esaú VS Jacó
Dico, che quando l'anima mal nata... Dante
"Dico, che quando l'anima mal nata": "Digo, que quando a alma (é) mal nascida".
Extraído de a Divina Comédia, canto V do Inferno.
Ela (Machado de Assis)
Ela
por Machado de Assis
por Machado de Assis
Publicado em 12 de janeiro de 1855, na
Marmota Fluminense. Este poema marcou a estréia de Machado de Assis em letra de
fôrma.
Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor.
Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em dose poesia
Ao meu terno coração!
Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.
Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um - sim -
Para alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh'alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
Faz-lhe gozar teu portento,
"Dá-lhe um suspiro de amor!"
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor.
Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em dose poesia
Ao meu terno coração!
Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.
Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um - sim -
Para alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh'alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
Faz-lhe gozar teu portento,
"Dá-lhe um suspiro de amor!"
Machado de Assis
Manancial de críticas e confrontos
Orelhadas cegas sobre um Machado
afiado precocemente
‘Péssimo poema “Ela” ‘
‘Monarquista’ como seu protetor Paula
Brito
‘Um mulatinho nascido no Morro da
Providência’
‘“condenado” a ser um dos maiores
prosadores da língua portuguesa de todas as época.’
‘Foi um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras e seu primeiro presidente.'
‘Casou-se por amor com uma mulher
branca, Carolina Augusta, irmã de um amigo dele, o poeta medíocre ...’
‘O casal não teve filhos, e ela, para
o marido, significava a própria estabilidade emocional de que ele sempre
careceu; tanto que quando Carola morreu – a 20 de outubro de 1904 – quatro antes
de Machado, este quase se desesperou, aumentando-lhe os achaques constantes de
que padecia – gagueira, miopia agravada por um mal estranho nos olhos, tudo se “completando”
com o pior de todos os “vexames” para ele: a epilepsia.’
NOTA EDITORIAL
“Existe uma tendência generalizada
para qualificar Esaú e Jacó – um dos cinco grandes romances de Machado de Assis
– de um trabalho desprovido de méritos, até mesmo amorfo, talvez brincadeira
metafísica (sic) e divertida – tudo isso
infelizmente sem grande aprofundamento crítico ou estudos que pudessem
comprovar essas concepções negativistas. (...)”
DANÚBIO RODRIGUES
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria,
1839-1908.
Esaú e Jacó, Rio de Janeiro, J.
Aguilar; Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1973.
BIBLIOTECA MANANCIAL
Companhia josé aguilar editora – mec
Inclui “O testamento estético de
Machado de Assis”, por Eugênio Gomes.
MINISTÉRIO DA CULTURA
Fundação Biblioteca Nacional
Departamento Nacional do Livro
ESAÚ E JACÓ
Machado de Assis
ADVERTÊNCIA
Quando o conselheiro Aires faleceu,
acharam-se-lhe na secretaria sete cadernos manuscritos, rijamente encapados em
papelão. Cada um dos primeiros seis tinha o seu número de ordem, por algarismos
romanos, I, II, III, IV, V, VI, escritos a tinta encarnada. O sétimo trazia
este título: Último.
A razão desta designação especial não
se compreendeu então nem depois. Sim, era o último dos sete cadernos, com a
particularidade de ser o mais grosso, mas não fazia parte do Memorial, diário
de lembranças que o conselheiro escrevia desde muitos anos e era a matéria dos
seis. Não trazia a mesma ordem de datas, com indicação da hora e do minuto,
como usava neles. Era uma narrativa; e, posto figure aqui o próprio Aires, com
o seu nome e título de conselho, e, por alusão, algumas aventuras, nem assim
deixava de ser a narrativa estranha à matéria dos seis cadernos. Último por
quê?
A hipótese de que o desejo do finado
fosse imprimir este caderno em seguida aos outros, não é natural, salvo se
queria obrigar à leitura dos seis, em que tratava de si, antes que lhe
conhecessem esta outra história, escrita com um pensamento interior e único,
através das páginas diversas. Nesse caso, era a vaidade do homem que falava,
mas a vaidade não fazia parte dos seus defeitos. Quando fizesse, valia a pena
satisfazê-la? Ele não representou papel eminente neste mundo; percorreu a
carreira diplomática, e aposentou-se. Nos lazeres do ofício, escreveu o
Memorial, que, aparado das páginas mortas ou escuras, apenas daria (e talvez
de) para matar o tempo da barca de Petrópolis. Tal foi a razão de se publicar
somente a narrativa. Quanto ao título, foram lembrados vários, em que o assunto
se pudesse resumir, Ab ovo, por exemplo, apesar do latim; venceu, porém, a
idéia de lhe dar estes dois nomes que o próprio Aires citou uma vez: ESAÚ E
JACÓ
Dico, che quando l'anima mal nata...
Dante
CAPÍTULO PRIMEIRO / COISAS FUTURAS!
(...)
CAPÍTULO CXXI / ÚLTIMO
Castor e Pólux foram os nomes que um deputado
pôs aos dois gêmeos, quando eles tornaram à Câmara, depois da missa do sétimo
dia. Tal era a união que parecia aposta. Entravam juntos, andavam juntos, saíam
juntos. Duas ou três vezes votaram juntos, com grande escândalo dos respectivos
amigos políticos. Tinham sido eleitos para se baterem, e acabavam traindo os
eleitores. Ouviram nomes duros, repreensões acerbas. Quiseram renunciar ao
cargo; Pedro, entretanto, achou um meio conciliatório.
CAROLINA
Carolina Novais e Machado de Assis por José
Marcio Castro Alves
Música
A Broken Heart
Artista
Joshua Bell
A Carolina de Machado de Assis - por Paulo
Autran – HD
Soneto "A Carolina" foi o último
escrito por Machado de Assis; leia poema
Folha Online
09 Ago 2009 - 02:22
Quando a esposa de Machado de Assis
morreu, o escritor, muito triste, escreveu um poema, um verdadeiro réquiem, no
qual se despede de Carolina.
O soneto, intitulado "A Carolina", faz parte do livro "Relíquias de Casa Velha", publicado em 1906, e foi o último escrito pelo autor. O também escritor Manuel Bandeira destacou este poema como uma das peças mais comoventes da literatura brasileira, de acordo com o "Almanaque Machado de Assis".
O soneto, intitulado "A Carolina", faz parte do livro "Relíquias de Casa Velha", publicado em 1906, e foi o último escrito pelo autor. O também escritor Manuel Bandeira destacou este poema como uma das peças mais comoventes da literatura brasileira, de acordo com o "Almanaque Machado de Assis".
O livro "Toda Poesia de Machado
de Assis", de Cláudio Murilo Leal, que reúne pela primeira vez toda a obra
poética de Machado de Assis, apresenta o poema e traz uma breve análise. Saiba
mais sobre o livro
Leia abaixo o trecho do livro que apresenta "A Carolina" e a análise do poema.
*
A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
Carolina Augusta Xavier de Novaes e Joaquim Maria Machado de Assis casaram-se no dia 12 de novembro de 1869 e viveram uma plácida e amorosa vida conjugal durante 35 anos. A morte da esposa, em 1904, deixa Machado abatido e queixoso. Em carta a Joaquim Nabuco, datada de 20 de novembro do mesmo ano, escreve, lamentando-se: "Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo."
Em 1906, depois de terem sido publicadas as Poesias completas, o poeta escreve seu mais pessoal e profundamente sofrido poema, um verdadeiro réquiem, intitulado "A Carolina". Talvez, para não demonstrar vestígios de um sentimentalismo piegas, Machado elege uma forma poética que reverencia também, sutilmente, o tom e a textura camonianos. Essa aproximação estilística à linguagem castiça, que renova, mais do que copia, no século XX, o sabor do verso quinhentista, foi observada por J. Mattoso Câmara, no ensaio "Um soneto de Machado de Assis".
Ao lado de conhecidos poemas como "Círculo vicioso" e "A mosca azul", o soneto "A Carolina" é considerado a mais comovente pedra de toque da obra poética de Machado de Assis.
No ano de 2006, comemorou-se o centenário de "A Carolina", publicado pela primeira vez no livro Relíquias de casa velha, soneto que não foi recolhido em algumas edições das poesias completas.
Leia abaixo o trecho do livro que apresenta "A Carolina" e a análise do poema.
*
A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
Carolina Augusta Xavier de Novaes e Joaquim Maria Machado de Assis casaram-se no dia 12 de novembro de 1869 e viveram uma plácida e amorosa vida conjugal durante 35 anos. A morte da esposa, em 1904, deixa Machado abatido e queixoso. Em carta a Joaquim Nabuco, datada de 20 de novembro do mesmo ano, escreve, lamentando-se: "Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo."
Em 1906, depois de terem sido publicadas as Poesias completas, o poeta escreve seu mais pessoal e profundamente sofrido poema, um verdadeiro réquiem, intitulado "A Carolina". Talvez, para não demonstrar vestígios de um sentimentalismo piegas, Machado elege uma forma poética que reverencia também, sutilmente, o tom e a textura camonianos. Essa aproximação estilística à linguagem castiça, que renova, mais do que copia, no século XX, o sabor do verso quinhentista, foi observada por J. Mattoso Câmara, no ensaio "Um soneto de Machado de Assis".
Ao lado de conhecidos poemas como "Círculo vicioso" e "A mosca azul", o soneto "A Carolina" é considerado a mais comovente pedra de toque da obra poética de Machado de Assis.
No ano de 2006, comemorou-se o centenário de "A Carolina", publicado pela primeira vez no livro Relíquias de casa velha, soneto que não foi recolhido em algumas edições das poesias completas.
Referências
https://www.valinor.com.br/forum/topico/setimo-livro-esau-e-jaco-machado-de-assis.117279/page-3
http://www.machadodeassis.org.br/abl_minisites/cgi/cgilua.exe/sys/start6624.html?UserActiveTemplate=machadodeassis&from%5Finfo%5Findex=1&infoid=77&sid=115
https://pt.wikisource.org/wiki/Ela_(Machado_de_Assis)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000030.pdf
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTOip19gBA0YCck4GVyu1b7rc1QbWh87ykitcbnke4nb_OKV_J-zWyYvA
https://youtu.be/8hgHvAaf2Z8
https://www.youtube.com/watch?v=8hgHvAaf2Z8
https://youtu.be/7Mwy6G0ZPGk
https://www.youtube.com/watch?v=7Mwy6G0ZPGk
https://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=42457¬icia=soneto-a-carolina-foi-o-ultimo-escrito-por-machado-de-assis-leia-poema
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