Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
NATUREZA DA ARTE
"Da dança erótica"
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"O mundo vai perguntar
quem você é,
e se não souber,
o mundo lhe dirá."
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"De esquerda para esquerda. Perna, né!"
A arte da locução esportiva
Na Guanabara de 1970
70 milhões em ação...
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Esse tipo de locução sugeria que o futebol não estava isolado do contexto nacional e internacional da época. A paixão pela seleção tricampeã representava, para muitos, um raro espaço de celebração e alívio durante um período de restrições e medo."
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Aqui está a imagem que captura a energia vibrante e ao mesmo tempo tensionada do Maracanã em 1970, com a alegria das arquibancadas em contraste com o contexto sombrio da época.
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Aviso Por Causa Da Moral | Poema de Fernando Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
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A morte e a morte de Quincas Berro D'água Capa comum – 10 março 2008
Edição Português por Jorge Amado (Autor)
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"Saí da leitura dessa extraordinária novela [...] com a mesma sensação que tive, e que nunca mais se repetiu, ao ler os grandes romances e novelas dos mestres russos do século XIX", declarou Vinicius de Moraes. Escrita em 1959, esta pequena obra-prima de concisão narrativa e poética é tida por muitos como uma das mais extraordinárias novelas da nossa língua. Numa prosa inebriante, que tangencia o fantástico sem perder o olhar aguçado para as particularidades da sociedade baiana, Jorge Amado narra a história das várias mortes de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade. Algum tempo depois, Quincas é encontrado sem vida em seu quarto imundo. Sua envergonhada família tenta restituir-lhe a compostura, vesti-lo e enterrá-lo com decência; mas, no velório, os amigos de copo e farra dão-lhe cachaça, despem-no dos trajes formais e fazem-no voltar a ser o bom e velho Quincas Berro Dágua. Levado ao Pelourinho, o finado Quincas joga capoeira, abraça meretrizes, canta, ri e segue a farra em direção à sua segunda e agora apoteótica morte."
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"quarta-feira, 30 de outubro de 2024
O recado das urnas para a esquerda - Wilson Gomes
Folha de S. Paulo
Se fossem seriamente escutados, quem sabe esses eleitores não responderiam?
As semanas seguintes às eleições costumam ser momentos de avaliações sobre perdas e ganhos na política institucional, além de oportunidade para compreender o estado atual da correlação de forças no cenário político. Isso é natural, afinal, mandatos permanecem uma medida objetiva de força política. As urnas sempre transmitem mensagens importantes e cabe aos interessados decifrá-las com precisão para, então, tomar as devidas providências.
Vamos por partes. Quero me concentrar hoje em um aspecto específico da mensagem que a esquerda recebeu nas eleições municipais: sua relação com uma parte significativa dos eleitores parece ter se perdido de vez.
Deixando de lado as habituais transferências de responsabilidade que esse setor político adora fazer —culpa das emendas parlamentares, da "normalização" das candidaturas aberrantes, do antipetismo promovido pela mídia etc.—, apenas os fanáticos resistem a aceitar algumas obviedades reveladas pelas urnas: esta eleição confirma que, em 2022, quem se elegeu foi Lula, não a esquerda; apesar de seu tamanho, Lula já não é a sombra do "grande eleitor" de ciclos eleitorais passados; quando o PT se alia a outro partido de esquerda, como em São Paulo, não expande o eleitorado, mas o reduz; a relação da esquerda com os pobres azedou de vez; não convence mais ninguém uma retórica eleitoral baseada na crítica à "elite fascista", na ironia depreciativa com o "pobre de direita", nos apelos de "corram para salvar a democracia" e nas acusações identitárias de racismo, machismo e homo e transfobia.
Além disso, esgotou-se o valor explicativo das derrotas da esquerda e do avanço da extrema direita com base na suposição de que a maioria dos eleitores apresenta problemas morais (são conservadores ou fascistas) ou cognitivos (são ignorantes, manipulados por fake news ou enganados).
O PSDB e vários analistas do Sudeste passaram os primeiros 15 anos deste século rejeitando a ideia de que a parte do Brasil que preferia o PT aos tucanos tinha alguma razão válida para isso. Simplesmente não parecia razoável. Nesse período, proliferaram hipóteses de falhas morais ou cognitivas reproduzidas na mídia. Dizia-se que o IDH explicava tudo: quem come três refeições por dia vota racionalmente, quem tem déficit proteico age irracionalmente. Falava-se em diferença entre avanço e atraso. Mainardi sustentou essa posição até há pouco tempo: "O Nordeste sempre foi retrógrado, sempre foi governista, sempre foi bovino, sempre foi subalterno em relação ao poder (...), região atrasada, pouco educada".
Essas ideias foram ilustradas com mapas dos "dois Brasis", separados pela linha de Capricórnio, com o Brasil temperado votando com razão e o tropical, por fome, ignorância e mando. Afinal, se Higienópolis tem um voto razoável, que diverge do voto de Xique-Xique ou Cabrobó, já sabemos para que lado pende a desrazão. Nunca entenderam nada das razões dos outros porque partiam do pressuposto de que os outros não tinham razão.
Agora, a esquerda adota a mesma postura de negar que qualquer voto seja tão racional quanto outro. Afinal, se o pobre e o negro são objetos de tão transbordante amor, que loucura é essa de não nos amar de volta? A não ser que se tenham perdido de vez, com a alma corrompida pelo fascismo, o coração levado pelo capitalismo, a mente possuída por pastores, pela desinformação e pelos algoritmos das plataformas.
Talvez a esquerda pudesse captar o recado das urnas e avançar nas explicações sobre sua nova condição se abandonasse as categorias que usa para justificar a rejeição dos seus ex-eleitores. Afinal, conservadorismo não é um defeito moral nem uma postura antidemocrática; ninguém é fascista só por rejeitar progressistas e seus valores; e quem vota de maneira distinta apenas tem razões diferentes, mas ainda assim são razões. Em vez de perguntas enviesadas, como "por que galinhas votam em raposas?" ou "que contradição é essa, um ‘pobre de direita’?", que só podem chegar a diagnósticos de patologias, a esquerda deveria simplesmente perguntar, olhos nos olhos, aos que não votam mais nela: "Você está melhor sem mim?".
Quem sabe, se fossem seriamente escutados em vez de simplesmente desconsiderados como incapazes de discernimento ou como neofascistas, esses eleitores não responderiam? Mas então seria necessário aceitar que grupos socialmente vulneráveis têm discernimento, que fazem escolhas deliberadas, ponderando alternativas e considerando valores. Igualzinho a todo mundo.
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 07:03:00
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2 comentários:
Mais um amador disse...
Perfeito !
Se não estiver muito enganado, suponho que a maioria de nós deseja, no plano local, que os postos de saúde funcionem, que exista iluminação pública adequada, que as mães que trabalham tenham creches para seus filhos, segurança e transportes públicos decentes e tudo mais que caiba às esferas municipal e estadual. No plano nacional, que a inflação esteja sob controle, que exista emprego e condições para que cada um desenvolva suas próprias potencialidades da melhor forma possível.
Neste contexto mais geral, como as ditas forças do espectro político, se mais à chamada direita, esquerda ou " centro ", vão atuar em busca da melhoria da vida das pessoas, isso faz parte da dinâmica de interesses e forças em jogo.
O que, aparentemente, parcela da esquerda ainda não assimilou, ou não quer assimilar, é que suas utopias são suas e, não, necessariamente, as do sujeito comum.
Este é um dos pontos apresentados pelo colunista: parcela da chamada elite " pensante ", de esquerda, acredita-se, ainda, como a porta-voz dos anseios das " massas ", como condutora dos destinos do " povo ", em busca de alguma forma de redenção dos " injustiçados "; vê-se como a guardiã dos direitos dos mais " fracos e oprimidos ". Legítimo. Porém, o modelo de sociedade ou paraíso na Terra que essa elite projeta é o mesmo que o tal sujeito comum imagina ou deseja? Ou será que esse sujeito não é capaz de pensar e agir por si próprio?
30/10/24 08:11
Anônimo disse...
Excelentes, tanto o texto do colunista quanto o comentário acima.
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A gente se acostuma...
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Conteúdo de propriedade da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).
"Eu sei, mas não devia" de Marina Colasanti recitado por Antônio Abujamra no Provocações:
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
https://www.youtube.com/watch?v=ruN_LR60ZfQ
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Quando o Maior Quarteto da História do Futebol Destruiu o México Após a Copa do Mundo
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A arte, qua arte, tem por fim apenas a beleza. A razão que a manda ser moral existe na moral, que é exterior à estética; existe na natureza humana.
A arte tem duas feições: a feição puramente artística e a feição social. A feição artística é criar a beleza — nada mais.
Por isso o seu
último poema merece alguma atenção:
Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
(PESSOA, 2003, p 137).
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A longa arte de Tom Jobim | Ep.5: As canções mateiras
revista piauí
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questões musicais
No quinto episódio da série sobre Tom Jobim, a consagração da natureza__++
Assista à nova aula do violonista e compositor Arthur Nestrovski, acompanhado da cantora Paula Morelenbaum
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30 out 2024_09h49
A quinta aula da série A longa arte de Antonio Carlos Jobim, que celebra a obra de um dos maiores artistas do país nos trinta anos de sua morte, analisa a predileção do artista pela natureza no decorrer de sua carreira. O material já está disponível no canal da piauí no YouTube.
Nestrovski argumenta que as “canções mateiras”, como Jobim as definiu, ganharam relevância em sua obra na década de 1980, ainda que a temática já estivesse presente no repertório mesmo antes da Bossa Nova, em faixas como Estrada do Sol, em parceria com Dolores Duran, e As praias desertas, ambas de 1958.
“A partir de um determinado momento, a preocupação com a natureza se tornou muito importante para o compositor e cidadão Antonio Carlos Jobim. Mas essa era uma paixão desde a juventude”, afirma o violonista.
48ª Mostra Internacional de Cinema
O episódio esmiúça faixas como Boto, uma parceria com o compositor Jararaca, em que o berimbau introdutório ajuda a conduzir a melodia da canção, e Matita Perê, feita com Paulo César Pinheiro, na qual o arranjo sinfônico ambienta uma perseguição sertaneja inspirada no conto Duelo, de João Guimarães Rosa.
“São canções que demonstram a variedade e a grandeza dos modos de composição de Tom Jobim. Graças à sua paixão pela natureza do país, ele inventa para si uma nova, contundente e poderosa natureza do Brasil em música”, diz Nestrovski.
A série gravada em São Paulo, na Associação Cultural Cachuera, é realizada pela piauí em coprodução com a Jobim Music, e tem o patrocínio da Natura.
https://piaui.folha.uol.com.br/no-quinto-episodio-da-serie-sobre-tom-jobim-a-consagracao-da-natureza/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification
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Fernando Pessoa: Estoicismo e Epicurismo
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Proj-logo
Arquivo Pessoa
Obra AbertaOBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa
A questão da arte moral ou imoral...
A questão da arte moral ou imoral — se a arte deve ser “art for art’s sake”, independentemente da moralidade — , apesar de muito simples de solução, não tem deixado de ocupar desagradavelmente muito pensador, especialmente dos que desejam provar que a arte deve ser moral.
Em primeiro lugar demos inteira razão — é evidente que a tem — aos estetas; a arte tem, em si, por fim só a criação de beleza, aparte considerações de ser moral ou não. Se isto é assim quem manda pois à arte ser moral? A resposta é simples: a moral. Manda-o a moral porque a moral deve reger todos os actos da nossa vida e a arte é uma forma da nossa vida. Têm errado aqueles que têm querido achar uma razão, dentro da própria Natureza da arte, para a arte ser moral. Não existe essa razão onde a procuraram. A arte, qua arte, tem por fim apenas a beleza. A razão que a manda ser moral existe na moral, que é exterior à estética; existe na natureza humana.
A arte tem duas feições: a feição puramente artística e a feição social. A feição artística é criar a beleza — nada mais. Como a beleza é uma coisa independente do consenso humano (apesar de julgada por ele), como a beleza em si, digamos, é independente de opiniões, a arte na sua (...) social nenhum outro fim tem que a criação da beleza, sem outra consideração moral ou intelectual.
Mas a arte tem outra feição. É a feição social. O artista é um homem e um artista. Puramente artista a sua obra, já o dissemos, tem só por fim criar a beleza, só uma responsabilidade — perante a Estética. Mas o artista vive em sociedade, publica as suas obras de arte. Vive em sociedade como artista e vive em sociedade como homem. Como artista o seu fim é um só: agradar. Como homem o seu fim é um só: obter glória. Vemos pois que o artista mostra-se-nos sob 3 feições: como puramente artista (não tendo outro fim que criar a beleza), como ao mesmo tempo artista e homem (querendo ver essa beleza que criou admirada), e finalmente como homem (desejando a glória, no que é comum aos outros homens, geralmente a todos). O primeiro sentimento é puramente impessoal; o segundo é entre pessoal e impessoal — o desejar ver admirada uma obra de arte, conquanto sua, não é inteiramente egoísta; o terceiro é inteiramente pessoal.
Cremos ter dado, nestas palavras, a solução definitiva do problema.
Ora, segundo estas 3 feições do artista, está ele submetido a diversas leis. Como puramente artista nenhuma outra lei tem que não seguir a estética. Mas já buscando agradar se tem que submeter a outras leis; a natureza da humanidade é uma só, não se divide em estética, moral, intelectual, etc. Só a Estética personalizada é que poderia apreciar uma obra de arte sob o ponto de vista puramente estético. A humanidade não; o amor da beleza é fundamental na sua alma — é arte; mas não só isso reside nela, não só com isso critica e aprecia. Outros elementos entram inevitavelmente essa apreciação. Um grande poema revolucionário agradará mais a um republicano do que a um conservador, admitindo em ambos, quanto a qualidades críticas, a mesma dose de estética.
Os homens não apreciam só esteticamente, apreciam segundo toda a sua constituição moral. Por isso coisas grosseiras impuras, lhes desagradam, não na parte estética neles, mas na parte moral que não podem mandar embora de si.
1914?
Páginas de Estética e de Teoria Literárias. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966. - 55.
http://arquivopessoa.net/textos/1702#:~:text=A%20arte%2C%20qua%20arte%2C%20tem,criar%20a%20beleza%20%E2%80%94%20nada%20mais.
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As consequências da irresponsabilidade fiscal de Lula | Meio-Dia em Brasília - 31/10
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