sexta-feira, 27 de março de 2015

Voltando ao começo. Gênese. Lumiar a escuridão.


Intro (É Necessário Voltar Ao Começo)

Emicida



Brasil, 27 de março de 2015.

Caro Professor Senhor Luiz Pinguelli Rosa

Com toda a consideração e respeito que o julgo merecedor, humildemente, pergunto lhe:

Onde aconteceu o curto-circuito no Sistema PT de Poder (SPTP)?

No pára-raios? No cabo de conexão com o terra? Ou na haste no próprio aterramento?

O senhor, como especialista em Segurança, trabalhando nessa área desde anteontem, pode me informar se isso é apenas uma contingência, ou se já entramos num transitório caminhando para um regime permanente?

Os elos do SPTP vão se sustentar com o enfraquecimento de sua interligação com os sistemas isolados e alternativos que compõem o pool no poder?

Se no diagnóstico se quiser avançar para trás um pouco mais para integrar os estresses sobre o sistema que enfraqueceram a segurança e a estabilidade do complexo nacional por onde deve-se atacar, com que retro-estratégia ou com que lanterna na popa?

Por sua história, tanto acadêmica como político-sindical, crê-se ser a pessoa mais indicada para subsidiar os neófitos na área.

O esvaziamento e a privatização do antigo CEPEL (Centro de Pesquisas em Eletricidade da Eletrobrás), com pesquisadores tendo sido, praticamente, forçados a abraçar seus projetos pessoais privados antes mesmo de se desligarem daquele centro de pesquisas público, e de qualidade, seria uma boa pista?

As greves abruptas de pesquisadores de relevo internacional devidas a aviltamentos das condições de trabalho, naquele mesmo Centro, não vulnerou ainda mais o sistema por deixar de se realimentar com massa crítica politicamente consciente tal qual a sua própria geração?

E last but not least, uma pergunta que espera-se não ferir sua sensibilidade e ética: a sua substituição como presidente da Eletrobrás, em 2004, no primeiro governo Lula, porque, segundo ele divulgou na época, o senhor não tinha votos no senado federal, coisa que o seu substituto aparentemente trazia para dentro da estatal, não é hoje saboreada como agradecimento pela deferência pessoal do ex-presidente, para com o senhor, numa atitude de premonição de amigos?

Que continue ousando com toda a sua capacidade de comunicação e influência junto a quem pode pelo menos improvisar uma gambiarra para que o Sistema Nacional Brasil (SNB) volte à zona de segurança esperada por todos os que ajudaram a construir o que pode se transformar num castelo de areia fragilizado para uma simples brisa de outono.

Com um grande abraço.

Do seu

Mundo em mutação

Mundovelhomundonovo.blogspot.com.br

De Volta Ao Começo

Gonzaguinha


12/10/2014 • O Estado de S. Paulo

SUELY, CALDAS - O Estado de S.Paulo

12 Outubro 2014 | 02h 05

"Já estou de saco cheio. Todo ano é a mesma coisa", reagiu o ex-presidente Lula às denúncias feitas à Justiça pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Os dois acusaram o PT, o PMDB e o PP de receberem dinheiro desviado da Petrobrás.

"Que me desculpe o Pinguelli, mas ele não tem um único voto no Senado" foi a explicação dada pelo ex-presidente Lula, em 2004, para demitir da presidência da Eletrobrás o professor da UFRJ Luiz Pinguelli Rosa e substituí-lo por Silas Rondeau, afilhado político do ex-senador José Sarney. Pinguelli durou 16 meses na estatal e voltou a dar aulas, Rondeau saiu três anos depois, acusado de corrupção na Operação Navalha, da Polícia Federal. Começava aí, na demissão de Pinguelli, em abril de 2004, a montagem de um extenso esquema de loteamento de cargos públicos entre os partidos aliados do governo que não ficou restrito aos ministérios - foi estendido às estatais e às agências reguladoras e, ao longo das gestões Lula e Dilma, causou graves prejuízos ao País, impostos por políticos ou seus emissários que assumiam fatias do poder para dali extrair dinheiro, favores e vantagens para seus partidos.

Esse esquema não foi pontual nem episódico, espalhou-se por toda a administração pública e chegou à Petrobrás, maior empresa do País, orgulho dos brasileiros. Também não era um complemento, era o próprio mensalão. Se no Congresso o mensalão se expressava em mesadas aos parlamentares para deixarem os partidos da oposição ou aprovarem propostas do governo, nas estatais e nas agências ele era operado por políticos e apadrinhados a serviço dos partidos da base aliada.

Lula e o PT passaram a defender tal esquema como necessário à governabilidade. E, quando começaram a pipocar casos e casos de corrupção, justificaram-se buscando companhia: sempre foi assim, em todos os governos, e no de FHC foi pior, diziam. Acertavam no diagnóstico, mas erravam na medida. No Brasil a corrupção esteve presente em sucessivos governos (que o digam Sarney e Collor), mas nunca na história deste país ela alcançou dimensões tão abrangentes. Parece mesmo ter sido tudo planejado a partir do mapeamento de cargos e favores para serem oferecidos aos partidos políticos. Em troca, o PT construiria maioria no Congresso, ganharia tempo na TV em campanhas eleitorais e concretizaria seu projeto de longa vida no poder.

Na Petrobrás, o primeiro a cair foi o diretor de Abastecimento Rogério Manso, funcionário de carreira, de competência técnica reconhecida e respeitada na empresa. Manso foi demitido em abril de 2004 (logo depois de Pinguelli da Eletrobrás) para dar lugar ao hoje delator e alvo da Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa. Segundo registros da imprensa na época, o então presidente da estatal, José Eduardo Dutra (ex-senador pelo PT, ex-presidente da Petrobrás e depois do PT e hoje diretor da área de serviços da estatal), teria resistido a substituir Manso por Paulo Roberto, mas acabou por ceder às pressões de Lula e do PP.

Em sua coluna de 1/5/2004 no jornal O Globo, o jornalista Jorge Bastos Moreno publicou oportuno diálogo entre Lula e o líder do PP na Câmara, Pedro Henry, que mostra a avidez do PP pelo cargo, a resistência de Dutra e o estilo fanfarrão de Lula quando dialoga com a classe política entre quatro paredes.

Em café da manhã com a bancada do PP, Lula teria dito: "Ninguém cumpre minhas decisões. Eu não vou mais pedir, vou determinar. Quem não cumprir, demito!". Ouviu de Pedro Henry: "O senhor determinou que ao PP fosse entregue a diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Mas liguei para um tal de Diego (Diego Hernandez, chefe de gabinete de José Eduardo Dutra) e ele disse 'não é bem assim. Tem de passar antes pelo Conselho e por uma série de procedimentos burocráticos'". E Lula: "Quem nomeou esse conselho fui eu! Eu posso demitir esse conselho! Eu posso demitir esse Diego".

Hoje Lula se diz "de saco cheio" com o doleiro Youssef, lembrando seu empenho em atender o PP e nomear Paulo Roberto. E como anda o "saco" dos brasileiros, Lula?

É JORNALISTA E PROFESSORA DA PUC-RIO E-MAIL: SUCALDAS@TERRA.COM.BR




 O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª traz uma reflexão muito significativa. Segundo a imprensa, o Presidente estaria considerando substituir Luís Pingueli Rosa, pessoa de extraordinário conhecimento e competência e que tem realizado uma administração importante na Eletrobrás. Entretanto, ouvi o comentário: será que ele não dá votos no Senado? Ora, se ele está administrando bem a Petrobras, então tenho a convicção de que os que defendem, aqui no Senado, o interesse público jamais deixariam de votar no Presidente com a continuação de Luiz Pinguelli Rosa na administração. Eu queria apenas reforçar a recomendação que V. Exª faz sobre o tema. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL – BA) – Eu diria: Presidente Lula, ouça os seus correligionários, ouça os partidos aliados, mas faça sempre o que for melhor para o Brasil. Não é por pressão ou por ganhar uma votação, na Câmara ou no Senado, que o Governo vai ficar mais forte. Não. O Governo ficará mais forte se ganhar a opinião pública com um trabalho digno, decente, sobretudo na área social, que vive muito abandonada. Se isso for feito, não tenho dúvidas de que o Presidente vai crescer, como também crescerão Câmara e Senado. E ele terá o apoio indispensável de todos os partidos ou de todos os Senadores ou Deputados. Os que ficarem contra o povo não terão o apoio popular. Daí eu apelar para o Presidente, com toda a energia: Presidente, pense no Brasil e não aceite imposições de quem quer que seja. Não digo que não faça pessoas de partidos políticos. Pode fazer, mas escolha os bons, com folha corrida decente, para que possamos ficar felizes, e, certamente, o Presidente com a sua consciência mais leve em relação ao votos que recebeu dos brasileiros. O Sr. Heráclito Fortes (PFL – PI) – Senador, permita-me V. Exª um aparte? O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL – BA) – Com muito prazer. O Sr. Heráclito Fortes (PFL – PI) – Gostaria apenas de fazer uma correção, para colaborar inclusive com o Senador Suplicy e com V. Exª. A frase “o Pinguelli é um grande homem público, mas não me traz um voto, nem no Senado nem na Câmara” foi do próprio Presidente Lula – evidentemente que em um momento de desabafo. Peço que isso fique registrado, para que a História tome conhecimento disso e guarde para as análises do futuro. A frase partiu do próprio Presidente Lula. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL – BA) – Segundo li, é verdade a afirmativa do Senador Heráclito e a crítica, justa, do Senador Eduardo Suplicy. Sr. Presidente, vou finalizar. V. Exª sempre é generoso. Todos aqui estão de acordo com esta idéia, e duvido que neste plenário uma voz se levante contra ela, inclusive o nosso querido Líder do Governo, Aloizio Mercadante: todos nós queremos um Governo competente, independentemente de barganhas ou de forças políticas, que estão a exigir aquilo que o povo não quer, que é a incompetência dominante atualmente, em grande parte, do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o meu apelo, Sr. Presidente. Tenho certeza de que, se o Presidente não ouvir, V. Exª fará com que ele ouça, com a chegada do meu discurso ao Palácio do Planalto.


ENERGIA

Para ex-presidente da estatal, governo intervém em excesso e trata a empresa apenas como "geradora de superávit"

Falta autonomia à Eletrobrás, diz Pinguelli

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO 

O ex-presidente da Eletrobrás Luiz Pinguelli Rosa, 62, defendeu que o governo dê mais autonomia à estatal de energia e deixe de intervir no "dia-a-dia" da empresa, que precisa ter "autonomia".
Em sua primeira entrevista exclusiva desde que foi demitido do cargo, entregue a Silas Rondeau, indicado pelo PMDB, Pinguelli afirmou que a Eletrobrás é tratada como "uma geradora de superávit", e não de energia, e por isso é impedida de investir e liderar a expansão do setor.
Segundo ele, o Planalto tem a "ilusão" de que a iniciativa privada fará todos os investimentos necessários no setor elétrico.
"O que predomina é a política macroeconômica: vamos catar dólares, vale qualquer coisa, até urânio", disse Pinguelli, referindo-se a um suposto acordo, depois negado pelo governo brasileiro, para a exportação do minério para a China.
Pinguelli narrou discussões com a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) e com Joaquim Levy (secretário do Tesouro), com quem "saiu no pau".
Para o físico, que voltou à Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) após deixar a estatal, o governo Lula não tem uma política energética. O novo modelo é apenas um marco regulatório. Falta olhar "adiante", afirmou na entrevista.
Embora diga continuar apoiando o governo, ele responsabiliza o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos obstáculos que encontrou ao dirigir a Eletrobrás. "A responsabilidade é do presidente Lula. Eu cobro tudo do Lula. Ele foi o eleito." Abaixo, os principais trechos da entrevista.
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Folha - Qual foi o motivo de sua saída da Eletrobrás?
Luiz Pinguelli Rosa - 
Houve toda uma cronologia. Numa reunião com todos os diretores de estatais [em setembro do ano passado] e com a ministra Dilma [Rousseff, de Minas e Energia], surgiu uma questão entre um colega [de direção da Eletrobrás] e o ministério. Eu saí em defesa dele. Isso me levou a um confronto com a Dilma. Naquele instante, declarei que por causa do incidente estava "pedindo as contas" da Eletrobrás.

Folha - Qual foi o ponto de discórdia?
Pinguelli - 
Tinha relação com o novo modelo, particularmente com as federalizadas, empresas [distribuidoras das regiões Norte e Nordeste] provisoriamente incluídas no grupo Eletrobrás que são deficitárias e não tiveram nenhum plano de salvamento do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social].

Folha - Na sua visão, o que faltou ao novo modelo?
Pinguelli - 
Seria uma medida complementar, mas eu queria uma solução para a perda de receita de Furnas [causada pela descontratação de energia, imposta pelo modelo anterior, que liberava 25% dos contratos bilaterais com as distribuidoras a cada ano]. Isso poderá dificultar muito até o superávit primário deste ano e os investimentos de Furnas.

Folha - A descontratação é o grande problema do setor?
Pinguelli - 
Não. O grande erro de todo o governo, e a Dilma e o ministério estão dentro do governo, é a crença de que o investimento privado por si só basta para a expansão do setor, deixando o maior grupo do país [Eletrobrás] em uma posição indefinida. Obviamente que a maior empresa elétrica do país tem de puxar os investimentos. A Eletrobrás tem de ser idêntica à Petrobras, o que significa menor intervenção do governo no dia-a-dia da empresa. Tem de blindar a empresa. Os órgãos de Estado, inclusive as estatais, têm de ter missão e autonomia.

Folha - Quem mais intervinha?
Pinguelli - 
O governo todo. Mas o pior problema era com o Tesouro Nacional. Quando eu tive uma reunião com o presidente Lula e a Dilma, saí no pau com o Joaquim Levy. Ele não considerava [na meta de superávit] a parte de Itaipu transferida ao Tesouro, que foi de US$ 1 bilhão no ano passado. É como se essa parte não fosse da Eletrobrás. Daí eu disse: "Vem cá, em primeiro lugar, eu sou contra o superávit primário, me desculpe, presidente. Eu cumpro porque sou da sua equipe e a ordem é essa. Mas devo declarar que a minha empresa, que é uma geradora elétrica, parece que é só uma geradora da superávit primário".

Folha - E qual foi a posição da ministra Dilma?
Pinguelli - 
A Dilma é uma pessoa disciplinada. Ela encara a posição do governo.

Folha - O senhor chegou a balançar na reforma ministerial ocorrida em janeiro?
Pinguelli - 
Com a idéia de mudança do ministério, eu fui procurado, em nome do governo, para saber se aceitaria um ministério da reforma universitária. Eu disse que não. Depois [no mês de abril], houve o final feliz, como todo mundo sabe, quando houve a reunião com o PMDB e o presidente declarou... [que gostava muito do Pinguelli, mas que ele não dava nenhum voto no Senado].

Folha - Depois disso, o senhor falou com o presidente Lula?
Pinguelli - 
Estamos para conversar agora. Deve ser no dia 9.

Folha - O que o senhor vai falar ao presidente?
Pinguelli - 
Vou falar tudo o que penso, das realizações da Eletrobrás no ano passado, se ele abrir espaço. O detalhe técnico que o governo não faz idéia. O governo nutre a ilusão de que pode deixar a Eletrobrás na geladeira que o setor privado, em particular o estrangeiro, vai fazer todo o investimento.

Folha - O senhor crê no discurso de que só uma política fiscal austera e inflação controlada é que darão as bases para um crescimento sustentado?
Pinguelli - 
A intenção é boa. Eles acham que isso é a solução. Mas o perigo é o doente morrer antes de o remédio fazer efeito. Há outros problemas. Por exemplo: não temos problemas de energia elétrica porque a economia não está crescendo. Na medida em que a indústria e a renda cresçam, vai faltar energia. Já estamos no limite para fazer novos investimentos. Sem energia, há um gargalo no desenvolvimento e pode até ser gerada uma recessão.

Folha - Quando o senhor diz "matar o doente", imagina que o país possa caminhar para uma moratória?
Pinguelli - 
Não. Deixa eu falar da minha especialização. O Brasil, por exemplo, não tem política energética. Só tem uma política macroeconômica bem-sucedida do ponto de vista do controle da moeda. Tem também uma política externa e de comércio exterior. Mas em muitas áreas não tem.

Folha - E o que o governo fez durante esse ano e meio?
Pinguelli - 
O governo faz muita coisa. Teve um trabalho monstruoso para fazer o novo modelo [do setor elétrico], mas ele perdeu um pouco a visão estratégica.

Folha - O senhor se sente decepcionado com o governo Lula?
Pinguelli - 
Decepcionado não é a palavra. Fico pensando que faltou alguma coisa, que poderia ser melhor. E poderia. O caso da energia é um bom exemplo. Não pode ficar segurando a Eletrobrás. Não pode ser o Joaquim Levy que pensa a energia no Brasil.
Folha - Foi ele quem mais colocou obstáculos?

Pinguelli - 
O Levy cumpre uma missão. A responsabilidade é do presidente Lula. Eu cobro tudo do Lula. Ele foi eleito. Deram a tarefa a ele [Levy] de segurar o dinheiro. E ele segura.
Folha - Como o senhor viu a história do suposto acordo, que depois ficou só na intenção, de exportar urânio para a China?

Pinguelli - 
Exportar urânio natural [não-enriquecido] é um negócio mixuruca, vagabundo. Depois, o ministro [Eduardo Campos, de Ciência e Tecnologia] declarou que não havia acordo nenhum. Não há como ganhar muito dinheiro com isso. O que interessa [ao governo brasileiro] é ganhar. É uma política de exportação. O que predomina é a política macroeconômica: vamos catar dólares, vale qualquer coisa, até urânio.


REFÉM DA BASE

Pinguelli anuncia saída do cargo, reivindicado pelo partido

Governo cede ao PMDB e tira o presidente da Eletrobrás
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO 

O presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, anunciou ontem no Rio de Janeiro sua saída do cargo, que ocupa desde janeiro de 2003. O motivo da demissão, segundo ele, foi a necessidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promover "uma composição política" com o PMDB.
Pinguelli Rosa afirmou que soube da demissão na manhã de ontem. Primeiro, pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Mais tarde, pelo ministro José Dirceu (Casa Civil).
"Os dois falaram que o presidente precisou do cargo por causa de negociações que estão em curso para a composição da base do governo", disse Pinguelli, que foi coordenador do programa de governo de Lula na área energética.
Deve ocupar o seu lugar o atual presidente da Eletronorte (subsidiária da Eletrobrás), Silas Rondeau, embora o Ministério de Minas e Energia não confirme a indicação. Rondeau tem ligações com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que foi fundamental para evitar a instalação de uma CPI do caso Waldomiro Diniz no Congresso.
A demissão teria sido acertada na noite de quinta-feira, num jantar em Brasília entre Lula e a cúpula do PMDB, que cobrava indicações de cargos em estatais.
Pinguelli evitou atacar o presidente, de quem se diz amigo há 15 anos. Mas, fez uma crítica: "Eu não tenho votos no Senado, mas tenho bastante na área acadêmica". Foi uma reação a uma suposta declaração de Lula, que teria dito que gostava muito dele, mas que ele não tinha voto no Senado.
Não há ainda uma data para a troca de comando na estatal, que só ocorrerá após uma assembléia geral de acionistas convocada pelo Conselho de Administração. Pinguelli Rosa disse que voltará a dar aulas na Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"Cronologia"
Ele contou como foi a suposta "cronologia" da sua demissão. Começou em janeiro, quando ficou vaga a diretoria financeira da estatal. Pinguelli Rosa queria um nome e havia uma outra indicação política. Não houve acordo.
Ainda em janeiro, na semana da reforma ministerial, ele disse ter negado uma oferta feita por Dilma para a vaga de ministro especial da reforma universitária.
Pinguelli deixa o cargo com uma vitória -a saída das empresas do grupo do PND (Programa Nacional de Desestatização)- e uma derrota -os critérios de contabilidade do superávit primário da estatal não mudaram.
O superávit foi motivo de briga com o secretário do Tesouro, Joaquim Levy. Pinguelli Rosa queria que a meta de Itaipu, que contribuiu com US$ 1 bilhão em 2003, fosse incorporada à da Eletrobrás. Assim, sobrariam mais recursos para investimentos.
Para 2004, o orçamento da estatal prevê investimentos de R$ 4,9 bilhões. Esse valor pode ser alterado, dependendo da meta de superávit, "que neste ano está difícil de cumprir", segundo Pinguelli.
A Eletrobrás lucrou R$ 323 milhões em 2003. Influenciado pela queda do dólar no ano passado, o resultado é 70% menor do que o de 2002: R$ 1,1 bilhão.
Pinguelli disse não estar feliz com o desfecho, mas evita "personalizar" a discussão. "É difícil opinar numa entrevista quando você é o objeto. Se ainda fosse objeto sexual vá lá, mas objeto político? Digo bem: objeto de mulher e não do presidente da República."

20 de abril de 2004


Dispensar uma pessoa da respeitabilidade do Dr. Pinguelli do já combalido setor elétrico é lamentável. O ILUMINA vê com muita preocupação esse episódio, pois, mais do que um rearranjo político, pode ser um redirecionamento de uma política, o que é muito grave. Examinando o panorama do que ocorreu nesse setor nos últimos tempos, cujas consequências estaremos pagando por muitos anos, não se pode entender que racionalidade poderia justificartal substituição. Perde o posto logo um dos principaisdenunciantes das políticas que não serviram ao interesse da sociedade brasileira nos últimos 10 anos.Foi em nome dessa denúncia e da proposta de mudança que seelegeu o governo Lula.



27/10/2003
Especialista em planejamento energético, o então presidente da Eletrobrás fala da crise no setor e trata de questões controversas sobre o uso de energia nuclear e de energias renováveis


Apêndice

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