domingo, 22 de março de 2015

Quando a expulsão de um revoltado ou a prisão de um revolucionário por um “filho da puta” pode ser mais digno que uma demissão de um gabola por um “denunciado por achaque”.


Tacioli – O que você fez pra ser expulso do Colégio Militar?
Jards – Briguei com um dos maiores torturadores da lista do Tortura Nunca Mais!, que era capitão da minha companhia, o Capitão Zaniti. Ele é o terceiro da lista de torturadores. Ele era o capitão da companhia, eu era interno da IV Companhia. Eu vivia tocando violão, brincando. Eu, o Castrinho, o Agildo Ribeiro. Só tinha filho-da-puta lá dentro. E eles não foram expulsos, muito pelo contrário. O Exercito não queria botar o Agildo Ribeiro lá dentro porque era filho do Agildo Barata. A família dele entrou com um processo e ele acabou ingressando no Colégio. Mas o único expulso daquela tropa fui eu. Uns entraram antes, outros entraram depois. O Ivan Lins também, mas o Ivan Lins era caretinha. [risos ] Enfim, o cara chamou a minha mãe pra se queixar. Minha mãe, uma viúva nova, coitada, via ali um bom lugar, porque era um belo colégio, professores ótimos, roupa lavada, cama, comida, disciplina. Era tudo que ela imaginava que era bom. Passei dois anos vagabundeando lá dentro. E preso. Eu não era desse sistema: marchava pra acordar, marchava pra tomar café, marchava pra ir pra sala de aula, marchava pra almoçar, marchava pra ir jantar, marchava pra marchar. De noite, quando deitava na cama, as perninhas ficavam assim. Sonhava que estava marchando pelo mundo afora em quinhentos mil dias. Um negócio maluco! E todo fim de semana, sábado, domingo, os internos iam pra casa. Mas aí havia um negócio: quem se comportasse mal durante a semana e tirasse nota não sei das quantas, ficava com estudos obrigatórios aos sábados e aos domingos. Bom, sábado, domingo, rarará! A gente saía pela janela, pulava o muro junto ao morro da Babilônia, atravessava uma trilha do morro que acabava na praça Nossa Senhora da Paz e íamos paquerar as meninas do Instituto de Educação. Curtinhas, sempre curtinhas, todas. “Ah, calcinha branca! Aquela é vermelhinha! E a rosinha tá ali!” Aí paquerava a menina e levava pra o Metro pra ver um filme. Eu lembro que o meu primeiro namoro no cinema foi com Pillow talk [n.e. Comédia romântica de 1959, dirigida por Michael Gordon, e estrelada por Rock Hudson e Doris Day. No Brasil o filme recebeu o nome de Confidências à meia-noite] Aquilo pra mim foi um filme de sacanagem. A Doris Day no banheiro e o Rock Hudson com os pezinhos assim, somente roçando e falando sacanagem pelo telefone. Pra mim é Hot sex [n.e. Referência a um dos programas eróticos exibidos pela TV por assinatura, o Sexy hot], Playboy pra caralho! E a gente voltava à noite, quando havia um guarda. Em colégios militares o sentinela não pode ter bala na agulha. A gente sabia disso; era somente bala de festim. Aí quando voltávamos o guardinha dizia: “Quem vem lá?”. “Vai tomar no cu, babaca! Enfia esse fuzil no rabo!”. E o cara, “Porra, mas você querem me sacanear?”. “Queremos, sim!” “Vou contar!” “Vai contar? Como você vai contar que deixou a gente sair e agora a gente já está voltando?” “Porra, cara, é mesmo!” Bom, aí o capitão chamou a minha mãe e a deixou no gabinete dele. Eu cheguei junto à porta e ele… “Sentido!”. Pum! Fiquei em posição de sentido. Aí ele bateu a porta na minha cara. Fiquei a uns quatro dedos da porta, com ela fechada na minha cara, em posição de sentido. Já não gostei. Houve uma hora, muito tempo depois, ele abriu a porta e a minha mãe estava chorando, toda triscada e tal. Aí falou: “Veja o que você fez com a sua mãe!”. “Eu fiz com a minha mãe, não, seu filho-da-puta! O que você fez com a minha mãe?!” “Você não pode me tratar assim. Sou seu superior!” “Uma pessoa que faz isso é superior? Seu inferior!” “Só não acabo com você”, disse ele, “porque estamos fardados”. E eu disse: “Não seja por isso”. E fiquei nu no corredor; tirei tudo. Fiquei nu e parti pra cima dele. Foi uma merda! Todas as companhias aproveitaram e tiraram casquinha uns dos outros. O ódio que havia por baixo brotou. Foi uma bosta!
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Eu tinha a carteirinha do Partidão!

Sivuca

Aí, separa daqui, separa dali, e o comandante, o General Magela, um bom sujeito, me chamou à sala de comando. “Jards, todo mundo gosta de você aqui no Colégio. Há esse negócio de teatro, música, cinema. Agora, você fez a única coisa que não podia ter feito, que é quebrar a hierarquia. Você é um aluno e ele é o comandante da sua companhia.” Não o cagüetei, não, porque não sou dedo-duro. Deixei rolar, estava louco pra sair… Aí ele: “Não vai constar expulsão na sua ficha para não atrapalhar a sua vida civil”. Eu nem pensei nisso… “Vida civil?!” Eu nem sabia de vida militar, quanto mais vida civil. Aí, pronto, botou “Jubilado” que, na verdade, é “Expulso”, essa é a palavra certa. Depois da tortura, minha mãe começou achar que aquilo não era pra mim mesmo. Se eles a sacanearam tanto, imagine a mim, um menino, um garoto cheio de energia. Resultado: você vai à Internet e procure pelos ex-alunos do Colégio Militar, ex-alunos famosos. Vou estar lá, eu como músico, entre um brigadeiro-do-ar e um general-de-brigada. Jards Macalé, músico.



Revolta: 3º Regimento de Infantaria e Escola de Aviação Militar
(102 - No 3º Regimento de Infantaria...)
Obus = peça de artilharia em forma de morteiro, para lançar granadas.
Se até aquele momento o governo não tinha utilizado a aviação para desalojá-los do 3ºRI, isto podia ser um indício de que a Escola Estivesse sob o controle dos rebeldes.
Um oficial que acompanhava Dutra não conteve a provocação e perguntou:
"Quem é o filho da puta do Agildo Barata?" - o capitão revolucionário respondeu, furioso: "O Agildo Barata sou eu! O filho da puta és tu?"


'Prefiro ser mal-educado a acusado de achaque', diz Cid Gomes a Cunha

CIDGOMES ATACA PRESIDENTE DA CÂMARA

O ministro Cid Gomes (Educação) pediu desculpas nesta quarta-feira (18) por uma declaração contra deputados federais, mas atacou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Prefiro ser acusado por ele de mal-educado do que ser acusado como ele de achaque", disse Cid, apontado para a Mesa Diretora onde estava Cunha.
Após a fala, Cunha encerrou a o tempo concedido a Cid. O ministro foi convocado pela Câmara para explicar a declaração dada na Universidade Federal do Pará em que disse: "Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas".
"Me perdoem. Não tenho nenhum problema em pedir perdão para os que não agem desta forma. Aos que não se comportam deste jeito, me desculpem, não foi minha intenção ofender ninguém individualmente", explicou Cid sobre a declaração.
O ministro também cobrou fidelidade ao governo dos deputados da base. "Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo", disse Cid.
Cid também questionou a comissão de deputados que foi, na semana passada, verificar o seu estado de saúde quando ele estava internado. "Quem custeou o gasto desses deputados que foram lá? Ao que me consta, não houve aprovação regimental", afirmou o ministro.
O presidente da Câmara rebateu o questionamento de Cid.
"O requerimento da comissão foi feito sem ônus, às expensas dos parlamentares, porque esta Casa se dá ao respeito", disse Cunha.
Durante a audiência, Cunha solicitou à polícia legislativa que retirasse manifestantes das galerias do Plenário que aplaudiram o ministro durante sua explanação. "Plenário da Câmara dos Deputados não é lugar de claque", criticou Cunha.
Deputados protestaram e alguns membros da oposição chegaram a pedir a saída do ministro.


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