domingo, 2 de março de 2025

DISSERTAÇÃO: MAGANOS

"E como já dizia Galileu na Galileia Malandro que é malandro não bobeia Se malandro soubesse como é bom ser honesto Seria honesto só por malandragem, caramba" --------------
----------- A liberdade, Sancho, é um dos dons mais... Dom Quixote ----------- “A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos, que aos homens deram os céus; não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra, nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela honra, se deve arriscar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode acudir aos homens”. O QUE É LIBERDADE SANCHO? -----------
----------- O governo Lula atribuiu dimensão de crise diplomática com a administração Donald Trump a uma nota divulgada em rede social pela seção Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado. Em Brasília acredita-se que caiu numa cilada política montada em Washington. Nesta quarta-feira (26/2), o escritório americano para assuntos ocidentais usou a rede X do empresário Elon Musk, comissário de Eficiência Governamental no governo Trump, para uma defesa genérica de conceitos como soberania nacional e liberdade de expressão. Fez uma alusão ao Brasil, onde uma empresa vinculada ao grupo Trump Media teve sua plataforma bloqueada por ordem do juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por não manter representação legal e driblar ordens judiciais válidas dentro do país. “O respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil”, diz a nota, acrescentando: “Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar pessoas que vivem nos Estados Unidos é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão.” Casos assim tendem a ser filtrados na rotina discreta das relações externas. No máximo, têm resposta equivalente em nível hierárquico na diplomacia, com similaridade na veiculação e no realce de algum aspecto em meio à generalização. O governo, no entanto, preferiu conferir o peso específico de uma crise. Lula, o assessor Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira resolveram amplificá-la numa reposta formal e dura, cuja premissa é a união dos Poderes (Executivo e Judiciário) na defesa da soberania nacional, que julgam ter sido confrontada na postagem em rede social. Juízes do STF foram consultados, e concordaram. “O governo brasileiro rejeita, com firmeza, qualquer tentativa de politizar decisões judiciais”, diz o comunicado. “A manifestação do Departamento de Estado”— prossegue — “distorce o sentido das decisões do Supremo Tribunal Federal, cujos efeitos destinam-se a assegurar a aplicação, no território nacional, da legislação brasileira pertinente, inclusive a exigência da constituição de representantes legais a todas as empresas que atuam no Brasil. A liberdade de expressão, direito fundamental consagrado no sistema jurídico brasileiro, deve ser exercida, no Brasil, em consonância com os demais preceitos legais vigentes, sobretudo os de natureza criminal.” Acrescenta: “O Estado brasileiro e suas instituições republicanas foram alvo de uma orquestração antidemocrática baseada na desinformação em massa, divulgada em mídias sociais. Os fatos envolvendo a tentativa de golpe contra a soberania popular, após as eleições presidenciais de 2022, são objeto de ação em curso no Poder Judiciário brasileiro.” Ao responder com o fígado, renunciando ao pragmatismo e diluindo a ambiguidade que, em geral, moldam as iniciativas do Itamaraty, Lula transformou uma postagem em rede social em pretexto para um conflito. Sem canais de diálogo com Washington, entrou em rota de colisão com o governo Trump e Big Techs aliadas precisamente no campo que eles escolheram: o desafio político a países dispostos a aumentar os custos operacionais das grandes empresas digitais, com tributação dos lucros e responsabilidade judicial na moderação de conteúdo. Nos Estados Unidos, Trump está em luta aberta com juízes de todo o país que têm vetado medidas de redução de pessoal e de gastos na administração pública. Nas audiências de quarta-feira no Senado, para sabatina de antigos advogados dele a posições-chave no Departamento de Justiça, a pergunta mais repetida foi: o que fariam caso recebessem instruções ilegais do presidente para desafiar ordens judiciais? Lula, aparentemente, aceitou cair no ardil do conflito no escuro. Com o tempo será possível saber o custo desse jogo. ALEXANDRE DE MORAES BIG TECHS CELSO AMORIM DIPLOMACIA DONALD TRUMP ELON MUSK EMPRESA GOVERNO LULA ITAMARATY JUDICIÁRIO LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA MAURO VIEIRA NEGÓCIOS POLÍTICA EXTERNA REDES SOCIAIS SETOR PRIVADO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/jose-casado/lula-amplifica-crise-e-entra-em-rota-de-colisao-com-trump/ Lula amplifica crise e entra em rota de colisão com Trump Por José Casado _________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- domingo, 2 de março de 2025 Reaprender a navegar é preciso - Carlos Melo O Globo Esperava-se um Lula capaz de compreender o espírito do tempo, vislumbrar o futuro, acelerar a História e dar o salto O GLOBO publicou recente artigo — “Um governo navegado pelo mar” — em que apontei problemas no governo Lula. Dias depois, texto do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro — Kakay, amigo e apoiador do presidente — veio a público com diagnóstico constrangedor das dificuldades do presidente. Paralelamente, pesquisas apuraram maiores quedas na popularidade presidencial e explicitaram a tormenta no petismo. Indiferente às críticas e apesar de alterações esperadas no ministério, Lula segue a delongar decisões que terá de tomar: definir as linhas de um projeto de futuro, realinhar o governo à maioria do Congresso e estabelecer vínculos efetivos com a sociedade do século XXI. A depender disso, encaminhar a estratégia da reeleição. O noticiário aponta que disputas no PT retardariam o processo. É antiga a síndrome de prima-dona da legenda, mas seria estranho que paralisasse um político experiente como Lula. O problema é maior: encontra-se, antes, na incompreensão de questões estruturais que pioram o desempenho geral. Ultrarrevolucionário, o capitalismo transforma radicalmente a economia e a sociedade, destruindo estruturas que ele mesmo criou. Atropela forças políticas e abala instituições que necessitarão ser reinventadas. Enquanto isso não se conclui, o mal-estar dá vazão à antipolítica, produz falsos profetas e charlatães. Conforma-se um vazio incapaz de repactuar acordos e restabelecer alianças. Só bem mais tarde, após assimilar a mudança, é que a política, recomposta, construirá saídas e reordenará instituições. No futuro, a decantação purgará do corpo social elementos como Donald Trump e seus satélites, como Jair Bolsonaro. Levará tempo, causará estragos. Na virada dos séculos XIX e XX, dinâmica semelhante resultou em duas grandes guerras mundiais. Atualmente, cenário comparável seria avassalador. Vetos cruzados e a dimensão da hecatombe são o que, espera-se, poderá evitá-la. O que se cobra de Lula e do PT é reagirem a esse ambiente. Porém, sem compreender o quadro, chamam de “fascismo” as sombras que enxergam. Não estão de todo errados. Mas esse tipo de animal não surge por geração espontânea. O vazio é a incubadora de onde a banalidade de seu mal se espalha. Ilusoriamente, parte da esquerda resiste nas trincheiras do caos ordenado da sociedade industrial que se esvai. Seus adversários, pior, revivem o tempo da inquisição. Às bruxas que perseguem, chamam de “comunistas”. Fixados no retrovisor, ambos ignoram a estrada. No Brasil, partidos e políticos mostram-se desaparelhados para formular e agir nesse contexto. Acomodaram-se a fundos partidários e eleitorais, a orçamentos secretos, a guetos ideológicos. Engessada por suas mazelas, também a universidade é incapaz de intervir plenamente. A insatisfação com o presente e a ânsia por soluções clamam, no entanto, por uma fuga para a frente. É provável que ainda não tenham surgido, no planeta, indivíduos, coletivos — príncipes — à altura do desafio. A História estabelece seu ritmo. Esperava-se um Lula capaz de compreender o espírito do tempo, vislumbrar o futuro, acelerar a História e dar o salto. Mas o muito que o limite de sua liderança permitiu foi a vitória circunstancial sobre Jair Bolsonaro e a reconexão com necessárias políticas públicas. Importante, fundamental. Mas não suficiente. Antes que a fúria destrua o iluminismo que a fundou, a sociedade democrática deve reconhecer a fadiga dos materiais, reorganizar a compreensão do mundo, elaborar projetos e programas amplos, inovadores. Para além do WhatsApp, formar grupos de elaboração (think tanks) sem limites setoriais, pressões corporativas e interesses parciais — por justos que sejam. Novas lideranças surgirão daí. Se “o mar não tem cabelos que a gente possa agarrar”, reaprender a navegar é preciso. *Carlos Melo cientista político, é professor senior fellow do Insper _________________________________________________________________________________________________________ --------------
----------- Ilusões Por José Casado Pesquisas confirmam: o adversário de Lula é Lula e o seu maior eleitor é Bolsonaro ------------- O cenário político brasileiro apresenta uma dinâmica paradoxal na qual Lula e Bolsonaro se retroalimentam, reforçando a polarização e impedindo a emergência de novas lideranças. Se, por um lado, Lula é visto como um "magano" no sentido de hábil articulador de narrativas, por outro, sua dificuldade em compreender as transformações estruturais do tempo presente o mantém refém de um modelo político que se esgota. Como observa Carlos Melo, esperava-se que Lula fosse capaz de acelerar a História e projetar um futuro inovador, mas seu maior feito até então foi derrotar Bolsonaro e resgatar políticas públicas fundamentais, sem, no entanto, redefinir as bases de uma nova governabilidade. Bolsonaro, por sua vez, desempenha o papel de "maior eleitor" de Lula ao radicalizar o embate político e obscurecer alternativas viáveis. A polarização, longe de ser um mero embate entre ideologias opostas, reflete um vácuo político mais profundo, como aponta Melo, no qual partidos e instituições falham em formular soluções concretas para os desafios contemporâneos. A falta de um projeto estratégico que transcenda a lógica binária perpetua uma política estagnada, alimentada pela retórica do conflito e pela ausência de renovação. O verdadeiro desafio, portanto, não é apenas romper com a dicotomia entre Lula e Bolsonaro, mas sim reconstruir um espaço político que vá além da manipulação de narrativas e da mera sobrevivência eleitoral. Como enfatiza Melo, a sociedade democrática precisa reconhecer a "fadiga dos materiais" e elaborar propostas inovadoras, livres de amarras ideológicas ultrapassadas. Isso exige a construção de um novo paradigma de governança, baseado na capacidade de adaptação às mudanças estruturais da economia e da sociedade, no fortalecimento institucional e na valorização de um debate público qualificado. O futuro político do Brasil dependerá não apenas de novas lideranças, mas de uma reformulação profunda dos mecanismos de tomada de decisão e das formas de representação política. A superação desse impasse passa pela valorização da inteligência estratégica na formulação de políticas públicas e pela busca de consensos que transcendam a lógica eleitoral imediatista. Sem essa mudança de perspectiva, o país permanecerá refém de um ciclo de disputas personalistas que retardam sua modernização e comprometem sua capacidade de progresso sustentável. O que é liberdade, Trump? Se Trump for questionado: "Liberdade, mestre, é o direito divino de liderar sem freios, de dobrar a realidade à vontade de quem tem a esperteza de vendê-la bem. O verdadeiro governante não busca consenso, mas impõe sua narrativa, pois a verdade não é um fato, mas uma ferramenta. Para ser livre, basta convencer os súditos de que apenas você pode salvá-los, mesmo que seja da própria sombra." O que é liberdade, Zelensky? Se Zelensky for questionado: "Liberdade, mestre, é o peso do dever carregado com altivez, mesmo quando a derrota parece certa. O verdadeiro líder não se pergunta se deve lutar, pois a renúncia seria a morte da pátria. A liberdade é um fardo tanto quanto um privilégio, e quem a possui não a abandona nem diante da destruição. Melhor ser uma nação em ruínas do que um povo sem alma." _________________________________________________________________________________________________________ ----------
----------- magano magano ( ma·ga·no ) adjetivo e substantivo masculino 1. [Informal] Que ou quem demonstra pouca ou nenhuma responsabilidade, e é dado à lascívia. 2. [Informal] Que ou quem é jovial ou gosta de se divertir. = BRINCALHÃO, FOLGAZÃO 3. [Informal] Que ou quem demonstra malícia ou malandrice. = MALANDRO substantivo masculino 4. [Antigo] Alquilador ou contratador de animais. 5. [Antigo] Negociante de escravos. 6. [Gíria] Relógio. etimologia Origem etimológica: alteração de magana. Coletivo:maganagem. Palavras relacionadas magana maganice maganão maganagem maganear maganeira Auxiliares de tradução Traduzir "magano" para: Espanhol Francês Inglês Palavras vizinhas maganear maganeira maganice magano magarça magarebe magarefe Anagramas mangão "magano", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/magano. _________________________________________________________________________________________________________ ---------- ---------- Caramba... Galileu da Galileia Jorge Ben Jor Disseram que ele não vinha, olha ele aí Ai, ai caramba, ai, ai caramba Ai, ai caramba, ai, ai caramba E como já dizia Galileu na Galileia Malandro que é malandro não bobeia Se malandro soubesse como é bom ser honesto Seria honesto só por malandragem, caramba Ai, ai caramba, ai, ai caramba Ai, ai caramba, ai, ai caramba Diziam também que a Terra era quadrada Mas ficou provada que a Terra é redonda, caramba Ai, ai caramba, ai, ai caramba Ai, ai caramba, ai, ai caramba Quem ama, quer casa, quem quer casa, quer criança Quem quer criança, quer jardim Quem quer jardim, quer flor E como já dizia Galileu, isso é que é amor Ai, ai caramba, ai ai caramba Ai, ai caramba, ai, ai caramba Composição: Jorge Ben Jor.

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