiago Lacerda (Capitão Rodrigo), além de Marjorie Estiano e Fernanda Montenegro vivendo Bibiana em diferentes fases. O tempo e o vento de novo emolduram a vida dos gaúchos, nessa tragédia climática. As medidas que estão sendo tomadas para enfrentar a catástrofe ambiental revelam a presença da União e a solidariedade da federação. O Congresso aprovará, de hoje para amanhã, o pacote de medidas adotadas pelo presidente Lula para socorrer os gaúchos. O mais importante, em meio à catástrofe física, é o drama humano e a resiliência dos gaúchos diante das adversidades. São Anas, Pedros, Bibianas e Rodrigos. Colunas anteriores no Blog do Azedo: https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/ Compartilhe: _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ----------- Jornal da Cultura | 15/05/2024 Jornalismo TV Cultura Transmissão ao vivo realizada há 11 horas #JornaldaCultura #JC No Jornal da Cultura desta quarta-feira (15) você vai ver: Lula anuncia nova ajuda às famílias gaúchas; Equipe do JC acompanha dia de trabalho dos bombeiros gaúchos; Aprovado projeto que suspende dívida do Rio Grande do Sul com a União; Mercado reage mal à demissão de ex-presidente da Petrobras; Premiê da Eslováquia é baleado duas vezes e está internado em estado grave. Para comentar essas e outras notícias, Karyn Bravo recebe a economista Mariana Almeida, professora do Insper e diretora-executiva da Fundação Tide Setubal, e o comunicador e apresentador do Provoca, Marcelo Tas. https://www.youtube.com/watch?v=Av1KL-Rd5VY https://youtu.be/Av1KL-Rd5VY https://www.youtube.com/watch?v=Av1KL-Rd5VY&t=316s _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ------------ 0:07 / 32:17 VEJA MOVIMENTOS POLÍTICOS FEITOS DURANTE TRAGÉDIA E QUE PODEM SER CONSIDERADOS OPORTUNISMO MyNews Estreou há 4 horas #nãoébemassim #MyNews #nãoébemassim Neste episódio do "Não é Bem Assim", os jornalistas debatem as decisões do governo Lula no cenário paralelo à tragédia do Rio Grande do Sul e como esta, ao ser inserida no cotidiano da população, tem o potencial de se tornar normal e com espaço para oportunismo em ano eleitoral. Com Dora Kramer, Marcelo Madureira, Marcio Fortes e Pedro Paulo Magalhães - agora na grade do MyNews. https://www.youtube.com/watch?v=EbE4e0Jd6WU _________________________________________________________________________________________________________ ---------- ------------- SAIBA O QUE SIGNIFICA A DEMISSÃO DO PRESIDENTE DA PETROBRAS ----------- ------------ "A gente se separou." // "Nós nos separamos." // "Nos separamos." // "Estamos separados." Em abordagem dramatúrgica que combine conceitos dramatúrgicos básicos com uma encenação amigável e didática, escrever três roteiros, um para cada título entre aspas, nos estilos de Nélson Rodrigues, em 'A vida como a vida é.' ; a seguir no estilo de Shakespeare ; em terceiro no de Henrik Ibsen. Finalmente conecte os três roteiros produzidos em um roteiro final no estilo de Oduvaldo Vianna Filho de A Grande Família. Roteiro 1: "A gente se separou." (Estilo de Nelson Rodrigues em 'A vida como a vida é.') [Dois personagens, MARIA e JOÃO, estão sentados à mesa da cozinha. A tensão é palpável.] MARIA: [Com a voz trêmula] João, acho que chegou a hora de admitir... a gente se separou. JOÃO: [Chocado, solta um suspiro pesado] Como assim, Maria? A gente se amava tanto... MARIA: [Olhando para baixo, evitando contato visual] Eu sei, João. Mas as coisas mudaram... Eu mudei. JOÃO: [Se levanta abruptamente, agitado] E eu? Não conta para nada? Você não pode simplesmente decidir isso sozinha! MARIA: [Com lágrimas nos olhos] Eu não estou decidindo sozinha, João. É a realidade... A vida nos separou. JOÃO: [Desmoronando na cadeira, derrotado] Então é isso... a gente se separou. [Fim da cena.] Roteiro 2: "Nós nos separamos." (Estilo de Shakespeare) [Dois personagens, JULIETA e ROMEU, estão em um jardim, sob a luz da lua.] JULIETA: [Com voz suave, mas firme] Romeu, chegou o momento de reconhecermos... nós nos separamos. ROMEU: [Olhando para ela com descrença] Como assim, Julieta? Nós éramos feitos um para o outro, destinados pela estrelas! JULIETA: [Com um suspiro triste] O destino é um mestre cruel, Romeu. Ele nos conduziu até aqui, onde nossos caminhos se bifurcam. ROMEU: [Ajoelhando-se diante dela] Imploro, Julieta, não parta meu coração desta maneira. Juntos, somos invencíveis! JULIETA: [Colocando a mão no ombro dele] Não é uma questão de força, Romeu, mas de aceitação. Nós nos separamos. ROMEU: [Levantando-se lentamente, resignado] Então que assim seja... nós nos separamos. [Fim da cena.] Roteiro 3: "Nos separamos." (Estilo de Henrik Ibsen) [Dois personagens, NORA e TORVALD, estão na sala de estar de sua casa.] NORA: [Com voz decidida] Torvald, não podemos mais ignorar a realidade... nos separamos. TORVALD: [Surpreso, mas tentando manter a compostura] Nora, você não pode estar falando sério. Nossa família, nosso lar... NORA: [Interrompendo-o com firmeza] Não é mais suficiente, Torvald. Eu não posso continuar vivendo nessa prisão dourada, onde meus sonhos são sufocados. TORVALD: [Com os olhos marejados] E o que restará de nós, Nora? E dos nossos filhos? NORA: [Com lágrimas nos olhos] Talvez, finalmente, a verdadeira liberdade. Nos separamos. TORVALD: [Baixando a cabeça em resignação] Então que assim seja... nos separamos. [Fim da cena.] Roteiro Final: (Estilo de Oduvaldo Vianna Filho de A Grande Família) [Na sala da casa da família Silva, MANUEL e MARIA estão sentados no sofá, enquanto TUCA e BEBEL estão ao redor, preocupados.] MARIA: [Com um suspiro] Gente, precisamos conversar... MANUEL: [Interrompendo] Maria, não... MARIA: [Determinada] Manuel, chega. A verdade é que... nós nos separamos. TUCA: [Chocado] O quê? Mas e nós, papai? BEBEL: [Com lágrimas nos olhos] Isso é sério, mãe? MARIA: [Abraçando as crianças] Sim, meus amores. É sério. Mas, apesar disso, continuaremos sendo uma família. De uma forma ou de outra. MANUEL: [Com um sorriso triste] Ela está certa, crianças. Nós podemos estar separados, mas sempre seremos uma família unida. [Fim da cena, com a família abraçada, enfrentando juntos os desafios da vida.]

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Ã, É, silêncio

----------- Ultima foto, tirada por Otto Hees, da família imperial ainda no trono; Isabel está ao lado de D. Pedro O que foi o 13 de maio? ---------- 1/2 é um meio 21/2 é vinte e um meio 1 1/2 é um e um meio 0,5 é um meio 10,5 é vinte e um mais zero meio LOGO, 10,25 É IGUAL A QUANTO, NA FORMA RACIONAL? FUNDAMENTE E JUSTIFIQUE, USANDO RECURSOS LÓGICOS, MATEMÁTICOS, DIDÁTICOS E AMIGÁVEIS NA COMPREENSÃO: Para encontrar a representação fracionária de 10,25, primeiro vamos considerar que "10" é um número inteiro e "0,25" representa um quarto (ou 1/4) de uma unidade. Portanto, em termos fracionários, 10,25 pode ser expresso como a soma de 10 unidades e 1/4 de uma unidade. Então, temos: 10,25 = 10 + 0,25 Como 0,25 é equivalente a 1/4, podemos escrever: 10,25 = 10 + 1/4 Agora, se queremos expressar isso na forma de uma fração mista, combinamos a parte inteira (10) com a fração (1/4): 10,25 = 10 + 1/4 Portanto, a forma racional de 10,25 é 10 1/4. Essa representação nos permite entender facilmente que 10,25 consiste em 10 unidades inteiras e mais um quarto de uma unidade. Essa abordagem combina conceitos matemáticos básicos com uma explicação amigável e didática. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ Cavalo 'Caramelo' é resgatado após ficar "ilhado" em telhado no RS Caramelo estava ilhado em um telhado, após as chuvas intensas que atingiram a região ----------- Lei Áurea sendo passada em brancas nuvens… Caramelo dominou todas as cores! ---------- Essa frase parece fazer uma alusão poética à Lei Áurea, que foi a lei que aboliu a escravidão no Brasil em 1888, e ao mesmo tempo, usa uma metáfora relacionada às nuvens e às cores para transmitir uma mensagem simbólica. A expressão "passada em brancas nuvens" sugere que a Lei Áurea foi promulgada de maneira tranquila e pacífica, quase como se estivesse flutuando no ar, sem dificuldades ou resistência. Isso pode ser interpretado como uma reflexão sobre como, em retrospectiva, a abolição da escravidão pode parecer um evento natural e inevitável, embora na realidade tenha envolvido muita luta, resistência e sofrimento. Por outro lado, a frase "Caramelo dominou todas as cores!" parece introduzir uma reviravolta na narrativa. Aqui, "Caramelo" é usado como um termo figurativo para se referir a uma mudança significativa ou transformação. Ao afirmar que "Caramelo dominou todas as cores", o autor sugere que essa mudança ou transformação abrangeu todas as esferas da vida ou afetou todos os aspectos da sociedade. No contexto da abolição da escravidão, essa frase pode ser interpretada como uma indicação de que a Lei Áurea representou uma mudança profunda e abrangente na estrutura social e política do Brasil, afetando todas as camadas da sociedade e trazendo uma nova ordem de igualdade e liberdade. ----------
-------------- MANTO TUPINAMBÁ CHEGA À MOSTRA DO ITAÚ CULTURAL ---------- Depois de Tupi, Tupinambá, pode me chamar de caramelo. Não peça a tonalidade: aí sou apenas geminiano com ascendência ignorada! -----------
---------- O que não fazer com um geminiano?! ---------- Essa frase parece brincar com a ideia de identidade e origem étnica, fazendo uma conexão humorística entre nomes de povos indígenas brasileiros e a cor "caramelo". A referência inicial a "Tupi" e "Tupinambá" remete aos povos indígenas que habitavam o Brasil antes da colonização europeia. Em seguida, o autor diz "pode me chamar de caramelo", sugerindo que ele próprio se identifica com essa cor de pele. No entanto, ele acrescenta "Não peça a tonalidade", indicando que não deseja especificar exatamente qual é a sua cor de pele, talvez para evitar classificações ou estereótipos. A segunda parte da frase, "aí sou apenas geminiano com ascendência ignorada", acrescenta um toque de humor e mistério. O autor parece estar sugerindo que, ao contrário das classificações étnicas ou raciais, ele se identifica principalmente como "geminiano", uma referência ao signo do zodíaco. A menção à "ascendência ignorada" sugere que sua verdadeira origem é desconhecida ou indefinida, o que reforça a ideia de que ele prefere não ser rotulado com base em categorias étnicas ou raciais. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
-------------
------------ segunda-feira, 13 de maio de 2024 Demétrio Magnoli - O risco de repetir Jane Fonda O Globo Black Power foi substituído por políticas identitárias oficialistas, articuladas nas reitorias e nos gabinetes parlamentares A foto, de autoria anônima, correu mundo em julho de 1972. Jane Fonda, sentada numa bateria antiaérea norte-vietnamita, tornou-se “Hanói Jane”. Mais tarde, a protagonista de “Barbarella” (1968) pediria desculpas pela imagem “que me machucará até eu morrer”. Na Rússia de Putin, empregar a palavra “guerra” para fazer referência à invasão imperial da Ucrânia pode dar cadeia. Nas democracias, não é proibido criticar o próprio governo, e até a própria nação, mesmo fazendo propaganda de um inimigo. A história da foto começou no início de 1968 com a Ofensiva do Tet, no Vietnã, que galvanizou o movimento antiguerra nos Estados Unidos, seguida pelo assassinato de Martin Luther King, em abril, fonte direta da rebelião negra no Harlem e indireta da ocupação estudantil do Hamilton Hall, na Universidade Columbia. Foi durante o ápice da agitação universitária, mas sem conexão com ela, que o palestino Sirhan Sirhan assassinou Robert F. Kennedy, estreitando a disputa pela indicação democrata ao vice Hubert Humphrey e ao candidato antiguerra Eugene McCarthy. Na volta seguinte do parafuso, os líderes da organização Estudantes por uma Sociedade Democrática (SDS) aliaram-se ao movimento Black Power, imaginaram que a guerra de libertação vietnamita e a luta antirracista nos Estados Unidos eram lados de uma única moeda e trocaram a ideia de “resistência” pela de “revolução”. A Convenção Democrata em Chicago, em agosto, realizou-se sob o ruído de uma batalha campal de dias entre manifestantes e policiais. O SDS uniu forças com o Youth International Party (YIP), que incutiu a política na contracultura dos hippies. Abbie Hoffman, líder do YIP, ameaçou contaminar com LSD as águas da cidade e enviar as hippies mais gatas para dentro da Convenção, a fim de seduzir os delegados. O prefeito acreditou no deboche e reagiu intensificando a repressão. No fim, McCarthy perdeu e, em novembro, exibindo-se como candidato da lei e da ordem, o republicano Richard Nixon bateu Humphrey. A volta derradeira do parafuso resultou na cisão no SDS, da qual nasceu, em 1969, o Weather Underground, nome derivado de uma célebre canção de Bob Dylan. O grupo almejava derrubar o governo dos Estados Unidos por meio de uma “guerra revolucionária”. Três de seus militantes morreram pela explosão acidental da bomba que fabricavam, em 1970. Depois, os weathermen praticaram atentados com bombas rudimentares contra o Capitólio (1971) e o Pentágono (1972), sem fazer vítimas. Mark Rudd, líder do grupo, explicou numa entrevista de 2004 seus motores ideológicos: os livros de Régis Debray sobre imperialismo e foco guerrilheiro e a figura de Che Guevara. Ele jamais revisou suas crenças básicas, mas reconheceu o efeito das ações do Weather Underground: — As pessoas abandonaram o movimento antiguerra porque não queriam envolvimento com uma revolução armada. Também revelou-se perplexo sobre o desvio de “movimentos de libertação nacional” rumo ao “fascismo clerical”, como classificou as organizações fundamentalistas islâmicas. As manifestações antiguerra nas universidades americanas de hoje não são simples reedição do movimento deflagrado em 1968. Falta-lhes a contracultura, um Abbie Hoffman, os hippies e uma Barbarella convertida em “Hanói Jane”. O Black Power foi substituído por políticas identitárias oficialistas, articuladas nas reitorias e nos gabinetes parlamentares. Mas a inspiração ideológica é semelhante: a noção de que as democracias ocidentais são muito piores que os movimentos “decoloniais”. E, como reflexo de um nítido declínio intelectual, os líderes estudantis atuais parecem não se preocupar em estabelecer cooperação tácita com o “fascismo clerical” do Hamas. Nos Dias de Fúria de outubro de 1968, o lema de um SDS já radicalizado, escrito por John Jacobs, fundador dos weathermen, era “trazer a guerra para casa”. O manifesto deles dizia: “As eleições nada significam — vote onde o poder está — nosso poder está nas ruas”. Nixon, porém, mostrou-lhes “onde o poder está” e prosseguiu a guerra indochinesa até 1973. A história se repete? Donald Trump certamente aposta nisso. ______________________________________________________________________________________________________________ ----------
---------- Como 13 de maio e princesa Isabel perderam espaço com 'redescoberta' da luta negra por abolição Edison Veiga De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil 12 maio 2021 Desenho de escravizado acorrentadoCRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto,Data representada por uma mulher branca, a princesa Isabel, o 13 de maio pouco a pouco cedeu importância para o 20 de novembro Os antigos livros escolares não poupavam adjetivos para enaltecer a princesa Isabel (1846-1921), que herdaria o trono brasileiro caso a República não houvesse sido proclamada em 1889. Enfatizando o episódio da Lei Áurea, sancionada por ela em 13 de maio de 1888, abolindo a escravidão em todo o território nacional, a monarca era definida como heroína, salvadora, redentora, libertadora. E a data do 13 de maio entendida como um marco, sobretudo para a população negra brasileira. Mas o tempo passou e a própria historiografia passou a ser atualizada. Porque não faz muito sentido que o protagonismo da luta negra seja de uma mulher branca, reforçou-se no imaginário nacional outra data: o 20 de novembro, dia em que teria sido assassinado o último líder do quilombo dos Palmares, Zumbi (1655-1695), hoje reconhecido como um símbolo da resistência negra. "Quando tratamos dessa questão de datas, o 13 de maio em contraponto ao 20 de novembro, estamos tratando intrinsecamente da questão do protagonismo", afirma o historiador Philippe Arthur dos Reis, pesquisador na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "E do entendimento do protagonismo de determinados agentes no processo de luta e de conquista da liberdade frente à escravidão, no caso do povo negro." "Esse processo de procura de uma nova data tem a ver com o próprio processo de escrita da história. Não podemos esquecer que a partir dos anos 1970 e 1980, existe toda uma narrativa que busca colocar em determinados agentes o seu protagonismo no processo de compreensão do passado", prossegue Reis. "Historiografias mais tradicionais, do começo do século 20, encaravam e colocavam como data fulcral para a questão da libertação dos escravos o 13 de maio", frisa o historiador. Mas, conforme ele explica, muitas vezes história e memória caminham juntas e a "construção memorialística" tem a ver com a forma de construção da narrativa. "Justamente nesse ponto, para conferir protagonismo ao negro, se coloca a figura do quilombo dos Palmares e o processo de luta frente ao domínio colonial", contextualiza. Reprodução de documento antigo com letra cursivaCRÉDITO,ARQUIVO NACIONAL Legenda da foto,Reprodução da Lei Aurea, em imagem do Arquivo Nacional O pesquisador Paulo Rezzutti, autor de diversos livros sobre o período monarquista brasileiro, reconhece a importância dessa revisão mas, ao mesmo tempo, preocupa-se em valorizar também a questão de gênero: Isabel, uma mulher do século 19, teve um papel importante na história do Brasil. "Toda tradição é inventada, isso é um fato. Estamos vendo uma parte da sociedade brasileira criar uma nova tradição na qual os movimentos negros assumem o protagonismo por meio do discurso de uma luta ancestral dos escravizados africanos no Brasil pela sua liberdade", comenta ele. "Anteriormente, o discurso dessa luta estava bastante ligado ao 13 de maio e à figura da princesa Isabel por causa da data em que foi assinada a Lei Áurea. Tanto a luta ancestral dos escravizados quanto a luta pela abolição da escravatura são importantes", acrescenta Rezzutti. "O que eu tenho percebido é que parte dessa nova tradição tenta se estabelecer buscando anular o 13 de maio, e com isso o protagonismo de uma mulher, diminuindo a sua participação no processo, assim como também a de outros protagonistas negros envolvidos na abolição da escravatura." Ativismo e política Pule WhatsApp e continue lendo Logo: WhatsApp BBC Brasil No WhatsApp Agora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celular Entre no canal! Fim do WhatsApp Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autor do livro 'Sambas, Quintais e Arranha-Céus: as micro-áfricas em São Paulo', o historiador e músico Amailton Azevedo afirma que o 13 de maio perdeu importância nos últimos anos porque o 20 de novembro passou a compor uma "agenda de ativismo político". "Isso de uma maneira ou de outra acabou se tornando a referência para uma memória de luta dos negros no Brasil", comenta. "Estabeleceu-se o 20 de novembro como a memória a ser relembrada e celebrada, em função da figura do Zumbi dos Palmares, e, nesse sentido, o 13 de maio foi perdendo espaço e importância." Por outro lado, no contexto do 13 de maio a movimentação também tinha protagonistas negros. Se a lei foi assinada por Isabel, a luta e as pressões para que esse momento ocorresse contou com o ativismo de nomes como o jornalista, farmacêutico e escritor José do Patrocínio (1853-1905), o engenheiro André Rebouças (1838-1898) e o advogado autodidata, escritor e jornalista Luiz Gama (1830-1882), entre outros. Retrato de Luís Gama, o ex-escravo que se tornou advogado de escravosCRÉDITO,ACERVO BIBLIOTECA NACIONAL - BRASIL Legenda da foto,Calcula-se que Luís Gama tenha ajudado a libertar cerca de 500 escravos "A questão da suposta perda de importância da data do 13 de maio não tem a ver com Isabel ser uma personagem branca. Até porque tínhamos muitos outros personagens negros em 1888 e que lutavam pelo fim da escravidão, como José do Patrocínio e André Rebouças, e as lembranças das ações [judiciais] de Luis Gama — três homens negros", reconhece a historiadora Renata Figueiredo de Moraes, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). "A perda do protagonismo da data na luta de homens e mulheres negros se deu ao longo das décadas numa sociedade que quis apagar a escravidão do seu passado e, consequentemente, seus descendentes", defende ela. Retrato de André RebouçasCRÉDITO,MUSEU AFRO BRASIL Legenda da foto,André Rebouças era adepto de uma reforma agrária que concedesse terras para os ex-escravos E o movimento da Consciência Negra, que trouxe à tona o significado do 20 de novembro, acabou portanto sendo consequência dessa desvalorização. "A falta de direitos sociais, políticos, a falta de garantias de acesso à educação e moradia que os libertos pela lei do 13 de maio sofreram causaram uma ressignificação da data ao longo das décadas, além de uma conjuntura política que favorecia personagens de luta e enfrentamento, como Zumbi dos Palmares", explica a historiadora. "Em plena ditadura militar e no período da redemocratização, fazia mais sentido evocar o guerreiro Zumbi, o resistente, do que Isabel, que assinou a lei, uma vez que ela não esteve na linha de frente do processo abolicionista", conclui ela. "Não podemos esquecer que, na formação do Estado nacional brasileiro, todo o protagonismo, inclusive ao longo do século 20, caiu em torno de pessoas brancas", ressalta o historiador Reis. "Quando você pensa um quilombo e toda a sua luta, você coloca em xeque essa história." Retrato de Princesa Isabel em preto e branco, no qual ela olha diretamente para a camêra sem sorrirCRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO Legenda da foto,Retrato de princesa Isabel (1846-1921) Valorização dos abolicionistas negros Nos mesmos velhos livros de história que celebravam o protagonismo de Isabel, os personagens negros abolicionistas ou nem sequer eram mencionados, ou apareciam de forma muito rasa — muitas vezes sem mesmo citar que eram negros. Nos últimos anos, eles vêm sendo redescobertos e valorizados. Luiz Gama é um exemplo: tema de vários livros recentes, foi até reconhecido em 2015, como advogado, com carteirinha e tudo, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) — o único caso póstumo da entidade. "Nas duas duas décadas, a historiografia brasileira e a historiografia afrobrasileira têm buscado pensar e problematizar o 13 de maio não apenas como uma vitória magnânima de Isabel, mas como uma virada de página importante porque, de fato, encerra a escravidão, acaba com a escravidão", diz Azevedo. Mas, conforme destaca o professor, hoje se reconhece que esse movimento só foi possível "porque outros atores [além da princesa] foram bastante importantes na derrocada da escravidão: os abolicionistas, evidentemente, inclusive negros, foram figuras essenciais na elaboração de uma narrativa e um postura crítica contra a escravidão". Foram eles que disseminaram a consciência de que tal regime "desumanizava a população escravizada", segundo pontua Azevedo. "E, evidentemente [devemos levar em conta] os próprios escravizados com suas resistências à escravidão, provocando revoltas e insurgências contra o regime escravocrata", diz ainda. Ao reconhecer esse contexto todo, o protagonismo de Isabel é diminuído. "A história oficialesca reservou a ela o papel de principal personagem [da abolição]", completa Azevedo. "Deve-se atribuir ao 13 de maio um outro conceito, levando o protagonismo aos escravizados e abolicionistas." "Mas ainda que se repense o 13 de maio, não devemos de maneira alguma jogar para escanteio ou reduzir a importância do 20 de novembro", acrescenta. "O 20 de novembro tem uma importância política do ponto de vista da reivindicação dos direitos e plena cidadania aos negros e negras brasileiros, da crítica ao racismo e à violência e brutalidade do Estado contra jovens negros nas periferias, favelas e outras comunidades vulneráveis no Brasil." Família imperial posa em escadaria, em frente a casaCRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO Legenda da foto,Ultima foto, tirada por Otto Hees, da família imperial ainda no trono; Isabel está ao lado de D. Pedro O que foi o 13 de maio? Depois de seis dias de acalorados debates no Congresso Nacional, em 13 de maio de 1888 a lei de número 3.353 foi sancionada pela princesa Isabel, então no posto de regente imperial do Brasil — seu pai, o imperador dom Pedro II (1825-1891) estava em viagem ao exterior. "Declara extinta a escravidão no Brasil", dizia o texto da lei, com apenas dois artigos. O primeiro expressava: "é declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil". O segundo: "revogam-se as disposições em contrário". Para Rezzutti, é preciso situar o 13 de maio exatamente como ele foi, sem criar um mito de redenção, mas também sem desprestigiá-lo. "[Foi] uma lei que encerrou oficialmente a escravidão no Brasil e na qual uma mulher, como regente do império, ciente de como operar a política da época, conseguiu em tempo recorde passar a legislação, manobrando as alavancas do poder moderador entre a queda de um presidente do gabinete de ministros e a subido de um outro", contextualiza ele. "Ao contrário do que se tenta afirmar erroneamente, não havia pressão da Inglaterra, naquele período. Dona Isabel não 'se aproveitou' de que o pai estava viajando para acabar com a escravidão sem que ele soubesse. Nem diversas outras inverdades que uma guerra de versões atual tenta emplacar", ressalta ele. Para a historiadora Moraes, a data "deve ser vista como um passo essencial para o fim da escravidão". "A existência de uma lei, mesmo que curta, foi fundamental para acabar com as possibilidades da permanência da escravidão nos anos seguintes, quando revogou no seu segundo artigo as leis anteriores", ressalta. "O fim da escravidão foi a vitória de um passado de lutas de muitos homens e mulheres escravizados e seus descendentes e de parte da sociedade que não compartilhava dos valores da escravidão. A data pode ser vista como um momento para relembrar essa luta, que acabou com a assinatura da lei, e que ao mesmo tempo iniciou outra batalha, a por direitos políticos, sociais e culturais", explica ela. "Atualmente o 13 de maio é o dia nacional de denúncia contra o racismo. Mais do que nunca é uma data de suma importância, principalmente nos últimos anos com o aumento da violência racial no Brasil e no mundo." O historiador Reis afirma não ver "nenhum problema em colocar à tona o 13 de maio como data comemorativa", mas ressalta que o feito não foi apenas da princesa Isabel, "apesar de ter sido construída uma memória sobre isso". "É uma das datas da luta do movimento negro pela sua libertação. Não deve ser abolido, até porque faz parte de um processo, um conjunto de outras leis que extinguiram a escravidão no país, de forma gradual", afirma, citando as leis Eusébio de Queirós, de 1850 — que proibiu o tráfico negreiro —, do Ventre Livre, de 1871, e a do Sexagenário, de 1885. "E isso tudo não foi feito exclusivamente por líderes políticos, mas por muitos intelectuais, jornalistas, pessoas da sociedade civil, que tiveram um papel para pressionar o governo para que isso fosse levado a cabo", acrescenta. "[O 13 de maio] é uma data que tem de ser colocada nesse processo de luta, mas é preciso que se reconheça que existem uma série de fissuras", diz Reis. Terceiro reinado? Se houvesse um terceiro reinado, Isabel seria a sucessora natural de Pedro II. De sua imagem anteriormente construída, como redentora e libertadora, as análises mais recentes colocam a princesa como uma mulher que teve papel fundamental em diversos momentos do império. Houve três momentos em que ela se tornou a regente do país, sempre por conta de viagens do pai. Primeiro, de 1871 a 1872. Depois, de 1876 a 1877. Por fim, de 1887 a 1888. "Na primeira regência no trono, ela assinou a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, pela qual foram libertados os filhos de escravizados nascidos a partir da lei, mas também foram dadas outras providências, como a liberdade para todos os escravos pertencentes à coroa e à nação. Na segunda regência dela, há a questão da grande seca no Ceará, em que ela vai atuar tanto no governo quanto na sociedade para enviar ajuda para a região. Mas essas e outras ações dela como regente foram eclipsadas pela Lei Áurea, que acabou sendo utilizada pelos monarquistas e pelos defensores do Terceiro Reinado, com ela à frente, na propaganda feita ao redor da princesa", explica Rezzutti. Autora de um verbete que deve ser lançado neste dia 13 sobre a princesa Isabel para o projeto Salvador Escravista, Moraes enfatiza que a monarca, "como toda mulher do seu tempo", não foi criada para a política — mesmo sendo a herdeira natural do trono. "Nas três vezes em que ocupou a regência não protagonizou grandes batalhas políticas", diz a professora. "A perspectiva de um terceiro reinado sob comando de Isabel existia, apesar de alguns se posicionarem contra por temer que seu catolicismo interferisse nas suas ações, além também de acharem que uma mulher fosse incapaz para essa função. O fato é que o terceiro reinado não veio, mas a memória de redentora que fizeram sobre ela foi fundamental para que mesmo na República fosse lembrada e celebrada por aqueles que a viam como responsável pela abolição." Conde D'Eu com trajes rebuscados, sentado e posando de perfil em foto preto e brancaCRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO Legenda da foto,Conde D'Eu, em foto de Alberto Henschel Reis pontua que havia uma resistência de setores da aristocracia sobre um terceiro reinado, "pelo fato de ser uma mulher assumindo o trono" e também porque seu marido, Gastão de Orléans (1842-1922), o Conde D'Eu, "não era bem visto pela elite, não era sociável". "Mas havia toda uma questão pensada para que ela assumisse o trono, se tornasse a imperatriz do Brasil oficial [quando Pedro II morresse]", pontua o historiador. "Quando ela ocupava o posto de regente, tentava segurar o apoio para que a monarquia se sustentasse, com ações pontuais em contatos com o Senado." O que veio depois foi uma construção memorialística, movida por interesses políticos. "Essa imagem de redentora, salvadora e afins, é um processo que partiu de determinados grupos", enfatiza Reis. ________________________________________________________________________________________________________________ ------------ O Silêncio (Versão Acústica) Arnaldo Antunes _________________________________________________________________________________________________________ ------------
---------- 17/03/2016 14h58 - Atualizado em 17/03/2016 15h41 Ministro do STF diz que fala de Lula sobre o tribunal é 'torpe e indigna' Em conversa gravada, ex-presidente disse que Corte está 'acovardada'. Para Celso de Mello, é reação 'típica de mentes autocráticas e arrogantes'. Renan Ramalho Do G1, em Brasília O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou nesta quinta-feira (17) como "torpe e indigna" uma fala em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que a Corte está "acovardada". Para Mello, trata-se de reação "típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder". Ministro mais antigo do tribunal, Celso de Mello se pronunciou no início da sessão sobre as conversas que vieram à tona entre o ex-presidente e várias autoridades, interceptadas pela Operação Lava Jato. "Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de Juízes livres e independentes", disse Mello. A frase de Lula surgiu numa conversa com a presidente Dilma Rousseff no último dia 4 de março, após a condução coercitiva que o obrigou a depor na Polícia Federal. Na ocasião, Lula fez críticas a várias outras instituições, quando criticava a própria Operação Lava Jato. saiba mais Confira as transcrições das escutas envolvendo o ex-presidente Lula Moro fez grampo ilegal de escritório de advocacia, diz defesa de Lula Gilmar diz que nomeação de Lula é fuga da Lava Jato e deixa o STF 'mal' "Nós temos um Supremo totalmente acovardado, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B é que acordaram e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara f...*, um presidente do Senado f...*, não sei quanto parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar", disse Lula a Dilma. Leia abaixo a íntegra do pronunciamento de Celso de Mello: Os meios de comunicação revelaram, ontem, que conhecida figura política de nosso País, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu, gravemente, a dignidade institucional do Poder Judiciário, imputando a este Tribunal a grosseira e injusta qualificação de ser "uma Suprema Corte totalmente acovardada"! Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de Juízes livres e independentes, que tanto honram a Magistratura brasileira e que não hesitarão, observados os grandes princípios consagrados pelo regime democrático e respeitada a garantia constitucional do devido processo legal, em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais de nosso País! A República, Senhor Presidente, além de não admitir privilégios, repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja. Por isso, Senhor Presidente, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia, que constitui uma das mais expressivas virtudes republicanas, a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso País, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do Poder jamais serão toleradas, e os agentes que as houverem praticado, posicionados, ou não, nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos por seu Juiz natural na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade criminal! Esse, Senhor Presidente e Senhores Ministros, o registro que desejava fazer." tópicos: Celso de Mello, Luiz Inácio Lula da Silva, Polícia Federal, Superior Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal https://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/decano-diz-que-fala-de-lula-sobre-stf-e-torpe-e-indigna.html ___________________________________________________________________________________________________________________ ------------
----------- POLÍTICA LAVA-JATO Lula disse a Dilma que STF está ‘acovardado’ Ex-presidente afirmou à presidente que não ficaria “em casa parado” Cleide Carvalho, Silvia Amorim, Thiago Herdy 16/03/2016 - 21:08 / Atualizado em 17/03/2016 - 19:28 SÃO PAULO — O ex-presidente Lula falou com a presidente Dilma Rousseff por telefone no último dia 4, depois de ter encerrado o depoimento à Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, onde foi levado coercitivamente. O ex-presidente comentou como foi a operação da Polícia Federal na casa dele e de seus filhos e diz que está "assustado com a República de Curitiba". Lula diz a Dilma que a tese da investigação é a do domínio do fato e que não iria "ficar em casa parado". Iria antecipar a campanha para a Presidência em 2018 e aproveitar a militância para ir para a rua. O ex-presidente comenta ainda que a operação da Polícia Federal foi um "espetáculo de pirotecnia sem precedentes". A presidente Dilma concordou: "É isso aí!" — Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos uma Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B é que acordaram e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quanto parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar. Eu, sinceramente, tô assustado com a “República de Curitiba”. Porque a partir de um juiz de 1ª Instância, tudo pode acontecer nesse país — diz Lula. Depois de falar com Lula, Dilma passou o telefone para o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que também queria falar com o ex-presidente. Lula disse ao ministro que a condução coercitiva foi feita para antecipar uma decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber, que poderia tirar a investigação referente ao tríplex da Lava-Jato. Lula: Eu acho que eles quiseram antecipar o pedido nosso que tá na Suprema Corte, que tá na mão da Rosa Weber. JW: Entendi Lula: Sabe, eles tão tentando antecipar, como eles ficaram com medo de a ROSA fosse dá, eles tão tentando antecipar tudo isso... Porque ela poderia tirar isso da Lava Jato. O Moro fez um espetáculo pra comprometer a Suprema Corte. Jaques Wagner afirma que, quando saiu a reportagem sobre a delação de Delcídio Amaral na Revista Isto É, teria dito que aconteceria algo com Lula. O ministro recorre a palavrões: JW: (...) É uma palhaçada, porque o Delcídio, porra! Que eu não imaginei que era tão canalha! Ele fala de Pasadena, por exemplo, essa porra já foi arquivada pela PGR (Procuradoria Geral da República), fala que você mandou isso, mandou aquilo... porra, tem prova? Vai tomar no cu, eu não sabia que ele era tão escroto! Mas vamos lá... PUBLICIDADE A conversa mostra que Lula apostava numa decisão favorável da ministra Rosa Weber, do STF, que poderia manter a investigação sobre o tríplex do Guarujá no Ministério Público de São Paulo, retirando da Lava-Jato. — Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram— diz Lula Saída era ser ministro No último dia 8 de março, Lula falou com um homem identificado como Roberto Carlos, que insistiu que a solução para os problemas dele seria "um Ministério". Para Roberto Carlos, Lula não deveria se preocupar com as críticas e com o que "os outros vão pensar", argumentando que resolveria o “problema da governabilidade”. — Agora, você tem uma coisa na tua mão porra: você, o PT, a Dilma.... Faz isso e foda-se! Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Ne porra... Numa boa, você resolve outro problema, que é o problema da governabilidade. Roberto Carlos afirma que Antonio Palocci, também investigado na Lava-Jato, deveria, na "configuração perfeita" ser ministro da Fazenda. — É uma decisão individual daquele cara lá de Curitiba. Ele pega e toma a decisão, tá tomada, acabou! — diz Roberto Carlos a Lula. Lula: "uhumm" SAIBA MAIS POLÍTICA Ministro Marco Aurélio comenta a gravação entre Dilma e Lula Logo do Jornal O Globo POLÍTICA Grampo telefônico sugere que Dilma agiu para tentar evitar a prisão de Lula Logo do Jornal O Globo POLÍTICA Em edição extra do Diário Oficial, Dilma nomeia Lula ministro BRASIL - BRASÍLIA -BSB - 16/03/2016 - A Presidente Dilma Rousseff concede entrevista coletiva no Palácio do PLanalto sobre a indicação do ex presidente Lula para A Casa Civil e sobre escândalos de corrupção envolvendo membros de seu governo. FOTO ANDRE COELHO / Agencia O Globo Foto: ANDRE COELHO / Agência O Globo POLÍTICA No plenário da Câmara, deputados da oposição gritam ‘renúncia, renúncia’ O deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) em foto de arquivo Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo Roberto Carlos: "No meu entender, ele faz um balão de ensaio na sexta-feira. Como é que seria se ele tomasse essa decisão? Tá, “ele” fez um “testezinho”, “vamo” quebrar o gelo e ver como é que seria, tá?! Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é Ministério, acabou, porra! https://oglobo.globo.com/politica/lula-disse-dilma-que-stf-esta-acovardado-18893256 _________________________________________________________________________________________________________ ------------
---------- Edição do dia 16/03/2016 16/03/2016 21h49 - Atualizado em 18/03/2016 22h56 Justiça torna público um diálogo entre Lula e a presidente Dilma Nesta quarta-feira (16), a crise política atingiu o ponto mais alto. O juiz Sergio Moro suspendeu, no fim da tarde, o sigilo da 24ª fase da Lava Jato. FACEBOOK Nesta quarta-feira (16), a crise política atingiu o ponto mais alto. O juiz Sergio Moro suspendeu, no fim da tarde, o sigilo da 24ª fase da Operação Lava Jato. E, com isso, conversas do ex-presidente Lula se tornaram públicas. Integrantes da Operação Lava Jato afirmaram que há indícios de uma ação para atrapalhar as investigações. As interceptações telefônicas foram feitas com autorização da Justiça, começaram no dia 19 de fevereiro e continuaram até esta quarta-feira (16). Numa conversa gravada em 27 de fevereiro, dias antes da condução coercitiva de Lula em 4 de março, o ex-presidente conversa com Rui Falcão, presidente do PT. Lula: É. Eu tô esperando segunda-feira. Eu tô esperando segunda-feira a operação de busca e apreensão na minha casa, do meu filho Marcos, do meu filho Fabio, do meu filho Sandro, do meu filho Claudio. Rui Falcão: É, eu vi esse noticiário aqui. Os investigadores dizem que essa conversa e outras que foram interceptadas indicam que Lula pode ter ficado sabendo da operação contra ele e tentado atrapalhar os trabalhos da Lava Jato. Lula teria inclusive buscado influenciar ou conseguir ajuda de autoridades do Ministério Público Federal e até de ministros do Supremo Tribunal Federal. Numa conversa gravada no dia 27 de fevereiro, o ex-presidente fala com Paulo de Tarso Vanucchi, ex-ministro da secretaria de direitos humanos no governo Lula. De acordo com a Polícia Federal, há indícios de que no diálogo Lula esteja se referindo ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que também é subprocurador-geral da República. Lula: O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe?! Eu as vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo "olha..." Logo depois de sair do depoimento à Polícia Federal no dia da Operação Aletheia, em 4 de março, Lula falou com Dilma sobre um pedido dos advogados dele, que estava no Supremo Tribunal Federal questionando quem deveria investigá-lo, se o Ministério Público de São Paulo ou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Lula: Eu acho que eles quiseram antecipar o pedido nosso que está na Suprema Corte, que está na mão da Rosa Weber. Após o diálogo com Dilma, Lula conversa então com o ministro chefe da Casa Civil Jaques Wagner e solicita que ele converse com Dilma a respeito do "negócio da Rosa Weber". Lula: Mas viu, querido, "ela" tá falando dessa reunião. Ô Wagner, eu queria que você visse agora, falar com "ela", já que "ela" tá aí. Falar o negócio da Rosa Weber, que tá na mão dela pra decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram. A ministra Rosa Weber negou o pedido da defesa de Lula, porque entendeu que não houve ilegalidade nas duas investigações. Em outro telefonema, um homem identificado como Roberto Carlos deixa claro que o ministério serve de foro privilegiado para Lula. Roberto Carlos: Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é ministério, acabou. Agora, você tem uma coisa na tua mão, porra: você, o PT, a Dilma. Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Numa boa, você resolve outro problema, que é o problema da governabilidade. Numa conversa gravada, no dia 27 de fevereiro, o ex-presidente Lula fala com Paulo de Tarso Vanucchi, ex-ministro da secretaria de Direitos Humanos no governo Lula. De acordo com a Polícia Federal, há indícios de que no diálogo Lula esteja se referindo ao novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que também é subprocurador-geral da República. Lula: O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe? Eu as vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela (e fala um palavrão), porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo "olha...” Na introdução da degravação de uma conversa entre Lula e o advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas ocorrida no dia 7 de março, os investigadores dizem que, neste trecho, Lula diz que o PGR recusou quatro pedidos de investigação de Aécio Neves e aceitou o único pedido de investigação da Lils. Ele fala que essa é a gratidão do PGR por ter sido nomeado procurador. Sigmaringa diz que vai fazer uma petição formal e jogar para a imprensa para constranger o PGR. Lula: Eu não sei o quê que eu pedi pra você de manhã. Mas era uma coisa simples, que não precisava de formalidade. Sigmaringa Seixas: Não, mas simples, ele vai dizer não. Ele não vai receber. Eu conversei com gente só. Lula: É porque ele recusou quatro pedidos de investigação ao Aécio e aceitou a primeira de um bandido do Acre contra mim. Sigmaringa: Pois é, mas se fizer uma petição... Lula: Essa é a gratidão. Essa é a gratidão dele por ele ser procurador. Sigmaringa: Pois é. Mas ele se tiver... Se a gente formalizar, inclusive, jogando pra imprensa, ele vai ficar constrangido. Se for lá conversar com ele, ele diz não e pronto. Ou não diz, né? Lula: Então conversa com o Cristiano. No dia 7 de março, a Polícia Federal interceptou uma conversa entre o ex-presidente Lula e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O prefeito diz que está sofrendo e Lula rebate, dizendo que ele é abençoado por Deus por causa das Olimpíadas. O prefeito afirma, então, que fazer Olimpíada com Lula e Sergio Cabral é uma coisa, mas segurar com aquele bom humor da Dilma e do Pezão... Lula: Não é fácil, querido. A conversa segue. Eduardo Paes: Agora, da próxima vez o senhor me para com essa vida de pobre, com essa tua alma de pobre, comprando "esses barco de m*****", "sitiozinho vagabundo”. O ex-presidente ri. Eduardo Paes: O senhor é uma alma de pobre. Eu, todo mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse em Maricá. O prefeito fala alguns palavrões. E Lula, mais uma vez, ri. Em uma das ligações interceptadas pela Polícia Federal, Lula fala para o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, acompanhar o que a Receita Federal está fazendo junto com a Polícia Federal. Lula: Ô, Nelson, te falar uma coisa por telefone, isso daqui. O importante é que a Polícia Federal esteja gravando. É preciso acompanhar o que a Receita está fazendo junto com a Polícia Federal, bicho! Nelson Barbosa: Não, é... Eles fazem parte. Lula: É, mas você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no instituto. Se eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas, resolvia o problema de arrecadação do estado. Nelson Barbosa: Uhumm, sei. Lula: Sabe? Eu acho que eles estão sendo (e fala um palavrão). Nelson Barbosa: Tá. Lula: Tão procurando pelo em ovo. Eu acho... Eu vou pedir pro Paulo Okamotto botar tudo no papel, porque era preciso você chamar o responsável e falar (ele fala um palavrão): "vocês estão fazendo o mesmo com a Globo, com Instituto Fernando Henrique Cardoso, o mesmo com Gerdau, o mesmo com o SBT, o mesmo com a Record! Ou só com o Lula?" O ex-presidente fala um palavrão. E logo em seguida fala outro palavrão. Nelson Barbosa responde: Tá, pede pro Paulo colocar. Numa conversa gravada na tarde desta quarta-feira (16), por volta de 13h30 e depois do anúncio que Lula seria ministro da Casa Civil, a presidente Dilma Housseff liga para o celular do segurança de Lula para falar com o ex-presidente. Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa. Lula: Fala, querida. Dilma: Seguinte, eu tô mandando o "Bessias" junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá? Lula: Tá bom, tá bom. Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí. Lula: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando. Dilma: Tá? Lula: Tá bom. Dilma: Tchau. Lula: Tchau, querida. O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, disse que o diálogo de Dilma, ao contrário da interpretação da oposição, não estava dando a Lula um documento para ele se livrar de possível ação policial. Segundo o ministro, a presidente estava enviando a Lula o documento chamado termo de posse, para ele assinar. Isso porque Lula, de acordo com Cardozo, estava com problemas para comparecer à cerimônia de posse marcada para quinta-feira (17). tópicos: Casa Civil, Fernando Henrique Cardoso, Jaques Wagner, José Eduardo Cardozo, Ministério Público Federal, Nelson Barbosa, Polícia Federal, Receita Federal, Rosa Weber, Supremo Tribunal Federal _________________________________________________________________________________________________________

domingo, 12 de maio de 2024

GRANDE ESPERANÇA

'Los cinco minutos Te hacen florecer' -----------
------------ ---------------- Maria, Maria Milton Nascimento Maria, Maria é um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor É a dose mais forte e lenta De uma gente que ri quando deve chorar E não vive, apenas aguenta Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- Te recuerdo Amanda Canção de Víctor Jara Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel La sonrisa ancha La lluvia en el pelo No importaba nada Ibas a encontrarte con él Con él, con él, con él, con él, con él Son cinco minutos La vida es eterna en cinco minutos Suena la sirena De vuelta al trabajo Y tu caminando Lo iluminas todo Los cinco minutos Te hacen florecer Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel La sonrisa ancha La lluvia en el pelo No importaba nada Ibas a encontrarte con él Con él, con él, con él, con él, con él Que partió a la sierra Que nunca hizo daño Que partió a la sierra Y en cinco minutos quedó destrozado Suena la sirena De vuelta al trabajo Muchos no volvieron Tampoco Manuel Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel Compositores: Victor Jara https://www.vagalume.com.br/victor-jara/te-recuerdo-amanda.html _________________________________________________________________________________________________________ ----------- _________________________________________________________________________________________________________ Essa é uma bela canção de Víctor Jara chamada "Te recuerdo Amanda". Ela evoca uma atmosfera nostálgica e emocional ao descrever a rotina cotidiana de Amanda, que corre para encontrar Manuel, seu amado, nas breves pausas do trabalho na fábrica. A letra destaca a importância desses momentos fugazes de felicidade em meio à monotonia e à dureza da vida operária. A frase "Los cinco minutos te hacen florecer" ressalta como esses breves intervalos de tempo podem trazer um renascimento para Amanda, enchendo-a de vida e alegria, mesmo que apenas por um curto período. No entanto, a melodia também carrega uma triste ironia, pois a canção descreve a tragédia que se abate sobre Manuel, que parte para a serra e acaba destroçado em apenas cinco minutos. Essa canção, com sua poderosa combinação de poesia e melodia, captura a beleza efêmera da vida e a fragilidade dos momentos de felicidade, enquanto também reflete sobre as duras realidades sociais e econômicas enfrentadas por trabalhadores como Amanda e Manuel. _________________________________________________________________________________________________________
------------- _________________________________________________________________________________________________________ Robert Reich, um economista e comentarista político, destaca uma realidade contemporânea crucial: 73% das mães com filhos menores de 18 anos estão no mercado de trabalho. Nesse contexto, ele ressalta que, mais do que presentes tradicionais como flores ou brunches, as mães que trabalham precisam de medidas políticas e sociais que apoiem suas responsabilidades familiares e profissionais. Entre essas medidas estão: Licença familiar remunerada, que permite às mães tirarem tempo para cuidar de suas famílias sem sacrificar sua segurança financeira. Igualdade salarial, garantindo que as mulheres recebam o mesmo salário que os homens por trabalho igual ou similar. Cuidados universais com crianças, proporcionando acesso acessível e de qualidade à assistência à infância para todas as famílias. Apesar da importância dessas políticas, Reich lembra que presentes simbólicos, como flores para o Dia das Mães, também são apreciados. No entanto, ele enfatiza a necessidade de medidas estruturais que apoiem as mães trabalhadoras em suas múltiplas responsabilidades. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
--------------- O Almoço na Relva. 1863 – Óleo sobre tela (208 x 265,5 cm) – Localização: Museu d’Orsay, Paris ------------ "Desde então, estudiosos de arte desenvolveram várias interpretações para explicar a pintura como um piquenique, pensando incorretamente que o olho de Manet era como o de uma câmera. Somente quando você, o espectador, admite que a cena não faz sentido fotograficamente, você pode começar a entendê-la artisticamente." ------------
------------ "Em síntese, "Dickens é um escritor genial. Suas narrativas podem garantir boas risadas, "As Aventuras do Sr. Pickwick"; destilar melancolia, "Uma História de Natal"; ou fazer você se debulhar em lágrimas,"Oliver Twist". Porém, todas apresentam uma forte crítica social baseada na exploração dos fracos, no desnível econômico e no preconceito de classe, infelizmente, problemas que continuam bastante atuais." Boa leitura!" -----------
------------ Detalhe de O Almoço na Relva O Almoço Na Relva, Obra Prima De Édouard Manet ------------ Considerada a primeira obra prima de Édouard Manet, essa pintura tem surpreendido e intrigado desde que exibida pela primeira vez em Paris em 1863. Foi considerada uma afronta para a época, não apenas por causa da nudez gritante da mulher em contraste com os homens, mas também porque o pintor usou modelos familiares para as figuras na composição. A mulher nua é Victorine Meurent, uma de suas modelos. Os homens, por outro lado, são seu irmão, Eugène Manet, e seu cunhado Ferdinand Leenhoff. Desde o início, a obra foi submetida a críticas adversas. Foi rejeitada pela Academia Francesa em sua exibição anual no Salão de Paris, mas aceita em uma exposição conhecida como Salão dos Recusados intitulada de ‘O Banho’ (Le Bain). Como a maioria das obras impressionistas, a pintura apresenta uma situação comum: duas mulheres e dois homens compartilhando um piquenique, onde a cena se passa em uma floresta. Porém, o que mais chama atenção do espectador, está em um detalhe particularmente peculiar: uma das mulheres está nua. Embora os nus femininos é um assunto que predominava em toda a história da arte até então, eles sempre representaram figuras da mitologia ou alegoria até surgir a obra de Manet. Ao colocar uma mulher sem roupa em um ambiente cotidiano, Manet recontextualizou os valores antigos e redefiniu o assunto, porém com um toque de ironia. Detalhe de O Almoço na Relva Embora Manet não tenha abraçado os temas clássicos populares entre seus contemporâneos e precursores, ele se inspirou neles. Afirmou que sua obra, é herança dos antigos mestres em que ele se inspirou observando algumas obras no Museu do Louvre, como em Ticiano por exemplo em sua pintura ‘O Concerto Pastoral’ , e também em uma gravura intitulada O Julgamento de Páris. A obra de Ticiano é uma pintura renascentista que representa alegoricamente poesia e música. Nela, Manet se apropria da dinâmica dos dois homens vestidos sentados do lado de fora com duas mulheres nuas: uma que está sentada e outra que parece estar se banhando. O Concerto Pastoral. Ticiano. c1509 Em relação à gravura, trata-se de uma obra de Rafael que foi perdida com o tempo, em que Marcantonio Raimondi, copiou para realizar a composição dessa gravura. Marcantonio foi o primeiro gravador italiano que retratou muitas cenas da mitologia grega. Especificamente, Manet foi inspirado pelas poses e formação de três figuras específicas – dois deuses do rio e uma ninfa da água – eles encontram-se no canto inferior direito da mesma. O Julgamento de Páris. Marcantonio Raimondi. c1510–20 – Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York Detalhe da gravura baseada em Rafael – Marcantonio Raimondi em O Julgamento de Páris O Almoço na Relva é sem dúvida moderna demais para a época. Além de seu tema inovador, a obra é conhecida por suas dimensões que segue o padrão do tamanho humano. Esta grande pintura introduz um tema que os impressionistas passaram a explorar mais tarde – um piquenique burguês. Manet evoca deliberadamente pinturas renascentistas de lazer sensual, mas atualiza o entretenimento, para mostrar cavalheiros boêmios de sua própria classe acompanhados por mulheres que podem ser prostitutas. O estilo e a habilidade chocaram quase tanto quanto o assunto. Manet abandona as medidas usuais para produzir contrastes brutais entre sombra e luz. Os personagens não parecem estar perfeitamente integrados na composição com uma vegetação que parece estar mais esboçada do que pintada, onde a perspectiva é ignorada e a profundidade ausente. O artista passa a não respeitar nenhuma das convenções aceitas, mas impõe uma nova liberdade aos modos tradicionais de representação. O escritor e crítico Émile Zola foi o principal defensor de Manet, que o descreveu como um homem moderno. Na época, a obra ainda era conhecida como Le Bain . Zola atacou os críticos provincianos que não aceitaram o estilo de Manet e a maneira como ele colocou a tinta na tela em sua pintura. Ele argumentou que o tema era inocente e qualquer pessoa escandalizada ao ver uma mulher nua almoçando ao ar livre seria boçal. Escreveu: “O que poderia ser mais simples do que dois casais em lazer o ar livre?” Em particular, Zola tinha certeza de que o assunto era um encontro sexual. Ele reconheceu que a inteligência de Manet fica evidente em tudo o que envolve a composição; o pano azul amassado, a cesta virada sugerindo a perda da inocência, as cerejas, os damascos, os pêssegos aludindo à sensualidade feminina e as bem apregoadas qualidades afrodisíacas das ostras. Desde então, estudiosos de arte desenvolveram várias interpretações para explicar a pintura como um piquenique, pensando incorretamente que o olho de Manet era como o de uma câmera. Somente quando você, o espectador, admite que a cena não faz sentido fotograficamente, você pode começar a entendê-la artisticamente. O Almoço na Relva. 1863 – Óleo sobre tela (208 x 265,5 cm) – Localização: Museu d’Orsay, Paris (França) O que podemos concluir, que essa é uma cena criada na mente brilhante de Manet, onde o ateliê e a pintura se fundem. Isso não é apenas suposição, porque aborda cada um dos problemas visuais que os estudiosos identificaram como problemas: – A iluminação é contraditória. Percebemos isso, porque o primeiro plano é iluminado por trás de nós, sugerindo que tenha sido por uma janela de estúdio; o fundo visto de cima é a luz solar “pintada”. Além disso, a presença do nu, sobre quem brilha a luz da janela, só faz sentido em estúdio, não ao ar livre. – Há evidências de que as duas mulheres representadas, na verdade são uma. Elas possuem o mesmo tipo de corpo. Os cabelos são idênticos, embora Manet tenha escurecido o cabelo da banhista para disfarçar a semelhança. Os brincos são da mesma cor e tamanho e ficam exatamente na mesma distância do lóbulo da orelha. Atualmente essa pintura continua sendo a obra mais conhecida de Manet e um dos principais destaques do Museu d’Orsay de Paris, pela importância e de seu visual marcante. Sua importância é considerada pelo contexto histórico como sendo ela o ponto de partida para o impressionismo e a arte moderna. Declarou Auguste Renoir: “Manet é tão importante para nós, como Cimabue e Giotto foram para o Renascimento italiano.” CURIOSIDADES Por mais originais que sejam os artistas, mesmo os inovadores mais surpreendentes como Manet por exemplo, podemos considerar que todos são profundamente sensíveis à tradição. Embora Manet tivesse pintado o quadro em seu próprio estilo, ele também fora buscar a ideia em mestres do renascimento. Como citamos no texto, três de suas figuras baseiam-se em parte de uma gravura de Marcantonio Raimondi, sendo essa cópia de uma composição hoje perdida de Rafael Sanzio. Embora o trabalho de Rafael tenha desaparecido, a gravura é suficientemente apurada para revelar que o próprio Rafael, como outros grandes artistas, inspirou-se reconhecidamente na tradição, pois seus deuses fluviais são claramente sugeridos pelos fragmentos mutilados do relevo de um sarcófago que ele deve ter observado para estudos em Roma. Sarcófago Romano (detalhe) século III d.C. Vila Medici. Roma O genial Pablo Picasso, como todo o seu espírito fértil e original, também procurou revigorar-se buscando a tradição. Em várias releituras de antigos mestres por ele realizadas, Picasso recriou a partir de 1960, vinte e sete óleos e mais de cento e cinquenta desenhos inspirados no famoso Almoço na Relva de Manet, concluindo a série de trabalhos em 1963. A primeira de 1960, é uma cópia razoavelmente direta da obra de Manet, no que diz respeito ao número e localização das figuras, embora o estilo seja, é claro, notoriamente diferente. O Almoço na Relva. Pablo Picasso. 1960 – Óleo sobre Tela (114 x 146cm) – Localização: Museu Picasso, Paris Contemplar uma obra de arte, não significa que seja essencial ter um conhecimento completo de todas essas tradições para que nos deleitemos na apreciação. O que vale a pena é sentir, e sobretudo reconhecer a ousadia desses artistas. por Roseli Paulino – @arteeartistas https://arteeartistas.com.br/o-almoco-na-relva-obra-prima-de-edouard-manet/
------------ Leila de Carvalho e Gonçalves A Redenção Moral E se de repente você ganhasse uma bolada na loteria... Sem dúvida, esse sonho já passou por sua cabeça e junto com ele, a ideia de que todos seus problemas estariam resolvidos. Será? Afinal, o dinheiro traz ou não traz felicidade? Esse é o dilema de Philip Pirrip, um órfão sem eira nem beira, que ao completar 14 anos, recebeu uma vultosa importância de um benfeitor desconhecido. Apelidado de Pip, ele também é o protagonista de um dos mais famosos romances de Charles Dickens, "Grandes Esperanças", frequentemente apontado como sua obra-prima. Ambientado na Inglaterra Vitoriana, ele foi publicado originalmente em folhetins, isto é, uma narrativa seriada que apresenta as seguintes características: - Uma grande galeria de personagens secundárias. Aqui, merece especial destaque a Srta. Hawisham, uma velha rica que foi abandonada no altar e está disposta a se vingar de todos os homens. - A utilização de um gancho no final de cada capítulo. Conhecido como cliffhanger, trata-se de um fato que fisga a atenção do leitor para que ele fique preso a continuação da história. Esse artifício era desprezado pela crítica que considerava o folhetim destituído de qualquer qualidade literária assim como são julgadas as novelas hoje em dia. Dickens jamais se importou com isso, ele escrevia para o público e não para as elites. Suas histórias sempre acessíveis e bem contadas iam de encontro com as expectativas do leitor, mesmo que ele tivesse que alterar o enredo original. Talvez por isso, seus livros jamais deixaram de fazer sucesso, inclusive, ganhando inúmeras adaptações para o cinema e a televisão. Outra curiosidade é que "Grandes Esperanças" é seu único romance em que há uma história de amor, protagonizada por Pip e Estella, filha adotiva da Sra. Havishan. Na realidade, a jovem é uma anti-heroína, fria, manipuladora e incapaz de expor seus sentimentos, enquanto que Pip não passa de um rapaz imaturo, capaz de tudo para corresponder a imagem do príncipe encantado que irá conquistar seu coração. O desfecho do livro apresenta um final impecável para essa conturbada relação. Em síntese, "Dickens é um escritor genial. Suas narrativas podem garantir boas risadas, "As Aventuras do Sr. Pickwick"; destilar melancolia, "Uma História de Natal"; ou fazer você se debulhar em lágrimas,"Oliver Twist". Porém, todas apresentam uma forte crítica social baseada na exploração dos fracos, no desnível econômico e no preconceito de classe, infelizmente, problemas que continuam bastante atuais." Boa leitura! https://www.amazon.com.br/GRANDES-ESPERAN%C3%87AS-EDI%C3%87%C3%83O-Charles-Dickens/dp/8580700574 _________________________________________________________________________________________________________ ------------------
------------- A Persistência de Leite: Uma Odisseia em Busca da Marinha ---------- _________________________________________________________________________________________________________ LEITE FOI AO LULA CLAMANDO PELA MARINHA. MAS LULA, FAZENDO OUVIDOS MOUCOS, O ENCAMINHOU PARA ROGÉRIO, SENADOR. LEITE, COM SUA FLEUMA GAÚCHA, INSISTIU COM A MARINHA. MAS O DO OUVIDO MOUCO, BONACHÃO, NÃO ENTENDEU: "VÁ POR MIM, EDUARDO, A ALTERNATIVA AO ROGÉRIO É O LUIZ, DÁ TRABALHO." MAS LEITE NÃO DEIXOU SEU LEITE DERRAMAR, MESMO COM O FOGO AQUECIDO E ALTO. E REITEROU, SÍLABA POR SÍLABA: MA-RI-NHA. LULA, IMPACIENTE, NÃO ESPEROU PELA SOLETRAÇÃO. DEU UMA CARTINHA A LEITE, PARA ENTREGAR A JOSÉ MÚCIO MONTEIRO, NA DEFESA EM COPAS. E NO OUTRO DIA, O MAIOR NAVIO DA MARINHA CHEGOU AO ATAL DOS PAMPAS, DEZ DIAS DEPOIS DO PRIMEIRO CONTATO. DIALÉTICA DE HEGEL, CANJA DE GALINHA, E LEITE MORNO COM AÇÚCAR, SÃO SANTO REMÉDIO. LEITE QUE O DIGA, MAS... POBRES DAQUELES QUE ATRAPALHAM O CAMINHO, POIS, NO FINAL, EU PASSARINHO! _________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- _________________________________________________________________________________________________________ O texto retrata uma situação em que o governador Eduardo Leite busca ajuda da Marinha em meio a uma crise, possivelmente uma inundação no Estado do Rio Grande do Sul. No entanto, o presidente Lula parece não compreender a urgência do pedido e encaminha Leite para outra pessoa, o senador Rogério. Apesar disso, Leite insiste e continua buscando o apoio da Marinha, destacando a importância da intervenção para lidar com a situação calamitosa. A narrativa utiliza uma linguagem simples, mas com elementos de humor e ironia, especialmente ao descrever as interações entre Leite, Lula e outros personagens. Há uma atmosfera de obstinação por parte de Leite, representada pela expressão "Leite não deixou seu leite derramar", indicando sua determinação em não desistir mesmo diante das dificuldades e da falta de compreensão dos outros. Além disso, o texto faz uso de metáforas e analogias, como a referência ao "fogo aquecido e alto", que pode simbolizar a pressão e a tensão do momento. A chegada do navio da Marinha ao "atal dos Pampas" sugere que, apesar dos obstáculos, a ajuda finalmente chega, embora com algum atraso. No final, a expressão "pois, no final, eu passarinho" pode indicar uma mensagem de otimismo, sugerindo que, apesar das adversidades, sempre há uma maneira de superá-las e seguir em frente. Em suma, o texto aborda temas como perseverança, cooperação e resolução de problemas em meio a crises. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- -------------- Lições do Rio Grande Dois Brasis: de um lado, a fatia amigável; do outro, a franja barulhenta Fernando Schüler, Veja (11/05/2024) De longe dava para ver aquele casal abraçado, com o cachorro no colo, em cima do telhado. Fazia vento, o helicóptero chegou balançando, mas deu para subir. Era o Maneco, jeito de colono, tipo acostumado com a dureza da vida. Mas não teve jeito. Quando a aeronave arrancou com força e a casa foi sumindo, no meio daquela água toda, baixou o rosto e chorou, feito uma criança. Me emocionei com todas essas histórias nos últimos dias. Talvez como gaúcho, talvez como brasileiro. Me emocionei quando vi minhas vizinhas, aqui em São Paulo, que mal conhecem o Rio Grande, fazendo uma corrente com as mães da escola, coletando roupas, juntando dinheiro para comprar um estoque de calcinhas (“porque quase ninguém doa”, me explicaram). Me emocionei porque todas estas coisas criam um sentido de comunidade. Pode ser momentâneo, estamos diante de uma tragédia, há dezenas de pessoas mortas, há cidades embaixo d’água, mas em meio ao sofrimento enxergamos uma força da qual muitas vezes nos esquecemos: a força da empatia humana, virtude frágil, que esquecemos de cultivar. Empatia que virtualmente some no universo sombrio de um certo radicalismo político, em nossa democracia. E também foi a isso que assistimos, como um veneno, por estes dias. “Sobreviver antes. Pensar nas escolhas políticas que tenho feito depois”, dizia uma charge em um jornal, com a imagem de gente agarrada a uma tábua, na enchente. De um jornalista militante, leio algo mais explícito. “Se continuarem votando na extrema direita, têm mais é que morrer afogados.” Até mesmo uma ministra aproveitou a ajuda oficial do governo, feita com dinheiro do contribuinte, para fazer demagogia eleitoral. O.K., há uma trivialidade aí, há gente fria e radical, em qualquer lugar. Mas há algumas lições. A primeira é que esse é o sentimento de muita gente, no universo tóxico das redes sociais. O mundo do sujeito que diz: “Votaram no candidato de que eu não gosto? Não acreditam na minha tese A ou B sobre o clima? Então aguentem”. Um pouco como a ideia da peste e do pecado, na Idade Média. Apenas recauchutada nos termos de nossa época, em que a obsessão da política ocupou o lugar que um dia pertenceu ao fanatismo religioso. O ponto é que, se a vida, o contato e o sofrimento aproximam, a política, a crença e o dogma afastam. Foi esse o sentido da imagem de Adam Smith sobre o terremoto na China. A China é distante, e se houver um terremoto por lá e muita gente morrer, vamos nos preocupar, mas logo esquecer solenemente o assunto. E se amanhã machucarmos o dedinho, é com isso que estaremos preocupados. Uma enchente é um terremoto na China; nossos pequenos ódios e amores políticos são como aquele dedo, na ironia de Smith. Camus foi mais duro. Disse que toda a tragédia do mundo surgiu quando alguém decidiu que era aceitável “matar um homem em nome de uma ideia”. Foi sobre isso sua ruptura com Sartre, o intelectual ativista. O tipo que precisamente não via tragédia nenhuma em “matar um homem em nome de uma ideia”. De um lado, a propensão humanista e sua força vital, a empatia humana. De outro, a força abstrata da ideia que se petrifica como dogma, em nossas democracias ultrapolarizadas. É aí que surgem os dois Brasis, diante da tragédia no Rio Grande. De um lado, uma larga fatia da sociedade disposta a enxergar o mundo de maneira amigável e arregaçar as mangas. Diria: o common sense. De outro, uma franja barulhenta, cujo critério é dado pela política. Saber se é Lula ou Bolsonaro, se é “fascista”, se acredita nesta ou naquela tese climática. Stephen Hawkins, diretor do projeto More in Common, fez uma ampla pesquisa mostrando que as franjas “radicais” do sistema político representam 14% da opinião pública. À esquerda ou à direita, não importa. Essas pessoas são minoria, mas com um detalhe: seu engajamento digital é mais de três vezes superior ao do amplo espectro de pessoas que tendem à moderação e que compõem mais de 80% da população. Ou seja: são minoria, mas dão o tom. O tom da democracia digital. São pessoas que dariam risada de minhas vizinhas negociando a compra de calcinhas. E dão risada porque só elas sabem o que realmente “importa”. E por isso não vão perder tempo com “essa gente” que teima em não aprender. Vai aqui um dos problemas centrais de nossas democracias. Sem que ninguém planejasse, simplesmente por efeito da revolução tecnológica e sua “algoritmização” da vida, criamos um gigantesco mecanismo de seleção adversa em nosso debate público. As pesquisas mostram que as chances de uma postagem de ódio, medo ou escândalo ser compartilhada são maiores do que as de uma postagem ponderada, informativa, por mais relevante que seja. Se alguém duvidar, é só experimentar (não recomendo). Poste duas mensagens: uma pedindo apoio para os desabrigados, com uma foto da tragédia, e outra do político de que você não gosta (prefeito, governador ou presidente), com a frase mais virulenta que você imaginar. Há muitos experimentos nessa direção, e os resultados são claros. Vivemos em um mundo político onde a ponderação perdeu espaço para o “combate”. E a empatia, para a raiva. Não há uma solução para isso, mas, sim, alguns caminhos. Um deles é fugir do groupthinking. Do “pensamento grupal” e das obsessões da política. Não é uma saída fácil. A estridência digital se tornou uma indústria, vale dinheiro, e a internet é, por definição, um ambiente de baixa empatia. Outro caminho vem, por estes dias, com as imagens que nos chegam do Rio Grande. Não tanto do sofrimento, mas da resposta ao sofrimento. Não daquelas águas traiçoeiras, mas da reação das comunidades, diante daquilo tudo. Vai aí a batalha do nosso tempo. Entre um enorme contingente, silencioso, de pessoas dispostas a entrar em um rio e retirar idosos, crianças ou um cusco de cima de um telhado. Dispostas a fazer uma corrente humana, com água até o pescoço, para puxar um comboio de embarcações precárias, na periferia de Canoas. Ou ainda a infinita rede de pessoas que, em vez de satisfazer o ego e espalhar toxina inútil, compreenderam que há momentos em que mesmo um grande país como o nosso, dividido, machucado, pode funcionar como comunidade. Essa, no fundo, é a primeira lição que o Rio Grande vai dando ao país. Sua melhor imagem é daquela criança, carinha redonda, olhos assustados, erguida para dentro de um helicóptero, no meio do nada. Ela viverá escutando histórias de fraternidade e heroísmo. E quem sabe possa fazer melhor. Possa crescer aprendendo sobre esta arte difícil, a empatia humana. E quando as águas baixarem e ela mesma fizer o seu destino, lembrar dessa imagem e suas antigas lições." -------------
------------ ________________________________________________________________________________________________________ O poema "A Persistência de Leite: Uma Odisseia em Busca da Marinha" e o artigo "Lições do Rio Grande" abordam temas relacionados à tragédia que assola o Rio Grande do Sul e as reações humanas e políticas diante dela. Ambos os textos destacam a solidariedade e empatia demonstradas pela população diante da adversidade. No poema, vemos o governador Leite em uma jornada desafiadora em busca de auxílio para seu povo, enquanto no artigo, o autor descreve os gestos de apoio e compaixão observados em meio à tragédia, como a mobilização de vizinhos em São Paulo para ajudar os afetados. Por outro lado, o artigo ressalta também as divisões políticas que surgem em momentos de crise, evidenciando a polarização ideológica que permeia a sociedade. Através de exemplos como a utilização da tragédia para fazer demagogia eleitoral e as mensagens de ódio nas redes sociais, o autor destaca a forma como a política e as crenças pessoais podem afastar as pessoas em momentos em que a união seria fundamental. Ambos os textos concluem ressaltando a importância da empatia e da solidariedade como elementos essenciais para enfrentar a adversidade. Enquanto o poema enfatiza a necessidade de cultivar a empatia humana mesmo diante das adversidades políticas, o artigo destaca a importância de fugir das obsessões políticas e valorizar ações concretas de apoio mútuo e compreensão. Em suma, ambos os textos apontam para a necessidade de resgatar valores humanitários em meio à polarização política e às crises sociais. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ --------------- Menino Deus Caetano Veloso Novo Millennium: Caetano Veloso D A/C# Bm Menino Deus, um corpo azul-dourado Em Bm Um porto alegre é bem mais que um seguro E7 A4/7 Na rota das nossas viagens no escuro D A/C# Bm Menino Deus, quando tua luz se acenda Em Bm A minha voz comporá tua lenda E7 A4/7 Am B7 C° E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve B7 Em Gm F#m Mas ouve a nossa harmonia, a eletricidade ligada no dia B7 Bb Em que brilharias por sobre a cidade Menino Deus, quando a flor do teu sexo Abrir as pétalas para o universo E então, por um lapso, se encontrar no anexo Ligando os breus, dando sentido aos mundos E7 A4/7 E aos corações sentimentos profundos de terna alegria no dia (D G/D) Do menino Deus Do menino Deus D Do menino Deus A7 G F D No dia do menino Deus https://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/menino-deus.html _________________________________________________________________________________________________________